Salmo Responsorial:
143
R. Bendito seja o Senhor, rochedo do
meu refúgio.
Bendito
seja o Senhor, meu refúgio, meu amparo e minha cidadela, meu baluarte e meu
libertador, meu escudo e meu abrigo.
Que é o
homem, Senhor, para que dele cuideis, o filho do homem para pensardes nele? O
homem é semelhante ao sopro da brisa, os seus dias passam como a sombra.
Aleluia. O Filho do
homem veio para servir e dar a vida pela redenção dos homens. Aleluia.
Evangelho (Lc
9,18-22): Jesus estava orando, a sós, e os
discípulos estavam com ele. Então, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que
eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem que és João Batista; outros, que és
Elias; outros ainda acham que algum dos antigos profetas ressuscitou». Mas
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Pedro respondeu: «O Cristo
de Deus». Mas ele advertiu-os para que não contassem isso a ninguém. E
explicou: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos
anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia,
ressuscitar».
«Quem dizem as
multidões que eu sou?(...) E vós, quem dizeis que eu sou?»
Rev. D. Pere OLIVA i March (Sant Feliu de Torelló,
Barcelona, Espanha)
Há uma
segunda interrogação que pede por nós: «E vós, quem dizeis que eu sou?» (Lc
9,20). É uma questão fundamental que chama à porta, que mendiga a cada um de
nós: uma adesão ou uma rejeição; uma veneração ou uma indiferença; caminhar com
Ele e Nele ou finalizar numa aproximação de simples simpatia... Esta questão é
delicada, é determinante porque nos afeta. Que dizem nossos lábios e nossas
atitudes? Queremos ser fiéis àquele que é e dá sentido ao nosso ser? Há em nós
uma sincera disposição a segui-lo nos caminhos da vida? Estamos dispostos a
acompanhá-lo à Jerusalém da cruz e da glória?
«É um
caminho de cruz e ressurreição (...). A cruz é exaltação de Cristo. Disse-o Ele
mesmo: Quando seja levantado, atrairei a todos para mim. (...) A cruz, pois, é
glória e exaltação de Cristo» (São André de Creta). Dispostos para avançar para
Jerusalém? Somente com Ele e Nele, verdade?
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 9,18: A pergunta de Jesus
depois da oração.
“Certo dia,
Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então
Jesus perguntou: Quem dizem as multidões que eu sou?". No evangelho de
Lucas, em várias oportunidades importantes e decisivas Jesus aparece rezando:
no batismo quando assume sua missão (Lc 3,21); nos 40 dias no deserto, quando
vence as tentações do diabo com a luz da Palavra de Deus (Lc 4,1-13); na noite
antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6,12); na transfiguração, quando com
Moisés e Elias conversa sobre a paixão em Jerusalém (Lc 9,29); no horto, quando
enfrenta a agonia (Lc 22,39-46); na cruz, quando pede perdão pelo soldado (Lc
23,34) e entrega o espírito a Deus (Lc 23,46).
* Lucas 9,19: A opinião do povo
sobre Jesus
“Eles
responderam: "Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias;
mas outros acham que tu és algum dos antigos profetas que ressuscitou."
Como Herodes, muitos achavam que João Batista tivesse ressuscitado em Jesus.
Era crença comum que o profeta Elias devia voltar (Mt 17,10-13; Mc 9,11-12; Ml
3,23-24; Eclo 48,10). E todos alimentavam a esperança da vinda do profeta
prometido por Moisés (Dt 18,15). Resposta insuficientes.
* Lucas 9,20: A pergunta de Jesus
aos discípulos.
Depois de
ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu
sou?”. Pedro respondeu: “O Messias de Deus!” Pedro reconhece que Jesus é aquele
que o povo está esperando e que vem realizar as promessas. Lucas omite a reação
de Pedro tentando dissuadir Jesus de seguir pelo caminho da cruz e omite também
a dura crítica de Jesus a Pedro (Mc 8,32-33; Mt 16,22-23).
* Lucas 9,21: A proibição de revelar
que Jesus é o Messias de Deus
“Então
Jesus proibiu severamente que eles contassem isso a alguém”. Eles estão
proibidos de revelar ao povo que Jesus é o Messias de Deus. Por que Jesus
proibiu? É que naquele tempo, como já vimos, todos esperavam a vinda do
Messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, outros
como doutor, guerreiro, juiz, ou profeta! Ninguém parecia estar esperando o
messias servidor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9). Quem insiste em manter a ideia
de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz, nada vai entender e nunca
chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Continuará cego, como Pedro,
trocando gente por árvore (cf. Mc 8,24). Pois sem a cruz é impossível entender
quem é Jesus e o que significa seguir Jesus. Por isso, Jesus insiste novamente
na Cruz e faz o segundo anúncio da sua paixão, morte e ressurreição.
* Lucas 9,22: O segundo anúncio da
paixão
E Jesus
acrescentou: "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos
anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e
ressuscitar no terceiro dia". A compreensão plena do seguimento de Jesus
não se obtém pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando
com ele no caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém. O Caminho do
seguimento é o caminho da entrega, do abandono, do serviço, da disponibilidade,
da aceitação do conflito, sabendo que haverá ressurreição. A cruz não é um
acidente de percurso, mas faz parte deste caminho. Pois num mundo, organizado a
partir do egoísmo, o amor e o serviço só podem existir crucificados! Quem faz
da sua vida um serviço aos outros, incomoda os que vivem agarrados aos
privilégios, e sofre.
Para um confronto pessoal
1. Acreditamos todos em Jesus. Mas um entende Jesus de um
jeito, outro o entende de outro jeito. Qual é, hoje, o Jesus mais comum no modo
de pensar do povo?
2. Como a propaganda interfere no meu modo de ver Jesus?
O que faço para não cair na arapuca da propaganda? O que, hoje, nos impede de
reconhecer e de assumir o projeto de Jesus?
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