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domingo, 30 de junho de 2013

Rumo às Festas do Carmo.


Irmãos e Irmãs
Já estamos nos aproximando de julho, mês dedicado a Nossa Senhora do Carmo. Muitas comunidades que têm a Virgem do Carmo como padroeira, preparam-se ansiosamente para a celebração das festividades em sua honra. Em nossa Província, temos a grande Festa do Carmo do Recife – de cuja cidade é padroeira, e onde está a sede de nossa Província; todavia, não podemos esquecer de outras festas – de menor porte, mas não tão menos expressivas – como a de João Pessoa e Campina Grande (PB); Carmópolis, Aracaju (Bairro Suissa) e São Cristóvão (SE); Goiana e Olinda (PE); Caririaçu (CE). Por outro lado, seria omissão, de nossa parte, esquecermos tantas outras comunidades por onde passaram as missões carmelitanas e onde foi plantada a devoção à Mãe do Carmelo. Lá existem grupos de leigos e leigas que mantêm viva a devoção à Virgem do Escapulário.

Em todos os lugares podemos contemplar muitas formas de expressão do amor filial à Virgem do Carmo, reforçados a cada ano. Temos os novenários ou tríduos, procissões, consagração e vestição do escapulário… Sem sombra de dúvida, as Festas do Carmo são ocasiões de maior expressividade da espiritualidade mariano-carmelitana, da unidade entre a Família Carmelitana, e da identidade Carmelita.

Aproveitamos a ocasião para, enquanto Província, motivar a todos a fim de que celebremos as festividades em honra à Virgem do Carmo, unindo-nos como Família Carmelitana e buscando renovar nosso seguimento a Jesus Cristo, através daquela que é Mãe, Irmã e Formosura do Carmelo.

Frei José Roberval Mendes Pereira, O. Carm.
Prior Provincial da Província Carmelitana Pernambucana.
Frei José Roberval Mendes Pereira, O. Carm. Prior Provincial da Província Carmelitana Pernambucanaemagrecer rapidamente

Segunda-feira da 13ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mt 8,18-22): Vendo uma grande multidão ao seu redor, Jesus deu ordem de passar para a outra margem do lago. Nisso, um escriba aproximou-se e disse: «Mestre, eu te seguirei aonde fores». Jesus lhe respondeu: «As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça». Um outro dos discípulos disse a Jesus: «Senhor, permite-me que primeiro eu vá enterrar meu pai». Mas Jesus lhe respondeu: «Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos».

Comentário: Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona, Espanha)

Segue-me

Hoje o Evangelho apresenta-nos —  de dois personagens— uma qualidade do bom discípulo de Jesus: o desprendimento dos bens materiais. Mas antes, o texto de São Mateus dá-nos um detalhe que não posso passar por alto: «Vendo uma grande multidão ao seu redor...» (Mt 8,18). As multidões se reúnem perto do Senhor para escutar a sua palavra, ser curados das suas doenças materiais e espirituais; buscam a salvação e um alento de Vida eterna no meio dos vaivens deste mundo.

Como então, algo parecido passa no nosso mundo de hoje em dia: todos — mais ou menos conscientemente— temos necessidade de Deus, de saciar o coração dos bens verdadeiros, como são o conhecimento e o amor de Jesus e uma vida de amizade com Ele. Se não, caímos na armadilha que quer encher o nosso coração de outros “deuses” que não podem dar sentido a nossa vida: o celular, Internet, as viagens, o trabalho sem medida para ganhar mais e mais dinheiro, o automóvel que seja melhor que o do vizinho, o ginásio para conseguir o corpo mais esbelto do país... É o que passa a muitos atualmente.

Em contraste, ressoa o grito do Papa João Paulo II que com força e confiança disse à juventude: «Se pode ser moderno e profundamente fiel a Jesus». Para isso é preciso, como o Senhor, o desprendimento de tudo o que nos ata a uma vida por demais materializada e que fecha as portas ao Espírito.

«O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça (...). Segue-me» (Mt 8,22), é o que nos diz o Evangelho de hoje. São Gregório Magno recorda-nos: «Tenhamos as coisas temporais para o uso, as eternas no desejo; sirvamo-nos das coisas da terra para o caminho, e desejemos as eternas para o fim da jornada». É um bom critério para examinar o nosso seguimento de Jesus.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* Durante três semanas, meditamos os capítulos 5 a 8 do Evangelho de Mateus. Dando seqüência à meditação do capítulo 8, o evangelho de hoje trata das condições do seguimento de Jesus. Jesus decidiu ir para o outro lado do lago e uma pessoa pediu para poder segui-lo (Mt 8,18-22).

* Mateus 8,18: Jesus manda passar para o outro lado do lago
Jesus tinha acolhido e curado todos os doentes que o povo havia trazido até ele (Mt 8,16). Muita gente juntou-se ao redor dele. À vista desta multidão, Jesus decidiu ir para a outra margem do lago. No evangelho de Marcos, do qual Mateus tirou grande parte das suas informações, o contexto é outro. Jesus acabava de terminar o discurso das parábolas (Mc 4,3-34) e dizia: “Vamos para o outro lado!” (Mc 4,35), e, do jeito que ele estava no barco, de onde tinha feito o discurso (cf. Mc 4,1-2), os discípulos o levaram para o outro lado. De tão cansado que estava, Jesus deitou e dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38).

* Mateus 8,19: Um doutor da Lei quer seguir Jesus
No momento em que Jesus decide fazer a travessia do lago, um doutor da lei se aproxima e diz: "Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata do mesmo assunto, mas de um jeito um pouco diferente. Conforme Lucas, Jesus tinha decidido ir para Jerusalém onde seria preso e morto. Tomando o rumo de Jerusalém, ele entrou no território da Samaria (Lc 9,51-52), onde três pessoas pedem para poder segui-lo (Lc 9,57.59.61). Em Mateus, que escreve para judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da lei. Mateus acentua o fato de uma autoridade dos judeus reconhecer o valor de Jesus e pedir para ser discípulo. Em Lucas, que escreve para pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas acentua a abertura ecumênica de Jesus que aceita também não judeus como discípulos.

* Mateus 8,20: A resposta da Jesus ao doutor da Lei
A resposta de Jesus é idêntica tanto em Mateus como em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: "As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça". Quem quer ser discípulo de Jesus deve saber o que faz. Deve examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cf. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).

* Mateus 8,21: Um discípulo pede para poder enterrar o falecido pai
Em seguida, alguém que já era discípulo pede licença para poder enterrar seu falecido pai: "Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai". Com outras palavras, ele pede que Jesus adie a travessia do lago para depois do enterro do pai. Enterrar os pais era um dever sagrado dos filhos (cf Tb 4,3-4).

* Mateus 8,22: A resposta de Jesus
Novamente, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não adiou sua viagem para o outro lado do lago e diz ao discípulo: "Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. Quando Elias chamou Eliseu, ele permitiu que Eliseu voltasse para casa para despedir-se dos pais (1Reis 19,20). Jesus é bem mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus convém lembrar que a expressão Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos era um provérbio popular usado pelo povo para significar que não se deve gastar energia em coisas que não tem futuro e que não tem nada a ver com a vida. Um provérbio assim não pode ser tomado ao pé da letra. Deve-se olhar o objetivo com que foi usado. Assim, aqui no nosso caso, por meio do provérbio Jesus acentua a exigência radical da vida nova para qual ele chama as pessoas e que exige abandonar tudo para poder seguir Jesus. Descreve as exigências do seguimento de Jesus.

* Seguir Jesus. Como os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles "seguem Jesus". Seguir era o termo que se usava para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. Para os primeiros cristãos, Seguir Jesus significava três coisas muito importantes, ligadas entre si:
1. Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e recriado na vida do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Na "escola de Jesus" só se ensinava uma única matéria: o Reino, e este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus.
2. Participar do destino do Mestre: Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e "estar com ele nas sua provações" (Lc 22,28), inclusive nas perseguições (Mt 10,24-25) e na cruz (Lc 14,27). Devia estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16).
3. Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, o seguimento assume esta terceira dimensão: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do seguimento, fruto da ação do Espírito. Os cristãos procuravam refazer em suas vidas o caminho de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11).

Para um confronto pessoal
1) Ser discípulo, discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo o seguimento de Jesus?

2) As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. Como viver hoje esta exigência de Jesus?

sábado, 29 de junho de 2013

UM RETRATO DE SÃO PEDRO

Pedro de pescador de peixes se transformou em pescador de homens (Mc 1.7). Era casado (Mc 1, 30). Homem bondoso, muito humano. Era levado naturalmente a liderar seus companheiros, os doze primeiros discípulos de Jesus. Jesus respeito esta tendência natural e fez de Pedro o animador de sua primeira comunidade (Jo 21.17).
Antes de entrar na comunidade de Jesus, Pedro se chamava Simão bar Jonas (Mt 16, 17), isto Simão filho de Jonas. Jesus lhe deu o apelido de Cefas ou Pedra, que depois se tornou Pedro (L 6, 14).
Por natureza, Pedro podia ser tudo, menos pedra. Era corajoso no falar, mas na hora do perigo deixava-se levar pelo medo e fugia. Por exemplo, certa vez quando Jesus chegou caminhando sobre as águas, Pedro pediu: “Jesus, posso também eu vir contigo sobre as águas?” Jesus lhe respondeu: “Pode vir, Pedro!” Pedro, deixando o barco, começou a caminhar sobre as águas. Mas quando veio uma onda mais alta do normal, ficou com medo, começou a afundar e gritou: “Salva-me, Senhor!” Jesus o agarrou e o salvou (Mt 14,28-31).
Na última ceia, Pedro disse a Jesus “Eu nunca vou te renegar, Senhor!” (Mc 14, 31); mas poucas horas depois, no palácio do sumo sacerdote, diante de uma empregada, quando Jesus já tinha sido preso, Pedro negou com juramento de ter alguma relação com Jesus (Mc 14,66-72).
No jardim das Oliveiras, quando Jesus foi preso, ele chegou mesmo a pegar uma espada (Jo 18.10), mas depois fugiu, deixando Jesus sozinho (Mc 14,50). Por natureza, Pedro não era pedra! No entanto, este Pedro tão fraco e tão humano, tão igual a nós, tornou-se pedra, porque Jesus rezou por ele dizendo: “Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22,32). Por isso, Jesus podia dizer: “Tu é Pedra e sobre esta pedra eu construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Jesus o ajudou a ser pedra.
Após a ressurreição, na Galileia, Jesus apareceu a Pedro e lhe perguntou duas vezes: “Pedro, tu me amas?” E Pedro respondeu duas vezes: “Senhor, tu sabes que eu te amo” (Jo 21,15.16). Quando Jesus a mesma pergunta pela terceira vez, Pedro ficou triste. Deve ter lembrado o fato de ter renegado o Mestre por três vezes. À terceira pergunta, ele respondeu: “Senhor, tu sabes tudo! Tu sabes que te amo!” E foi naquele momento que Jesus lhe confiou o cuidado de suas ovelhas, dizendo: “Pedro, apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21, 17).
Com a ajuda de Jesus a firmeza da pedra ia crescendo em Pedro e se revelou no dia de Pentecostes. No dia de Pentecostes, depois da descida do Espírito santo, Pedro abriu a porta da sala, onde todos estavam reunidos, a portas fechadas por medo dos judeus (Jo 20, 19), animou-se de coragem e começou o anúncio da Boa Nova de Jesus ao povo (At 2,14-40). E não parou mais! Por causa deste anúncio corajoso da ressurreição, dói preso (At 4,3). As autoridades religiosas lhe proibiram de anunciar a boa nova (At 4,18), ma, Pedro nem ligou. Ele dizia: “Nós pensamos que devemos obedecer mais a Deus que aos homens!” (At 4,19; 5,29). Foi novamente preso (At 5,18.26). Foi chicoteado (At 5,40). Mas ele disse: “Muito obrigado! Mas nós continuaremos!” (cfr. At 5,42).

A tradição conta que, no final da vida, quando morava em Roma, teve ainda um momento de medo. Mas depois voltou atrás; foi preso e condenado a morrer na cruz. Ele pediu, porém, para ser crucificado com a cabeça para baixo. Pensava que não era digno de morrer igual a Jesus. Pedro foi fiel a si mesmo até o fim! 

Oração pelo Papa
Ó Jesus, Rei e Senhor da Igreja: renovo, na vossa presença, a minha adesão incondicional ao vosso Vigário na terra, o Papa Francisco. Nele, quisestes mostrar o caminho seguro e certo que devemos seguir, em meio à desorientação, à inquietude e ao desassossego. Creio firmemente que, por meio dele, vós nos govemais, ensinais e santificais, e que, sob o seu cajado, formamos a verdadeira Igreja: una, santa, católica e apostólica.

Concedei-me a graça de amar, viver e propagar, como filho fiel, os seus ensinamentos. Cuidai de sua vida, iluminai a sua inteligência, fortalecei o seu espírito, defendei-o das calúnias e da maldade. Aplacai os ventos erosivos da infidelidade e da desobediência, e concedei que, em tomo a ele, a vossa Igreja se conserve unida, firme na fé e nas obras, e seja assim o instrumento da vossa redenção. Assim seja.

29 de Junho: São Pedro e São Paulo, apóstolos

As orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.

Evangelho (Mt 16,13-19): Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: «Quem é que as pessoas dizem ser o Filho do Homem?». Eles responderam: «Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas». «E vós», retomou Jesus, «quem dizeis que eu sou?». Simão Pedro respondeu: «Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». Jesus então declarou: «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus».

Comentário: Mons. Pere TENA i Garriga Bispo Auxiliar Emérito de Barcelona (Barcelona, Espanha)

Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo

Hoje é um dia consagrado pelo martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo. «Pedro, primeiro predicador da fé; Paulo, mestre esclarecido da verdade» (Prefácio). Hoje é um dia para agradecer à fé apostólica, que é também a nossa, proclamada por estas duas colunas com sua prédica. É a fé que vence ao mundo, porque crê e anuncia que Jesus é o Filho de Deus: «Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!» (Mt 16,16). As outras festas dos apóstolos São Pedro e São Paulo vêem outros aspectos, mas hoje contemplamos aquele que permite nomeá-los como «primeiros predicadores do Evangelho» (Coleta): com seu martírio confirmaram seu testemunho.

Sua fé, e a força para o martírio, não lhes veio de sua capacidade humana. Jesus então lhe disse: Feliz é Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus (cf. Mt 16,17). Igualmente, o reconhecimento “daquele que ele perseguia” como Jesus o Senhor foi claramente, para Saulo, obra da graça de Deus. Em ambos os casos, a liberdade humana que pede o ato de fé se apóia na ação do Espírito.

A fé dos apóstolos é a fé da Igreja, uma, santa, católica e apostólica. Desde a confissão de Pedro em Cesareia de Felipe, «cada dia, na Igreja, Pedro continua dizendo: ‘Vós sois o Cristo, o Filho do Deus vivo!’» (São Leão Magno). Desde então até nossos dias, uma multidão de cristãos de todas as épocas, idades, culturas e, de qualquer outra coisa que possa estabelecer diferenças entre os homens, proclamou unanimemente a mesma fé vitoriosa.

Pelo Batismo e a Crisma estamos no caminho do testemunho, isto é, do martírio. É necessário que estejamos atentos ao “laboratório da fé” que o Espírito realiza em nós (João Paulo II), e que peçamos com humildade poder experimentar a alegria da fé da Igreja.


Este célebre texto «petrino» é estruturado ao redor de três símbolos principais:

O primeiro é representado pela PEDRA que se relaciona com o nome aramaico Kefa, atribuído por Jesus a Simão (v. 18). No mundo bíblico e semítico a mudança de nome implica a mudança do destino e da realidade de uma pessoa. Simão torna-se, então, a rocha sobre a qual Jesus lança os alicerces da construção da Igreja, da qual, porém, ele será sempre «pedra angular» insubstituível. Cristo e Pedro têm uma tarefa paralela e interligada por um laço de participação.

As CHAVES, o segundo símbolo, são sinal de responsabilidade e mando sobre uma casa (v. 19). São, portanto, a imagem eficaz de um poder que do Cristo é transmitido a Pedro; ele não é fundador e o soberano do Reino, mas o responsável imediato que deve exercer o poder como delegado.

 O terceiro símbolo encontra-se presente no BINÔMIO LIGAR E DESLIGAR (v. 19), um binômio reservado, sobretudo, às licenças e às proibições no campo do ensino e da moral. O apóstolo é chamado, pois, a ensinar, a evangelizar e a decidir a qualidade moral das escolhas humanas à luz da palavra de Cristo (Jo 20,23).

As opiniões do povo e dos discípulos sobre Jesus.
Jesus quer saber a opinião do povo sobre ele. As respostas são as mais variadas: João Batista, Elias, Jeremias, um dos profetas. Quando Jesus pede a opinião de seus discípulos, Pedro em nome de todos afirma: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Esta resposta de Pedro não é nova. Anteriormente, após a caminhada sobre as águas, os outros discípulos já tinham feito semelhante profissão de fé “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!” (Mt 14,33). É o reconhecimento que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento. No Evangelho de João a mesma profissão de fé sai dos lábios de Marta: “Tu és o Cristo, Filho de Deus que veio ao mundo” (Jo 11, 27).

A resposta de Jesus a Pedro: Feliz és tu, Pedro!
Jesus proclama “feliz” Pedro, porque recebeu uma revelação do Pai. Também aqui a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente Jesus tinha feito uma idêntica proclamação de felicidade aos discípulos porque viam e ouviam coisas que Deus, através de Jesus, revelava aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25). Pedro é um dos pequenos aos quais o Pai se revela. A percepção da presença de Deus em Jesus não “vem da carne nem do sangue”, ou seja, não é fruto de estudo nem é merecimento de um esforço humano, mas é um dom que Deus concede a quem quer.

As qualificações de Pedro. Ser pedra de fundamento e tomar posse das chaves do Reio.

Ser Pedra - Pedro deve ser pedra, isto é deve ser base sólida para a Igreja, ao ponto que ela possa resistir contra os assaltos das portas do s infernos. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades que sofrem e são perseguidas na Síria e na Palestina, que viam em Pedro a liderança que as tinha distinguido na origem. Apesar de serem fracas e perseguidas, elas possuem um alicerce sólido, garantido pelas palavras de Jesus. Naquele tempo as comunidades cultivavam uma relação afetiva muito forte com os chefes que tinham dado origem à comunidade. Assim as comunidades da Síria e da Palestina mantinham sua ligação com a pessoa de Pedro. Aquelas da Grécia, com a pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia com a pessoa do Discípulo amado e outras com a pessoa de João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes de suas origens as ajudava melhor a cultivar melhor a própria identidade e espiritualidade. Mas podia também ser motivo de conflito, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12).
Ser pedra como fundamento da fé lembra a palavra de Deus ao povo no exílio de Babilônia: “Escutai o que digo, vós que procurais a justiça, que buscais o Senhor, olhai bem para a rocha de onde fostes tirados, reparai o talho de onde fostes cortados. Observai Abraão, vosso pai, e também Sara que vos deu à luz! Ele estava só, quando o chamei, mas quando o abençoei, eu o multipliquei”. (Is 51,1-2). Aplicada a Pedro, esta realidade de pedra-fundamento indica um novo início do povo de Deus.

As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reio para ligar e desligar, isto é para reconciliar com eles e com Deus. O mesmo poder de ligar e desligar é dado às comunidades (Mt 18,8) e aos discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos sobre os quais o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação e o perdão (Mt 5,7.23-24.38-42.44-48; 6,14-15; 18,15-35). O fato é que nos anos 80 e 90 na Síria havia muitas tensões nas comunidades e divisões nas famílias por causa da fé em Jesus. Alguns o aceitavam como Messias e outros não, e isto fava origem a muitos contrastes e conflitos. Mateus insiste na reconciliação. A reconciliação era e continua sendo uma das tarefas mais importantes dos coordenadores e das coordenadoras das comunidades. Imitando Pedro, devem ligar e desligar, isto é agir para que exista realmente a reconciliação, aceitação mútua, construção da vida fraterna.

A Igreja: a palavra da Igreja, em grego ekklesia, aparece 105 vezes no Novo Testamento, quase exclusivamente nos Atos e nas Cartas. Só três vezes nos Evangelhos, e só em Mateus. A palavra significa “assembléia convocada” ou “assembléia escolhida”. Ela aponta o povo que se reúne, convocado pela Palavra de Deus, e procura viver a mensagem do Reino que Jesus nos trouxe. A Igreja ou comunidade não é o Reino, mas um meio e um sinal do Reino. O Reino é maior. Na Igreja, na comunidade, deve ou deveria aparecer aos olhos de todos o que acontece quando um grupo humano deixa Deus reinar e tomar posse de sua vida.

Jesus completa o que falta à resposta de Pedro, e este reage e não aceita.
Pedro tinha confessado: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Conforme a ideologia dominante do tempo, ele imaginava um Messias glorioso. Jesus o corrige: “É necessário que o Messias sofra e seja morto em Jerusalém”. Afirmando “é necessário”, ele deixa claro que o sofrimento já estava previsto nas profecias (Is 53, 2-8). Se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que aceita morrer. Não só o triunfo da glória, mas também o caminho da cruz! Mas Pedro não aceita a correção de Jesus e tenta dissuadi-lo.

• A resposta de Jesus a Pedro, uma pedra de tropeço.
A resposta de Jesus é surpreendente: “Afasta-te de mim, satanás! Tu és pedra de tropeço, porque não pensas como Deus.
“Atrás de mim!” Quem aponta a direção e o ritmo não é Pedro, mas Jesus. O discípulo deve seguir o mestre. Deve viver em conversão permanente. A palavra de Jesus era também uma mensagem a todos aqueles que dirigiam as comunidades. Eles devem “seguir” Jesus e não podem se colocar diante como Pedro queria fazer. Não são eles ou elas que podem apontar a direção ou o estilo. Ao contrário, como Pedro, em lugar de pedra de apoio, podem se tornar pedra de tropeço. Assim eram alguns líderes das comunidades no tempo de Mateus. Havia algumas ambiguidades. Assim como pode acontecer entre nós hoje!

Para um confronto pessoal
1. Novamente o Evangelho nos convida a ecoar as perguntas de Jesus. Quais as opiniões que na nossa comunidade existem sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquecem a comunidade ou prejudicam a caminhada?
2. E para você quem é Jesus? Não interessam aqui as respostas aprendidas durante a catequese, mas as respostas mais profundas e íntimas.
3. Pedro é "pedra" de duas maneiras: quais? Que tipo de pedra é a nossa comunidade? Qual a missão que resulta disso para nós?
4. Quem sou eu para Jesus? Qual o seu sentimento perante a Igreja na qual você professa a sua fé em Jesus?

LEITURAS DA PATRÍSTICA:


Dos Sermões de Santo Elredo, abade

Foi nosso Senhor quem tornou inabaláveis estas colunas

Vós sabeis, irmãos, como entre todos os apóstolos e mártires de nosso Senhor, estes dois, cuja solenidade hoje celebramos, parecem ter uma particular dignidade. Não é de admirar! Foi a eles que, de modo muito especial, o Senhor confiou a santa Igreja.

Com efeito, quando São Pedro proclamou que o Senhor era o Filho de Deus, este lhe respondeu: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (Mt 16, 18.19). Foi ainda o Senhor que, de certo modo, deu-lhe São Paulo por companheiro, como afirma o próprio Paulo: O mesmo que tinha preparado Pedro para o apostolado entre os judeus preparou também a mim para o apostolado entre os pagãos (Gl 2, 8). São eles que, através do profeta, o Senhor prometeu à santa Igreja, dizendo: A teus pais sucederão teus filhos (Sl 44 [45], 17). Os pais da santa Igreja são os santos patriarcas e profetas, os primeiros que ensinaram a lei de Deus e anunciaram a vinda de nosso Senhor. Se antes de sua vinda cessaram as profecias, isto se deve aos pecados do povo.

Veio, pois, nosso Senhor e, em lugar dos profetas, escolheu os santos apóstolos, realizando assim o que predissera o profeta: A teus pais sucederão teus filhos. Vede como ele declara ser a dignidade dos apóstolos bem maior que a dos profetas. Estes foram príncipes de um só povo, viveram em uma única nação e em uma só parte da terra; enquanto sobre os apóstolos, ele diz: Deles farás príncipes sobre toda a terra (Sl 44 [45], 17). Que terra existe, irmãos, onde não se reconheça o poder e a dignidade destes apóstolos?

São eles as colunas que, com a doutrina, a oração e o exemplo da própria paciência, sustentam a santa Igreja. Foi nosso Senhor quem tornou inabaláveis estas colunas. No começo eram muito frágeis, não podendo sustentar-se nem a si nem aos outros. Mas isso correspondia a um admirável desígnio de nosso Deus pois, se sempre tivessem sido fortes, outros poderiam pensar que esta graça provinha deles mesmos. Desse modo, nosso Senhor quis primeiramente mostrar quem eram eles para depois fortificá-los: todos então compreenderiam como provinda de Deus a força que possuíam.

Entretanto, visto que seriam os pais da Igreja e os médicos das almas enfermas, não podiam compadecer-se da fraqueza alheia se antes não houvessem feito análoga experiência em si mesmos. Assim tornaram-se sólidas as colunas da terra, isto é, da santa Igreja. De fato, como era frágil esta coluna, quer dizer, São Pedro, quando bastou a voz de uma criada para fazê-lo cair! Mas depois, o Senhor deu-lhe vigor ao interrogá-lo três vezes: Pedro, tu me amas?; ao que ele também por três vezes respondeu: Eu te amo. Convém notar que o Senhor, quando Pedro lhe responde: Eu te amo, de imediato acrescenta: Apascenta minhas ovelhas (cf. Jo 21, 15-17), como se quisesse dizer: demonstra o amor que tens por mim apascentando minhas ovelhas. Por isso, irmãos, não é sincero quem diz amar a Deus mas não quer apascentar suas ovelhas.
Sermo 16
(Patrologia Latina 195, 293-294)

Do Comentário sobre o Evangelho de São Mateus, de São Jerônimo, presbítero

Cristo transmitiu aos apóstolos a luz para que fossem chamados luz do mundo

Jesus retribui o testemunho que o Apóstolo Pedro dera sobre ele. Pedro havia dito: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16, 16). Sua profissão de fé sincera recebe a recompensa: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai (Mt 16, 17). O que carne e sangue não pôde te revelar, a graça do Espírito Santo te revelou. Portanto, sua profissão de fé mereceu-lhe um nome indicando que sua revelação proveio do Espírito Santo, de quem ele é também chamado filho. De fato, Bar Iona significa em nossa língua “filho da pomba”.

Quanto às palavras: Não foi carne e sangue quem te revelou isso, compara com a narrativa do Apóstolo, quando diz: Para que o anunciasse, não consultei carne e sangue (Gl 1, 16). Por carne e sangue ele designa aqui os judeus. Ainda nesta passagem, por outras palavras, mostra-se que não foi a doutrina dos fariseus, mas a graça divina que lhe revelou Cristo, o Filho de Deus.

Por isso te digo (Mt 16, 18). Por que afirma: Eu te digo? Porque me disseste: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo, eu também te digo não uma palavra inútil ou sem efeito, mas te digo, pois para mim, ter dito é ter feito: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja (Mt 16, 18).

Sendo ele mesmo a luz, transmitiu aos apóstolos a luz para que fossem chamados luz do mundo, bem como por outros nomes que o Senhor lhes deu. De igual modo, a Simão, que acreditava na Pedra que é Cristo, ele deu o nome de Pedro. E prosseguindo sua metáfora da pedra, disse-lhe com sinceridade: sobre ti eu construirei a minha Igreja.

E as forças do Inferno não poderão vencê-la (Mt 16, 18). Pela expressão forças do Inferno, eu entendo os vícios e pecados que seduzem os homens e os levam ao inferno. Portanto, ninguém creia que se trata de morte ou que os apóstolos não estariam submetidos à lei da morte, eles dos quais vemos resplandecer o martírio.
Homiliæ in Matthæum liber 3
 (Sources Chrétiennes 259, 14-16)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Formação Carmelita

PARTICIPANTES DA MISSÃO DE CRISTO

Do roteiro formativa da OTC de Faro, Portugal.

«Eu vim lançar o fogo sobre a terra e como quero que ele se ateie!» (Lc 12,49); «O amor de Cristo nos compele ao pensar que um só morreu por todos… Ele morreu por todos, para que os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou» (2 Cor 5,14s); «Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará também as obras que Eu faço e fará outras maiores, porque Eu vou para o Pai» (Jo 14,12); «Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como Ele andou» (1 Jo 2,6)

1. Vimos como a nossa vocação, enquanto cristãos batizados e enquanto Igreja, é Cristo, passando todo o processo de conversão pela nossa conformação ao Senhor, através de uma profunda união interior com Ele. Este chamamento, porém, não é vão, mas tem sentido, ou seja, indica um rumo, aponta uma direção, conduz a uma finalidade: a de ser continuadores da missão de Cristo.

A ela referiu-se o próprio Senhor: «O meu alimento consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e levar à plena realização a sua obra» (Jo 4,34). Que obra é essa? É a obra da salvação da humanidade (cf. Jo 3,16-17), mediante a reconciliação do homem com Deus (2 Cor 5,18-20), a fim de em Cristo «congregar na unidade os filhos de Deus que andam dispersos» (Jo 11,52).

É precisamente esta obra, consumada por Cristo na cruz (cf. Jo 19,28 s), que é a razão do Seu envio pelo Pai ao mundo, da Sua vinda e encarnação, numa palavra, da Sua missão. Foi esta mesma missão que o Pai Lhe confiou, que Jesus, uma vez consumada a obra da salvação da Sua parte e da parte de Deus (dimensão objetiva ou oferta da salvação), por sua vez nos confia e quer prolongar através de nós, membros do Seu Corpo, a fim de em nós, conosco e através de nós, levar a obra do Pai à sua plena realização, fazendo com que cada pessoa dela se torne beneficiário (dimensão subjetiva ou aceitação da salvação).

Foi para continuarmos a sua missão como colaboradores seus (cf. 1 Cor 3,9; 2 Cor 6,1) que o Senhor nos deu o Seu Espírito, o Qual nos enriquece com os dons e carismas que distribui por nós, tal como o vemos no dia de Páscoa: «Disse-lhes Jesus: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Tendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e a quem lhos retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,21-23).

É do chamamento a esta missão que decorre a necessidade de conversão e de completa renovação da nossa vida pelo Espírito de Deus, a fim de nos unirmos e conformarmos plenamente a Jesus Cristo, vivendo escondidos com Ele em Deus (cf. Col 3,3), de modo que os nossos desejos e pensamentos, critérios e sentimentos, gestos e palavras sejam de tal maneira seus que O deixemos passar e transparecer neles, a ponto de podermos dizer com S. Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gl 2,20).

2. Todos e cada um de nós, cristãos, somos chamados a assumir e desempenhar a nossa parte na missão de Cristo, isto é, a participar dela, cada qual segundo o dom da graça que lhe foi concedida (cf. 1 Pd 4,10), não nos podendo eximir a ela, sob a pena de cairmos no desprezo de nós mesmos e dos próprios homens: «Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no candelabro, para que alumie a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5,13-16). No mesmo sentido devem ser entendidas a parábola das minas e a dos talentos  (Mt 25,14-30; Lc 19,11-27).

Por isso a Regra afirma: «Pelo Batismo os leigos carmelitas tornam-se participantes da missão de Jesus Cristo, dando-lhe continuidade na Igreja, tornando-se assim como que “uma humanidade de acréscimo”, que se transforma em “louvor da sua glória” (cf. 1 Cf. B. Isabel da Trindade), Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, onde começa por invocar o Espírito Santo para que esta vocação se realize: «Ó Fogo consumidor, Espírito de amor, “descei sobre mim” (cf. Lc 1,35), a fim de que na minha alma se faça como que uma encarnação do Verbo e que eu seja para Ele como que uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o seu mistério» (cf. Obras completas, Avessadas 2008, 190s e Ef 1,12.14). Aos seculares é reconhecida “uma participação própria e absolutamente necessária” (AA 1) nesta missão» (RTOC 24). A missão na qual se prolonga a missão de Cristo, é própria de cada terceiro, sendo, por isso mesmo, indeclinável, intransferível, inalienável e inadiável.

3. Porque participa da missão de Cristo, em virtude do Batismo egraças à unção do Espírito Santo recebido, o terceiro também participa no tríplice ministério de sacerdote, profeta e rei do Senhor em que aquela se articula. É a cada uma destas dimensões que se referem os três números seguintes da Regra.

(1) «Em virtude do sacerdócio batismal e dos carismas recebidos, os seculares carmelitas são chamados à edificação da comunidade eclesial (AA 2-3) participando “consciente, ativa e fecundamente” (SC 20) na vida litúrgica da comunidade e empenhando-se para que a celebração se prolongue na vida concreta. Isto quer dizer que os frutos de seu encontro com Deus se manifestam em todas as suas atividades, orações e iniciativas apostólicas, e também na vida conjugal e familiar, no trabalho quotidiano, no repouso espiritual e corporal e até mesmo nas próprias privações da vida, quando suportadas com paciência (cf. LG 34) e – como nos ensinam os santos carmelitas – acolhidas de coração aberto» (ROTC 25). O terceiro participa do sacerdócio de Cristo, pois o sacerdote é aquele que tem acesso a Deus e se encontra com Ele, representando o povo e levando o povo para junto de Deus, sendo, ao mesmo tempo, aquele que leva Deus ao povo. O terceiro imita assim Maria na visitação, em Belém e na apresentação de Jesus no Templo.

(2) O terceiro também participa no múnus profético de Jesus Cristo, na medida em que, como Maria, escuta a Palavra de Deus – que lhe chega em gestos, acontecimentos, pessoas e palavras –, a acolhe com fé, a guarda e medita no coração com amor, os discerne e lê, caminhando, cheio de esperança, à sua luz, que deixa que se irradie sobre todos, transmitindo-lhes a Palavra e apontando a meta final do Reino de Deus: «Com a participação no múnus profético de Cristo e da Igreja, o terceiro empenha-se, nas diversas profissões e atividades seculares, por assimilar o Evangelho na fé, anunciando-o por meio de suas obras. O seu empenho chega ao ponto de denunciar o mal com coragem e sem vacilar (cf. CfL 14). Além disso, é chamado a participar seja no sentido da fé sobrenatural da Igreja, que não pode errar em matéria de fé (LG 12), seja na graça da Palavra (cf. At 2,17-18; At 9,10; CfL 14) » (ROTC 26).

(3) Porque unido a Cristo e animado pelo amor, o secular carmelita, animado pelo Espírito, coopera com Ele na grande obra de reconciliação da humanidade «segundo a riqueza da sua graça, que Ele derramou abundantemente sobre nós, infundindo-nos toda sabedoria e prudência, dando-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme o beneplácito que n’Ele lhe aprouve tomar para levar o tempo à sua plenitude: a de em Cristo recapitular todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra» (Ef 1,7-10) de modo que todas as realidades fiquem permeado pela presença de Cristo e, renovadas pela Sua graça, nele encontrem a raiz, fonte, unidade, coesão e plenitude para a qual foram criadas, de modo a que Cristo seja tudo em todos (Col 3,11): «Pela sua pertença a Cristo, Senhor e Rei do universo, o terceiro participa de seu múnus real pelo qual é chamado ao serviço do Reino de Deus e à sua expansão na história. A realeza de Cristo implica, antes de tudo, um combate espiritual para vencer em nós mesmos a tirania do pecado (cf. Rm 6,12). Mediante o dom de nós mesmos, empenhamo-nos em servir, na justiça e na caridade, o próprio Jesus presente em todos os irmãos e irmãs, sobretudo nos pequeninos (cf. Mt 25,40) e marginalizados. Isto significa dar à criação todo o seu valor originário. Ao conduzir as criaturas ao verdadeiro bem da humanidade com uma atividade fruto da vida de graça, o terceiro participa no exercício do poder com o qual Jesus Ressuscitado atrai a si todas as coisas (cf. CfL 17)» (ROTC 27). Imita assim a Virgem Maria nas bodas de Caná, que conduz todos a seu Filho Jesus, ensinando-os a caminhar à Sua luz, experimentando a fecundidade da Sua palavra: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2,5).

Só assim, cheio de zelo como Elias, levando pessoalmente a cabo, em comunhão com os irmãos, a missão que o Senhor lhe confia enquanto instrumento de comunhão e de reconciliação (cf. Mal 4,5s), o terceiro carmelita, vive realmente em obséquio de Jesus Cristo, servindo-o de coração puro e boa consciência, repleto do Espírito Santo, à imitação de Maria, nossa Irmã e nossa Mãe.

Sábado da 12ª Semana do Tempo Comum

As orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.

Evangelho (Mateus 8,5-17) - Naquele tempo, entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes. Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado. Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre. Tomou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los. Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos. Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje dá sequência à descrição das atividades de Jesus para mostrar como ele praticava a Lei de Deus, proclamada no Monte das Bem-aventuranças.  Após a cura do leproso do evangelho de ontem (Mt 8,1-4), segue agora a descrição de várias outras curas:

* Mateus 8,5-7: O pedido do centurião e a resposta de Jesus
Ao analisar os textos do evangelho, sempre é bom prestar atenção nos pequenos detalhes. O centurião é um pagão, um estrangeiro. Ele não pede nada, mas apenas informa a Jesus que seu empregado está doente e que sofre horrivelmente. Atrás desta atitude do povo frente a Jesus está a convicção de que não era necessário pedir as coisas a Jesus. Bastava comunicar-lhe o problema. Ele, Jesus, faria o resto. Atitude de ilimitada confiança! De fato, a reação de Jesus é imediata: “Vou com você para curar o seu empregado!”.

* Mateus 8,8: A reação do centurião
O centurião não esperava um gesto tão imediato e tão generoso. Não esperava que Jesus fosse até à casa dele. E a partir dá sua experiência como capitão tira um exemplo para expressar a fé e a confiança que tinha em Jesus. Ele disse: "Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. Pois eu também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz”. Esta reação de um estrangeiro diante de Jesus revela como era a opinião do povo a respeito de Jesus. Jesus era alguém no qual eles podiam confiar e que não rejeitaria quem a ele recorresse ou quem a ele revelasse seus problemas. Esta é a imagem de Jesus que o evangelho de Mateus até hoje comunica a nós, seus leitores e leitoras do século XXI.

* Mateus 8,10-13: O comentário de Jesus
O oficial ficou admirado com a reação de Jesus. Jesus ficou admirado com a reação do oficial: "Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel!” E Jesus previu o que já estava acontecendo na época em que Mateus escrevia o seu evangelho: “Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. Enquanto os herdeiros do Reino serão jogados nas trevas exteriores onde haverá choro e ranger de dentes." A mensagem de Jesus, a nova Lei de Deus proclamada no alto da Montanha das Bem-aventuranças, é uma resposta aos desejos mais profundos do coração humano. Os pagãos sinceros e honestos como o centurião e tantos outros que virão do Oriente ou do Ocidente, percebem em Jesus a resposta aos seus anseios e a acolhem. A mensagem de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Se hoje muitos se afastam da igreja ou procuram outras religiões, a culpa nem sempre é deles, mas pode ser de nós que não sabemos viver nem irradiar a mensagem de Jesus.

