São
Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja
1ª
Leitura (2Sam 7,4-17): Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio
para Eu habitar? Desde o dia em que tirei Israel do Egipto até hoje, nunca
habitei numa casa, mas andava de um lado para o outro numa tenda e num
tabernáculo. Durante o tempo em que peregrinei com todos os filhos de Israel,
perguntei porventura a alguns dos juízes de Israel, a quem estabeleci como
pastores do meu povo: ‘Porque não Me construís uma casa de cedro?’ Eis o que
dirás ao meu servo David: Assim fala o Senhor do Universo: Tirei-te das
pastagens onde guardavas os rebanhos, para seres o chefe do meu povo de Israel.
Estive contigo em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos
os teus inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre como o nome dos grandes da
terra. Prepararei um lugar para o meu povo de Israel e nele o instalarei para
que habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio e sem que os maus tornem a
oprimi-lo como outrora, quando Eu constituía juízes no meu povo de Israel.
Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos. E o Senhor anuncia que te vai
fazer uma casa: Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com os
teus pais, estabelecerei em teu lugar um descendente que há-de nascer de ti e
consolidarei a sua realeza. Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu
consolidarei para sempre o seu trono real. Serei para ele um pai e ele será
para Mim um filho. Se praticar o mal, corrigi-lo-ei com varas de homens, com
castigo de homens. Mas não retirarei dele a minha misericórdia, como fiz a Saul
que afastei da minha presença. A tua casa e o teu reino permanecerão para
sempre diante de Mim. O teu trono será firme para sempre». Natã comunicou
fielmente a David todas as palavras desta revelação.
Salmo
Responsorial: 88
R. A minha aliança com ele
será eterna.
Concluí uma aliança com o meu
eleito, fiz um juramento a David, meu servo: «Conservarei a tua descendência
para sempre, estabelecerei o teu trono por todas as gerações».
Ele Me invocará: «Vós sois meu
pai, meu Deus, meu Salvador». E Eu farei dele o primogénito, o mais alto entre
os reis da terra.
Assegurar-lhe-ei para sempre o
meu favor, a minha aliança com ele será irrevogável. Conservarei a sua
descendência eternamente e o seu trono terá a duração dos céus.
Aleluia. A semente é a palavra
de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontra permanece para sempre. Aleluia.
Evangelho
(Mc 4,1-20): Outra vez, à beira-mar, Jesus começou a ensinar, e uma
grande multidão se ajuntou ao seu redor. Por isso, entrou num barco e
sentou-se, enquanto toda a multidão ficava em terra, à beira-mar. Ele se pôs a
ensinar-lhes muitas coisas em parábolas. No seu ensinamento, dizia-lhes:
«Escutai! O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte caiu à beira do
caminho, e os passarinhos vieram e comeram. Outra parte caiu em terreno cheio
de pedras, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era
profunda, mas quando o sol saiu, a semente se queimou e secou, porque não tinha
raízes. Outra parte caiu no meio dos espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e
por isso não deu fruto. E outras sementes caíram em terra boa; brotaram,
cresceram e deram frutos: trinta, sessenta e até cem por um. E acrescentou:
«Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!». Quando ficaram a sós, os que estavam com
ele junto com os Doze faziam perguntas sobre as parábolas. Ele dizia-lhes: «A
vós é confiado o mistério do Reino de Deus. Para aqueles que estão fora tudo é
apresentado em parábolas, de modo que, por mais que olhem, não enxergam, por
mais que escutem, não entendem, e não se convertem, nem são perdoados». Jesus
então perguntou-lhes: «Não compreendeis esta parábola? Como então,
compreendereis todas as outras parábolas? O semeador semeia a palavra. Os da
beira do caminho onde é semeada a palavra são os que a ouvem, mas logo vem
Satanás e arranca a palavra semeada neles. Os do terreno cheio de pedras são
aqueles que, ao ouvirem a palavra, imediatamente a recebem com alegria, mas não
têm raízes em si mesmos, são de momento; chegando tribulação ou perseguição por
causa da palavra, desistem logo. Outros ainda são os que foram semeados entre
os espinhos: são os que ouvem a palavra, mas quando surgem as preocupações do
mundo, a ilusão da riqueza e os outros desejos, a palavra é sufocada e fica sem
fruto. E os que foram semeados em terra boa são os que ouvem a palavra e a
acolhem, e produzem frutos: trinta, sessenta e cem por um».
«O semeador semeia a palavra»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench(Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje escutamos dos lábios do
Senhor a “Parábola do semeador”. A cena é totalmente atual. O Senhor não deixa
de “semear”. Também nos nossos dias é uma multidão a que escuta a Jesus pela
boca de seu Vigário — o Papa—, de seus ministros e... de seus fiéis laicos: a
todos os batizados Cristo nos outorgou uma participação em sua missão
sacerdotal. Há “fome” de Jesus. Nunca como agora a Igreja tem sido tão
católica, já que sob suas “asas” abriga homens e mulheres dos cinco continentes
e de todas as raças. Ele nos enviou ao mundo inteiro (cf. Mc 16,15) e, apesar
das sombras do panorama, se fez realidade o mandato apostólico de Jesus Cristo.
