São Leão Magno, papa e doutor da Igreja
Vem Mariângela Virgilli, virgem de nossa
Ordem
Salmo Responsorial: 81
R. Levantai-Vos,
Senhor, e julgai a terra.
Defendei o órfão e o desprotegido, fazei justiça ao humilde
e ao pobre. Salvai o oprimido e o indigente, libertai-o das mãos dos ímpios.
O Senhor disse: «Vós sois deuses, todos vós sois filhos do
Altíssimo. Mas, como homens, morrereis, como os príncipes, todos vós
sucumbireis».
Aleluia. Em todo o tempo e lugar dai graças a Deus, porque esta é a sua
vontade a vosso respeito em Cristo Jesus. Aleluia.
Evangelho (Lc 17,11-19): Um dia, caminhando para
Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. Estava para entrar num
povoado, quando dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a certa distância
e gritaram: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!» Ao vê-los, Jesus disse: «Ide
apresentar-vos aos sacerdotes». Enquanto estavam a caminho, aconteceu que
ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a
Deus em alta voz; prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. E este era um
samaritano. Então Jesus lhe perguntou: «Não foram dez os curados? E os outros
nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser
este estrangeiro?» E disse-lhe: «Levanta-te e vai! Tua fé te salvou».
«Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu»
P. Conrad J. MARTÍ i
Martí OFM (Valldoreix, Barcelona, Espanha)
Com um pouco de imaginação, pode cada um de nós reproduzir a
imagem dos marginalizados da sociedade, que têm nome como nós: imigrantes,
drogados, delinquentes, doentes de aids, desempregados, pobres... Jesus quer
restabelecê-los, remediar os seus sofrimentos, resolver os seus problemas; e
pede-nos colaboração de forma desinteressada, gratuita, eficaz... por amor.
Além disso, tornamos mais presente em cada um de nós a lição
que dá Jesus. Somos pecadores e necessitados de perdão, somos pobres que todo o
esperam dele. Seríamos capazes de dizer como o leproso «Jesus, Mestre, tem
compaixão de mim» (cf. Lc 17, 13) Sabemos recorrer a Jesus com uma oração
profunda e confiante?
Imitamos o leproso curado, que volta a Jesus para lhe
agradecer? De fato, só «Um deles, ao perceber que estava curado, voltou
glorificando a Deus em alta voz» (Lc 17,15). Jesus sente a falta dos outros
nove: «Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão?» (Lc 17,17). Santo
Agostinho deixou a seguinte sentença: «Graças a Deus`: não há nada que alguém
possa dizer com maior brevidade (...) nem fazer com maior utilidade que estas
palavras». Portanto nós, como agradecemos a Jesus o grande dom da vida, a nossa
e a da família; a graça da fé, a santa Eucaristia, o perdão dos pecados...? Não
acontece alguma vez que não lhe agradecemos pela Eucaristia, apesar de
participar frequentemente nela? A Eucaristia é — não duvidemos — a nossa maior
vivência de cada dia.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 17,11: Jesus
em viagem para Jerusalém. Lucas lembra que Jesus estava de viagem para
Jerusalém, passando da Samaria para a Galileia. Desde o começo da viagem (Lc
9,52) até agora (Lc 17,11), Jesus andou pela Samaria. Só agora está saindo da
Samaria, passando pela Galileia para poder chegar em Jerusalém. Isto significa
que os importantes ensinamentos, dados nestes capítulos todos de 9 até 17,
foram todos dados em território que não era judeu. Ouvir isto deve ter sido
motivo de muita alegria para as comunidades de Lucas, vindas do paganismo.
Jesus, o peregrino, continua a sua viagem até Jerusalém. Continua tirando as
desigualdades que os homens criaram. Continua a longa e dolorosa caminhada da
periferia para a capital, de uma religião fechada sobre si mesma para a
religião aberta que sabe acolher os outros como irmãos e irmãs, filhos e filhas
do mesmo Pai. Esta abertura vai aparecer no acolhimento dado aos dez leprosos.
