S. João Bosco, Presbítero
Salmo Responsorial-
94/95
R. Não fecheis o coração, ouvi hoje
a voz de Deus!
Vinde,
exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo que nos salva! * Ao seu encontro
caminhemos com louvores e, com cantos de alegria, o celebremos!
Vinde,
adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! * Porque
ele é o nosso Deus, nosso pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as
ovelhas que conduz com sua mão.
Oxalá
ouvísseis hoje a sua voz: “Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa,
no deserto, aquele dia, * em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de
terem visto as minhas obras”.
2ª Leitura (1 Cor
7,32-35): Irmãos, eu gostaria que estivésseis
livres de preocupações. O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e
procura agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo e
procura agradar à sua mulher, e, assim, está dividido. Do mesmo modo, a mulher
não casada e a jovem solteira têm zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser
santas de corpo e espírito. Mas a que se casou preocupa-se com as coisas do
mundo e procura agradar ao seu marido. Digo isso para o vosso próprio bem e não
para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor,
permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações.
Aleluia. O povo que
jazia nas trevas viu brilhar uma luz grandiosa; a luz despontou para aqueles
que jaziam nas sobras da morte. Aleluia.
Evangelho (Mc
1,21-28): Entraram em Cafarnaum. No sábado,
Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com seu
ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas.
Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele gritava:
«Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu
és: o Santo de Deus!» Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!» O espírito
impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. Todos ficaram
admirados e perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Um ensinamento novo, e com
autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem!» E
sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia.
«Um ensinamento novo,
e com autoridade»
Rev. D. Jordi CASTELLET i Sala (Sant Hipòlit de Voltregà, Barcelona, Espanha)
Se
repararmos, os fundadores das ordens religiosas, a primeira norma que põem
quando estabelecem a vida comunitária, é a do silêncio: numa casa onde se tenha
que rezar, há de reinar o silêncio e a contemplação. Como diz o ditado: «O bem
não faz ruído; o ruído não faz bem». Por isto, Cristo ordena àquele espírito
maligno que se cale, porque a sua obrigação é render-se diante de quem é a
palavra, que «se fez carne, e habitou entre nós» (Jo 1,14).
Mas é certo
que com a admiração que sentimos diante do Senhor, se pode misturar também um
sentimento de suficiência, de tal maneira que cheguemos a pensar tal como Santo
Agostinho dizia nas próprias confissões: «Senhor, faz-me casto, mas ainda não».
A tentação é a de deixar para mais tarde a própria conversão, porque agora não
encaixa com os nossos próprios planos pessoais.
O
chamamento ao seguimento radical de Jesus Cristo é para o aqui e agora, para
tornar possível o seu reino, que irrompe com dificuldade entre nós. Ele conhece
a nossa tibieza, sabe que não nos gastamos fortemente na opção do Evangelho,
mas que queremos contemporizar, ir tirando, ir vivendo, sem alarido e sem
pressa.
O mal não
pode conviver com o bem. A vida santa não permite o pecado. «Ninguém pode
servir a dois senhores; porque odiará um e amará o outro» (Mt 6,24), disse
Jesus Cristo. Refugiemo-nos na árvore sagrada da Cruz e que a sua sombra se
projete sobre a nossa vida, e deixemos que seja Ele quem nos conforte, nos faça
entender o porquê da nossa existência e nos conceda uma vida digna de Filhos de
Deus.
O profeta só tem que
dizer as palavras de quem o manda, embora sejam duras de ouvir e difíceis de
colocar em prática.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, ser profeta não significa preanunciar fatos futuros. Profeta não é só o
que prediz de antemão o que vai acontecer, mas antes de tudo o que fala em
lugar de outro. Não o que fala “antes”, mas “no lugar de”. O profeta judeu era
propriamente o que falava em nome de Javé ou na sua honra, o que proclamava os
seus louvores, o que pregava a sua doutrina e anunciava os seus decretos. Era o
arauto, o interprete do Senhor. É certo que normalmente o Senhor governava o
povo de Israel através dos seus legisladores. Mas às vezes queria manifestar
vontades expressas, e para isso recorria ao profeta, não pedindo para ele um
serviço, mas intimidando-o a cumprir uma ordem. Com frequência, como hoje com
Moises (1ª leitura), enviava-o para falar diante de uma assembleia, sem que
tivesse sido previamente convidado, e o profeta se via obrigado a ir das praças
ao templo, e do templo aos palácios dos grandes, como um inoportuno, às vezes,
como um estraga prazeres. Também o Senhor se valeu deles para anunciar o
futuro. Assim predisseram muitos detalhes sobre o Messias que tinha que vir, e
anunciaram que os grandes fatos do Antigo Testamento eram uma imagem do que
aconteceria depois em Cristo e na Igreja. Fatos e palavras. Os profetas, com as
suas palavras explicavam o sentido dos fatos, e anunciavam que no futuro esses
fatos se repetiriam, mas num nível infinitamente superior. E chegou Cristo, o
Grande Profeta definitivo.
Em segundo
lugar, sim, Jesus é o Profeta definitivo que fala e age com autoridade. Não somente
falaria em nome de Deus, mas que Ele mesmo seria a Fala de Deus, a Palavra de
Deus, o Verbo de Deus. O Verbo feito carne. E veio para falar com todo o poder
da majestade divina. Não só o que ensina a verdade, mas o que é a Verdade
mesma. Não só o que marca o caminho da vida, mas que Ele mesmo é o Caminho e a
Vida. Jesus falava com autoridade. Falar com autoridade é convencer e
impulsionar. Para isso, se necessita uma coisa que todos têm; outra que poucos
têm e outra que quase ninguém têm, e são: palavras prometedoras, que já saem
sobrando; vida consequente com as palavras, que escasseia, e fatos que falem a
vida e as palavras, que já faltam. Jesus com a sua palavra, a sua vida e os
seus milagres assustava até os demônios e terminou com as suas interferências
nas vidas dos homens; eis aqui o caso do possuído do evangelho de hoje. Só o
poder de Jesus é capaz de exorcizar os homens, isto é, de tirar do corpo deles
os demônios pós-modernos; o conforto materialista da vida, o hedonismo do
prazer pelo prazer, o culto ao dinheiro, o culto ao êxito pessoal, o laicismo
sem espírito, sem alma e sem Deus, a filosofia do descarto e da indiferença
diante da pobreza humana. Estes são os únicos demônios que até agora eu
conheço, a única autoridade em que creio e o único exorcismo que pratico, em
nome de Jesus.
Finalmente,
todo batizado também participa do profetismo de Jesus. Não só os sacerdotes são
profetas. Também todo leigo batizado. Devemos oferecer a Deus os nossos lábios
de modo que o Senhor possa continuar pregando através de nós durante todo o
transcurso da história, expulsando esses demônios que continuam estragando os
corpos e as almas de tantos que se deixam levar pelos feitiços prometendo a
eterna juventude, como narra o escritor irlandês Oscar Wilde na sua obra “O
retrato de Dorian Gray”, em troca de vender a sua alma ao Mefistófeles de bate à
porta de nossa casa, parafraseando o Fausto do escritor e poeta alemão Goethe.
E temos que pregar a boa nova em cima dos telhados: casa, fábrica, local de
trabalho, escola, hospital, casa de anciãos… Até chegar a todas as periferias
existenciais, físicas, morais e espirituais. Profetas que também saibamos
denunciar com respeito todos os desvarios e injustiças de tantos -o pecado-,
como fazia Cristo. E isto desde todos os meios lícitos e bons: meios de
comunicação, púlpito, cátedras, mesa familiar. E não só com a palavra, mas,
sobretudo com o exemplo de vida. Tomemos cuidado com os falsos profetas!
Rapidamente se manifestam prometendo a teologia da prosperidade ou uma vida sem
normas morais. Cristo já nos alertou.
Para refletir: Sou consciente de ser profeta desde
o batismo? Anuncio com alegria e convencimento a Boa Nova do Evangelho, sem
medo e sem temor? Denuncio o mal, sem colocar tempero no que diz Deus sobre os
critérios mundanos? A quem não quis anunciar a mensagem de Cristo e denunciar
com caridade o mal?
Para rezar: Medite estas palavras da primeira
leitura: “Colocarei as minhas palavras na sua boca, e ele dirá tudo o que lhe
ordenar”.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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