Berardo, Otão (Presbíteros), Pedro (Diácono), Acúrsio e Adjuto (Irmãos Leigos) – Mártires do Marrocos
Salmo Responsorial: 95
R. Anunciai em todos
os povos as maravilhas do Senhor.
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra
inteira, cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Anunciai dia a dia a sua salvação, publicai entre as nações
a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas.
Dai ao Senhor, ó família dos povos, dai ao Senhor glória e
poder, dai ao Senhor a glória do seu nome.
Adorai o Senhor com ornamentos sagrados, trema diante d’Ele
a terra inteira; dizei entre as nações: «O Senhor é Rei», governa os povos com
equidade.
2ª Leitura (1Cor 12,5-11): Irmãos: Há diversidade
de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios,
mas o Senhor é o mesmo. Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que
realiza tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem
comum. A um o Espírito dá a mensagem da sabedoria, a outro a mensagem da
ciência, segundo o mesmo Espírito. É um só e o mesmo Espírito que dá a um o dom
da fé, a outro o poder de curar; a um dá o poder de fazer milagres, a outro o
de falar em nome de Deus; a um dá o discernimento dos espíritos, a outro o de
falar diversas línguas, a outro o dom de as interpretar. Mas é um só e o mesmo
Espírito que faz tudo isto, distribuindo os dons a cada um conforme Lhe agrada.
Aleluia. Deus chamou-nos, por meio do Evangelho, a tomar parte na
glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aleluia.
Evangelho (Jo 2,1-12): No terceiro dia, houve um
casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus
discípulos foram convidados para o casamento. Faltando o vinho, a mãe de Jesus
lhe disse: “Eles não têm vinho!» Jesus lhe respondeu: «Mulher, que é isso, para
mim e para ti? A minha hora ainda não chegou». Sua mãe disse aos que estavam
servindo: «Fazei tudo o que ele vos disser!» Estavam ali seis talhas de pedra,
de quase cem litros cada, destinadas às purificações rituais dos judeus. Jesus
disse aos que estavam servindo: «Enchei as talhas de água!» E eles as encheram
até à borda. Então disse: «Agora, tirai e levai ao encarregado da festa”. E
eles levaram. O encarregado da festa provou da água mudada em vinho, sem saber
de onde viesse, embora os serventes que tiraram a água o soubessem. Então
chamou o noivo e disse-lhe: «Todo o mundo serve primeiro o vinho bom e, quando
os convidados já beberam bastante, serve o menos bom. Tu guardaste o vinho bom
até agora». Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia.
Manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele. Depois disso, Jesus
desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Lá,
permaneceram apenas alguns dias.
«A mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram
convidados para o casamento»
Rev. D. Enric PRAT i
Jordana (Sort, Lleida, Espanha)
Jesus e Maria, com intensidade diferente, tornam Deus
presente em qualquer lugar onde estejam e, onde está Deus, aí há amor, graça e
milagre. Deus é o bem, a verdade, a beleza, a abundância. Quando o sol difunde
os seus raios no horizonte, a terra ilumina-se e recebe calor, e toda a vida
trabalha para produzir os seus frutos. Quando deixamos que Deus se aproxime, o
bem, a paz e a felicidade crescem manifestamente nos corações, até então talvez
frios ou adormecidos.
A mediação escolhida por Deus para se fazer presente no meio
dos homens e se comunicar profundamente com eles, é Jesus Cristo. A obra de
Deus chega ao coração do mundo através da humanidade de Jesus e, depois,
através da presença de Maria. Os noivos de Caná pouco sabiam sobre aqueles
convidados para a sua boda. O convite correspondia provavelmente a alguma
relação de amizade ou parentesco. Naquela altura, Jesus ainda não tinha feito
nenhum milagre e desconhecia-se a sua importância.
Aceitou o convite porque é a favor das relações humanas
importantes e sinceras e se sentiu atraído pela honestidade e boa disposição
daquela família. Por isso, estava presente naquela celebração familiar. «Este
início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia» Jo 2,11) e ali o
Messias «abriu o coração dos discípulos à fé graças à intervenção de Maria, a
primeira crente» (João Paulo II).
Aproximemo-nos também da humanidade de Jesus, tratando de
conhecer e amar, mais e de modo progressivo, a Sua trajetória humana, escutando
a Sua palavra, crescendo em fé e confiança, até ver nele o rosto do Pai.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«O coração de Maria, que não pode menos do que sentir
compaixão do infeliz (…), impeliu-a a assumir ela própria o ofício de
intercessora e a pedir ao Filho o milagre. Se esta boa Senhora obrou assim sem
que lhe pedissem, o que teria acontecido se lhe implorassem?» (S. Afonso Mª de
Ligório)
«Maria, propriamente, não faz um pedido a Jesus;
simplesmente lhe diz: ‘Eles não têm vinho’. Não lhe pede nada em particular,
muito menos que Jesus use o seu poder, que faça um milagre produzindo vinho.
Ela simplesmente informa a Jesus e deixa ele decidir o que convém fazer» (Bento
XVI)
«No umbral da sua vida pública, Jesus realiza o seu primeiro
sinal –a pedido da sua Mãe – por ocasião duma festa de casamento (cf. Jo
2,1-11). A Igreja atribui uma grande importância à presença de Jesus nas bodas
de Caná. Ela vê nesse facto a confirmação da bondade do matrimónio e o anúncio
de que, doravante, o matrimónio seria um sinal eficaz da presença de Cristo»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 1.613).
