V Centenário do Nascimento (1515 - 2015) |
Evangelho
(Mc 6,53-56): Tendo atravessado o lago,
foram para Genesaré e atracaram. Logo que desceram do barco, as pessoas
reconheceram Jesus. Percorriam toda a região e começaram a levar os doentes,
deitados em suas macas, para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E, em
toda parte onde chegava, povoados, cidades ou sítios do campo, traziam os
doentes para as praças e suplicavam-lhe para que pudessem ao menos tocar a
franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam curados.
Comentário: Fr. John GRIECO (Chicago, Estados Unidos)
Todos os a tocavam [a
franja de seu manto] ficavam salvados
Hoje,
no Evangelho do dia, vemos o magnífico “poder do contato” com a pessoa de Nosso
Senhor: «Traziam os doentes para as praças e suplicavam-lhe para que pudessem
ao menos tocar a franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam
curados».(Mc 6,56). O menor contato físico pode obrar milagres para aqueles que
se aproximam a Cristo com fé. Seu poder de curar desborda desde seu coração
amoroso e estende inclusive a suas vestes. Ambos, sua capacidade e seu desejo
pleno de curar, são abundantes de fácil acesso.
Esta
passagem pode nos ajudar a meditar como estamos recebendo ao Nosso Senhor na
Sagrada Comunhão. Comungamos com fé de que este contato com Cristo pode obrar
milagres em nossas vidas? Mais que um simples tocar «a franja de seu manto»,
nós recebemos realmente o Corpo de Cristo em nossos corpos. Mais que uma
simples cura de nossas doenças físicas, a Comunhão cura nossas almas e lhes
garanta a participação na própria vida de Deus. São Inácio de Antioquia, assim,
considerava à Eucaristia como a «medicina da imortalidade e o antídoto para
prevenir-nos da morte, de modo que produz o que eternamente nós devemos viver
em Jesus Cristo».
O
aproveitamento desta «medicina da imortalidade» consiste em ser curados de
todos aqueles que nos separa de Deus e dos outros. Ser curados por Cristo na
Eucaristia, por tanto, implica superar nosso ensimesmamento. Tal como ensina
Bento XVI, «Nutrir-se de Cristo é o caminho para não permanecer alheios ou
indiferentes diante da sorte dos irmãos (...). Uma espiritualidade eucarística,
então, é um autentico antídoto diante o individualismo e o egoísmo que com frequência
caracterizam a vida cotidiana, levam ao redescobrimento da gratuidade, da
centralidade das relações, a partir da família, com particular atenção em
aliviar as feridas de aquelas desintegradas».
Igual
que aqueles que foram curados de suas doenças tocando seus vestidos, nós também
podemos ser curados de nosso egoísmo e de nosso isolamento dos outros mediante
a recepção de Nosso Senhor com fé.
Comentário: Rev. D. Joaquim MONRÓS i Guitart (Tarragona,
Espanha)
Logo que desceram do
barco, as pessoas reconheceram Jesus
Santa Apolônia, Virgem e Mártir |
Quando
se trata de uma “enfermidade” da alma (habitualmente, palpável externamente),
como pode ser que um filho, um irmão, um parente não assista à Missa aos
domingos, além de rezar convém falar do remédio, talvez lhe transmitindo a
palavra algum pensamento ou alguma orientação motivadora que nós mesmos
possamos extrair do Magistério (por exemplo, da Carta apostólica O dia do
Senhor de João Paulo II, ou de algum dos pontos do Catecismo da Igreja).
Se
o irmão “enfermo” é alguém constituído em pública autoridade que justifica ou
mantém uma lei injusta —como pode ser a falta de penalização do aborto —, não
duvidemos —além de orar— em buscar a oportunidade para transmitir-lhe — de
palavra ou por escrito — nosso testemunho sobre a verdade.
«Nós
não podemos deixar de anunciar o que vimos e ouvimos» (At 4,20). Todas as
pessoas têm necessidade do Salvador. Quando não atendem ao seu chamado é porque
ainda não o reconheceram, talvez porque nós ainda não soubemos anunciar-lhe. O
fato é que, enquanto o reconheciam, «colocavam os enfermos nas praças e lhe pediam
que tocara somente um pedacinho do seu manto» (Mc 6,56). Jesus curava tanto
mais quanto havia alguns que «colocavam» (punham ao alcance do Senhor) aos que
mais urgentemente necessitavam remédio.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
*
O texto do Evangelho de hoje é a parte final do conjunto mais amplo de Marcos
6,45-56 que compreende três assuntos diferentes:
1) Jesus sobe sozinho a montanha para
rezar (Mc 6,45-46).
2) Em seguida, andando sobre as águas,
ele vai ao encontro dos discípulos que lutam contra as ondas domar (Mc
6,47-52).
3) Agora, no evangelho de hoje, estando
já em terra Jesus é procurado pelo povo que a cura das suas enfermidades (Mc
6,53-56).
* Marcos 6,53-56. A
busca do povo.
“Acabando
de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. Logo que
desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”. O povo vai em
massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O
que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás
dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com
ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças. “Iam
de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde
ouviam falar que Jesus estava. E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas
cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao
menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram
curados”. O evangelho de Mateus comenta e ilumina este fato citando a figura do
Servo de Javé, do qual Isaías diz: “Carregou sobre si as nossas enfermidades”
(Is 53,4 e Mt 8,16-17)
* Ensinar e curar, curar
e ensinar. Desde o
começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galileia
para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde
encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe
e cura os doentes, em qualquer lugar:
nas
sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2);
em
reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10);
andando
pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23);
ao
longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1);
no
deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34);
na
montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1);
nas
praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56);
no
Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc
14,49)!
Curar
e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34).
Era
o costume dele (Mc 10,1).
O
povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.
*
Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus
que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha
sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava
por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava
algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do
Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia
aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua
vida. O que vale não são só as palavras, mas também e, sobretudo o testemunho,
o gesto concreto. Esta é a Boa Nova do Reino que atrai!
Para um confronto
pessoal
1. O entusiasmo do povo em busca de
Jesus, em busca de um sentido para a vida e uma solução para os seus males.
Onde existe isto hoje? Existe em você, existe em mim?
2. O que chama a atenção é a atitude
carinhosa de Jesus para com os pobres e abandonados. E eu, como me comporto com
as pessoas excluídas da sociedade?
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