* Mateus 8,14-15: A cura da sogra de Pedro
Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. Ela estava doente. Na segunda metade do primeiro século, quando Mateus escreve, a expressão “Casa de Pedro” evocava a Igreja, construída sobre a rocha que era Pedro. Jesus entra nesta casa e cura a sogra de Pedro: “Jesus tocou a mão dela, e a febre a deixou. Ela se levantou, e começou a servi-los”. O verbo usado em grego é diakonew, servir. Uma mulher se torna diaconisa na Casa de Pedro. Era o que estava acontecendo nas comunidades daquele tempo. Na carta aos Romanos, Paulo menciona a diaconisa Febe da comunidade de Cencréia (Rm 16,1). Temos muito a aprender dos primeiros cristãos

* Mateus 8,16-17: A realização da profecia de Isaías
Mateus diz que “chegando a noite”, levaram a Jesus muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio. Por que só à noite? É que no evangelho de Marcos, de onde Mateus tirou sua informação, tratava-se de um dia de sábado (Mc 1,21), e o sábado terminava no momento em que aparecia a primeira estrela no céu. Aí, o povo podia sair de casa, carregar peso e levar os doentes até Jesus. E “Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes! Usando um texto de Isaías, Mateus ilumina o significado deste gesto de Jesus: “Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: "Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças." Deste modo, Mateus ensina que Jesus era o Messias-Servo, anunciado por Isaías (Is 53,4; cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Mateus fazia o que fazem hoje as nossas comunidades: usa a Bíblia para iluminar e interpretar os acontecimentos e descobrir neles a presença da palavra criadora de Deus.

Para um confronto pessoal
1) Compara a imagem que você tem de Jesus com a do centurião e do povo que andava atrás de Jesus.

2) A Boa Nova de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Como a Boa Nova de Jesus repercute em você, na sua vida e no seu coração?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

V Centenário do nascimento de Santa Teresa de Jesus.

Queridos irmãos no Carmelo.

   Estamos às vésperas das celebrações dos 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus (28 de março de 2015), patrona dos sodalícios da Ordem Terceira do Carmo.  
  Dentre as formas de celebrar esta data tão significativa para todos os terceiros carmelitas, estamos preparando uma peregrinação da imagem de nossa padroeira a partir do dia 15 do mês de outubro de 2013, por todos os sodalícios da nossa Província Carmelitana Pernambucana, pelas paróquias carmelitas das Dioceses de Aracaju e Estância, bem como das comunidades e congregações ligadas a Santa Teresa e ao Carmelo.

   Caso seu Sodalício ou Comunidade estejam interessados em fazer parte deste evento, entre em contato conosco para que possamos organizar o roteiro da peregrinação, pelo email: maglalmeida@hotmail.com

Sexta-feira da 12ª semana do Tempo Comum

As orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.

Evangelho (Mt 8,1-4): Quando Jesus desceu da montanha, grandes multidões o seguiram. Nisso, um leproso se aproximou e caiu de joelhos diante dele, dizendo: «Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me». Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: «Eu quero, fica purificado». No mesmo instante, o homem ficou purificado da lepra. Então Jesus lhe disse: «Olha, não contes nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferenda prescrita por Moisés; isso lhes servirá de testemunho».

Comentário: Rev. D. Xavier ROMERO i Galdeano (Cervera, Lleida, Espanha)

Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me

Hoje, o Evangelho nos mostra um leproso, cheio de dor e consciente de sua enfermidade, que chega a Jesus pedindo-lhe: « Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me» (Mt 8,2). Também nos, ao ver tão próximo o Senhor e tão longe de nossa cabeça, nosso coração e nossas mãos de seu projeto de salvação, teríamos que sentir-nos ávidos e capazes de formular a mesma expressão do leproso: «Senhor, se queres podes limpar-me».

Pois bem, se impõe uma pergunta: Uma sociedade que não tem consciência do pecado pode pedir perdão ao Senhor? Pode pedir alguma purificação? Todos conhecem muita gente que sofre e cujo coração está ferido, mas seu drama é que não sempre é consciente de sua situação pessoal. Apesar de tudo, Jesus continua passando para o nosso lado, a cada dia (cf. Mt 28,20), e espera a mesma petição: «Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos». No entanto, nos também devemos colaborar. Santo Agostinho nos lembra em sua clássica sentença: «Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti». É necessário, pois, que sejamos capazes de pedir ao Senhor que nos ajude, que queremos mudar com sua ajuda.

Alguém se perguntará: por que é tão importante notar, converter-se e desejar mudar? Simplesmente porque, do contrário, continuaríamos sem poder dar uma resposta afirmativa à pergunta anterior, na que dizíamos que una sociedade sem consciência do pecado dificilmente sentirá desejos ou necessidade de procurar o Senhor para formular sua petição de ajuda.

Por isso, quando chega o momento do arrependimento, o momento da confissão sacramental, é preciso desfazer-se do passado, das manchas que infectam nosso corpo e nossa alma. Não duvidemos: pedir perdão é um grande momento de iniciação cristã, porque é o momento em que nos cai a venda dos olhos. E se alguém nota a sua situação e não quer converter-se? Diz um ditado popular: «Não há pior cego do que aquele que não quer ver».

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Mateus 8,1-2: O leproso pede: “Senhor, basta querer para eu ser curado!”
Um leproso chega perto de Jesus. Era um excluído. Quem tocasse nele também ficava impuro! Por isso, os leprosos deviam viver afastados (Lv 13,45-46). Mas aquele leproso teve muita coragem. Ele transgrediu as normas da religião para poder entrar em contato com Jesus. Chegando perto, ele diz: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta o senhor querer para eu ficar curado!” Esta frase revela duas doenças:
1) a doença da lepra que o tornava impuro;
2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião.
Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus.

* Mateus 8,3: Jesus tocou nele e disse: Quero! Seja purificado
Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, antes de dizer qualquer palavra, ele toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Não tenho medo de ficar impuro tocando em você. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado!  O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um novo rosto de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso.

