S. Pedro de Verona, Presbítero e Mártir |
1ª Leitura (Jer
11,18-20): Quando o Senhor me avisou, eu
compreendi; vi então as maquinações dos meus inimigos. Eu era como manso
cordeiro levado ao matadouro e ignorava a conjura que tramavam contra mim,
dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos,
para não mais se falar no seu nome». Senhor do Universo, que julgais com
justiça e sondais os sentimentos e o coração, seja eu testemunha do castigo que
haveis de aplicar- lhes, pois a Vós confio a minha causa.
Salmo Responsorial: 7
R. Senhor, meu Deus, em Vós espero.
Senhor, meu
Deus, em Vós me refugio, livrai-me de quantos me perseguem e salvai-me. Não me
arrebatem como o leão e me dilacerem sem ter quem me salve.
Julgai-me,
Senhor, segundo a minha justiça, segundo a minha inocência. Acabe a malícia dos
ímpios e confortai o justo, Vós, Deus de justiça, que sondais o íntimo dos
corações.
A minha
proteção está em Deus, que salva os homens retos de coração. Deus é o juiz
justo, um Deus que pode castigar todos os dias.
Felizes os que recebem
a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela
perseverança.
Evangelho (Jo
7,40-53): Ouvindo estas palavras, alguns da
multidão afirmavam: «Verdadeiramente, ele é o profeta!». Outros diziam: «Ele é
o Cristo!» Mas outros discordavam: “O Cristo pode vir da Galileia? Não está na
Escritura que o Cristo será da descendência de Davi e virá de Belém, o povoado
de Davi?» Surgiu, assim, uma divisão
entre o povo por causa dele. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as
mãos. Os guardas então voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes
perguntaram: «Por que não o trouxestes? ». Responderam: «Ninguém jamais falou
como este homem». Os fariseus disseram a eles: «Vós também vos deixastes
iludir? Acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas essa gente
que não conhece a Lei são uns malditos! ».
Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que tinha ido a Jesus
anteriormente, disse: «Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir ou
saber o que ele fez? ». Eles responderam: «Tu também és da Galileia? Examina as
Escrituras, e verás que da Galileia não surge profeta». Depois que cada um
voltou para sua casa.
«Ninguém jamais falou como
este homem»
Abbé Fernand ARÉVALO (Bruxelas, Bélgica)
Hoje o
Evangelho nos apresenta as diferentes reações que produziam as palavras de
nosso Senhor. Este texto de João não nos oferece nenhuma palavra do Mestre, mas
sim as consequências do que ele dizia. Uns pensavam que era um profeta; outros
diziam «Ele é o Cristo» (Jo 7,41).
Verdadeiramente,
Jesus Cristo é esse “sinal de contradição” que Simeão havia anunciado a Maria
(cf. Lc 2,34). Jesus não deixava indiferentes aos que lhe escutavam, até o ponto
em que nesta ocasião e em muitas outras «surgiu uma divisão entre o povo por
causa dele» (Jo 7,46). A resposta dos guardas, que pretendiam prender o Senhor,
centraliza a questão e nos mostra a força das palavras de Cristo: «Ninguém
jamais falou como este homem» (Jo 7,46). É como dizer: suas palavras são
diferentes; não são palavras ocas, cheias de soberba e falsidade. Ele é a
“Verdade” e seu modo de falar reflete este fato.
E se isto
acontecia com relação aos seus ouvintes, com maior razão suas obras provocavam
muitas vezes o assombro, a admiração; e, também, a crítica, a murmuração, o
ódio… Jesus falava a “linguagem da caridade”: suas obras e palavras
manifestavam o profundo amor que sentia por todos os homens, especialmente
pelos mais necessitados.
Hoje como
então, os cristãos somos —temos de ser— “sinal de contradição”, porque não
falamos e atuamos como os demais. Nós, imitando e seguindo a Jesus Cristo,
temos de empregar igualmente “a linguagem da caridade e do carinho”, linguagem
necessária que, definitivamente, todos são capazes de compreender. Como
escreveu o Santo Padre Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, «o amor
—caritas— sempre será necessário, mesmo na sociedade mais justa (…). Quem quer
desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem».
«Ninguém jamais falou
como este homem»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje
notamos como se “complica” o ambiente ao redor do Senhor, poucos dias antes da
Paixão ocorrida em Jerusalém. Por causa Dele se gera todo tipo de discussão e
controvérsia. Não podia ser de outro modo: «Pensais que eu vim trazer a paz à
terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer a divisão» (Lc 12,51).