O vinho novo trazido por Cristo ao nosso mundo e a cada lar, por
mediação de Maria
Pe. Antonio Rivero,
L.C.
Em primeiro lugar, Jesus ocupa o centro do relato das bodas.
O “vinho” que Jesus traz é excepcional, abundante (mais de quinhentos litros) e
superior à água incolor, inodora e insípida das talhas de “pedra” do judaísmo;
alusão à lei, escrita em tábuas de pedra. Cristo não traz um sistema doutrinal,
mas a manifestação do seu mistério. Por isso escolhe umas bodas. A aliança
messiânica foi anunciada pelos profetas sob o simbolismo de umas bodas (cf. Os
2, 16-25; Jr 2, 1s; 3, 1-6; Ez 54, 4-8). O vinho era uma característica
predominante dos tempos e bens messiânicos. Se a água dos judeus purificava os
corpos; o vinho de Cristo purificará as almas, porque o converterá depois no
seu Sangue bendito. O quarto evangelho dá início à atividade de Jesus com a
alegria das bodas messiânicas. O esposo é Jesus e a esposa, a pequena
comunidade que se une ao seu redor pela fé. A glória que os discípulos
contemplam em Jesus é a sua manifestação como o novo esposo messiânica. E a
presença de Maria ai representa o Antigo Testamento e a humanidade inteira.
Constata a falta de algo que era essencial nos tempos messiânicos: a abundância
e a qualidade do vinho. Assim afirma depois o organizador da festa. E Ela, com
amor misericordioso e materno, intercede por nós diante do seu Filho. E
consegue o milagre, adiantando a Hora do seu Filho e também a sua própria hora
como mãe da humanidade inteira. Ao chamá-la de “Mulher”, Jesus está afirmando
que os laços da família de Deus são mais fortes que os do sangue. Jesus atua
porque pede a sua mãe, quanto mais quando tiver chegado a sua Hora!
Em segundo lugar, as bodas de Caná são a primeira boda
cristã que nos consta, lendo os evangelhos, onde Jesus em pessoa entrou e
compartilhou o vinho da sua benção, elevando essa união matrimonial ao
sacramento, fonte de graça divina e reflexo do amor que Ele tem pela sua
Igreja. Sem Cristo no matrimonio, e na vida, faltar-nos-á o vinho do amor, da
alegria e do sentido pleno da existência; e o nosso vinho humano se avinagrará
com facilidade. Com Cristo, teremos sempre o vinho de primeira qualidade que
nunca azedará. Vinho que alegrará um lar e a convivência matrimonial. Vinho que
compartilharemos com os filhos, parentes e amigos, com manifestações de
interesse, de ternura, generosidade, conselho. Vinho que com o passar dos anos-
se continuar Jesus no centro da família- terá um buquê especial que regozijará
os olhos, o olfato e o paladar, e nos ajudará a vencer as dificuldades normais
da convivência. Basta nos sentar e saborear uma taça desse vinho novo trazido
por Cristo para que as penas diminuam, o sorriso floresça nos lábios e os
abraços se estreitem uma vez mais. Por isso, o sinal milagroso de Caná exprime
o “sim” de Cristo ao amor, à festa, à alegria de todos os matrimônios e
famílias.
Finalmente, e quando faltar o vinho, o que fazer? Qual é o
vinho que falta no nosso mundo? O vinho da paz, o da ternura em tantas
famílias; o vinho da fé, da esperança e do amor em tantos corações; o vinho da
verdade em tantas mentes…? Quando faltam estes vinhos, a vida se “avinagra”.
Surgem as brigas, as separações, os divórcios, os interesses partidários, as
trapaças econômicas, as frivolidades vácuas, a mentira como ferramenta de
comunicação, o relativismo moral, a violência e o terror. O que fazer? Invocar
a Maria; Ela é a onipotência suplicante, como são Bernardo nos disse. Maria viu
a carência na boda, fê-la sua solidariamente, e colocou mãos à obra. Não ficou
em relatar o que acontece e se lamentar pelo que falta ou vai mal. Dar-se conta
do “vinho” que falta, arregaçar as mangas no que depende de nós, tendo na
Palavra de Jesus a nossa força e a nossa luz. Isto foi Caná. Esta foi Maria. O
Evangelho termina dizendo que “os discípulos creram Nele” (Jo 2,11). O final é
que tendo vinho, teve festa, e os discípulos vendo o sinal, o milagre, creram
em Jesus. Necessitamos milagres de “vinho”; o mundo necessita ver que os
vinagres do absurdo se transformam em vinho bom e generoso, o do amor e da
esperança, o que germina em fé. Sempre tem um brinde por ser feito. Que seja
com o vinho como o de Maria em Caná.
Para refletir: como
está a talha do meu coração: vazia, meio cheia ou cheia até a borda? Tem vinho
de alegria e entusiasmo ou água incolor, inodora e insípida? Quais coisas
avinagram o meu vinho que Cristo me deu do meu casamento, no dia da minha
ordenação sacerdotal, no dia da minha consagração religiosa? Costumo invocar
Maria Santíssima para que interceda por mim diante do seu Filho Jesus?
Para rezar: Maria,
dizei ao vosso Filho que está acabando o vinho da alegria, do amor, da fé e da
confiança em nós. Dizei ao vosso Filho que tem muitas famílias só com água ou
pior, com vinho avinagrado; que tenha piedade de nós. Obrigado, Maria, pela
vossa intercessão. Tirai-nos do apuro, como fizeste em Caná.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se
comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO