S. Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus (Redi), Virgem de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 51
R. Confio na
misericórdia de Deus para sempre.
Eu sou como oliveira viçosa na casa do meu Deus; confio para
sempre na sua misericórdia.
Hei de louvar-Vos eternamente pelo bem que me fizestes.
Na presença dos vossos fiéis proclamarei como é bom o vosso
nome.
Aleluia. O Senhor enviou-Me para anunciar a boa nova aos pobres e
proclamar aos cativos a redenção. Aleluia.
Evangelho (Lc 4,38-44): Naquele tempo, Jesus saiu
da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo, com
muita febre. Intercederam a Jesus por ela. Então, Jesus se inclinou sobre ela
e, com autoridade, mandou que a febre a deixasse. A febre a deixou, e ela,
imediatamente, se levantou e pôs-se a servi-los. Ao pôr-do-sol, todos os que
tinham doentes, com diversas enfermidades, os levavam a Jesus. E ele impunha as
mãos sobre cada um deles e os curava. De muitas pessoas saíam demônios,
gritando: «Tu és o Filho de Deus!». Ele os repreendia, proibindo que falassem,
pois sabiam que ele era o Cristo. De manhã, bem cedo, Jesus saiu e foi para um
lugar deserto. As multidões o procuravam e, tendo-o encontrado, tentavam
impedir que ele as deixasse. Mas ele disse-lhes: «Eu devo anunciar a Boa Nova
do Reino de Deus também a outras cidades, pois é para isso que fui enviado». E
ele ia proclamando pelas sinagogas da Judéia.
«Ele impunha as mãos sobre cada um deles e os curava. De muitas pessoas
saíam demônios, gritando»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Não é a primeira ocasião que aparece o demônio “saindo”,
isto é, fugindo da presença de Deus entre gritos e exclamações. Lembremos
também o endemoninhado de Gerasa (cf. Lc 8,26-39). Surpreende que o próprio
demônio “reconheça” a Jesus e que, como no caso daquele de Gerasa, é ele mesmo
quem sai ao encontro de Jesus (isso sim, muito raivoso e incomodado porque a
presença de Deus incomodava a sua vergonhosa tranquilidade).
Tantas vezes nós também pensamos que encontrar-nos com Jesus
nos atrapalha! Atrapalha-nos ter que ir à Missa no domingo; perturba-nos pensar
que faz muito que não dedicamos um tempo à oração; sentimos vergonha dos nossos
erros, em lugar de ir ao Médico da nossa alma para pedir-lhe simplesmente
perdão... Pensemos se não é o Senhor quem tem que vir a nos encontrar, pois nós
mesmos nos fazemos rogar para deixar a nossa pequena “caverna” e sair ao
encontro de quem é o Pastor das nossas vidas! Isto se chama, simplesmente,
tibieza.
Tem um diagnóstico para isto: atonia, falta de tensão na
alma, angustia, curiosidade desordenada, hiperatividade, preguiça intelectual
com as coisas da fé, pusilanimidade, vontade de estar só consigo mesmo... E
existe também um antídoto: deixar de se olhar a sim mesmo e se pôr mãos à obra.
Fazer o pequeno compromisso de dedicar um momento cada dia a olhar e escutar a
Jesus (o que se entende por oração): Jesus o fazia, pois «de manhã, bem cedo,
Jesus saiu e foi para um lugar deserto» (Lc 4,42). Fazer o pequeno compromisso
de vencer o egoísmo numa pequena coisa cada dia pelo bem dos outros (isto se
chama amar). Fazer o pequeno-grande compromisso de viver cada dia em coerência
com nossa vida Cristã.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 4,38-39: Jesus restaura a vida para o serviço. Depois
de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de
Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de
pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas.
Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa possa colocar-se a serviço da
vida.
* Lucas 4,40-41:
Jesus acolhe e cura os marginalizados. Ao cair da tarde, na hora do
aparecimento da primeira estrela no céu, terminado o sábado, Jesus acolhe e
cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos
eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem
recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as
considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus
as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe e as cura impondo a mão em cada
um. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir
na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na
convivência.
* “De muitas pessoas
saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava e não
os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias”. Naquele
tempo, o título Filho de Deus ainda não tinha a densidade e a profundidade que
o título tem hoje para nós. Significava que o povo reconhecia em Jesus uma
presença todo especial de Deus. Jesus não deixava os demônios falar. Ele não
queria propaganda fácil por meio do impacto de expulsões espetaculares.
* Lucas 4,42a: Permanecer
unido ao Pai pela oração. “Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar
deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que
fosse embora”. Aqui Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para
ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os
outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas
vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Lc 3,21-22;
4,1-2.3-12; 5,15-16; 6,12; 9,18; 10,21; 5,16; 9,18; 11,1; 9,28;23,34; Mt
14,22-23; 26,38; Jo 11,41-42; 17,1-26; Mc 1,35; Lc 3,21-22). É através da
oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
* Lucas 4,42b-44:
Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado. Jesus
tornou-se conhecido. O povo ia atrás dele e não queria que ele fosse embora.
Jesus não atendeu ao pedido e disse: "Devo anunciar a Boa Notícia do Reino
de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui
enviado." Jesus tem muito clara a sua missão. Não se fecha no resultado já
obtido, mas quer manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão
recebida do Pai que o orienta na tomada das decisões. Foi para isto que fui
enviado! E aqui no texto esta consciência tão viva aparece como fruto da
oração.
Para um confronto
pessoal
1) Jesus tirava
tempo para poder rezar e estar a sós com o Pai? Eu tiro tempo para rezar e
estar a sós com Deus?
2) Jesus mantinha
viva a consciência da sua missão. E eu, será que, como cristã ou cristão, tenho
consciência de alguma missão ou vivo sem missão?
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