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quarta-feira, 20 de abril de 2016

V Domingo da Páscoa

Textos: At 14, 21b-27; Ap 21, 1-5a; Jo 13, 31-33a.34-35

Evangelho (Jo 13,31-33a.34-35): Depois que Judas saiu, Jesus disse: «Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.  Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

«Vós deveis amar-vos uns aos outros»

Rev. D. Jordi CASTELLET i Sala  (Sant Hipòlit de Voltregà, Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus convida-nos a amar-nos uns aos outros. Também neste complexo mundo em que vivemos, complexo tanto no bem como no mal em que se misturam e amalgamam. Frequentemente temos a tentação de olhar o como uma fatalidade, uma má noticia e, pelo contrário, os cristão fomos encarregados de aportar, num mundo violento e injusto, a Boa Nova de Jesus Cristo.

Na verdade, Jesus diz-nos que «vós deveis amar-vos uns aos outros como eu vos amei» (Jo 13,34). E uma boa forma de nos amar-nos, um modo de pôr em prática a palavra de Deus é anunciar, a toda a hora, em todos os lugares, a Boa Nova, o Evangelho que não é outra coisa que o próprio Jesus Cristo.

«Levamos este tesouro em recipientes de barro» (2Cor 4,7). Qual é esse tesouro? O da Palavra, o do próprio Deus, e nós somos os recipientes de barro. Mas este tesouro é uma preciosidade que não podemos guardar apenas para nós, mas devemos difundi-lo: «Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações (...) Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28,19-20). De fato —escreveu o Santo Padre— «quem encontrou verdadeiramente a Cristo não pode tê-lo apenas para si, deve anunciá-lo».

É com esta confiança que anunciamos o Evangelho; façamo-lo com todos os meios disponíveis e em todos os lugares possíveis: com a palavra, com as obras e com o pensamento, através do jornal, pela Internet, no trabalho e com os amigos... «Seja a vossa amabilidade conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo» (Flp 4,5).

Por tanto, e como nos recalca o Papa João Paulo II, temos que utilizar as novas tecnologias, sem olhares, sem vergonhas, para dar a conhecer a Boa Nova da Igreja de hoje, sem esquecer que apenas com pessoas afáveis, apenas trocando o nosso coração, conseguiremos que também mude o nosso mundo.

A caridade é a contrassenha e a novidade do Cristianismo.

Pe. Antonio Rivero, L.C

Nas leituras de hoje o adjetivo novo saiu cinco vezes. Quatro vezes na segunda leitura, e uma vez no evangelho. O antigo- antônimo de novo- já terminou (2 leitura). É o chamado a viver uma vida nova na fé. Mas sobretudo, viver o mandamento novo da caridade. Aqui está a novidade e a contrassenha do cristão: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”.

Em primeiro lugar, este presente da caridade é fruto da Páscoa e procede do coração de Cristo entregado para a nossa salvação. Só Cristo pôde nos oferecer este presente, que trouxe diretamente do céu e o confiou a nós antes de partir de novo para o Pai, uma vez terminada a sua missão aqui na terra. Para isso, Cristo no batismo teve que mudar o nosso coração de pedra e colocar em nós um coração de carne, teve que purificar e limpar as nossas veias e artérias, dilatar o nosso ventrículo e aurícula. Nesse dia colocou em nós uma válvula divina para podermos amar como Ele nos ama: com um amor universal, misericordioso, delicado, bondoso. E graças à Eucaristia, outro dos dons do Cristo Pascal, o Espírito nos comunicará a força do amor de Cristo. Perguntemos aos santos e aos mártires: a Santo Estevão, a Santa Inês, a Santo Inácio de Antioquia, a São Maximiliano Maria Kolbe, a Santa Maria Goretti, ao beato Miguel Pro, etc.

Em segundo lugar, onde reside a novidade deste mandamento? Antes de Cristo, claro que existia o amor. Assim lembra Jesus ao letrado que lhe perguntou pelo primeiro mandamento da lei: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente. Este é o preceito mais importante; mas o segundo é equivalente: amarás ao próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 37-39). Contudo, se existia esse mandamento, era pura teoria, um ideal abstrato. Era simplesmente algo distinto. Certamente, teve homens que se amaram também antes de Cristo; mas, por que? Porque eram parentes, porque eram aliados, amigos, pertenciam ao mesmo clã ou ao mesmo povo: ou seja por algo que os ligava entre si, distinguindo-os de todos os demais. Agora tem que ir além: amar os que nos perseguem, amar os inimigos, os que não nos cumprimentam e nem nos amam. Isto é, amar o irmão por si mesmo e não pelo útil que ele possa resultar para nós. É a palavra “próximo” a que mudou o conteúdo: dilatou-se até compreender não só quem está perto de nós, mas também cada homem ao qual podemos nos aproximar. Novo é, portanto, o mandamento de Cristo porque novo é o seu conteúdo. Novo também, porque Jesus acrescentou isto: Amai-vos, como Eu vos amei”. Não podia existir um modelo ato perfeito de amor no Antigo Testamento. E, como nos amou Jesus? Com um amor generosíssimo, sem limites, um amor universal, e misericordioso; amor que sabe transformar o mal em ocasião de amor maior, como fez Jesus na sua Paixão e Morte.

Finalmente, o Catecismo da Igreja Católica no número 1856 assinala a importância vital da caridade para a vida cristã. Nesta virtude se encontram a essência e o núcleo do cristianismo, é o centro da pregação de Cristo e é o mandado mais importante (cf. Jo 15, 12; 15,17; Jo 13, 34). Não se pode viver a moral cristã deixando de um lado a caridade. A caridade é a virtude rainha, o mandamento novo que Cristo nos deu, portanto é a base de toda espiritualidade cristã. É o distintivo dos autênticos cristãos. A caridade é a virtude sobrenatural pela qual amamos Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor a Deus. É a virtude por excelência porque o seu objeto é o mesmo Deus e o motivo do amor ao próximo é o mesmo: o amor a Deus. Porque a sua bondade intrínseca, é a que nos une mais a Deus, fazendo-nos parte de Deus e dando-nos a sua vida (cf. 1 Jo 4, 8). A caridade dá vida a todas as outras virtudes, pois é necessária para que estas se dirijam a Deus. Sem a caridade, as outras virtudes estão como mortas. A caridade não termina com a nossa vida terrena, na vida eterna viveremos continuamente a caridade. São Paulo menciona sobre a caridade em 1 Cor. 13,13; e 13,87. Ao falar da caridade, tem que falar do amor. O amor “não é um sentimento bonito” ou a carga romântica da vida. O amor é buscar o bem do outro. A caridade é mais do que o amor. O amor é natural. A caridade é sobrenatural, algo do mundo divino. A caridade é possuir em nós o amor de Deus. É amar como Deus ama, com a sua intensidade e com as suas características. A caridade é um dom de Deus que nos permite amar na medida superior às nossas possibilidades humanas. A caridade é amar como Deus, não com a perfeição com que Ele o faz, mas sim com o estilo que Ele tem. Referimo-nos a isto quando dizemos que estamos feitos à imagem e semelhança de Deus, por termos a capacidade de amar como Deus.

Para refletir: 1 Cor 13, 4-7: “O amor é paciente, é bondoso. O amor não tem inveja; o amor não é jactancioso, não é arrogante. Não se comporta indecorosamente; não busca as suas próprias coisas, não se irrita, não considera o mal recebido. O amor não se regozija com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor não passa jamais. Mas se existem dons de profecia, acabar-se-ão; se existem línguas, cessarão; se existir conhecimento, acabar-se-á”. A minha caridade o meu amor têm estas características? Tenho pregado este distintivo na minha vida cristã?

Para rezar: nada melhor do que o Hino de São Francisco, onde se resume a essência do amor.

Fazei-me um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio que eu leve o vosso amor;
Onde houver injúria que eu leve o vosso perdão, Senhor;
Onde houver dúvida que que leve a fé.
Mestre, fazei que eu procure mais
Consolar que ser consolado;
Compreender que ser compreendido;
Amar que ser amado.
Fazei-me um instrumento da vossa paz;
Que eu leve esperança por onde for
Onde houver escuridão que eu leve a luz
Onde houver sofrimento que eu leve o vosso gozo, Senhor.
Fazei-me um instrumento da vossa paz;
É perdoando que se é perdoado;
É dando que Vós nos dais;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Fazei-me um instrumento da vossa paz.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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