São Camilo de Lellis, presbítero |
Evangelho (Mt
10,16-23): Eu vos envio como ovelhas no
meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as
pombas. Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e
açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. Sereis por minha causa levados
diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e
para os pagãos. Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com
que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á
inspirado o que haveis de dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas é o
Espírito de vosso Pai que falará em vós. O irmão entregará seu irmão à morte. O
pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. Sereis
odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim
será salvo. Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra. Em verdade vos
digo: não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que volte o Filho
do Homem.
O apóstolo
Fray Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Hoje, Jesus
anuncia aos seus o que sofrerão pelo fato de serem apóstolos. Não lhes dá
perspectivas muito motivadoras: Juízos, açoites, ódio da própria família,
persecuções, morte. Atitude dos apóstolos: Astúcia e inocência. Sua tarefa:
Percorrer o mundo dando testemunho de Jesus, falando inspirados pelo Espírito
Santo... fugindo quando seja necessário. O mais importante: Perseverar até o
fim.
“Apóstolo” é
um término grego que significa “enviado”, enviado por Jesus para anunciar sua
mensagem. São doze os que Jesus escolheu. Para manter íntegro o Evangelho, a
predicação apostólica conserva-se desde o início até o fim dos tempos, por uma
sucessão interrompida. Esta transmissão viva a denominamos “tradição”:
Predicação apostólica continuada na sucessão apostólica. Tradição e Escritura
são as duas grandes fontes da fé.
—Senhor,
graças pelos apóstolos que fizeram que a fé chegasse até hoje e, porque nos
envias a nós como parte desta “corrente” apostólica que anuncia o Evangelho.
Reflexão
Presbítero e Missionário |
• Mateus 10,16-19: o perigo e a confiança em
Deus. Jesus introduz esta parte do seu discurso com duas metáforas: ovelhas
entre lobos, ser prudentes como as serpentes e simples como as pombas. A
primeira mostra o contexto difícil e perigoso em que os discípulos são
enviados. Por um lado, demonstra a situação de perigo em que se encontram os
discípulos enviados em missão; por outro lado, a expressão "eu vos
envio" expressa proteção. Também na esperteza das serpentes e a simplicidade
das pombas parece que Jesus relaciona dois comportamentos: a confiança em Deus
e a reflexão atenta e prolongada do modo de se relacionar com os outros.
Jesus
continua depois uma ordem que, à primeira vista, parece ser marcada por uma
acentuada desconfiança: "Cuidado com os homens ...", mas na realidade
é estar alerta para uma possível perseguição, hostilidade e denúncias. A
expressão "os entregarão" não se refere apenas à acusação no
tribunal, mas principalmente tem um valor teológico: o discípulo que segue Jesus
poderá ter a mesma experiência que o Mestre, “ser entregue nas mãos dos homens”
(17,22). Os discípulos devem ser fortes e resistir "para dar
testemunho", sua entrega aos tribunais será um testemunho para os judeus e
para os pagãos, como a possibilidade de atraí-los para a pessoa e para a causa
de Jesus e, portanto, ao conhecimento do evangelho. É importante este retorno
positivo ao testemunho caracterizado pela fé que se faz crível e atraente.
• Mateus 10,20: ajuda divina. Para que
tudo isso seja realizado na missão-testemunho dos discípulos, é essencial a
ajuda que vem de Deus. Ou seja, não devemos confiar nas próprias seguranças ou
recursos, mas nas situações críticas, perigosas e agressivas de sua vida, os
discípulos encontrarão em Deus ajuda e solidariedade. Aos discípulos também se
prometeu o Espírito do Pai (v. 20) para realizar a sua missão. Ele vai
trabalhar neles para realizar sua missão de evangelização e dar testemunho, o
Espírito falará através deles.
• Mateus 10, 21-22: ameaça-consolo. O
tema da ameaça retorna de novo com o termo "entregará": irmão contra
irmão, pai contra filho, filho contra seus pais. Trata-se de uma verdadeira e
grande desordem das relações sociais, o esmagamento da família. As pessoas
unidas pelos mais íntimos laços familiares - como pais, filhos, irmãos e irmãs
- caem na desgraça de odiar-se e de se eliminar um ao outro. Em que sentido
essa divisão da família tem algo a ver com o testemunho em favor de Jesus? Tal
ruptura nas relações familiares poderia encontrar sua causa na diversidade de
atitudes adotadas no seio da família em relação a Jesus. A expressão
"sereis odiados", sugere o tema da acolhida hostil de seus enviados
por parte dos contemporâneos. A dureza das palavras de Jesus é comparável a
outro texto do NT: "Bem-aventurados sois se são insultados pelo nome de
Cristo, porque o Espírito de glória, que é o Espírito de Deus repousa sobre
vós. Que nenhum de vós padeça como homicida, ladrão, malfeitor ou delator. Mas,
se alguém sofre como cristão, não se envergonhe, mas sim dê glória a Deus por
este nome." Ao anúncio da ameaça segue a promessa de consolação (v. 23). O
maior consolo dos discípulos será "ser salvos", para viver a
esperança do salvador, ou seja, participar na sua vitória.
Para um confronto pessoal
1. Estas disposições de Jesus nos ensinam hoje como
entender a missão do cristão?
2. Você sabe confiar na ajuda de Deus quando você sofre
conflitos, perseguições
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