Salmo Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos, Senhor, todos
os povos da terra.
Deus,
concedei ao rei o poder de julgar e a vossa justiça ao filho do rei. Ele governará
o vosso povo com justiça e os vossos pobres com equidade.
Ele os
libertará da opressão e da violência e o sangue deles será precioso a seus
olhos; por ele hão de rezar sempre e todos os dias o bendirão.
O seu nome
será eternamente bendito e durará tanto como a luz do sol; nele serão
abençoadas todas as nações, todos os povos da terra o hão de bendizer.
Aleluia. O Senhor
enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova, a proclamar aos cativos a redenção.
Aleluia.
Evangelho (Lc
4,14-22): Jesus voltou para a Galileia, com a
força do Espírito, e sua fama se espalhou por toda a região. Ele ensinava nas
sinagogas deles, e todos o elogiavam. Foi então a Nazaré, onde se tinha criado.
Conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer
a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o
lugar onde está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me
consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para
proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para
dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor». Depois,
fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na
sinagoga, estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu
esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir». Todos testemunhavam a favor
dele, maravilhados com as palavras cheias de graça que saíam de sua boca. E
perguntavam: «Não é este o filho de José?».
«Cada vez mais, sua
fama se espalhava»
Rev. D. Santi COLLELL i Aguirre (La Garriga, Barcelona,
Espanha)
Mas, este
contágio não será possível se antes nós, cada um e cada uma, não temos sido
capazes de reconhecer nossas próprias “lepras” particulares e de nos acercar a
Cristo tendo consciência de que somente Ele nos pode liberar de maneira eficaz
de todos nossos egoísmos, invejas, orgulhos e rancores...
Que a fama
de Cristo se estenda a todos os cantos de nossa sociedade depende, em grande
medida, dos ”encontros particulares” que tivemos com Ele. Quanto mais e mais
intensamente nos impregnemos de seu Evangelho, de seu amor, de sua capacidade
de escutar, de acolher, de perdoar, de aceitar o outro (por diferente que
seja), mais capazes seremos nós de dá-lo a conhecer a nosso entorno.
O leproso
do Evangelho que hoje se lê na Eucaristia é alguém que tem feito um duplo
exercício de humildade. O de reconhecer qual é seu mal e, o de aceitar a Jesus
como seu Salvador. Cristo é quem nos dá a oportunidade de fazer uma mudança
radical e profunda na nossa vida. Diante de tudo aquilo que é impedimento para
o amor e que tem se enquistado nos nossos corações e em nossas vidas, Cristo,
com seu testemunho de vida e de Vida Nova, propõem-nos uma alternativa
totalmente real e possível. A alternativa do amor, da ternura da misericórdia.
Jesus, diante de quem é diferente a Ele (o leproso) não escapa, não o ignora,
não o “despacha” à administração, nem às instituições ou às “ong’s”. Cristo
aceita o reto do encontro e, ao “enfermo” lhe oferece aquilo que necessita, a
cura/purificação.
Nós temos
que ser capazes de oferecer aos que se aproximam a nossas vidas aquilo que
recebemos do Senhor. Mas, antes será necessário encontrar-nos com Ele e renovar
nosso compromisso de viver seu Evangelho nos pequenos detalhes de cada dia.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Jesus se levantou para fazer a
leitura. Escolheu o
texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos. O texto
refletia a situação do povo da Galileia no tempo de Jesus. Em nome de Deus,
Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as palavras de Isaías,
define a sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos
presos e a recuperação da vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos.
Retomando a antiga tradição dos profetas, ele proclama “um ano de graça da
parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu. Jesus quer reconstruir a
comunidade, o clã, para que fosse novamente expressão da sua fé em Deus! Pois,
se Deus é Pai/Mãe, todos e todas devemos ser irmãos e irmãs uns dos outros.
* No antigo Israel, a grande
família, o clã ou a comunidade, era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das
pessoas, a garantia da posse da terra, o veículo principal da tradição e a
defesa da identidade do povo. Era a maneira concreta de se encarnar o amor de
Deus no amor ao próximo. Defender o clã, a comunidade, era o mesmo que defender
a Aliança com Deus. Na Galileia do tempo de Jesus, um duplo cativeiro marcava a
vida do povo e estava contribuindo para a desintegração do clã, da comunidade:
o cativeiro da política do governo de Herodes Antipas (4 aC a 39 dC) e o
cativeiro da religião oficial. Por causa do sistema de exploração e de
repressão da política de Herodes Antipas, apoiada pelo Império Romano, muita
gente ficava sobrando e sem lugar, excluída e sem emprego (Lc 14,21; Mt
20,3.5-6). O clã, a comunidade, ficou enfraquecida. As famílias e as pessoas
ficaram sem ajuda, sem defesa. E a religião oficial, mantida pelas autoridades
religiosas da época, em vez de fortalecer a comunidade, para que ela pudesse
acolher os excluídos, reforçava ainda mais esse cativeiro. A Lei de Deus era
usada para legitimar a exclusão de muita gente: mulheres, crianças,
samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, publicanos, doentes, mutilados,
paraplégicos. Era o contrário da fraternidade que Deus sonhou para todos!
Assim, tanto a conjuntura política e econômica como a ideologia religiosa, tudo
conspirava para enfraquecer a comunidade local e impedir, assim, a manifestação
do Reino de Deus. O programa de Jesus, baseado no profeta Isaías oferecia uma
alternativa.
* Terminada a leitura, Jesus
atualizou o texto e o ligou com a vida do povo dizendo: “Hoje se cumpriu esta
escritura nos ouvidos de vocês!”
A sua maneira de ligar a Bíblia com a vida do povo, provocou uma dupla reação.
Uns acreditaram e ficaram admirados. Outros tiveram uma reação de descrédito.
Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Diziam: “Não é este o filho
de José?” (Lc 4,22) Por que ficaram escandalizados? É que Jesus falou em acolher
os pobres, os cegos, os oprimidos. Mas eles não aceitaram a sua proposta. E
assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, ele
mesmo foi excluído!
Para um confronto pessoal
1. Jesus ligou a fé em Deus com a situação social do seu
povo. E eu, como vivo a minha fé em Deus?
2. No lugar onde eu moro existem cegos, presos, oprimidos? O que faço?
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