«Ide pelo mundo
inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura»
Mons. Agustí CORTÉS i Soriano Bispo de Sant Feliu de
Llobregat (Barcelona, Espanha)
Hoje
haveria muito do que falar sobre por que não se ouve com firmeza e convicção a
palavra do Evangelho? porque nós os cristãos, guardamos um silêncio suspeitoso
sobre o que acreditamos, apesar da chamada à “nova evangelização”. Cada um fará
sua própria análise e mostrará sua interpretação particular.
No entanto,
na festa de São Marcos, ouvindo o Evangelho e olhando para o evangelizador, só
podemos proclamar com segurança e agradecimento onde está a fonte e em que
consiste a força de nossa palavra.
O
evangelizador não fala porque assim o recomenda um estudo sociológico do
momento, nem porque o manda a “prudência” política, nem porque “ele tem vontade
de dizer o que pensa”. A ele lhe foi imposto uma presença e um mandato, desde
fora, sem coacção, mas com a autoridade de quem é digno de toda credibilidade:
«E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura». (cf.
Mc 16,15). Quer dizer, que evangelizamos por obediência gozosa e confiadamente.
Nossa
palavra, por outro lado, não se apresenta como uma mais no mercado das ideias
ou das opiniões, mas que tem todo o peso das mensagens fortes e definitivas. De
sua aceitação ou rejeição dependem a vida ou a morte; e sua verdade, sua capacidade
de convicção, vem pela via testemunhal, isto é, aparece acreditada pelos signos
de poder em favor dos necessitados. Razão pela qual, é propriamente, uma
“proclamação”, uma declaração pública, feliz, entusiasmada, de um fato decisivo
e salvador.
Por que,
então nosso silêncio? Medo, timidez? Dizia São Justino que «aqueles ignorantes
e incapazes de eloquência, persuadiram pela virtude a todo o gênero humano». O
signo o milagre da virtude é nossa eloquência. Deixemos pelo menos que o Senhor
no meio de nós e conosco realize sua obra: estava «Os discípulos partiram e
pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra
com os milagres que a acompanhavam.» (Mc 16,20).
Reflexão de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
São Marcos, evangelista |
* O
Evangelho de hoje faz parte do apêndice do Evangelho de Marcos (Mc 16,9-20) que
traz a lista de algumas aparições de Jesus: a Madalena (Mc 16,9-11), a dois
discípulos a caminho do campo (Mc 16,12-13) e aos doze apóstolos (Mc 16,14-18).
Esta última aparição junto com a descrição da ascensão ao céu (Mc 16,19-20)
constitui o evangelho de hoje.
* Marcos
16,14: Os sinais que acompanham o anúncio da Boa Nova.
Jesus
aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas
que o tinham visto ressuscitado. Não acreditaram em Madalena (Mc 16,11), nem
nos dois a caminho do campo (Mc 16,13). Várias vezes, Marcos se refere à
resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que
experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será que Marcos insiste tanto
na falta de fé dos discípulos? Provavelmente, para ensinar duas coisas.
Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele.
Segundo, que ninguém deve desanimar quando a descrença nasce no coração. Até os
onze discípulos tiveram dúvidas!
* Marcos
16,15-18: A missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.
Depois de
ter criticado a falta de fé dos discípulos, Jesus lhes confere a missão: "Vão
pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem
acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado”.
Aos que tiverem a coragem de crer na Boa Nova e que são batizados, Jesus
promete os seguintes sinais: expulsarão demônios, falarão línguas novas,
pegarão em serpentes e não serão molestados pelo veneno, imporão as mãos aos
doentes e eles ficarão curados. Isto acontece até hoje:
* expulsar os demônios: é combater o poder do mal que
estraga a vida. A vida de muitas pessoas ficou melhor pelo fato de terem
entrado na comunidade e de terem começado a viver a Boa Nova da presença de
Deus em sua vida.
* falar línguas novas: é começar a
comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa
que nunca vimos antes, mas parece que já a conhecemos há muito tempo. É porque
falamos a mesma língua, a linguagem do amor.
* vencer o veneno: há muita coisa que
envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as
pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser
molestado por este veneno terrível.
* curar doentes: em todo canto, onde aparece
uma consciência mais clara e mais viva da presença de Deus, aparece também um
cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para
com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e
amada.
* Marcos
16,19-20: Através da comunidade Jesus continua a sua missão.
O mesmo
Jesus que viveu na Palestina, e acolhia os pobres do seu tempo, revelando assim
o amor do Pai, este mesmo Jesus continua vivo no meio de nós, nas nossas comunidades.
É através de nós, que ele quer continuar a sua missão para revelar a Boa Nova
do amor de Deus aos pobres. Até hoje, a ressurreição acontece. Ela nos leva a
cantar: "Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem
nos separará?" Poder nenhum deste mundo é capaz de neutralizar a força que
vem da fé na ressurreição (Rm 8,35-39). Uma comunidade que quiser ser
testemunha da Ressurreição deve ser sinal de vida, deve lutar contra as forças
da morte, para que o mundo seja um lugar favorável à vida, deve crer que outro
mundo é possível. Sobretudo aqui na América Latina, onde a vida do povo corre
perigo por causa do sistema de morte que nos foi imposto, as comunidades devem
ser uma prova viva da esperança que vence o mundo, sem medo de ser feliz!.
Para
confronto pessoal
1. Como estes sinais da presença de Jesus acontecem na
minha vida?
2. Quais são, hoje, os sinais que mais convencem as
pessoas da presença de Jesus no nosso meio?
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