O mar, a barca e as praias são
substituídos por estádios, telas e modernos meios de comunicação e de
transporte. Mas Jesus é hoje o mesmo de ontem. O homem não mudou, nem a sua
necessidade de ensinar a amar. Também hoje há quem — por graça e gratuita escolha
divina: é um mistério!— recebe e entende mais diretamente a Palavra. Como
também há muitas almas que necessitam uma explicação mais descritiva e mais
pausada da Revelação.
Em todo caso, a uns e outros,
Deus nos pede frutos de santidade. O Espírito Santo nos ajuda a isso, mas não
prescinde de nossa colaboração. Em primeiro lugar, é necessária a diligência.
Se nós respondemos a meias, quer dizer, se nós mantemos na “fronteira” do
caminho sem entrar plenamente nele, seremos vítima fácil de Satanás.
Segundo a constância na oração —
o diálogo—, para aprofundar no conhecimento e amor a Jesus Cristo: «Santo sem
oração...? — “Não acredito nessa santidade» (São Josémaria).
Finalmente, o espírito de pobreza
e desprendimento evitará que nos “afoguemos” pelo caminho. As coisas
esclarecidas: «Ninguém pode servir a dois senhores... » (Mt 6,24).
Em Santa Maria encontramos o
melhor modelo de correspondência à chamada de Deus.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O cuidado da nossa alma é muito
semelhante ao cultivo da terra: arrancar o que é mau e plantar o que é bom;
desarraigar o orgulho e plantar a humildade; deitar fora a avareza e guardar a
misericórdia; desprezar a impureza e cuidar a castidade» (São Cesário de Aries)
«Semear é um gesto de confiança e
de esperança; é necessário o trabalho do homem, mas, depois, entra-se no
período de gestação sabendo bem que muitos fatores determinarão o êxito da
colheita e que sempre se corre o risco do fracasso. Não obstante isto, o
camponês, ano após ano, lança as suas sementes» (Benedito XVI)
«(…) Um cristão deve querer
meditar com regularidade; doutro modo, torna-se semelhante aos três primeiros
terrenos da parábola do semeador. Mas um método não passa de um guia; o
importante é avançar, com o Espírito Santo, no caminho único da oração: Cristo
Jesus» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.707)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Sentado num barco, Jesus
ensina o povo. Nestes versos, Marcos descreve o jeito que Jesus tinha de
ensinar o povo: na praia, sentado no barco, muita gente ao redor para escutar.
Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha frequentado a escola
superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um
desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades,
começou a ensinar o povo. Falava tudo diferente. O povo gostava de ouvi-lo.
* Por meio das parábolas,
Jesus ajudava o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da
vida. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e
visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de
Deus. Por exemplo, o povo da Galileia entendia de semente, de terreno, chuva,
sol, sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são exatamente estas coisas
conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério do
Reino.
* A parábola da semente
retrata a vida do camponês. Naquele tempo, não era fácil viver da
agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito mato. Pouca chuva, muito sol.
Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do
campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo
ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na
generosidade da natureza.
* Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça! Jesus começou a parábola dizendo: “Escutem!” (Mc 4,3). Agora, no fim,
ele termina dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para chegar
ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não
entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria
experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a
participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e
decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor
que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso
tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas
conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a
pensar na vida.
* Jesus explica a parábola aos
discípulos. Em casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o
significado da parábola. Eles não entenderam. Jesus estranhou a ignorância
deles (Mc 4,13) e respondeu por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz
aos discípulos: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora,
porém, tudo acontece em parábolas, para que vendo não vejam, ouvindo não ouçam
e para que não se convertam e não sejam salvos!”. Esta frase faz a gente se
perguntar: Afinal, a parábola serve para que? Para esclarecer ou para esconder?
Será que Jesus usa parábolas, para que o povo continue na ignorância e não
chegue a se converter? Certamente que não! Pois em outro lugar Marcos diz que
Jesus usava parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33)
* Parábola revela e esconde ao
mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias
Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o Messias, Rei grandioso.
Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu
significado.
* A explicação da parábola,
parte por parte. Uma por uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a
semente e o terreno até a colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação
foi acrescentada depois. Ela seria de alguma comunidade. É bem possível. Pois
dentro do botão da parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm
a mesma origem que é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e
descobrir outras coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou
numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?”
Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o
sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal
é difícil e exigente. A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo
mundo tem alguma experiência de semente.
Para um confronto pessoal
1) Qual a experiência que
você tem de semente? Como ela te ajuda a entender melhor a Boa Nova
2) Que terreno eu sou?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO