Evangelho
(Jo 14,21-26): «Quem acolhe e observa os
meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o
amarei e me manifestarei a ele». Judas, não o Iscariotes, perguntou-lhe:
«Senhor, como se explica que tu te manifestarás a nós e não ao mundo? ». Jesus
respondeu-lhe: «Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e
nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as
minhas palavras. E a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou.
Eu vos tenho dito estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Defensor, o
Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos
recordará tudo o que eu vos tenho dito».
Comentário: Rev. D. Norbert ESTARRIOL i Seseras (Lleida,
Espanha)
Mas o Defensor, o
Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos
recordará tudo o que eu vos tenho dito
Mártires Carmelitas da Guerra Civil Espanhola (1936-39) |
Hoje,
Jesus mostra-nos o seu imenso desejo de que participemos da sua plenitude.
Incorporados nele, estamos na fonte da vida divina que é a Santíssima Trindade.
«Deus está contigo. Na tua alma habita, em graça, a Beatíssima Trindade. —Por
isso, tu, apesar das tuas misérias, podes e deves estar em continuo diálogo com
o Senhor» (São Josemaria).
Jesus
assegura que estará presente em nós pela graça divina que habita na alma.
Assim, os cristãos já não somos órfãos. Já que nos ama tanto, apesar de não
necessitar de nós, não quer prescindir de nós.
«Quem
acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado
por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele» (Jo 14,21). Este pensamento
ajuda-nos a ter presença de Deus. Então, não têm lugar outros desejos ou
pensamentos que, pelo menos, às vezes, nos fazem perder o tempo e nos impedem
de cumprir a vontade divina. Eis uma recomendação de São Gregório Magno: «Que
não nos seduza o elogio da prosperidade, porque é um caminhante tonto aquele que
vê, durante o seu caminho, prados deliciosos e se esquece para onde queria ir».
A
presença de Deus no coração nos ajudará a descobrir e realizar neste mundo os
planos que a Providencia nos tenha atribuído. O Espírito do Senhor suscitará no
nosso coração iniciativas para situá-las no vértice de todas as atividades
humanas e tornar presente, assim, Cristo no alto da terra. Se tivermos esta
intimidade com Jesus chegaremos a ser bons filhos de Deus e nos sentiremos seus
amigos em todos os lugares e momentos: na rua, no meio do trabalho quotidiano,
na vida familiar.
Toda
a luz e o fogo da vida divina se derramarão sobre cada um dos fiéis que estejam
dispostos a receber o dom do interior. A Mãe de Deus intercederá — como nossa
mãe que é — para que penetremos neste tratado com a Santíssima Trindade.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
Mártires Carmelitas da Guerra Civil Espanhola (1936-39) |
* Como dissemos anteriormente, o
capítulo 14 do Evangelho de João é um exemplo bonito de como se praticava a
catequese nas comunidades da Ásia Menor no fim do primeiro século. Através das
perguntas dos discípulos e das respostas de Jesus, os cristãos formavam sua
consciência e encontravam uma orientação para os seus problemas. Assim, neste
capítulo 14, temos a pergunta de Tomé com a resposta de Jesus (Jo 14,5-7), a
pergunta de Filipe com a resposta de Jesus (Jo 14,8-21), e a pergunta de Judas
com a resposta de Jesus (Jo 14,22-26). A última frase da resposta de Jesus a
Filipe (Jo 14,21) forma o primeiro versículo do evangelho de hoje.
* João 14,21: Eu o
amarei e me manifestarei a ele.
Este
versículo traz o resumo da resposta de Jesus a Filipe. Filipe tinha dito:
“Mostra-nos o Pai e isso nos basta! ” (Jo 14,8). Moisés tinha perguntado a
Deus: “Mostra-me a tua glória! ” (Ex 33,18). Deus respondeu: “Não poderás ver
minha face, porque ninguém pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33,20). O Pai
não pode ser mostrado. Deus habita uma luz inacessível (1Tim 6,16). “Ninguém
jamais viu a Deus” (1Jo 4,12). Mas a presença do Pai pode ser experimentada
através da experiência do amor. Diz a primeira carta de São João: “Quem não ama
não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Jesus diz a Filipe: “Quem aceita os
meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado
por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Observando o
mandamento de Jesus, que é o mandamento do amor ao próximo (Jo 15,17), a pessoa
mostra o seu amor por Jesus. E quem ama a Jesus, será amado pelo Pai e pode ter
a certeza de que o Pai se manifestará a ele. Na resposta a Judas, Jesus dirá
como acontece esta manifestação do Pai na nossa vida.
* João 14,22: A pergunta
de Judas, pergunta de todos.
A
pergunta de Judas: “Por que o senhor se manifesta só a nós e não ao mundo? ”
Esta pergunta de Judas reflete um problema que é real até hoje. Às vezes, sobe
em nós cristãos o pensamento de que somos melhores que os outros e que Deus nos
ama mais do que os outros. Será que Deus faz distinção de pessoas?
Mártires Carmelitas da Guerra Civil Espanhola (1936-39) |
* João 14,23-24:
Resposta de Jesus.
A
resposta de Jesus é simples e profunda. Ele repete o que acabou de dizer a
Filipe. O problema não é se nós cristãos somos mais amados por Deus do que os
outros, ou que os outros são desprezados por Deus. Este não é o critério da
preferência do Pai. O critério da preferência do Pai é sempre o mesmo: o amor.
"Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu
Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as
minhas palavras”. Independentemente do fato de a pessoa ser ou não ser cristã,
o Pai se manifesta a todos aqueles que observam o mandamento de Jesus que é o
amor ao próximo (Jo 15,17). Em que consiste a manifestação do Pai? A resposta a
esta pergunta está estampada no coração da humanidade, na experiência humana
universal. Observe a vida das pessoas que praticam o amor e que fazem da sua
vida uma doação aos outros. Examine a sua própria experiência.
Independentemente de religião, classe, raça ou cor, a prática do amor traz uma
paz profunda e uma alegria que conseguem conviver com dor e sofrimento. Esta
experiência é o reflexo da manifestação do Pai na vida das pessoas. É a
realização da promessa: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada.
* João 14,25-26: A
promessa do Espírito Santo.
Jesus
termina sua resposta a Judas dizendo: Essas são as coisas que eu tinha para
dizer estando com vocês. Jesus comunicou tudo que ouviu do Pai (Jo 15,15). As
palavras dele são fonte de vida e devem ser meditadas, aprofundadas e
atualizadas constantemente à luz da realidade sempre nova que nos envolve. Para
esta meditação constante das suas palavras Jesus nos promete a ajuda do
Espírito Santo: “O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu
nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu
lhes disse.
Para confronto pessoal
1) Jesus disse: Eu e meu Pai viremos e
faremos nele a nossa morada. Como eu
experimento esta promessa?
2) Temos a promessa do dom do Espírito
para nos ajudar a entender as palavras de Jesus. Eu invoco a luz do Espírito
quando vou ler e meditar a Escritura?
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