Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial-
23/24
R. É assim a geração
dos que procuram o Senhor!
Ao
Senhor pertence a terra e o que ela encerra, o mundo inteiro com os seres que o
povoam;
porque
ele a tornou firme sobre os mares e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem
subirá até o monte do Senhor, quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem
tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre
este desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e salvador."
"É
assim a geração dos que o procuram e do Deus de Israel buscam a face."
2a
Leitura (1 Jo 3,1-3) - Considerai com que amor nos amou o
Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso,
o mundo não nos conhece, porque não o conheceu. Caríssimos, desde agora somos
filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que,
quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como
ele é. E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é
puro.
Aleluia, aleluia,
aleluia. Vinde a mim, todos vós que estais cansados e penais a carregar pesado
fardo, e descanso eu vos darei, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho
(Mt 5,1-12) - Vendo aquelas multidões, Jesus
subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu
a boca e lhes ensinava, dizendo: "Bem-aventurados os que têm um coração de
pobre, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de
coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados
filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando
vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos
e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim
perseguiram os profetas que vieram antes de vós".
Todos estamos chamados
a ser santos por ser batizados.
Pe. Antonio Rivero L.C.
Em
primeiro lugar, a festa de todos os Santos nos convida a celebrar, a principio,
dois fatos. O primeiro é que, verdadeiramente, a força do Espírito de Jesus age
em todas partes, é uma semente capaz de arraigar em todas partes, que não
necessita condições especiais de raça, ou de cultura, ou de classe social. Por
isso esta festa é uma festa gozosa, fundamentalmente gozosa: o Espírito de
Jesus deu, e dá, e dará fruto, e dará em todas partes. O segundo fato que
celebramos é que todos esses homens e mulheres de todo tempo e lugar têm algo
em comum, algo que os une. Todos eles “lavaram e alvejaram as suas vestes no
sangue do Cordeiro”, mediante o batismo (1 leitura). Todos eles foram pobres,
famintos e sedentos de justiça, limpos de coração, trabalhadores da paz
(Evangelho). E isso os une. Porque hoje não celebramos uma festa superficial,
hoje não celebramos que “no fundo, todo mundo é bom e tudo terminará bem”, mas
celebramos a vitória dolorosamente alcançada por tantos homens e mulheres no
seguimento do Evangelho (conhecendo-o explicitamente ou sem conhecê-lo). Porque
existe algo que une o santo desconhecido das selvas amazônicas com o mártir das
perseguições de Nero e com qualquer outro santo de qualquer outro lugar: une-os
a busca e a luta por uma vida mais fiel, mais entregada, mais dedicada ao
serviço dos irmãos e do mundo novo que Deus quer.
Em
segundo lugar, celebramos, portanto, esses dois fatos: que com Deus vivem já
homens e mulheres de todo tempo e lugar, e que esses homens e mulheres lutaram
com esforço no caminho do amor, que é o caminho de Deus. Mas ai podemos
acrescentar também um terceiro aspecto: Santo Agostinho, na homilia que a
Liturgia das Horas oferece para o dia de São Lourenço, explica isso deste modo:
“Os santos mártires imitaram Cristo até o derramamento de seu sangue, até a
semelhança da sua paixão. Imitaram-no os mártires, mas não só eles. A ponte não
caiu depois deles terem passado; a fonte não se secou depois deles terem bebido
nela”. Santo Agostinho se dirigia a uns cristãos que acreditavam que talvez só
os mártires, os que nas perseguições tinham derramado o sangue pela fé,
compartilhariam a gloria de Cristo. E às vezes nós também pensamos a mesma
coisa: que a santidade é um heroísmo próprio só de alguns. E ano é assim. A
santidade, o seguimento fiel e esforçado de Jesus Cristo, é também para nós:
para todos nós e para cada um de nós. É algo exigente, sem dúvida; é algo para
gente entregada, que leva as coisas à serio, não para gente superficial e que
se limita a ir empurrando as coisas com a barriga. Porém somos nós, cada um de nós, os chamados
a essa santidade, a esse seguimento. Como dizia Santo Agostinho na homilia
citada antes: “Nenhum homem, seja qual for o seu gênero de vida, deve
desesperar da sua vocação” (…). “Entendamos, pois, de que maneira o cristão tem
que seguir Cristo, ademais do derramamento de sangue, ademais do martírio”. E
hoje, na festa de Todos os Santos, somos convidados a celebrar que também nós
podemos entender e descobrir a nossa maneira de seguir Cristo.
Finalmente,
portanto, a festa de hoje é um chamado à santidade para todos nós. Ser santos
não é fazer necessariamente milagres, nem deixar obras surpreendentes para a
história. É difícil definir o que é a santidade, mas todos esses santos que
hoje celebramos nos demonstram que seguir Cristo é possível, e que isso é
santidade. Tiveram defeitos. Não eram perfeitos. Cometeram pecados. Foram
“normais”. Porém creram no Evangelho e o cumpriram. Alguns deixaram uma pegada
profunda. Outros passaram despercebidos. E hoje honramos todos. E aceitamos o
seu convite para seguir o seu caminho. Aqui também recomendaria ler a “Lumen
Gentium” do Concilio Vaticano II, nos seus números 39-41, que faz um chamamento
à santidade aos cristãos de todos os estados: jerarquia, leigos, religiosos.
Para
refletir:
Realmente estou
convencido de que não só posso ser santo, mas que devo ser santo, por ser
batizado? Peço a intercessão dos meus irmãos santos que já gozam da amizade
eterna com Deus no céu, ou nem sequer me lembro deles? Quais são os santos da
minha devoção e por que?
Para
rezar:
Senhor, meu Deus,
ajudai-me a ser santo. Santo sem premio, santo para não vos ofender, santo para
servir melhor os demais. Senhor, no dia de hoje, que recorramos e celebramos a
memória de todos os Santos, ajudai-me a me aproximar mais de Vós. A eles rogo
que peça ao Espírito, que conceda os dons necessários para ser melhor. Não
porque eu mereça algo, mas para que o meu louvor chegue a Vós, mais pleno.
Senhor, perdoai-me, pelas minhas faltas e pecados, por tudo o que podia ter
feito e não fiz, por tudo o que podia ter servido e não servi, por tudo o que
desperdicei. Dai-me a vossa benção para que o resto da minha vida, seja fiel e
caridoso, luz vossa e servidor de todos. Segundo Vós me peçais em cada momento.
Obrigado, Senhor, pela vossa Misericórdia para comigo. Amém.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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