Salmo Responsorial: 22
R. O Senhor é o pastor que me
conduz, não me falta coisa alguma.
O Senhor é
o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas
verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e
restaura as minhas forças.
Ele me guia
no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale
tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles
me dão a segurança!
Preparais à
minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.
Felicidade
e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor,
habitarei pelos tempos infinitos.
Tu és Pedro, e sobre
esta pedra eu irei construir minha Igreja, e as portas do inferno não irão
derrotá-la.
Evangelho (Mt
16,13-19): Naquele tempo, Jesus foi à região de
Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: «Quem é que as pessoas dizem
ser o Filho do Homem?». Eles responderam: «Alguns dizem que és João Batista;
outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas». «E vós”, retomou
Jesus, “quem dizeis que eu sou?». Simão Pedro respondeu: «Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo». Jesus então declarou: «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no
céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha
Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do
Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus».
«Eu te digo: tu és
Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja.»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
A Igreja
beneficiou, desde o seu início, do ministério petrino, de modo que São Pedro e
os seus sucessores presidiram a caridade, foram fonte de unidade e tiveram,
muito especialmente, a missão de confirmar na verdade os seus irmãos.
Jesus, uma
vez ressuscitado, confirmou esta missão a Simão Pedro. Ele, que já tinha
chorado, profundamente arrependido, a sua tríplice negação de Jesus, faz agora
uma tripla manifestação de amor: «Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo»
(Jo 21,17). Então o Apóstolo viu com alívio como Jesus não o desdisse e o
confirmou, por três vezes, no ministério que antes lhe tinha anunciado: «Cuida
das minhas ovelhas» (Jo 21,16.17).
Esta
potestade não resulta de mérito próprio, como tão pouco o fora a declaração de
fé de Simão em Cesareia: «Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o
meu Pai que está no céu» (Mt 16,17). Sim, trata-se de uma autoridade com
potestade suprema, recebida para servir. É por isso que o Romano Pontífice,
quando assina os seus escritos, o faz com o seguinte título honorífico: Servus
servorum Dei.
Trata-se,
portanto, de um poder para servir a causa da unidade, fundamentada sobre a
verdade. Façamos o propósito de rezar pelo Sucessor de Pedro, de prestar
delicada atenção às suas palavras e de agradecer a Deus esta grande dádiva.
Reflexão
* Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação
afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem à comunidade. Por
exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com a
pessoa de Pedro. As da Grécia, com a pessoa de Paulo. Algumas comunidades da
Ásia, com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João do
Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as
comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também
podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1 Cor 1,11-12)
* Mateus 16,13-16: As opiniões do
povo e dos discípulos a respeito de Jesus.
Jesus faz
um levantamento da opinião do povo a respeito da sua pessoa, o Filho do Homem.
As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos
profetas. Quando Jesus pergunta pela
opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já
tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão
de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que em Jesus se realizam as
profecias do Antigo Testamento.
* Mateus 16,17: A resposta de Jesus
a Pedro: "Feliz você, Pedro!"
Jesus
proclama Pedro “Feliz!”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também a resposta
de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado
o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação
de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas novas que, antes
deles, ninguém conhecia nem tinha ouvido falar (Mt 13,16).
* Mateus 16,18-20: As atribuições de
Pedro: Ser pedra e tomar conta das chaves do Reino.
1. Ser Pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve
ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as
portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as
comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança
marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem
fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus. A função de ser pedra como fundamento
da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio: “Vocês que buscam a Deus e procuram
a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira
de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando
os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção”.
(Is 51,1-2). Indica que em Pedro existe um novo começo do povo de Deus.
2. As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O
mesmo poder de ligar e desligar é dado também às comunidades (Mt 18,18) e aos
outros discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos em que o evangelho de Mateus mais
insiste é a reconciliação e o perdão. É uma das tarefas mais importantes dos
coordenadores e coordenadoras das comunidades. Imitando Pedro, devem ligar e
desligar, isto é, fazer com que haja reconciliação, aceitação mútua, construção
da fraternidade, até setenta vezes sete (Mt 18,22)
Para um confronto pessoal
1. Quais as opiniões que na nossa comunidade existem
sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquecem a
comunidade ou prejudicam a caminhada?
2. Que tipo de pedra é a nossa comunidade? Qual a missão
que resulta disso para nós?
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