Textos: Is 60, 1-6; Efe 3, 2-3.5-6; Mt 2,
1-12
Evangelho
(Mt 2, 1-12) Tendo
Jesus nascido, em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, uns reis magos
vindos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: Onde está o rei dos
judeus que acaba de nascer? Vimos sua estrela no oriente e viemos adorá-lo. A
esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado, e toda Jerusalém com ele. Reuniu
as autoridades religiosas e os escribas do povo, e lhes perguntou onde o
Messias devia nascer. Em Belém da Judeia, disseram, pois foi escrito pelo
profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és a menor dentre as cidades de Judá:
pois é de ti que sairá o chefe que apascentará Israel, meu povo. Então Herodes
mandou chamar secretamente os sábios. Perguntou-lhes a época exata em que
aparecera a estrela. E os enviou a Belém dizendo: Vão se informar com exatidão
acerca do menino. E, quando o tiverem encontrado, avisem-me para que também eu
vá adorá-lo. A estas palavras do rei, eles se puseram a caminho. Foi então que
a estrela que tinham visto no oriente avançava à sua frente até parar em cima
do lugar onde estava o Menino. À vista da estrela, sentiram uma alegria muito grande.
Entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, o
adoraram. Abrindo seus cofres, ofereceram-lhe por presente ouro, incenso e
mirra. Depois, avisados em sonho para não ir ter com Herodes, retornaram para a
sua pátria por outro caminho.
Herodes e os Magos...
que distinto protagonismo o dia da Epifania!
Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C.
Epifania
é uma palavra grega que quer dizer “manifestação”. Deus pretendia nesse dia ao
fazer-se homem manifestar-se como salvador dos homens. E fez isso por ordem.
Primeiro se manifestou aos judeus, na pessoa dos pastores. Depois, hoje, aos
pagãos. O que nos pede? Fe. Com a fé, adoraremos nessa carne mortal o Verbo de
Deus. Com a fé, na sua infância descobriremos a sabedoria. Com a fé, nas suas
faixas veremos o Rei dos reis. E com a fé, na sua realidade de homem o Senhor
da glória.
Em
primeiro lugar, vejamos Herodes que deu a ordem de busca, captura e degolação
de Jesus. Herodes o grande pela suntuosidade das suas construções: palácios,
fortalezas, jardins, hipódromos, estádios, o mesmo templo de Jerusalém. Grande
por sanguinário: afogou como traição o seu cunhado Aristóbulo na piscina de
Jericó no ano 30; matou a sua sogra Alessandra, o seu cunhado Hostobar, o seu
filho Alexandre e o seu filho Antipatros, com só cinco dias da sua morte.
Terminou com um câncer demolidor, cujo cheiro fétido invadia as moradas do
palácio. Grande pelos seus adultérios, pois amou 10 mulheres e se casou com
todas elas, mas não que Marianne, tanto que a decapitou por ciúmes. E mandou os
criados dar vozes ao seu nome pelos corredores e salões, de dia e de noite,
para sugestioná-lo que ainda vivia. Esse é Herodes o grande que quis matar
Jesus. E por Jesus veio neste mundo. Herodes, acolhe Cristo no teu coração!
Em
segundo lugar, vejamos agora os Magos, que se colocaram em caminho para adorar
Jesus. Viram uma estrela, linguagem comum para eles. Puseram-se em caminho
motivados pela fé e pela fome de Deus e de repostas transcendentes. Sortearam
as dificuldades com a vontade. E chegaram à cova de Belém. E ali entraram, e
encontraram Jesus, Maria e José. Prostraram-se diante do Menino Deus e lhe
ofereceram os seus presentes: ouro por ser Rei, incenso por ser Deus e mirra
por ser Homem. Portanto, rei dos judeus, rei de todos. Messias para os judeus,
messias para todos. Salvador dos judeus, salvador do mundo. Deus dos judeus,
Deus de todos e para todos. Epifania: Fim do exclusivismo judeu. Deus,
portanto, igualmente de amancebados, santos ou canalhas, ignorantes,
exploradores e explorados, trapaceiros e prostitutas, ciganos e paios,
terroristas e guardas, ditadores e democratas, russos e americanos... Deus é
exclusiva de ninguém, nem sequer da Igreja. Isto é e significa Epifania.
Obrigado, Senhor, porque de pagão me fizestes cristão!
Finalmente,
o que aprender desta festa? Com perigos, sem perigos e apesar dos perigos, o
homem -igual que os Magos- tem que ir ao encontro de Deus e que, que o busca,
com estrela ou sem estrela, o encontra-entre outras coisas porque Deus é mais
íntimo ao homem que o homem mesmo. E essa é a mensagem soberana da Epifania ou
apresentação de Jesus na sociedade pagã ou natal dos pagãos. Assim como o do 24
foi o Natal dos judeus. Que pena que Herodes, pagão, não quis entrar na festa
do Natal, e preferiu viver e morrer pagão. Mas que conste que Cristo veio
também para ele. Pagãos todos, vinde correndo a Belém, pois hoje é o dia da
vossa festa e vos espera o vosso Salvador e Senhor para vos abrir o seu coração
cheio de ternura e misericórdia!
