Beata Maria Teresa de São José
Salmo Responsorial:
110
R. São grandes as obras do Senhor.
Louvarei o
Senhor de todo o coração no conselho dos justos e na assembleia. São grandes as
obras do Senhor, admiráveis para os que nelas meditam.
A sua obra
é esplendor e majestade e a sua justiça permanece eternamente. Instituiu um
memorial das suas maravilhas: o Senhor é misericordioso e compassivo.
Deu
sustento àqueles que O temem e jamais se esquecerá da sua aliança. Fez ver ao
seu povo a força das suas obras, para lhe dar a herança das nações.
Aleluia. As minhas
ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho (Lc 14,1-6):
Num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos
chefes dos fariseus. Estes o observavam. Em frente de Jesus estava um homem que
sofria de hidropisia. Tomando a palavra, Jesus disse aos doutores da Lei e aos
fariseus: «Em dia de sábado, é permitido curar ou não?» Eles ficaram em
silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e o despediu. Depois lhes
disse: «Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira
logo daí, mesmo em dia de sábado?» E eles não foram capazes de responder a
isso.
«Em dia de sábado, é
permitido curar ou não?»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
São muitos
os episódios evangélicos nos quais o Senhor joga na cara dos fariseus sua
hipocrisia. É notável o empenho de Deus em nos deixar claro até que ponto lhe desagrada
esse pecado –a falsa aparência, o engano vaidoso-, que situa-se nas antípodas
daquele elogio de Cristo a Natanael: «Aí está um verdadeiro israelita, em quem
não há falsidade» (Jo 1,47). Deus ama a simplicidade de coração, a ingenuidade
do espírito e, pelo contrário, rechaça energicamente o que é emaranhado, o
olhar vago, a dupla moral, a hipocrisia.
O
significativo da pergunta do Senhor e da resposta silenciosa dos fariseus, é a
má consciência que estes, no fundo, tinham. Diante jazia um doente que buscava
sua cura por Jesus. O cumprimento da Lei judaica –mera atenção à letra com
desprezo ao espírito- e a fátua presunção de sua conduta honorável os leva a
escandalizar-se ante a atitude de Cristo que, levado pelo seu coração
misericordioso, não se deixa amarrar pelo formalismo de uma lei, e quer
devolver a saúde a quem carecia dela.
Os fariseus
se dão conta de que sua conduta hipócrita não é justificável e, por isso,
calam. Nesta parte resplandece uma clara lição: a necessidade de entender que a
santidade é seguimento de Cristo –até o enamorar-se plenamente- e não frio
cumprimento legal de uns preceitos. Os mandamentos são santos porque procedem
diretamente da Sabedoria infinita de Deus, mas que é possível vive-los de uma
maneira legalista e vazia, e então se dá a incongruência –autêntico sarcasmo-
de pretender seguir a Deus para terminar indo atrás de nós mesmo.
Deixemos
que a encantadora simplicidade da Virgem Maria se imponha nas nossas vidas.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 14,1: O convite em dia de
sábado
“Num dia de
sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que
o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o
gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem
doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos
convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24).
Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No
convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia.
Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições
da lei.
* Lucas 14,2: A situação que vai
provocar a ação de Jesus
“Havia um
homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na
casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser
curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado
é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
* Lucas 14,3: A pergunta de Jesus
aos escribas e fariseus
“Tomando a
palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei
permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema
que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim
ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de
sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
* Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus
não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova
nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida,
para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar:
"Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o
tiraria logo, mesmo em dia de sábado?"
Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos
fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em
socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e
curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio
Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de
responder a isso”. Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo
observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade
que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a
escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como
agir?
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