São Raimundo Nonato, religioso
Salmo Responsorial: 26
R. Espero contemplar
a bondade do Senhor na terra dos vivos.
O Senhor é minha luz e salvação: a quem hei de temer? O
Senhor é a defesa da minha vida: de quem hei de ter medo?
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio: habitar na casa do
Senhor todos os dias da minha vida, para gozar da suavidade do Senhor e visitar
o seu santuário.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor na terra dos
vivos. Confia no Senhor, sê forte. Tem confiança e confia no Senhor.
Aleluia. Apareceu no meio de nós um grande profeta: Deus visitou o seu
povo. Aleluia.
Evangelho (Lc 4,31-37): Naquele tempo, Jesus
desceu para Cafarnaum, cidade da Galileia, e lá os ensinava, aos sábados. Eles
ficavam maravilhados com os seus ensinamentos, pois sua palavra tinha
autoridade. Na sinagoga estava um homem que tinha um espírito impuro, e ele
gritou em alta voz: «Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos
destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te,
sai dele!». O demônio então lançou o homem no chão e saiu dele, sem lhe fazer
mal algum. Todos ficaram espantados e comentavam: «Que palavra é essa? Ele dá
ordens aos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem». E sua fama
se espalhava por todos os lugares da redondeza.
«Eles ficavam maravilhados com os seus ensinamentos, pois sua palavra
tinha autoridade»
Rev. D. Joan BLADÉ i
Piñol (Barcelona, Espanha)
Precisamente aquela autoridade no seu falar era o que dava
força a sua linguagem. Utilizava imagens vivas e concretas, sem silogismos nem
definições; palavras e imagens que extraía da própria natureza quando não das
Sagradas Escrituras. Não há dúvida de que Jesus era um bom observador, homem
próximo das situações humanas: ao mesmo tempo em que o vemos ensinando, também
o contemplamos perto das pessoas fazendo-lhes o bem (curando as doenças e
expulsando demônios, etc.). Lia no livro da vida diária as experiências que
depois lhe serviriam para ensinar. Ainda que fosse um material tão simples e
“rudimentar”, a palavra do Senhor era sempre profunda, inquietante,
radicalmente nova, definitiva.
O mais admirável da fala de Jesus Cristo, era esse saber
harmonizar a autoridade divina com a mais incrível simplicidade humana.
Autoridade e simplicidade eram possíveis em Jesus graças ao conhecimento que
possuía do Pai e de sua relação de amorosa obediência a Ele (cf. Mt 11,25-27).
Esta relação com o Pai é o que explica a harmonia única entre a grandeza e a
humildade. A autoridade de seu falar não se ajustava aos parâmetros humanos;
não havia disputa, nem interesses pessoais ou desejo de sobressair. Era uma
autoridade que se manifestava tanto na sublimidade da palavra ou da ação como
na humildade e simplicidade. Não houve nos seus lábios nem louvor pessoal, nem
soberba nem gritos. Mansidão, doçura, compreensão, paz, serenidade,
misericórdia, verdade, luz, justiça... Foi o aroma que rodeava a autoridade de
seus ensinos.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum. “Jesus
foi a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que
Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma
pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que
vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que
vinha da região dos rios Eufrates e Tigre e descia para o Egito. A mudança para
Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
* Lucas 4,32: Admiração do povo pelo ensino de Jesus. A
primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é
tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava
com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de
ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades
religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade,
diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando
autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua
experiência de Deus e da vida.
* Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal. O primeiro
milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e
as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a
liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia
dele!" Ele dizia em outra ocasião:
“Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus
chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si
mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do
comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada
pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a
propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta
gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
* Lucas 1,36-37: A
reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto. Além do
jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava
admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra
é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles
saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza
através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia
comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão.
Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a
vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas
pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e
rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes,
dispendiosas normas de pureza.
Para um confronto
pessoal
1) Jesus
provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca
alguma admiração no povo? Qual?
2) Jesus
expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente
vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?
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