* Mateus 8,4: Jesus manda o homem conversar com os sacerdotes
Naquele tempo, para um leproso poder ser readmitido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura confirmado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico de plantão. Jesus obrigou o fulano a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver. Reintegra a pessoa na convivência fraterna. O evangelho de Marcos acrescenta que o homem não se apresentou aos sacerdotes. Pelo contrário, “assim que partiu, (o leproso) começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos (Mc 1,45). Por que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade? É que ele tinha tocado no leproso e tornou-se impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época. Por isso, agora, o próprio Jesus era um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a Jesus! Subversão total! O recado que Marcos nos dá é este: para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que impedem a fraternidade e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus.

* Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o anima por dentro! Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino. Ele mesmo é uma amostra, um testemunho vivo do Reino, uma revelação de Deus. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida.

Para um confronto pessoal
1) Em nome da Lei de Deus, os leprosos eram excluídos e não podiam conviver. Na nossa igreja existem costumes e normas não escritas que, até hoje, marginalizam pessoas e as excluem da convivência e da comunhão. Você conhece pessoas assim? Qual a sua opinião a respeito disso?

2) Jesus teve coragem de tocar no leproso. Você teria essa coragem?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

27 de junho - Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

O significado do Ícone

Muito venerado no Oriente desde tempos imemoriais, o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está entre as mais expressivas invocações a Maria, Mãe de Deus. O quadro original é uma pintura em estilo bizantino, sobre madeira, de 54 x 41,5cm, onde se entrelaçam a arte e a piedade, a elegância e a simplicidade.

A tradição popular narra que um comerciante teria roubado o quadro na ilha de Creta, no século XV, e o levado para Roma, de navio. Conta-se que, durante a viagem, uma forte tempestade colocou em perigo a vida dos passageiros e somente com a intervenção de Nossa Senhora eles conseguiram se salvar. Mais tarde, antes de morrer, o comerciante decidiu confiar o ícone a um amigo para que o levasse a uma igreja da cidade, a fim de devolvê-lo à veneração pública.

Então, o quadro foi entregue à igreja de São Mateus, onde permaneceu durante 300 anos. Com a invasão de Roma pelos franceses, em fins do século XVIII, a igreja foi destruída e os religiosos agostinianos que ali trabalhavam levaram o ícone para outro lugar, onde ficou guardado e esquecido.

Em 19 de janeiro de 1866, o Papa Pio IX confiou o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro aos missionários redentoristas, com a incumbência de torná-lo conhecido e amado em todo o mundo e de divulgar a devoção ao Perpétuo Socorro que Maria nos traz (i.é. Jesus), cuja festa é celebrada no dia 27 de junho.

Depois de restaurado, o ícone foi devolvido à veneração pública e entronizado solenemente na igreja de Santo Afonso, construída sobre as ruínas da antiga igreja de São Mateus e de São João de Latrão.

O quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro constitui um admirável ícone oriental. Com termos de origem grega (“eikón”), que significa imagem, pintura ou quadro. Trata-se de uma pintura sagrada, feita em madeira, segundo técnicas e tradições seculares. Os ícones podem representar Jesus Cristo, a Virgem Maria, os Anjos ou os Santos. Obedecem a normas bem precisas sob o ponto de vista artístico e teológico.

Possuem como fundamento a encarnação do Verbo de Deus. A encarnação é o mistério cristão básico no qual a Igreja reconhece que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se fez homem no seio da Virgem Santíssima por obra do Espírito Santo (Mt 1, 18-25;Lc 1, 26-38). Encarnando-se, o Filho de Deus tornou-se visível (Jo 1, 1-17; 6, 1-6). O ícone procura representar esse Deus divino e humano.

O ícone é uma espécie de sacramental, um sinal da graça, um auxílio para a vida espiritual dos cristãos. Assim como Jesus Cristo, Aquele que assume a história humana e torna-se a revelação concreta da Palavra de Deus, é a imagem de Deus invisível (Cl 1, 15; Heb 1,3), o ícone é a imagem artística e religiosa do Transcendente e Invisível, levando à oração e à meditação aqueles que o contemplam.

No quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, tudo tem seu significado: as cores, as legendas, as atitudes e até os detalhes.

O fundo todo do Quadro é de ouro, e dele esplendem reflexos cambiantes, matizando as roupas e simbolizando a glória do paraíso para onde iremos, levados pelo perpétuo socorro de Maria. ‘O quadro de N. Sra. do Perpétuo Socorro é a síntese da Mariologia”.

1 - No alto do quadro temos as letras gregas "MP ØY", que é a abreviação de "Mãe de Deus";
2 - Coroa. É um tributo aos muitos milagres feitos por nossa Senhora sob a advocação do "Perpétuo Socorro";
3 - Estrela no véu da Virgem. Ela é a Estrela do Mar, que trouxe a luz da luz ao mundo em trevas, a estrela que nos conduz ao porto seguro do Céu;
4 - Acima do anjo ao lado direito de Nossa Senhora está a abreviatura de "Arcanjo S. Miguel" em grego;
5 - O Arcanjo São Miguel apresenta a lança, a vara com a esponja, e o cálice da amargura;
6 - A boca de Maria é pequenina, pois no silêncio guardava tudo em seu coração;o ouvido direito está à vista como a indicar que Nossa Senhora escuta nossa oração.
7 - A túnica vermelha, distintivo das virgens no tempo de Nossa Senhora. Sinal de pureza, e também da força da fé;
8 - As mãos de Jesus apoiadas na mão de Maria, significando confiança e as graças que nos dá por ela; ela prende fortemente e mão esquerda do Menino (no Oriente identificada como a mão da punição, da justiça), mas deixa livre a mão direita (identificada como a mão da bênção e da proteção).
9 - Acima do anjo ao lado esquerdo de Nossa Senhora está a abreviatura de "Arcanjo S. Gabriel" em grego;
10 - Os olhos de Maria, grandes, voltados sempre para nós, a fim de acolher-nos e ver todas as nossas necessidades;
11 - O Arcanjo São Gabriel apresenta a cruz e os cravos, instrumentos da Paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo;
12 - As letras gregas "IC XC", que é a abreviaçao de "Jesus Cristo";
13 - Ao ver os instrumentos que o Arcanjo São Gabriel lhe traz, o menino Jesus se assusta e agarra-se à mãe;
14 - A mão esquerda de Maria sustentando Jesus: a mãe do consolo que Maria estende a todos que a ela recorrem nas lutas da vida; a mão direita da Virgem aponta para Jesus, indica Jesus como o nosso Perpétuo Socorro.
15 - A sandália desatada, presa por um fio. Nos desesperos da vida, assustados pelas dificuldades e medos, corremos o risco de perder-nos, mas nos resta ainda um fio, que nos liga à salvação;

16 - O manto azul de Nossa Senhora, símbolo das mães no tempo de Nossa Senhora, significando que ela é a Virgem-Mãe de Deus!