Sta. Gertrudes, Virgem
Sta. Margarida da Escócia, Viúva
Beato Luis Morbioli, Terceiro carmelita, penitente
1ª Leitura (Ap 4,1-11): Eu, João,
vi uma porta aberta no Céu e a voz que antes ouvira falar-me como uma trombeta,
dizia: «Sobe até aqui e eu te mostrarei o que vai acontecer depois disto».
Imediatamente caí em êxtase e vi um trono colocado no Céu, sobre o qual Alguém
estava sentado. Aquele que estava sentado tinha o aspecto resplandecente como a
pedra de jaspe e cornalina e um arco-íris circundava o trono, com reflexos de
esmeralda. À volta deste trono, havia vinte e quatro tronos, em que estavam
sentados vinte e quatro anciãos, vestidos de branco e com coroas de ouro na
cabeça. Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões e diante dele brilhavam sete
lâmpadas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. Diante do trono havia como
que um mar transparente como o cristal. No meio do trono e ao seu redor, vi
quatro Seres Vivos cheios de olhos à frente e atrás. O primeiro Ser Vivo era
semelhante a um leão, o segundo a um novilho, o terceiro tinha o rosto como o
de um homem e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo. Cada um dos
quatro Seres Vivos tinha seis asas e estavam cheios de olhos a toda a volta e
por dentro. E não cessavam de clamar dia e noite: «Santo, Santo, Santo, Senhor
Deus omnipotente, Aquele que é, que era e que há de vir!». E sempre que os
Seres Vivos dão glória, honra e ação de graças Àquele que está sentado no trono
e que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostram-se
diante d’Aquele que está sentado no trono, adoram Aquele que vive pelos séculos
dos séculos e depõem as suas coroas diante do trono, dizendo: «Sois digno,
Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e o poder, porque fizestes
todas as coisas e pela vossa vontade existem e foram criadas».
Salmo Responsorial: 150
R. Santo, santo, santo, Senhor
Deus do universo.
Louvai o Senhor no seu santuário,
louvai-O no seu majestoso firmamento. Louvai-O pela grandeza das suas obras,
louvai-O pela sua infinita majestade.
Louvai-O ao som da trombeta,
louvai-O ao som da lira e da cítara. Louvai-O com o tímpano e com a dança,
louvai-O ao som da harpa e da flauta.
Louvai o Senhor, louvai-O com
címbalos sonoros. Louvai-O com címbalos retumbantes. Tudo quanto respira louve
o Senhor.
Aleluia. Eu vos escolhi do mundo,
para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho (Lc 19,11-28): Naquele
tempo, enquanto estavam escutando, Jesus acrescentou uma parábola, porque
estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o Reino de Deus ia se manifestar
logo. Disse: «Um homem nobre partiu para um país distante, a fim de ser coroado
rei e depois voltar. Chamou então dez dos seus servos, entregou a cada um uma
bolsa de dinheiro e disse: Negociai com isto até que eu volte. Seus
concidadãos, porém, tinham aversão a ele e enviaram uma embaixada atrás dele,
dizendo: Não queremos que esse homem reine sobre nós. Mas o homem foi nomeado
rei e voltou. Mandou chamar os servos, aos quais havia dado o dinheiro, a fim
de saber que negócios cada um havia feito. O primeiro chegou e disse: Senhor, a
quantia que me deste rendeu dez vezes mais. O homem disse: Parabéns, servo bom.
Como te mostraste fiel nesta mínima coisa, recebe o governo de dez cidades. O
segundo chegou e disse: Senhor, a quantia que me deste rendeu cinco vezes mais.
O homem disse também a este: Tu, recebe o governo de cinco cidades. Chegou o
outro servo e disse: Senhor, aqui está a quantia que me deste: eu a guardei num
lenço, pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Recebes o que não
deste e colhes o que não semeaste. O homem disse: Servo mau, eu te julgo pela
tua própria boca. Sabias que sou um homem severo, que recebo o que não dei e
colho o que não semeei. Então, por que não depositaste meu dinheiro no banco?
Ao chegar, eu o retiraria com juros. Depois disse aos que estavam aí presentes:
Tirai dele sua quantia e dai àquele que fez render dez vezes mais. Os presentes
disseram: Senhor, esse já tem dez vezes a quantia! Ele respondeu: Eu vos digo:
a todo aquele que tem, será dado, mas àquele que não tem, até mesmo o que tem
lhe será tirado. E quanto a esses meus inimigos, que não queriam que eu
reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha frente». Depois dessas
palavras, Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém.
«Negociai com isto até que eu
volte»
+ P. Pere SUÑER i Puig SJ
(Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho propõe-nos a
parábola das minas: uma quantidade de dinheiro que aquele nobre repartiu entre
seus servos, antes de partir de viagem. Primeiro fixemo-nos na ocasião que
provoca a parábola de Jesus. Ele ia subindo para Jerusalém, onde o esperava a
paixão e a consequente ressurreição. Os discípulos «pensavam que o Reino de
Deus ia se manifestar logo» (Lc 19,11). É nessas circunstâncias que Jesus propõe
esta parábola. Com ela, Jesus ensina-nos que temos que fazer render os dons e
qualidades que Ele nos deu, isto é, que nos deixou a cada um. Não são nossos de
maneira que possamos fazer com eles o que queiramos. Ele deixou-nos esses dons
para que os façamos render. Os que fizeram render as minas - mais ou menos -
são louvados e premiados pelo seu Senhor. É o servo preguiçoso, que guardou o
dinheiro num lenço sem o fazer render, é o que é repreendido e condenado.
O cristão, pois, tem que esperar,
claro está, o regresso do seu Senhor, Jesus. Mas com duas condições, se quer
que o encontro seja amigável. A primeira condição é que afaste a curiosidade
doentia de querer saber a hora da solene e vitoriosa volta do Senhor. Virá, diz
em outro lugar, quando menos o pensemos. Fora, por tanto, as especulações sobre
isto! Esperamos com esperança, mas numa espera confiada sem doentia
curiosidade. A segunda condição, é que não percamos o tempo. A esperança do
encontro e do final gozoso não pode ser desculpa para não tomarmos a sério o
momento presente. Precisamente, porque a alegria e o gozo do encontro final
serão tanto melhores quanto maior for a colaboração que cada um tiver dado pela
causa do reino na vida presente.
Não falta, também aqui, a grave
advertência de Jesus aos que se revelam contra Ele: «E quanto a esses meus
inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os
na minha frente» (Lc 19,27)
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Fico horrorizado ao pensar no
perigo de que algum dia, por falta de consideração ou por estar absorvido em
coisas vãs, eu esqueça o amor de Deus e seja para Cristo motivo de vergonha e
opróbrio» (São Basílio Magno)
«O verdadeiro Deus vem ao nosso
encontro com a mansidão "desarmante" do amor» (Bento XVI)
«(…) Quando [Jesus] já avista
Jerusalém, chora sobre ela (324) e exprime, uma vez mais, o desejo do seu
coração: ‘Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!
Mas agora isto está oculto aos teus olhos’ (Lc 19, 42)» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 558)
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos, na qual Jesus fala dos
dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe
algum dom ou sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só
aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
* Lucas 19,11: A chave para
entender a história da parábola. Para introduzir a parábola Lucas diz o
seguinte: “Tendo eles ouvido isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque
estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo”.
Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levaram Jesus a
contar a parábola: (1) A acolhida a ser dada aos excluídos, pois, dizendo
“tendo eles ouvido isso”, ele se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído, que
foi acolhido por Jesus. (2) A proximidade da paixão, morte e ressurreição, pois
dizia que Jesus estava perto de Jerusalém onde seria preso e morto em breve.
(3) A chegada iminente do Reino de Deus, pois as pessoas que acompanhavam Jesus
pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo.
* Lucas 19,12-14: O início da Parábola.
“Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei, e
depois voltar. Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de
prata para cada um, e disse: 'Negociem até que eu volte”. Seus concidadãos,
porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: 'Não queremos
que esse homem reine sobre nós'. Alguns estudiosos acham que, nesta parábola,
Jesus se refere a Herodes que, setenta anos antes (40 aC), tinha ido para Roma
a fim de receber o título e o poder de Rei da Palestina. O povo não gostava de
Herodes e não queria que ele se tornasse rei, pois a experiência que tiveram
com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galileia contra Roma foi
trágica e dolorosa. Por isso diziam: “Não queremos que esse homem reine sobre
nós”. A este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: “E quanto a
esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam aqui, e
matem na minha frente”. De fato, Herodes
matou muita gente.
* Lucas 19,15-19: Prestação de
conta dos primeiros empregados que receberam cem moedas de prata. A história
informa ainda que Herodes recebeu a realeza e voltou para a Palestina para
assumir o poder. Na parábola, o rei chamou os empregados aos quais tinha dado
cem moedas de prata, a fim de saber quanto haviam lucrado. O primeiro chegou, e
disse: 'Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais'. O homem disse: 'Muito
bem, empregado bom. Como você foi fiel em coisas pequenas, receba o governo de
dez cidades'. O segundo chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam cinco
vezes mais'. O homem disse também a este: 'Receba também você o governo de
cinco cidades”. De acordo com a história, tanto Herodes Magno como seu filho
Herodes Antipas, ambos sabiam lidar com dinheiro e promover as pessoas que os
ajudavam. Na parábola, o rei deu dez cidades ao empregado que multiplicou por
dez as cem moedas que tinha recebido, e cinco cidades a quem as multiplicou por
cinco.
* Lucas 19,20-23: Prestação de conta do empregado que não lucrou nada. O
terceiro empregado chegou e disse: 'Senhor, aqui estão as cem moedas que
guardei num lenço. Pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Tomas o
que não deste, e colhes o que não semeaste'. Nesta frase transparece uma ideia
errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão
severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da
observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, não será
castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim já não
crê em Deus, mas crê apenas em si mesma, na sua própria observância da lei. Ela
se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se
incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser
humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei
responde: 'Empregado mau, eu julgo você pela sua própria boca. Você sabia que
eu sou um homem severo, que tomo o que não dei, e colho o que não semeei.
Então, por que você não depositou meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o
retiraria com juros'. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de
Deus. Se ele imaginava Deus tão severo, deveria ao menos ter colocado o
dinheiro no banco. Ele é condenado não por Deus, mas pela ideia errada que
tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Uma
das coisas que mais influi na vida da gente é a ideia que nós fazemos de Deus.
Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz
severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias.
Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas
abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que
Jesus comunicava.
* Lucas 19,24-27: Conclusão para todos. “Depois disse aos que estavam aí
presentes: Tirem dele as cem moedas, e deem para aquele que tem mil. Os
presentes disseram: Senhor, esse já tem mil moedas! Ele respondeu: Eu digo a
vocês: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada
tem, será tirado até mesmo o que tem”. O senhor mandou tirar dele as cem moedas
e dar àquele que já tinha mil, pois “a todo aquele que já possui, será dado
mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. Nesta
frase final está a chave que esclarece a parábola. No simbolismo da parábola,
as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, tudo aquilo que
faz a pessoa crescer e revela a presença de Deus: amor, serviço, partilha. Quem
se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco
que tem. A pessoa, porém, que não pensa em si, mas se doa aos outros, esta vai
crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito
mais: “cem vezes mais, com perseguições” (Mc 10,30). “Perde a vida quem quer
segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la” (Lc 9,24; 17,33; Mt
10,39;16,25;Mc 8,35). O terceiro empregado teve medo e não fez nada. Não quis
perder nada e, por isso, não ganhou nada. Perdeu até o pouco que tinha. O Reino
é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
* Lucas 19,28: Voltando à tríplice chave inicial. No fim, Lucas encerra o
assunto com esta informação: Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na
frente deles, subindo para Jerusalém. Esta informação final evoca a tríplice
chave dada no início: acolhida a ser dada aos excluídos, proximidade da paixão,
morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a ideia da chegada iminente do
Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estivesse para chegar, a parábola
manda mudar os olhos. O Reino de Deus chega sim, mas através da morte e
ressurreição de Jesus que vai acontecer em breve em Jerusalém. E o motivo da morte
foi a acolhida que ele, Jesus, dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros.
Incomodou os grandes e eles o eliminaram condenando-o à morte de cruz,
Para um confronto pessoal
1. Na nossa comunidade,
procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes, os dons de
uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
2. Nossa comunidade é um espaço,
onde as pessoas podem desenvolver seus dons?
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