S. NUNO DE SANTA MARIA
Viúvo e religioso de nossa Ordem
Nota Histórica
Nuno Álvares Pereira, fundador da Casa de Bragança, nasceu
em Santarém (Portugal) a 24 de Junho de 1360. Como Condestável do reino de
Portugal, foi militar invencível; mas, vencendo se a si mesmo, pediu a
admissão, como irmão leigo, na Ordem do Carmelo. Tinha uma admirável piedade e
confiança para com a Santíssima Virgem Maria. Sentia grande satisfação em pedir
esmolas pelas portas, desempenhar os ofícios mais humildes na casa de Deus, e
mostrou sempre grande compaixão e liberalidade para com os pobres. Morreu no
domingo da Ressurreição do ano 1431 (1º de abril).
Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA
cf. 2 Tim 4, 7-8
Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé.
O Senhor me dará a coroa da justiça.
ORAÇÃO COLETA
Senhor nosso Deus, que destes ao bem-aventurado Nuno de
Santa Maria a graça de combater o bom combate e o tornastes exímio vencedor de
si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominando como ele as seduções do
mundo, com ele vivam para sempre na pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Sir 44,
1-3ab.4.6-7.10.13-14
«O seu nome vive através das gerações»
O elogio, que o autor
sagrado faz dos homens ilustres de Israel, pode aplicar-se, com toda a justiça,
ao Beato Nuno. Com efeito, ele foi grande não só pelo heroísmo e generosidade
com que serviu o povo e pelas benemerências que lhe prestou, mas também, e
acima de tudo, pelas suas preclaras virtudes morais, em que foi tão rica a sua
vida.
Leitura do Livro de
Ben-Sirá: Celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados
através das gerações. O Senhor realizou neles a sua glória, a sua grandeza
desde os tempos mais antigos. Eram poderosos nos seus reinos, homens de fama
pelos seus feitos grandiosos e bons conselheiros pela sua inteligência. Eram
guias do povo pelos seus conselhos, pela sua inteligência na instrução do povo
e pelas sábias palavras no seu ensino. Homens ricos e poderosos, viviam em paz
em suas casas. Todos eles alcançaram fama entre os seus contemporâneos e
glorificados já em seus dias. Foram homens virtuosos e as suas obras não foram
esquecidas. A sua descendência permanece para sempre e jamais se apagará a sua
memória. Os seus corpos repousam em paz e o seu nome vive através das gerações.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL
Salmo 17 (18), 2b-3. 18a e 19 e 20b.
R: Eu Vos amo, Senhor: sois a minha força.
Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador,
meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protetor, minha defesa e meu salvador.
Salvou-me de inimigos poderosos,
que se levantaram contra mim no dia da adversidade;
mas o Senhor veio em meu auxílio;
salvou-me porque me tem amor.
Porque eu segui o caminho do Senhor
e não pequei contra o meu Deus.
Tenho sido irrepreensível diante d’Ele
e guardei-me de cometer o pecado.
ACLAMAÇÂO AO
EVANGELHO
Aleluia. Bem-aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Aleluia.
EVANGELHO Lc 14,
25-33
«Quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu
discípulo»
No desejo de viver,
mais perfeitamente, o ideal de santidade, próprio de todo o batizado, o Beato
Nuno quis imitar, mais de perto, a Cristo. Por isso, renunciando às honras e
comodidades do mundo, escolheu um caminho de humildade, pobreza e obediência,
para, como Cristo, servir melhor os homens, seus irmãos. Longe de se tornar
inútil, a sua vida adquiriu uma maior projeção social. O seu exemplo ajudou muitos
cristãos a alcançar a vitória sobre o mal. O seu empenho em servir os pobres
continua a ser fonte de inspiração para todos aqueles que trabalham pela
liberdade e justiça no mundo.
