Salmo Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos, Senhor, todos
os povos da terra.
Deus,
concedei ao rei o poder de julgar e a vossa justiça ao filho do rei. Ele
governará o vosso povo com justiça e os vossos pobres com equidade.
Os reis de
Társis e das ilhas virão com presentes, os reis da Arábia e de Sabá trarão suas
ofertas. Prostrar-se-ão diante dele todos os reis, todos os povos o hão de
servir.
Socorrerá o
pobre que pede auxílio e o miserável que não tem amparo. Terá compaixão dos
fracos e dos pobres e defenderá a vida dos oprimidos.
Aleluia. Glória a Vós,
Jesus Cristo, anunciado aos gentios; glória a Vós, Jesus Cristo, acreditado no
mundo. Aleluia.
Evangelho (Mc 6,45-52): Logo em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem no barco e fossem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele mesmo despediria a multidão. Depois de os despedir, subiu a montanha para orar. Já era noite, o barco estava no meio do mar e Jesus, sozinho, em terra. Vendo-os com dificuldade no remar, porque o vento era contrário, nas últimas horas da noite, foi até eles, andando sobre as águas; e queria passar adiante. Quando os discípulos o viram andar sobre o mar, acharam que fosse um fantasma e começaram a gritar. Todos o tinham visto e ficaram apavorados. Mas ele logo falou: «Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!» Ele subiu no barco, juntando-se a eles, e o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados. De fato, não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles continuava sem entender.
«O Espírito do Senhor
está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
A vocação
do homem é o amor, é vocação a se entregar, procurando a felicidade do outro e,
assim encontrar a própria felicidade. Como diz São João da Cruz, «No crepúsculo
da vida, seremos julgados no amor». Vale a pena que nos perguntemos ao terminar
cada jornada, cada dia, num breve exame de consciência, com foi este amor e,
pontualizar algum aspecto a melhorar para o dia seguinte.
«O Espírito
do Senhor está sobre mim» (Lc 4,18), dirá Jesus, fazendo seu este texto
messiânico. É o Espírito do Amor que assim como fez o do Messias a «que
consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres» (cf. Lc 4,18),
também “repousa” sobre nós e nos conduz até o amor perfeito: Como diz o
Concilio Vaticano II: «Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem,
são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade». O Espírito
Santo nos transformará como fez com os Apóstolos, para que possamos agir sob
sua moção, nos outorgando seus frutos e, assim levá-los a todos os corações: «O
fruto do Espírito, porém, é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,
bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio» (Gal 5,22-23).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Marcos descreve com arte os
acontecimentos. De
um lado, Jesus sobe o monte para rezar. De outro lado, os discípulos descem
para o mar e entram no barco. Parece até um quadro simbólico que prefigura o
futuro: é como se Jesus já subisse para o céu, deixando os discípulos sozinhos
em meio às contradições da vida, no barquinho frágil da comunidade. Era noite.
Eles estavam em alto mar, todos juntos num pequeno barco, querendo avançar
remando, mas o vento era contrário. Estavam cansados. Já era a quarta vigília,
isto é, entre 3 e 6 da madrugada. As comunidades do tempo de Marcos eram como
os discípulos. Noite! Vento contrário! Não conseguiam nada, apesar de todo o
esforço que faziam! Jesus parecia ausente! Mas ele estava presente e vinha até
elas, mas elas, como os discípulos de Emaús, não o reconheciam (Lc 24,16).
* No tempo de Marcos, em torno do ano 70, o barquinho das
comunidades enfrentava o vento contrário tanto de alguns judeus convertidos que
queriam reduzir o mistério de Jesus ao tamanho das profecias e figuras do
Antigo Testamento, como de alguns pagãos convertidos que pensavam ser possível
uma certa aliança da fé em Jesus com o império. Marcos procura ajudar os
cristãos a respeitar o mistério de Jesus e a não querer reduzir Jesus ao
tamanho dos próprios desejos e ideias.
* Jesus chega andando sobre as águas do mar da vida. Eles gritam de medo, porque pensam que se trata de um fantasma. Como na história dos discípulos de Emaús, Jesus faz de conta que quer seguir adiante (Lc 24,28). Mas o grito deles faz com que ele mude de rumo, se aproxime deles e diga: “Calma, gente! Sou eu! Não tenham medo!” Aqui, de novo, quem conhece a história do Antigo Testamento, lembra alguns fatos muito importantes:
(1) Lembra como o povo, protegido por Deus, atravessou sem medo o Mar Vermelho.
(2) Lembra como Deus, ao chamar Moisés, declarou várias vezes o seu nome dizendo: “Sou eu!” (cf. Ex 3,15).
(3) Lembra ainda o livro de Isaías que apresenta o retorno do exílio como um novo êxodo, onde Deus aparece repetindo inúmeras vezes: “Sou eu!” (cf. Is 42,8; 43,5.11-13; 44,6.25; 45,5-7).
Esta maneira de
evocar o Antigo Testamento, de usar a Bíblia, ajudava as comunidades a perceber
melhor a presença de Deus em Jesus e nos fatos da vida. Não tenham medo!
* Jesus sobe no barco e o vento
pára. Mas o espanto
dos discípulos, em vez de terminar, aumenta. O próprio evangelista Marcos faz
um comentário crítico e diz: “Eles não tinham entendido nada a respeito dos
pães. O coração deles estava endurecido” (6,52). A afirmação coração endurecido
evoca o coração endurecido do faraó (Ex 7,3.13.22) e do povo no deserto (Sl
95,8) que não queria ouvir Moisés e só pensava em voltar para o Egito (Nm
20,2-10), onde havia pão e carne com fartura (Ex 16,3).
Para um confronto pessoal
1. Noite, mar agitado, vento contrário! Você já se sentiu
assim alguma vez? Como fez para vencer?
2. Você já se espantou alguma vez porque não reconheceu
Jesus presente e atuante em sua vida?
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