Ven Jerônimo Gracian da Mãe de Deus, presbítero de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 18
R. A sua mensagem
ressoou por toda a terra.
Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a
obra das suas mãos. O dia transmite ao outro esta mensagem e a noite a dá a
conhecer à outra noite.
Não são palavras nem linguagem cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a terra e a sua notícia até aos confins do mundo.
Aleluia. Nós Vos louvamos, ó Deus; nós Vos bendizemos, Senhor. O coro
glorioso dos Apóstolos canta os vossos louvores. Aleluia.
Evangelho (Mt 9,9-13): Ao passar, Jesus viu um
homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe:
«Segue-me!». Ele se levantou e seguiu-o. Depois, enquanto estava à mesa na casa
de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa, junto com
Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e disseram aos discípulos:
«Por que vosso mestre come com os publicanos e pecadores?». Tendo ouvido a
pergunta, Jesus disse: «Não são as pessoas com saúde que precisam de médico,
mas as doentes. Ide, pois, aprender o que significa: Misericórdia eu quero, não
sacrifícios. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores».
«Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores»
Rev. D. Joan PUJOL i
Balcells (La Seu d'Urgell, Lleida, Espanha)
Seu ofício, de coletor de impostos, era mal visto. Aqueles que o exerciam eram considerados publicanos e pecadores. Estava ao serviço do rei Herodes, senhor da Galileia, um rei detestado pelo seu povo e que o Novo Testamento nos apresenta como um adúltero, o assassino de João Batista e aquele que escarneceu Jesus a Sexta Feira Santa. O que pensaria Mateus quando ia render contas ao Rei Herodes? A conversão de Mateus devia supor uma verdadeira liberação, como o demonstra o banquete ao que convidou os publicanos e pecadores. Foi a sua maneira de demonstrar agradecimento ao Mestre por ter podido sair de uma situação miserável e encontrar a verdadeira felicidade. São Beda o Venerável, comentando a conversão de Mateus, escreve: «A conversão de um coletor de impostos dá exemplo de penitência e de indulgência a outros coletores de impostos e pecadores (...). No primeiro instante da sua conversão, atrai até Ele, que é como dizer até a salvação, a um grupo inteiro de pecadores».
Na sua conversão se faz presente a misericórdia de Deus como
se manifesta nas palavras de Jesus frente à crítica dos fariseus: «Misericórdia
eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a
pecadores» (Mt 9,13).
Reflexão
* Mateus 9,10: Jesus
senta à mesa junto com pecadores e publicanos. Naquele tempo, os judeus
viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma
mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa
com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha
como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão
das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova
lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do
paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28;
11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com
publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
* Mateus 9,11: A
pergunta dos fariseus. Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com
publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com
eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos:
"Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os
pecadores?" Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo
deles de quererem saber por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta
como crítica deles ao comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos
anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus
tinham observado as leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles
um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio
dos outros povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem
conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos
significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram
rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da
Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar
a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era
muito atual.
* Mateus 9,12-13: Eu
quero misericórdia e não sacrifício. Jesus ouviu a pergunta dos fariseus
aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom
senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que
estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa:
Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois
esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não
vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita
os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo
invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus
a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição
profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos
sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se
comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
Para um confronto
pessoal
1. Hoje, na nossa
sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por que? Na nossa comunidade
temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para
a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o
povo ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não
sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?
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