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus
voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à
mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode
ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu
discípulo. Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a
calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois
de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem
comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi
capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e
não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados,
àquele que vem contra ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está
longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de
entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Deus de bondade, que no bem-aventurado Nuno de Santa Maria,
vencido o homem velho, formastes nele o homem novo à vossa imagem, concedei que
também nós nos renovemos para sermos dignos de Vos oferecer este sacrifício de
reconciliação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Salmo 111, 9
Repartiu com largueza pelos pobres,
a sua generosidade permanece para sempre.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Pela virtude redentora deste sacramento, conduzi-nos sempre,
Senhor, pelos caminhos do vosso amor, a exemplo do bem-aventurado Nuno de Santa
Maria, e completai até ao dia de Cristo Jesus a boa obra que em nós começastes.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
Liturgia das Horas
Da Crónica dos Carmelitas da antiga e regular observância, nos
Reinos de Portugal, escrita pelo Cronista geral da Ordem (Tom I, cap. XV-XVIII:
Lisboa 1745, pp. 422-425. 429-431. 438. 440-441. 454. 459).
Exemplo de vida cristã
Admirável foi este santo varão pelas muitas e especiais
virtudes que cultivou, não só depois do divórcio que fez com o mundo, mas
também antes de receber o hábito religioso.
Na castidade foi sempre tão firme que jamais em prejuízo
desta virtude se lhe conheceu o mais leve defeito.
Forçado da obediência se sujeitou ao casamento, que sem
desagrado de seu pai, o não chegaria a evitar. Mas aos vinte e seis anos ficou
absoluto do matrimónio, porque a inumana parca pôs termo à vida da sua esposa
na flor de seus anos. Entrou El Rei no empenho de lhe dar outra esposa não
menos digna de seu nascimento. Resistiu o invicto Condestável, encobrindo
sempre o fundamento principal, que era o de viver casto.
Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que
faziam por ser nela seus imitadores. Faltava com o descanso ao corpo para se
aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.
Depois de ser religioso, estreitou mais o trato e
familiaridade com o Senhor, porque então vivia no retiro conveniente para poder
sem estorvo empregar todas as potências da alma no Divino Objeto que
contemplava.
Na presença da soberana imagem da Virgem Maria Senhora
Nossa, com o título da Assunção, derramava copiosas lágrimas; e com elas,
melhor do que com as vozes, Lhe expunha as suas súplicas nas ocasiões que para
si ou para os seus patrocinados Lhe pedia favores.
Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da
Religião, serviu a Deus em toda a vida. Como árvore frutífera cujos ramos mais
se inclinam quando é maior o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão
mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu
espírito teve lugar a soberba: antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá-la
dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a
ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito
da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá-lo
em tal forma que a todos causava admiração.
Com o hábito religioso adquiriu o irmão Nuno muitos hábitos
de mortificação. O sangue que lhe corria do corpo, quando com ásperos flagelos
o lastimava, também lhe diminuía os alentos: mas ainda desta fraqueza tirava
forças para, com pasmosa admiração dos Companheiros, continuar em semelhantes
exercícios até ao último prejuízo da vida, que em desempenho do ardentíssimo
desejo que teve de a sacrificar a Deus, sempre reconheceu como trabalho, e
estimou a morte como lucro.
Depois de religioso, foi o servo de Deus mais admirável nos
exercícios da caridade. Não se contentava com distribuir as esmolas pelo seu
pagador, como no século fazia; mas pelas próprias mãos, na portaria deste
convento, remediava a cada um a sua necessidade.
Não menos caritativo era para com o seu próximo nas ocasiões
que se lhe ofereciam de lhe acudir nas enfermidades. Assistia aos pobres nas
doenças, não só com os alimentos necessários, mas com os regalos administrados
por suas próprias mãos.
Velava noites inteiras por não faltar com a assistência aos
que nas doenças perigavam.
Continuando o Venerável Nuno de Santa Maria as asperezas da
vida, sem nunca afrouxar dos seus primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão
destituído de forças, que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder
mover se.
Entrando enfim na última agonia, rogou que, para consolação
do seu espírito, lhe lessem a Paixão de Cristo escrita pelo evangelista São
João; logo que chegou à cláusula do Evangelho onde o mesmo Cristo, falando com
sua Mãe Santíssima a respeito do amado discípulo, lhe diz: Eis o vosso filho,
deu ele o último suspiro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que a
criara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO