Salmo Responsorial: 125
R. O Senhor fez
maravilhas em favor do seu povo.
Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho. Da nossa boca brotavam expressões de alegria e de
nossos lábios cânticos de júbilo.
Diziam então os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes
coisas». Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos exultantes de
alegria.
Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos, como as
torrentes do deserto. Os que semeiam em lágrimas recolhem com alegria.
À ida, vão a chorar, levando as sementes; à volta, vêm a
cantar, trazendo os molhos de espigas.
Aleluia. Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus. Aleluia.
Evangelho (Lc 8,16-18): «Ninguém acende uma
lâmpada para escondê-la debaixo de uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama;
ela é posta no candelabro, a fim de que os que entram vejam a claridade. Ora,
nada há de escondido que não venha a ser descoberto. Nada há de secreto que não
venha a ser conhecido e se tornar público. Olhai, portanto, a maneira como
ouvis! Pois a quem tem será dado, e a quem não tem, até aquilo que julga ter
lhe será tirado!».
«Ela é posta no candelabro, a fim de que os que entram vejam a
claridade »
+ Rev. D. Joaquim FONT
i Gassol (Igualada, Barcelona, Espanha)
Luz para os que entram na Igreja! Desde há séculos, as mães
cristãs ensinaram os seus filhos na intimidade, com palavras expressivas, mas
sobretudo com a “luz” do seu bom exemplo. Também semearam, com a típica candura
popular e evangélica, comprimida em muitos provérbios, plenos de sabedoria e,
ao mesmo tempo, de fé. Um deles é o seguinte: «Iluminar e não defumar». São
Mateus diz-nos: «…onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também
brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e
louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5,15-16).
O nosso exame de consciência, no final de cada dia, pode
comparar-se ao trabalho do lojista, que verifica a caixa para ver o fruto do
seu trabalho. Não começa por perguntar: Quanto perdi? Antes, pelo contrário:
Quanto ganhei? E imediatamente: Como poderei ganhar mais amanhã, que posso
fazer para melhorar? A revisão do nosso dia acaba com uma ação de graças e, por
contraste, com um ato de dor amoroso. Dói-me não ter amado mais, e espero cheio
de confiança, começar amanhã o novo dia para agradar mais a Nosso Senhor, que
sempre me vê, e me acompanha e me ama tanto. Quero proporcionar mais luz e
diminuir o fumo do fogo do meu amor.
Nos serões familiares, os pais e os avós forjaram – e continuam
a forjar – a personalidade e a piedade das crianças de hoje e dos homens de
amanhã. Vale a pena! É urgente! Maria, Estrela da Manhã, Virgem do amanhecer
que precede a Luz do Sol-Jesus, guia-nos e dá-nos a mão. «Oh, Virgem ditosa! É
impossível que se perca aquele em quem pões o teu olhar» (Santo Anselmo).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 8,16: A
lâmpada que ilumina. "Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma
vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que
todos os que entram, vejam a luz”. Esta
frase de Jesus é uma pequena parábola. Jesus não explica, pois todo mundo sabia
de que se tratava. Era algo da vida de todos os dias. Naquele tempo, não havia luz
elétrica. Você imagine o seguinte. A família está reunida em casa. Começa a
escurecer. Alguém levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um
caixote ou debaixo de uma cama. O que o pessoal vai dizer? Todo mundo vai
gritar: “Seu bobo! Coloque a luz na mesa!” Numa reunião bíblica, alguém fez o
seguinte comentário: A palavra de Deus é uma lamparina para ser acesa na
escuridão da noite. Enquanto ela estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela
é como a lamparina debaixo do caixote. Ela só é colocada na mesa e ilumina a
casa, quando for lida em comunidade e ligada à vida.
No contexto em que Lucas colocou esta frase, ela se refere à
explicação que Jesus deu da parábola da semente (Lc 8,9-15). É como se
dissesse: as coisas que vocês acabaram de ouvir, vocês não devem guardá-las
para si mesmos, mas devem irradiá-las aos outros. Um cristão não deve ter medo
de dar testemunho e de irradiar a Boa Nova. Humildade é importante, mas é falsa
a humildade que esconde os dons de Deus dados para edificar a comunidade (1Cor
12,4-26; Rom 12,3-8).
* Lucas 8,17: O
escondido se tornará manifesto. “Tudo o que está escondido, deverá
tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo, deverá tornar-se conhecido e
claramente manifesto.” Esta segunda
frase de Jesus, de acordo com o contexto em que foi posto por Lucas, também se
refere aos ensinamentos que Jesus deu em particular aos discípulos (Lc 8,9-10).
Os discípulos não podem conservá-los só para si, mas devem divulgá-los, pois
fazem parte da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe.
* Lucas 8,18: Prestar
atenção aos preconceitos. “Prestem atenção como vocês ouvem: para quem tem
alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até
mesmo o que ele pensa ter". Naquele tempo, havia muitos preconceitos sobre
o Messias que impediam o povo de entender de maneira correta a Boa Nova do
Reino que Jesus anunciava. Por isso, esta advertência de Jesus com relação aos
preconceitos tinha muita atualidade. Jesus pede aos discípulos para tomar
consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele lhes
oferece. Através desta frase de Jesus, Lucas está dizendo às comunidades e a
todos nós: “Prestem bem atenção nas ideias com que vocês olham para
Jesus!” Pois, se a cor dos óculos é
verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a ideia com que eu
olho para Jesus for errada, tudo o que penso, recebo e ensino sobre Jesus
estará ameaçado de erro. Se eu penso que o messias deve ser um rei glorioso,
não vou entender nada do que Jesus ensina sobre a Cruz, sobre o sofrimento,
perseguição e compromisso, e até vou perder aquilo que eu pensava possuir.
Unindo esta terceira frase com a primeira, pode-se concluir o seguinte: quem
segurar fechado em si o que receber e não o distribuir aos outros, perde aquilo
que tem, pois vai apodrecer.
Para um confronto
pessoal
1. Você já teve
experiência de preconceitos que o impediam de perceber e de apreciar no seu
devido valor, as coisas boas que as pessoas fazem?
2. Você já
percebeu os preconceitos que estão por trás de certas histórias, piadas e
parábolas que as pessoas contam?
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