S. Carlos Borromeu, Bispo |
Salmo Responsorial
- 68/69
R. Respondei-me, ó
Senhor, pelo vosso imenso amor!
Pobre
de mim, sou infeliz e sofredor! Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
Cantando,
eu louvarei o vosso nome e, agradecido, exultarei de alegria!
Humildes,
vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá se procurardes o Senhor
continuamente!
Pois
nosso Deus atende à prece dos seus pobres e não despreza o clamor de seus
cativos.
Sim,
Deus virá e salvará Jerusalém, reconstruindo as cidades de Judá, onde os pobres
morarão, sendo seus donos.
A
descendência de seus servos há de herdá-las, e os que amam o santo nome do
Senhor dentro delas fixarão sua morada
Aleluia. Se guardais
minha palavra, diz Jesus, realmente vós sereis os meus discípulos. Aleluia
Evangelho
(Lc 14,12-14) - Jesus dizia ao chefe dos fariseus
que o tinha convidado: "Quando deres alguma ceia, não convides os teus
amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por
sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. Mas, quando deres uma ceia,
convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles
não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos
justos".
«Quando deres um
banquete, convida os pobres, (...), pois estes não têm como te retribuir!
Receberás a recompensa na ressurreição dos justos»
Fr. Austin Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi, Nigéria)
Hoje,
o Senhor ensina-nos o verdadeiro sentido da generosidade cristã: o dar-se aos
demais. «Quando ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem
teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te
convidar por sua vez, e isto já será a tua recompensa» (Lc 14,12).
O
cristão move-se no mundo como uma pessoa comum; mas o fundamento do trato com
os seus semelhantes não pode ser nem a recompensa humana nem a vanglória; deve
procurar ante tudo a glória de Deus, sem pretender outra recompensa que a do
Céu. «Pelo contrário, quando deres um banquete, convida os pobres, os
aleijados, os coxos, os cegos! Então serás feliz, pois estes não têm como te retribuir!
Receberás a recompensa na ressurreição dos justos» (Lc 14, 13-14).
O
Senhor convida-nos a dar-nos incondicionalmente a todos os homens, movidos
somente pelo amor a Deus e ao próximo pelo Senhor. «Se emprestais àqueles de
quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam
aos pecadores, para receberem outro tanto» (Lc 6,34).
Isto
é assim porque o Senhor ajuda-nos a entender que se damo-nos generosamente, sem
esperar nada em troca, Deus nos pagará com uma grande recompensa e nos fará
seus filhos prediletos. Por isto, Jesus nos diz: «Pelo contrário, amai os
vossos inimigos, fazei bem e emprestai sem daí esperar nada. E grande será a
vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo» (Lc 6-35).
Peçamos
à Virgem a generosidade de saber fugir de qualquer tendência ao egoísmo, como
seu Filho. «Egoísta! Tu, sempre tu, sempre o que é "teu". Pareces
incapaz de sentir a fraternidade de Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês
degraus (...)» (São Josemaria).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje dá continuidade
ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos
ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um
conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho
para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de
Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a
perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as
palavras de Jesus.
* Lucas 14,12: Convite
interesseiro
Jesus
está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite
para o jantar é o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários
tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites
desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um
almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos
ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você
recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles
convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois sentar à mesa com pessoas
desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o
costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa
diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.
* Lucas 14,13-14:
Convite desinteressado
Jesus
diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”.
Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres,
aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso.
Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por que? Porque no convite
desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte
de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”.
Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem
retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de
gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem
esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem
querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da
felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da
história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!
*
É o Reino acontecendo. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o
envio dos setenta e dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc
10,1-9). Entre as várias recomendações dadas naquela ocasião como sinais da
presença do Reino, estão (1) a
comunhão de mesa e (2) a acolhida
aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que
servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: O Reino de
Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações, Jesus manda transgredir
aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.
Para um confronto
pessoal
1) Convite interesseiro e convite
desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só convites
desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
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