Para
refletir:
1. Sei descobrir as “estrelas” que Deus me mandou
para colocar-me em caminho a Cristo e me encontrar com Ele?
2.
Diante das dificuldades do caminho, o que faço: dou meio volta ou continuo,
renovando a minha fé e a minha esperança?
3.
E ao chegar diante de Cristo, sou generoso para dar o melhor que tenho e sou,
ou só dou as sobras?
4.
Ajudo os “pagãos” e os levo até Jesus?
Para
rezar: Jesus,
trago-vos o meu ouro, pois sois o meu rei. Trago-vos o meu incenso para
oferecê-lo em sacrifício cheiroso da minha vida. Trago-vos a minha mirra para
embalsamar o meu corpo junto com o vosso na espera da ressurreição.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
«Virão
adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.» Sl 71
A
liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens… Ele é
uma “luz”, que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da
terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz”
encarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao
encontro da salvação, da vida definitiva.
A
primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que
transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
No
Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os
“magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra… Atentos aos
sinais da chegada do Messias, procuram-no com esperança até o encontrar,
reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-no como “o Senhor”. A salvação
rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece
a todos os homens, sem exceção.
A
segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai
atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de
irmãos – a comunidade de Jesus.
O
episódio da visita dos magos ao menino de Belém é um episódio simpático e terno
que, ao longo dos séculos, tem provocado um impacto considerável nos sonhos e
nas fantasias dos cristãos… No entanto, convém recordar que estamos, ainda, no
âmbito do “Evangelho da Infância”; e que os fatos narrados nesta secção não são
a descrição exata de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus e
a sua missão… Por outras palavras: Mateus não está, aqui, interessado em
apresentar uma reportagem jornalística que conte a visita oficial de três
chefes de estado estrangeiros à gruta de Belém; mas está interessado em
(recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os primeiros cristãos)
apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de
Deus aos homens de toda a terra.
A
análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação do autor
(Mateus) não é de tipo histórico, mas catequético.
Notemos,
em primeiro lugar, a insistência de Mateus no fato de Jesus ter nascido em
Belém de Judá (vers. 1.5.6.7). Para entender esta insistência, temos de
recordar que Belém era a terra natal do rei David e que era a Belém que estava
ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém, é ligá-lo a esses
anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que
havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o reino ideal de
seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que pensavam que Jesus
tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para o reconhecerem como
o Messias libertador.
Notemos,
em segundo lugar, a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu por
esta altura e que conduziu os “magos” para Belém. A interpretação desta
referência como histórica levou alguém a cálculos astronômicos complicados para
concluir que no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenômeno
luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura
de um cometa que, por esta época, devia ter sulcado os céus do antigo Médio
Oriente… Na realidade, é inútil procurar nos céus a estrela ou cometa em causa,
pois Mateus não está a narrar fatos históricos. Segundo a crença popular da
época, o nascimento de um personagem importante era acompanhado da aparição de
uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela
que surge de Jacob (Nm 24,17). Ora, é com estes elementos que a imaginação de
Mateus, posta ao serviço da catequese, vai inventar a “estrela”. Mateus está,
sobretudo, interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos
seguros para rebater aqueles que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos,
ainda, as figuras dos “magos”. A palavra grega “magos” usada por Mateus abarca
um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas:
mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos…
Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmicos, em contato com o messianismo
judaico. Seja como for, esses “magos” representam, na catequese de Mateus,
esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que
se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para
encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na
opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa “luz”.
Além
de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas
atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel
rejeita Jesus, enquanto que os “magos” do oriente (que são pagãos) o adoram;
Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do
menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria
e reconhecem em Jesus o seu Salvador.
Mateus
anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai ser
acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O
itinerário seguido pelos “magos” reflete a caminhada que os pagãos percorreram
para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus é
a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para o encontrar,
perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram
Jesus e adoram-no como “o Senhor”. É muito possível que um grande número de
pagão-cristãos da comunidade de Mateus descobrissem neste relato as etapas do
seu próprio caminho em direção a Jesus.
Considerar
as seguintes questões:
•
Em primeiro lugar, meditemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos
apresenta em confronto com Jesus: os “magos”, Herodes, os príncipes dos
sacerdotes e os escribas do povo… Diante de Jesus, o libertador enviado por
Deus, estes distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a
adoração (os “magos”), até à rejeição total (Herodes), passando pela
indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao
encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados).
Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil “conhecer as Escrituras”,
como profissionais da religião e, depois, deixar que as propostas e os valores
de Jesus nos passem ao lado?
•
Os “magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na
“estrela” o sinal da chegada da libertação… Somos pessoas atentas aos “sinais”
– isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa
vida à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” que aparecem no nosso
caminho a vontade de Deus?
•
Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “magos”: viram a
“estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos
capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao
nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem?
Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz
através dos irmãos?
•
Os “magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo,
que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele.
É a imagem da Igreja – essa família de irmãos, constituída por gente de muitas
cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
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