Sto Antônio de Sant'Ana Galvão, Presbítero |
1ª
Leitura (Rm 7,18-25a): Irmãos: Eu sei que em mim, isto é,
na minha natureza, não habita o bem, pois querer o bem está ao meu alcance, mas
realizá-lo não está. Na verdade, não faço o bem, que quero, mas pratico o mal,
que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que o realizo,
mas o pecado que habita em mim. Descubro pois em mim esta lei: ao querer fazer
o bem, é o mal que está ao meu alcance. Sinto prazer na lei de Deus, segundo o
homem interior. Mas vejo que há outra lei nos meus membros, que luta contra a
lei da minha razão; ela torna-me escravo da lei do pecado, que está nos meus
membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? Deus, a quem
dêmos graças, por Jesus Cristo, nosso Senhor.
Salmo
Responsorial: 118
R. Ensinai-me, Senhor,
os caminhos da vossa lei.
Ensinai-me
o bem, o discernimento e a ciência, porque tenho fé nos vossos mandamentos. Vós
sois bom e generoso, ensinai-me os vossos decretos.
Console-me
a vossa bondade, segundo a promessa feita ao vosso servo. Desçam sobre mim as
vossas misericórdias e viverei, porque a vossa lei faz as minhas delícias.
Jamais
esquecerei os vossos decretos, porque neles me tendes dado a vida. A Vós
pertenço, sede o meu auxílio, porque sempre quis seguir os vossos preceitos.
Aleluia. Bendito
sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os
mistérios do reino. Aleluia.
Evangelho
(Lc 12,54-59): Naquele tempo, Jesus dizia também às
multidões: Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva.
E assim acontece. Quando sentis soprar o vento sul, logo dizeis que vai fazer
calor. E assim acontece. Hipócritas! Sabeis avaliar o aspecto da terra e do
céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? Por que não julgais por
vós mesmos o que é justo? Quando, pois, estás indo com teu adversário
apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto
ainda a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de
justiça, e o oficial de justiça te jogará na prisão. Eu te digo: dali não
sairás, enquanto não pagares o último centavo.
«Como é que não sabeis
avaliar (...) o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é
justo»
Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)
Hoje,
Jesus quer que levantemos os olhos para o céu. Esta manhã, depois de três dias
de chuva persistente, o céu apareceu luminoso e claro num dos dias mais
esplêndidos deste outono. Vamos entendendo o tema das mudanças do tempo, já que
agora os meteorologistas são quase da família. Pelo contrário, custa-nos mais a
entender em que tempo estamos ou vivemos: «Sabeis avaliar o aspecto da terra e
do céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? ». (Lc 12,56). Muitos
dos que escutavam Jesus perderam uma oportunidade única na História de toda a
Humanidade. Não viram em Jesus o Filho de Deus. Não perceberam o tempo, a hora
da salvação.
O
Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium et Spes (n. 4), atualiza o
Evangelho de hoje: «Pesa sobre a Igreja o dever permanente de escutar a fundo
os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho (...)». É preciso,
portanto, conhecer e compreender o mundo em que vivemos e as suas esperanças,
as suas aspirações, o seu modo de ser, frequentemente dramático.
Quando
vemos a história, não nos custa muito assinalar as ocasiões perdidas pela
Igreja por não ter descoberto o momento que então se vivia. Mas, Senhor:
«Quantas ocasiões não teremos perdido agora por não descobrir os sinais dos
tempos ou, o que significa o mesmo, por não viver e iluminar a problemática
atual com a luz do Evangelho? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?»
(Lc 12,57), continua a recordar-nos hoje Jesus.
Não
vivemos num mundo de maldade, ainda que também haja bastante. Deus não
abandonou o seu mundo. Como recordava São João da Cruz, habitamos uma terra
onde andou o próprio Deus e que ele encheu de formosura. A beata Teresa de
Calcutá captou os sinais dos tempos, e o tempo, o nosso tempo, entendeu a beata
Teresa de Calcutá. Que ela nos estimule. Não deixemos de olhar para o alto, sem
perder de vista a terra.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz um apelo
da parte de Jesus para aprendermos a ler os Sinais dos Tempos. Foi este texto
que inspirou o Papa S. João XXIII a convocar a Igreja para prestar atenção aos
Sinais dos Tempos e perceber melhor os apelos de Deus nos acontecimentos da
história da humanidade.
* Lucas 12,54-55:
Todos sabem interpretar os aspectos do terra e do céu, ...
“Jesus
também dizia às multidões: "Quando vocês veem uma nuvem vinda do ocidente,
vocês logo dizem que vem chuva; e assim acontece. Quando vocês sentem soprar o
vento do sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece”. Jesus
verbaliza uma experiência humana universal. Todos e todas, cada qual no seu
país e na sua região, sabemos ler os aspectos do céu e da terra. O próprio
corpo sente quando ameaça chuva ou quando o tempo começa a mudar: “Vamos ter
chuva!” Jesus se refere à contemplação da natureza como sendo uma das fontes mais
importantes do conhecimento e da experiência que ele mesmo tinha de Deus. Foi a
contemplação da natureza que o ajudou a descobrir aspectos novos na fé e na
história do seu povo. Por exemplo, a chuva que cai sobre bons e maus, e o sol
que nasce sobre justos injustos, o ajudaram a formular uma das mensagens mais
revolucionários: “Amais os vossos inimigos!” (Mt 5,43-45).
* Lucas 12,56-57: ...,
mas não sabem ler os sinais dos tempos
E
Jesus tira a conclusão para os seus contemporâneos e para todos nós: “Hipócritas!
Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem
interpretar o tempo presente?” Santo Agostinho dizia que a natureza, a criação,
é o primeiro livro que Deus escreveu. Por meio dela Deus nos fala. O pecado
embaralhou as letras do livro da natureza e, por isso, já não conseguimos ler a
mensagem de Deus estampada nas coisas da natureza e nos fatos da vida. A
Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrito não para ocupar ou substituir a
Vida, mas para nos ajudar a interpretar a natureza e a vida e aprender de novo
a descobrir os apelos de Deus nos acontecimentos. “Por que vocês não julgam por
si mesmos o que é justo?” Partilhando entre nós o que enxergamos na natureza,
iremos descobrindo o apelo de Deus na vida.
* Lucas 12,58-59:
Saber tirar a lição para a vida
“Quando,
pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado,
procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o
levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na
cadeia. Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo”. Um
dos pontos em que Jesus mais insistia é a reconciliação. Naquela época havia
muitas tensões e conflitos entre grupos radicais com tendências diferentes, sem
diálogo: zelotes, essênios, fariseus, saduceus, herodianos. Ninguém queria
ceder diante do outro. As palavras de Jesus sobre a reconciliação pedindo
acolhimento e compreensão iluminam esta situação. Pois o único pecado que Deus
não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso,
ele aconselha procurar a reconciliação antes que seja tarde demais! Quando
chegar a hora do julgamento, será tarde demais. Enquanto tiver tempo, procure
mudar de vida, de comportamento e de modo de pensar e procure acertar o passo
(cf. Mt 5,25-26; Cl 3,13; Ef 4,32; Mc 11,25).
Para um confronto
pessoal
1) Ler os Sinais dos Tempos. Quando
escuto ou leio as notícias na TV ou nos jornais, tenho a preocupação de
perceber os apelos de Deus nesses fatos?
2) Reconciliar é o pedido mais
insistente de Jesus. Como procuro colaborar na reconciliação entre as pessoas,
as raças, os povos, as tendências?
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