«O Menino crescia e
tornava-se robusto, enchendo-Se de sabedoria»
Não
é por acaso que a Festa da Sagrada Família se celebra na quadra natalícia. Foi
no seio de uma família que Deus se fez homem, cresceu e se encheu de sabedoria.
Uma família onde todos nos fazemos homens, foi também para o nosso Deus escola
de humanidade. Seguindo a prescrições da Lei, Maria e José apresentaram Jesus
no templo, consagrando-O ao Senhor. Fica, assim, em evidência a sua humanidade
e a sua divindade.
A
família de Deus não gozou de maiores privilégios, como nos recorda Simeão; pelo
contrário, ter a Deus por perto significa reger-se pelos seus critérios e
preparar-se para as consequências do “sinal de contradição”, como se revelará a
vida de Jesus. No entanto, este Menino que depressa será Homem e se empenhará
por cumprir o projeto do Pai, levanta-nos o véu das atitudes a seguir:
deixa-nos o exemplo de Maria e José, que cumprem as suas obrigações para com
Deus; apresenta-nos Simeão, como homem justo e piedoso, em espera perseverante
de Deus; e Ana, uma servidora fervorosa de Deus, noite e dia.
Textos: Eclo 3, 3-7.14-17; Col 3, 12-21; Lc
2, 20-40
Evangelho
(Lc 2, 22-40) - Ao chegarem os dias da
purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,
para o apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o
filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em
sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor.
Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava
a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo
revelara-lhe que não morreria entes de ver o Messias do Senhor; e veio ao
templo movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para
cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em
seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa
palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa
salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às
nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam
admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua
Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em
Israel e para ser sinal de contradição; - e uma espada trespassará a tua alma –
assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma
profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada
e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta
e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e
orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a
falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para
a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-se robusto,
enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
A Sagrada Família de
Nazaré é modelo, alento e força para todas as nossas famílias.
Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C.
Esta
festa é recente e foi estabelecida faz pouco mais de um século pelo papa Leão
XIII para dar às famílias cristas um modelo evangélico de vida, virtudes
domesticas e de união no amor, para que depois das provas desta vida possam gozar
no céu da eterna companhia de Deus e da Sagrada Família de Nazaré.
Em
primeiro lugar, todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje sofrem algumas
das nossas famílias, que colocou em evidencia o sínodo extraordinário da família
em outubro de 2014: famílias fragmentadas, feridas, quebradas, em necessidades
de pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e externas.
Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na educação dos
filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os reduzidos
tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores disgregados
como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da prática abortiva.
O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os filhos como objetos
de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo os seus desejos.
Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas de dependência
sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões livres ou em
segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O que fazer
diante destes desafios?
Em
segundo lugar, hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família para que nos
digam o segredo para formar uma família ideal e possamos lançar luz nestes
desafios. Quando Paulo VI esteve em Nazaré tirou umas anotações ou lições da
Sagrada Família de Nazaré, a modo de fotografia. “Primeiro, lição de silêncio.
Renasça em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável
condição do espírito; em nós, atordoados por tantos ruídos, tantos estrépitos,
tantas vozes da nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. Silêncio de
Nazaré, ensinai-nos o recolhimento, a interioridade, a aptidão de prestar
atenção às boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres; ensinai-nos a
necessidade e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e
interior, da oração que Deus só vê secretamente. Segundo, a lição da vida doméstica.
Que Nazaré nos ensine o que é a família; a sua comunhão de amor, a sua simples
e austera beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; ensine quão doce
insubstituível é a sua pedagogia; ensine quão fundamental e insuperável a sua
sociologia. E terceiro, lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “Filho do
Carpinteiro”, como queríamos compreender e celebrar aqui a lei severa, e
redentora da fatiga humana; recompor aqui a consciência da dignidade do
trabalho; recordar aqui como o trabalho não pode ser fim em si mesmo e como,
quanto mais livre e alto for, tanto serão, ademais do valor econômico, os
valores que tem como fim; saudar aqui os trabalhadores de todo o mundo e
mostrar-lhes o seu grande colega, o seu irmão divino, o Profeta de toda justiça
para eles, Jesus Cristo Nosso Senhor!”. (Homilia de Paulo VI, 5 de janeiro de 1964
em Nazaré).
Finalmente,
devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de Deus para a família. É
verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão do seio da sua família,
mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um descendente, de um herdeiro,
Cristo, ao redor do qual se formaria a família perfeita. E quando com braço
poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para constitui-los em povo, em
família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus constituiu depois a Igreja- novo
Israel- ao modo de uma família, com um Pai comum. Somos todos da família de
Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a mãe e os filhos. São Paulo na
segunda leitura de hoje nos dá a clave para edificar esta família de Jesus com
um único alicerce: o amor mútuo, feito humildade, afabilidade, paciência,
perdão, paz, gratidão, oração, respeito, obediência. O pai é a cabeça, a mãe é
o coração e os filhos são a coroa desses pais.
Para
refletir:
1.
O que é que mais impressiona da Sagrada Família de Nazaré?
2.
O que é que com mais urgência as nossas famílias deveriam aprender da Sagrada
Família de Jesus, José e Maria?
3.
Como deveria se comportar a Igreja com essas famílias que estão passando por
graves dificuldades?
Para
rezar: Sagrada Família de Nazaré: ensinai-nos
o recolhimento, a interioridade; dai-nos a disposição para escutar as boas
inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensinai-nos a necessidade do
trabalho de reparação, do estudo, da vida interior pessoal, da oração, que só
Deus vê no segredo; ensinai-nos o que é a família, a sua comunhão de amor, a
sua beleza simples e austera, o seu caráter sagrado e inviolável. Amém.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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