São Policarpo, bispo e mártir
Salmo Responsorial: 33
R/. Deus salva os justos de todos os
sofrimentos.
Enaltecei
comigo o Senhor e exaltemos juntos o seu nome. Procurei o Senhor e Ele
atendeu-me, libertou-me de toda a ansiedade.
Voltai-vos
para Ele e ficareis radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha. Este
pobre clamou e o Senhor o ouviu, salvou-o de todas as angústias.
Os olhos do
Senhor estão voltados para os justos e os ouvidos atentos aos seus rogos. A
face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal, para apagar da terra a sua
memória.
Os justos
clamaram e o Senhor os ouviu, livrou-os de todas as suas angústias. O Senhor
está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido.
Nem só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Evangelho (Mt 6,7-15):
Jesus aos seus discípulos: «orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário,
antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás
nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E
não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o
poder, e a glória, para sempre. Amém. Porque, se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as
vossas ofensas».
«E, orando, não useis
de vãs repetições, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário»
Rev. D. Joaquim FAINÉ i Miralpech (Tarragona, Espanha)
O Pai Nosso
é a oração que Jesus mesmo nos ensinou, e é um resumo da vida cristã. Cada vez
que rezo ao Pai, nosso, deixo-me levar de sua mão e lhe peço aquilo que preciso
cada dia para ser melhor filho de Deus. Preciso, não somente o pão material,
mas — sobretudo — o Pão do Céu. «Peçamos que nunca nos falte o Pão da Eucaristia»
Também aprender a perdoar e a ser perdoados: «Para poder receber o perdão que
Deus nos oferece, dirijamo-nos ao Pai que nos ama», dizem as formulas
introdutórias ao Pai Nosso da Missa.
Durante a
Quaresma, a Igreja me pede para aprofundar na oração. «A oração é conversar com
Deus, é o bem maior, porque constitui (...) uma união como Ele» (São João
Crisóstomo). Senhor, preciso aprender a rezar e obter consequências concretas
na minha vida. Sobretudo, para viver a virtude da caridade: a oração me dá
força para viver cada dia melhor. Por isso, peço diariamente que me ajude a
desculpar tanto as pequenas chatices dos outros, como perdoar as palavras e
atitudes ofensivas e, sobretudo, a não ter rancores, e assim poder dizer-lhe
sinceramente que perdoo de todo coração a quem me tem ofendido. Conseguirei,
porque em todo momento me ajudará a Mãe de Deus.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Mateus 6,7-8: Os vícios a serem
corrigidos. Jesus
critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas
mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender às
nossas necessidades. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da
repetição de palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia.
Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades antes mesmo das nossas
preces.
* Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai Nosso” Abbá, Pai, é o nome que
Jesus usa para dirigir-se a Deus. Revela a nova relação com Deus que deve
caracterizar a vida das comunidades (Gl 4,6; Rm 8,15). Dizemos “Pai nosso” e
não “Pai meu”. O adjetivo “nosso” acentua a consciência de pertencermos todos à
grande família humana de todas as raças e credos. Rezar ao Pai e entrar na
intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os
irmãos e irmãs pelo pão de cada dia. É buscar o Reino de Deus em primeiro
lugar. A experiência de Deus como nosso Pai é o fundamento da fraternidade
universal.
* Mateus 6,9b-10: Três pedidos pela
causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade. Na primeira
parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com
Deus. Santificar o Nome: O nome JAVÉ significa Estou com você! Deus conosco.
Neste NOME Deus se deu a conhecer (Ex 3,11-15). O Nome de Deus é santificado
quando é usado com fé e não com magia; quando é usado conforme o seu verdadeiro
objetivo, i.é, não para a opressão, mas sim para a libertação do povo e para a
construção do Reino. A Vinda do Reino: O único Dono e Rei da vida humana é Deus
(Is 45,21; 46,9). A vinda do Reino é a realização de todas as esperanças e
promessas. É a vida plena, a superação das frustrações sofridas com os reis e
os governos humanos. Este Reino acontecerá, quando a vontade de Deus for
plenamente realizada. Fazer a Vontade: A vontade de Deus se expressa na sua
Lei. Que a sua vontade se faça assim na terra como no céu. No céu, o sol e as
estrelas obedecem às leis de suas órbitas e criam a ordem do universo (Is
48,12-13). A observância da lei Deus será fonte de ordem e de bem-estar para a
vida humana.
* Mateus 6,11-13: Quatro pedidos
pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade.
Na segunda parte do Pai-nosso pedimos para que seja restaurado o
relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser
transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os
filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: No êxodo,
cada dia, o povo recebia o maná no deserto (Ex 16,35). A Providência Divina
passava pela organização fraterna, pela partilha. Jesus nos convida para
realizar um novo êxodo, uma nova maneira de convivência fraterna que garante o
pão para todos (Mt 6,34-44; Jo 6,48-51). Perdão das dívidas: Cada 50 anos, o
Ano Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo (Lv
25,8-55). Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da graça da parte do
Senhor" (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo! Não cair na
Tentação: No êxodo, o povo foi tentado e caiu (Dt 9,6-12). Murmurou e quis
voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a tentação será superada pela
força que o povo recebe de Deus (1Cor 10,12-13). Libertação do Maligno: O Maligno é o Satanás, que afasta de Deus e é
motivo de escândalo. Ele chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no
deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11). Ele nos diz: "Coragem! Eu venci o
mundo!" (Jo 16,33).
* Mateus 6,14-15: Quem não perdoa
não será perdoado.
Rezando o Pai-nosso, pronunciamos a sentença que nos condena ou absolve.
Rezamos: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores” (Mt 6,12). Oferecemos a Deus a medida do perdão que queremos. Se
perdoamos muito, Ele perdoará muito. Se perdoamos pouco, ele perdoará pouco. Se
não perdoamos, ele também não poderá perdoar.
Para um confronto pessoal
1. Jesus falou "perdoai as nossas dívidas". Em
alguns países se traduz "perdoai as nossas ofensas". O que é mais
fácil: perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
2. As nações cristãs do hemisfério norte (Europa e USA)
rezam todos os dias: “Perdoai as nossas dívidas assim como também nós perdoamos
aos nossos devedores”. Mas elas não perdoam a dívida externa dos países pobres
do Terceiro Mundo. Como explicar esta terrível contradição, fonte de
empobrecimento de milhões de pessoas?
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