São João Eudes, presbítero
Salmo Responsorial: 39
R. Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.
Feliz de quem pôs a sua confiança
no Senhor e não se voltou para os arrogantes. Feliz de quem pôs a sua confiança
no Senhor e não se voltou para os que seguem a mentira.
Não Vos agradaram sacrifícios nem
oblações, mas abristes-me os ouvidos; não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da
Lei que faça a vossa vontade. Assim o quero, ó meu Deus, a vossa lei está no
meu coração».
Proclamei a justiça na grande
assembleia, não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis. Não escondi a
vossa justiça no fundo do coração, proclamei a vossa fidelidade e salvação.
Aleluia. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos
corações. Aleluia.
Evangelho (Mt 22,1-14): Naquele
tempo, Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do
povo, dizendo: «O Reino dos Céus é como um rei que preparou a festa de
casamento do seu filho. Mandou seus servos chamar os convidados para a festa,
mas estes não quiseram vir. Mandou então outros servos, com esta ordem: ‘Dizei
aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram
abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’. Mas os convidados não deram
a menor atenção: um foi para seu campo, outro para seus negócios, outros
agarraram os servos, bateram neles e os mataram. O rei ficou irritado e mandou
suas tropas matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. Em seguida,
disse aos servos: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não
foram dignos dela. Portanto, ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para
a festa todos os que encontrardes’. Os servos saíram pelos caminhos e reuniram
todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de
convidados. Quando o rei entrou para ver os convidados, observou um homem que
não estava em traje de festa, e perguntou-lhe: ‘Meu caro, como entraste aqui
sem o traje de festa?’. Mas o homem ficou sem responder. Então o rei disse aos
que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e lançai-o fora, nas trevas!
Ali haverá choro e ranger de dentes’. Pois muitos são chamados, mas poucos são
escolhidos».
«Já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos
e tudo está pronto. Vinde para a festa!»
Rev. D. David AMADO i
Fernández (Barcelona, Espanha)
A parábola, no entanto, tem um
desenvolvimento trágico, pois muitos, «não deram a menor atenção: um foi para
seu campo, outro para seus negócios... » (Mt 22,5). Por isso, a misericórdia de
Deus vai se dirigindo a pessoas cada vez mais distantes. É como um noivo que
vai se casar e convida a seus familiares e amigos, mas eles não querem
assistir; chama depois a conhecidos e colegas de trabalho e vizinhos, mas todos
dão desculpas; finalmente convida qualquer pessoa que encontra, pois tem
preparado um banquete e quer que hajam convidados na mesa. Algo parecido
acontece com Deus.
Mas também, os diferentes
personagens que aparecem na parábola podem ser imagem dos estados da nossa
alma. Pela graça batismal somos amigos de Deus e coerdeiros com Cristo: temos
um lugar reservado no banquete. Se esquecermos nossa condição de filhos, Deus
passa a nos tratar como conhecidos, mas continua nos convidando. Se deixarmos
morrer em nós a graça, convertemo-nos em gente do caminho, transeuntes sem oficio
nem benefício sob as coisas do Reino. Mas Deus segue chamando.
A chamada chega a qualquer
momento. É por convite. Ninguém tem direito. É Deus quem presta atenção em nós
e diz: «Vinde para a festa!» E o convite há de ser aceito com palavras e fatos.
Por isso aquele convidado mal vestido é expulso: «Meu caro, como entraste aqui
sem o traje de festa?» (Mt 22,12).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 22,1-2: O convite para todos. Alguns manuscritos dizem que
a parábola foi contada para os chefes dos sacerdotes e aos anciãos do
povo. Esta afirmação pode até servir
como chave de leitura, pois ajuda a compreender alguns pontos estranhos que
aparecem na história que Jesus conta. A parábola começa assim: "O Reino do
Céu é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho”. Esta
afirmação inicial evoca a esperança mais profunda: o desejo do povo de estar
com Deus para sempre. Várias vezes nos evangelhos se alude a esta esperança,
sugerindo que Jesus, o filho do Rei, é o noivo que veio preparar o casamento
(Mc 2,19; Ap 21,2; 19,9).
* Mateus 22,3-6: Os convidados
não quiseram vir. O rei fez dois convites muita insistentes, mas os
convidados não quiseram vir. “Um foi para o seu campo, outro foi fazer os seus
negócios, e outros agarraram os empregados, bateram neles, e os mataram”. Em Lucas são os deveres da vida cotidiana que
impedem os convidados de aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um terreno.
Preciso vê-lo!” O segundo: “Comprei cinco juntas de bois! Vou experimentá-las!”
O terceiro: “Casei. Não posso ir!” (cf. Lc 14,18-20). Dentro das normas e
costumes da época, aquelas pessoas tinham o direito e até o dever de recusar o
convite que lhes foi feito (cf Dt 20,5-7).
* Mateus 22,7: Uma guerra
incompreensível. A reação do rei diante da recusa surpreende. “Indignado, o
rei mandou suas tropas, que mataram aqueles assassinos, e puseram fogo na
cidade deles. Como entender esta reação tão violenta? A parábola foi contada
para os chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo (Mt 22,1), os responsáveis
pelos da nação. Muitas vezes, Jesus tinha falado a eles sobre a necessidade da
conversão. Ele chegou a chorar sobre a cidade de Jerusalém e dizer: "Se
também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está
escondido aos seus olhos! Vão chegar dias em que os inimigos farão trincheiras
contra você, a cercarão e apertarão de todos os lados. Eles esmagarão você e
seus filhos, e não deixarão em você pedra sobre pedra. Porque você não
reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 14,41-44). A
reação violenta do rei na parábola refere-se provavelmente ao que aconteceu de
fato de acordo com a previsão de Jesus. Quarenta anos depois, Jerusalém foi
destruída (Lc 19,41-44; 21,6;).
* Mateus 22,8-10: O convite
permanece de pé. Pela terceira vez, o rei convida o povo. Ele disse aos
empregados: “A festa de casamento está pronta, mas os convidados não a
mereceram. Portanto, vão até as encruzilhadas dos caminhos, e convidem para a
festa todos os que vocês encontrarem. Então os empregados saíram pelos
caminhos, e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa
ficou cheia de convidados“. Os maus que eram excluídos como impuros da
participação no culto dos judeus, agora são convidados, especificamente, pelo
rei para participar da festa. No contexto da época, os maus eram os pagãos.
Eles também são convidados para participar da festa de casamento.
* Mateus 22,11-14: O traje de festa. Estes versos contam como o rei
entrou na sala da festa e viu alguém sem o traje da festa. O rei perguntou:
'Amigo, como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?' Mas o homem nada
respondeu. A história conta que o homem
foi amarrado e jogado fora na escuridão. E conclui: “Muitos são chamados, e poucos
são escolhidos”. Alguns estudiosos acham
que aqui se trata de uma segunda parábola que foi acrescentada para abrandar a
impressão que ficou da primeira parábola onde se disse que “maus e bons”
entraram para a festa (Mt 22,10). Mesmo admitindo que já não é a observância da
lei que nos traz a salvação, mas sim a fé no amor gratuito de Deus, isto em
nada diminui a necessidade da pureza do coração como condição para poder
comparecer diante de Deus.
Para um confronto pessoal
1. Quais as pessoas que normalmente são convidadas para as nossas festas?
Por que? Quais as pessoas que não são
convidadas para as nossas festas? Por que?
2. Quais os motivos que hoje limitam a participação de muitas
pessoas na sociedade e na igreja? Quais
os motivos que certas pessoas alegam para se excluir do dever de participar na
comunidade? Será que são motivos justos?
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