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domingo, 13 de outubro de 2013

Segunda-feira da 28ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Lc 11,29-32): Acorrendo as multidões em grande número, Jesus começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará juntamente com esta geração e a condenará, pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é mais do que Salomão. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão; pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está quem é mais do que Jonas».

Comentário: P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (San Domenico di Fiesole, Florencia, Italia)

Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal

Hoje, a voz doce ainda que severa de Cristo põe em guarda os que estão convencidos de já ter o bilhete para o Paraíso só porque dizem: «Jesus, és tão belo!». Cristo pagou o preço da nossa salvação sem excluir ninguém, mas é necessário observar algumas condições básicas. E, entre outras, está a de não pretender que Cristo faça tudo e nós nada. Isso seria não somente necedade, mas também perversa soberba. Por isso o Senhor usa hoje a palavra perversa: «Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas» (Lc 11,29). Dá-lhe o nome de perversa porque põe a condição de ver antes milagres espetaculares, para dar depois a sua eventual e condescendente adesão.

Nem diante dos conterrâneos de Nazaré acedeu, porque exigentes! pretendiam que Jesus assinalasse a sua missão de profeta e Messias com maravilhosos prodígios, que eles queriam saborear como espectadores sentados na poltrona de um cinema. Mas isso não pode ser: O Senhor oferece a salvação, mas só àquele que se sujeita a Ele mediante uma obediência que nasce da fé, que espera e cala. Deus pretende essa fé antecedente (que no nosso interior Ele mesmo pôs como uma semente de graça).

Uma testemunha contra os crentes que mantêm uma caricatura da fé será a rainha do sul, que se deslocou desde os confins da terra para escutar a sabedoria de Salomão e, acontece que «aqui está quem é mais do que Salomão» (Lc 11,31). Diz um provérbio que «não há pior surdo do que o que não quer ouvir». Cristo, condenado à morte, ressuscitará ao terceiro dia: a quem o reconheça, propõe-lhe a salvação, enquanto para os outros -regressando como um Juiz- não haverá nada a fazer, a não ser ouvir a condenação por incredulidade obstinada. Aceitemo-lo com fé e amor adiantados. O reconheceremos e nos reconhecerá como seus. Dizia o Servo de Deus Dom Alberione: «Deus não gasta a luz: acende as lâmpadas na medida que façam falta, mas sempre em tempo oportuno».

Reflexões de Frei Carlos Mesters OCarm

* O evangelho de hoje traz uma acusação muito forte de Jesus contra os fariseus e os escribas. Eles queriam que Jesus lhes desse um sinal, pois  não acreditavam nos  sinais  e  milagres que ele  estava  realizando. Esta acusação de Jesus continua nos evangelhos dos próximos dias. Ao meditarmos estes evangelhos, devemos tomar muito cuidado para não generalizar a acusação de Jesus como se fosse dirigida contra todo o povo judeu. No passado.a ausência deste cuidado contribuiu, lamentavelmente, para aumentar em nós cristãos o anti-semitismo que tantos males  trouxe à humanidade ao longo dos séculos. Em vez de levantarmos o dedo contra os fariseus do tempo de Jesus, é melhor olharmos no espelho dos textos para perceber neles o fariseu que vive escondido na nossa igreja e em cada um de nós, e que merece a mesma crítica da parte de Jesus.

*  Lucas 11, 29-30: O sinal de Jonas 
“Quando as multidões se  reuniram, Jesus começou a dizer: "Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”. O  evangelho  de  Mateus informa que eram os escribas  e  os  fariseus  que pediram um sinal (Mt 12,38). Queriamque Jesus realizasse para eles um sinal, um milagre, para que pudessem verificar se ele era mesmo o enviado de Deus conforme eles o imaginavam. Queriam que Jesus se submetesse aos critérios deles. Queriam enquadrá-lo dentro do esquema do messianismo deles. Não havia neles abertura para uma possível conversão. Mas Jesus não se submeteu ao pedido deles. O evangelho de Marcos diz que  Jesus,  diante  do pedido dos fariseus, soltou um profundo  suspiro (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. Pois não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. O único sinal que lhe será dado é o sinal de Jonas. “De fato, assim como Jonas foi um sinal para  os  ninivitas,  assim  também  será o  Filho do Homem para esta geração”. Como será este sinal do Filho do Homem? O evangelho de Mateus responde: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,40). O único sinal será  a  ressurreição de Jesus. Este é o sinal que,  futuramente,  vai  ser  dado  aos escribas e fariseus. Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles  que  nele acreditarem. O  sinal que converte não são os milagres, mas sim o  testemunho  de vida! 

*  Lucas 11,31: Salomão e a rainha do Sul  
A alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar a conversão da Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração,e a  condenará. Porque ela veio de uma  terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional doepisódio da Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se  usava  a  Bíblia  naquele  tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A  Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes para a interpretação  da  Bíblia, sobretudo para a Leitura Orante da Palavra de Deus.

*  Lucas 11,32: Aqui está quem é maior do que Jonas  
Depois da digressão sobre Salomão e a Rainha de Sabá, Jesus volta a falar do sinal de  Jonas: “No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive  ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”.O povo de Nínive se converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a  incredulidade dos escribas e dos fariseus. Pois “aqui  está quem é maior do que Jonas”. Jesus é maior que Jonas, maior que Salomão. Para nós cristãos, ele é a chave principal para a escritura (2Cor 3,14-18).

Para um confronto pessoal
1)  Jesus criticou os escribas e os fariseus que chegavam a negar a evidência, tornando-se incapazes de reconhecer o apelo de Deus nos acontecimentos. E nós cristãos hoje, e eu: merecemos a mesma crítica de Jesus?
2) Nínive se converteu diante da pregação de Jonas. Os escribas e fariseus não se converteram. Hoje, os apelos da  realidade  provocam mudança e conversão nos povos do mundo inteiro: ameaça ecológica, urbanização que desumaniza, consumismo que  massifica e aliena, injustiças, violência, etc. Muitos de nós cristãos vivemos alheios a estes apelos de Deus que vem da realidade. 

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