* Lucas 17,12-13: O
grito dos leprosos. Dez leprosos aproximam-se de Jesus, param de longe e
gritam: "Jesus, mestre, tem piedade de nós!" O leproso era uma pessoa
excluída. Era marginalizado e desprezado, sem o direito de conviver com suas
famílias. Segundo a lei da pureza, os leprosos deviam andar com roupa rasgada e
cabelos desgrenhados, gritando: “Impuro! Impuro!” (Lv 13,45-46). Para os
leprosos, a busca da cura significava o mesmo que buscar a pureza para poder
ser reintegrados na comunidade. Não podiam aproximar-se dos outros (Lv
13,45-46). Qualquer toque num leproso causava impureza e criava um impedimento
para a pessoa poder dirigir-se a Deus. Através do grito, eles expressam a fé de
que Jesus pode curá-los e devolver-lhes a pureza. Obter a pureza significava
sentir-se, novamente, acolhido por Deus, e poder dirigir-se a Ele para receber
a bênção prometida a Abraão.
* Lucas 17,14: A
resposta de Jesus e a cura. Jesus reponde: "Vão mostrar-se aos
sacerdotes!" (cf. Mc 1,44). Era o sacerdote que devia verificar a cura e
dar o atestado de pureza (Lv 14,1-32). A resposta de Jesus exigia muita fé da
parte dos leprosos. Devem ir ao sacerdote como se já estivessem curados,
quando, na realidade, o corpo deles continuava coberto de lepra. Mas eles
acreditaram na palavra de Jesus e foram em direção ao sacerdote. E aconteceu
que, enquanto iam caminhando, manifestou-se a cura. Ficaram purificados. Esta
cura evoca a história da purificação de Naaman da Síria (2Rs 5,9-10). O profeta
Eliseu mandou o homem lavar-se no Jordão. Naaman tinha de crer na palavra do
profeta. Jesus mandou os dez apresentar-se aos sacerdotes. Eles tinham de crer
na palavra de Jesus.
* Lucas 17,15-16: Reação do samaritano. “Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano.” Por que os outros não voltaram? Por que só o samaritano? Na opinião dos judeus de Jerusalém, o samaritano não observava a lei como devia. Entre os judeus havia a tendência de observar a lei para poder merecer ou conquistar a justiça. Pela observância, eles iam acumulando méritos e créditos diante de Deus. Gratidão e gratuidade não fazem parte do vocabulário de pessoas que vivem assim o seu relacionamento com Deus. Talvez seja por isso que não agradeceram o benefício recebido. Na parábola do evangelho de ontem, Jesus tinha formulado a pergunta sobre a gratidão: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado?” (Lc 17,9) E a resposta era: “Não!” O samaritano representa as pessoas que têm consciência clara de que nós, seres humanos, não temos mérito, nem crédito diante de Deus. Tudo é graça, a começar pelo dom da própria vida!
* Lucas 17,17-19: A observação final de Jesus.
Jesus estranhou: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros
nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este
estrangeiro!” Para Jesus, agradecer os outros pelo benefício recebido é uma
maneira de dar a Deus o louvor que lhe é devido. Neste ponto, os samaritanos
davam lição aos judeus. Hoje são os pobres, que fazem o papel de samaritano e
nos ajudam a redescobrir esta dimensão da gratuidade da vida. Tudo que
recebemos deve ser visto como um dom de Deus que vem até nós através do irmão e
da irmã.
* A acolhida dada aos
samaritanos no evangelho de Lucas.
Para Lucas, o lugar que Jesus dava aos samaritanos é o mesmo que as
comunidades deviam reservar aos pagãos. Jesus apresenta um samaritano como
modelo de gratidão (Lc 17,17-19) e de amor ao próximo (Lc 10,30-33). Isto devia
ser muito chocante, pois, para os judeus, samaritano ou pagão era a mesma
coisa. Não podiam ter acesso aos átrios interiores do Templo de Jerusalém, nem
participar do culto. Eram considerados portadores de impureza, impuros desde o
berço. Para Lucas, porém, a Boa Nova de Jesus dirige-se, em primeiro lugar, às
pessoas e grupos considerados indignos de recebê-la. A salvação de Deus que
chega até nós em Jesus é puro dom. Não depende dos méritos de ninguém.
Para um confronto
pessoal
1. E você,
costuma agradecer às pessoas? Agradece por convicção ou por mero costume? E na
oração: agradece ou esquece?
2. Viver na
gratidão é um sinal da presença do Reino no meio de nós. Como transmitir para
os outros a importância de viver na gratidão e na gratuidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO