São Policarpo, bispo e mártir
Salmo
Responsorial: 48
R. Bem-aventurados os pobres
em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Povos todos, escutai, habitantes
do mundo inteiro, prestai ouvidos, humildes e poderosos, ricos e pobres, todos
juntos.
Porque hei de inquietar-me nos
dias maus, quando me cerca a iniquidade dos perseguidores, dos que confiam na
sua opulência e se vangloriam na sua grande riqueza?
O homem não pode pagar o seu
resgate, não pode pagar a Deus a sua redenção. É muito caro o resgate da sua
vida e ele nunca pagará o suficiente, para prolongar indefinidamente a sua ida e
não experimentar a corrupção da morte.
Vê que morrem os sábios como
perecem o ignorante e o insensato e deixam a outros a sua riqueza.
Aleluia. Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, diz o Senhor: Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Aleluia.
Evangelho
(Mc 9,38-40): João disse a Jesus: «Mestre, vimos alguém expulsar
demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não andava conosco».
Jesus, porém, disse: «Não o proibais, pois ninguém que faz milagres em meu nome
poderá logo depois falar mal de mim. Quem não é contra nós, está a nosso
favor».
«Quem não é contra nós, está a
nosso favor»
Rev. D. David CODINA i Pérez (Puigcerdà,
Gerona, Espanha)
Este modo de viver nossa vocação
de “Igreja” nos convida a revisar com paz e seriedade a coerência com que
vivemos esta abertura de Jesus Cristo. Enquanto houver “outros” que nos
“incomodem” porque fazem o mesmo que nós, isto é um claro indício de que o amor
de Cristo ainda não nos impregna em toda sua profundidade, e nos pedirá a “humildade”
de aceitar que não esgotamos “toda a sabedoria e o amor de Deus”.
Definitivamente, aceitar que somos aqueles que Cristo escolhe para anunciar a
todos como a humildade é o caminho para aproximar-nos a Deus.
Jesus obrou assim desde sua
Encarnação, quando nos aproxima ao máximo a majestade de Deus na
insignificância dos pobres. Diz são João Crisóstomo: «Cristo não se contentou
em padecer na cruz e com a morte, e quis também fazer-se pobre e peregrino, ir
errante e nu, quis ser jogado no cárcere e sofrer as debilidades, para
conseguir a tua conversão». Se Cristo não deixou passar nenhuma oportunidade
para que possamos viver o amor com os demais, tampouco deixemos passar a
ocasião de aceitar ao que é diferente a nós no modo de viver sua vocação a formar
parte da Igreja, porque «Quem não é contra nós, está a nosso favor» (Mc 9,40).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
« ‘Jesus disse: Não está certo
impedir-lhe…’. E é assim que nos disse que não só não nos devemos opor ao bem
de qualquer parte que venha, senão que pelo contrário devemos procurá-lo quando
não exista» (São Beda o Venerável)
«Fazer o bem é um dever, é um
bilhete de identidade que o nosso Pai deu a todos, porque nos fez à sua imagem
e semelhança. E Ele faz o bem sempre» (Francisco)
«A liberdade faz do homem um
sujeito moral. Quando age de maneira deliberada, o homem é, por assim dizer, o
pai dos seus atos. Os atos humanos, quer dizer, livremente escolhidos em
consequência dum juízo de consciência, são moralmente qualificáveis. São bons
ou maus» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.749)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Marcos 9,38-40: A mentalidade do fechamento:
“ele não anda conosco”. Alguém que não era da comunidade usava o nome de
Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos,
porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade ele impede que o outro possa
fazer uma ação boa! Por ser discípulo, ele pensa ter o monopólio sobre Jesus e,
por isso, quer proibir que outros usem o nome de Jesus para realizar o bem. Era
a mentalidade fechada e antiga de “Povo eleito, Povo separado!”. Jesus
responde: "Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois
pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor”. (Mc
9,40). Dificilmente você pode encontrar uma afirmação mais ecumênica do que
esta afirmação de Jesus. Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não
faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve
realizar.
* Um retrato de Jesus como formador dos seus
discípulos - Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação
dada aos discípulos. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarna o
amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos
gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida
dos discípulos e das discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a
sua maneira de dar forma humana à experiência que ele mesmo tinha de Deus como
Pai. Eis um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos:
* na volta, faz revisão com eles (Lc 10,17-20),
* corrige-os quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9,33-35; 10,14-15)
* aguarda o momento oportuno para corrigir (Lc 9,46-48; Mc 10,14-15).
* ajuda-os a discernir (Mc 9,28-29),
* interpela-os quando são lentos (Mc 4,13; 8,14-21),
* prepara-os para o conflito (Jo 16,33; Mt 10,17-25),
* manda observar a realidade (Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3),
* reflete com eles as questões do momento (Lc 13,1-5),
* confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6,5),
* ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12,7.12),
* tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3),
* sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil, (Jo 4,7-42).
* ajuda-os a se aceitar a si mesmos (Lc 22,32).
* é exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10,17-31).
* é severo com a hipocrisia (Lc 11,37-53).
* faz mais perguntas que respostas (Mc 8,17-21).
* é firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8,33; Lc 9,54).
* prepara-os para o conflito e a perseguição (Mt 10,16-25).
* A formação não era, em primeiro lugar, a
transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova
experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas.
A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta
nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras
atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a
respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos
excluídos. Produzia, aos poucos, a "conversão" como consequência da
aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).
Para um confronto pessoal
1) O que significa hoje,
século XXI, para mim, para nós, a afirmação de Jesus que diz: Quem não está
contra nós, está a nosso favor?”
2) Como acontece a
formação de Jesus na minha vida?
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