E não é que
o Redentor deseje a controvérsia e a divisão, e sim que ante Deus não valem as
“meias tintas”: «Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo,
espalha» (Lc 11,23). É inevitável! Diante Dele não há nenhuma postura neutra:
ou existe, ou não existe; é meu Senhor, ou não é meu Senhor. Ninguém pode
servir a dois senhores (cf. Mt 6,24).
João Paulo
II considerava que ante Deus temos que optar. A fé simples que nosso bom Deus
nos pede implica uma opção. Devemos optar porque Ele não que nos impor; veio à
Terra de maneira discreta; morreu humilhado, sem chamar a atenção de sua
condição divina (Flp 2,6). É o que expressa maravilhosamente são Tomás de
Aquino no Adoro Te devote: «Na cruz se escondia só a divindade, aqui [na
Eucaristia] se esconde também a humanidade».
Devemos
optar! Deus não se impõe; se oferece. E fica para nós a decisão de optar a
favor Dele ou de não fazê-lo. É uma questão pessoal que cada um —com a ajuda do
Espírito Santo— há de se resolver. De nada servem os milagres, se as
disposições do homem não são de humildade e de simplicidade. Diante dos mesmos
fatos, vemos aos judeus divididos. E é que em questões de amor não se pode dar
uma resposta morna, pela metade: a vocação cristã comporta uma resposta
radical, tão radical como foi o testemunho de entrega e obediência de Cristo na
Cruz.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* No capítulo 7, João constata que havia várias opiniões
e muita confusão a respeito de Jesus no meio do povo. Os parentes pensavam de
um jeito (Jo 7,2-5), o povo pensava de outro jeito (Jo 7,12). Uns diziam:
"Ele é o profeta!" (Jo 7,40). Outros diziam: "Ele engana o
povo!"(Jo 7,12) Uns elogiavam: "Ele é bom!" (Jo 7,12). Outros
criticavam: "Ele não estudou!" (Jo 7,15) Muitas opiniões! Cada um
tinha os seus argumentos, tirados da Bíblia ou da Tradição. Mas ninguém se
lembrava do messias Servo, anunciado por Isaías (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9;
52,13-53,12; 61,1-2). Hoje também há muita discussão sobre religião, e cada um
tira os seus argumentos da Bíblia. Como no tempo, assim também hoje, acontece
muitas vezes que os pequenos são enganados pelo discurso dos grandes e, às
vezes, até pelo discurso do pessoal da igreja.
* João 7,40-44: A confusão no meio
do povo.
A reação do
povo é a mais variada possível. Uns dizem: é o profeta. Outros: é o Messias, o
Cristo. Outros rebatem: não pode ser, porque o messias virá de Belém e esse aí
vem da Galileia! Estas várias ideias sobre o Messias provocavam divisão e
briga. Havia até gente que queria prendê-lo, mas não o fizeram. Provavelmente,
porque tinham medo do povo (cf. Mc 14,2).
* João 7,45-49: Os argumentos das
autoridades.
Anteriormente,
diante das reações do povo favoráveis a Jesus, os fariseus tinham mandado
guardas para prendê-lo (Jo 7,32). Mas os guardas voltaram ao quartel sem Jesus.
Tinham ficado impressionados com a fala tão bonita: "Ninguém jamais falou
como esse homem!" Os fariseus reagiram: "Até vocês se deixaram
enganar!" Para os fariseus, só mesmo "esse povinho que não conhece a
lei" se deixa enganar por Jesus. É como se dissessem: "Nós, os
chefes, conhecemos melhor as coisas e não nos deixamos enganar!" Eles
chamam o povo de "maldito"! As autoridades religiosas da época
tratavam o povo com muito desprezo.
* João 7,50-52: A defesa de Jesus
por Nicodemos.
Diante
deste argumento estúpido, a honestidade de Nicodemos se revolta e ele levanta a
voz para defender Jesus: "Desde quando a nossa lei condena alguém sem
primeiro ouvi-lo para saber o que fez?" A reação dos outros é de deboche:
"Até você, Nicodemos, virou Galileu, hein!? Dê uma olhada na Bíblia e verá
que da Galileia não pode vir nenhum profeta!" Eles estão seguros! Com o
livrinho do passado na mão se defendem contra o futuro que chega incomodando.
Assim muita gente faz até hoje! Só aceito o novo se ele estiver de acordo com
as ideias deles que são do passado.
Para um confronto pessoal
1. Quais são hoje as diferentes opiniões sobre Jesus que
existem no meio do povo? E na sua comunidade, existem diferentes opiniões que
geram confusão? Quais? Conte.
2. Há pessoas que só aceitam o novo se ele estiver de
acordo com as ideias deles que são do passado. E eu?
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