Salmo Responsorial: 147
R. Jerusalém, louva o
teu Senhor.
Glorifica, Jerusalém, o Senhor, louva, Sião, o teu Deus. Ele
reforçou as tuas portas e abençoou os teus filhos.
Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras e saciou-te com a flor
da farinha. Envia à terra a sua palavra, corre veloz a sua mensagem.
Revelou a sua palavra a Jacob, suas leis e preceitos a
Israel. Não fez assim com nenhum outro povo, a nenhum outro manifestou os seus
juízos.
Aleluia. As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu
conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Aleluia.
Evangelho (Lc 14,1-6): Num dia de sábado, Jesus
foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. Estes o observavam. Em frente
de Jesus estava um homem que sofria de hidropisia. Tomando a palavra, Jesus
disse aos doutores da Lei e aos fariseus: «Em dia de sábado, é permitido curar
ou não?» Eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o
e o despediu. Depois lhes disse: «Se algum de vós tem um filho ou um boi que
caiu num poço, não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?» E eles não foram
capazes de responder a isso.
«Em dia de sábado, é permitido curar ou não?»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
São muitos os episódios evangélicos nos quais o Senhor joga
na cara dos fariseus sua hipocrisia. É notável o empenho de Deus em nos deixar
claro até que ponto lhe desagrada esse pecado – a falsa aparência, o engano
vaidoso -, que situa-se nas antípodas daquele elogio de Cristo a Natanael: «Aí
está um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade» (Jo 1,47). Deus ama a
simplicidade de coração, a ingenuidade do espírito e, pelo contrário, rechaça
energicamente o que é emaranhado, o olhar vago, a dupla moral, a hipocrisia.
O significativo da pergunta do Senhor e da resposta
silenciosa dos fariseus, é a má consciência que estes, no fundo, tinham. Diante
jazia um doente que buscava sua cura por Jesus. O cumprimento da Lei judaica
–mera atenção à letra com desprezo ao espírito- e a fátua presunção de sua
conduta honorável os leva a escandalizar-se ante a atitude de Cristo que,
levado pelo seu coração misericordioso, não se deixa amarrar pelo formalismo de
uma lei, e quer devolver a saúde a quem carecia dela.
Os fariseus se dão conta de que sua conduta hipócrita não é
justificável e, por isso, calam. Nesta parte resplandece uma clara lição: a
necessidade de entender que a santidade é seguimento de Cristo – até o
enamorar-se plenamente - e não frio cumprimento legal de uns preceitos. Os
mandamentos são santos porque procedem diretamente da Sabedoria infinita de
Deus, mas que é possível vive-los de uma maneira legalista e vazia, e então se
dá a incongruência –autêntico sarcasmo- de pretender seguir a Deus para
terminar indo atrás de nós mesmo.
Deixemos que a encantadora simplicidade da Virgem Maria se
imponha nas nossas vidas.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 14,1: O
convite em dia de sábado. “Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer
em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação
inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar
vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6),
escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14),
convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado
pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também
um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto
para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
* Lucas 14,2: A
situação que vai provocar a ação de Jesus. “Havia um homem hidrópico diante
de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos
fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus
que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O
que fazer? Pode ou não pode?
* Lucas 14,3: A
pergunta de Jesus aos escribas e fariseus. “Tomando a palavra, Jesus falou
aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite
curar em dia de sábado?" Com a sua
pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em
dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é
mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou
matar?” (Mc 3,4).
* Lucas 14,4-6: A
cura. Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio
de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o
despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o
motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que
caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência
dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê
problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o
direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde
se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus
“não foram capazes de responder a isso”. Pois diante da evidência não há
argumento que a negue.
Para um confronto
pessoal
1) A liberdade de
Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde
a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos
difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade
imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
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