VIGILIA PASCAL (Lc
24,1-12)
Por que estais
procurando entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou.
Comentário: Fr. Austin NORRIS (Mumbai, India)
Hoje,
contemplamos a Glória do Senhor resplandecente em sua vitória sobre o
sofrimento e a morte. Uma vida nova é prometida a todos que buscam e crêem na
Verdade de Jesus. Ninguém será desapontado, como não se sentiram as mulheres
que «foram ao túmulo, levando os perfumes que tinham preparado» (Lc 24,1).
Os perfumes
e ungüentos que devemos carregar durante nossa existência são uma vida
espalhando a Palavra de Deus, quando Jesus encarnado disse: «Eu sou a
ressurreição e a vida. Quem crê em mim, [...], viverá. [...] não morrerá
jamais.» (Jo 11,25-26)
No meio de
nossa confusão e dor parecemos nos tornar míopes em visão, porque não
conseguimos ver além de nosso entorno imediato. E «por que estais procurando
entre os mortos aquele que está vivo?» (Lc 24,5) é um chamado a seguir Jesus e
a buscar a presença do Senhor no “aqui e agora”; em meio ao povo do Senhor e
seu sofrimento e for. Em sua carta pela Quaresma o Santo Padre Bento XVI
menciona como «De fato, a salvação é dom, é graça de Deus, mas para fazer
efeito na minha existência exige o meu consentimento, um acolhimento
demonstrado nos fatos, ou seja, na vontade de viver como Jesus, de caminhar
atrás Dele».
«Voltando
do túmulo» (Lc 24,9) de nossas misérias, dúvidas e confusões, nós, por outro
lado, somos capazes de dar a outros esperança e segurança neste vale de
lágrimas. A escuridão do sepulcro «dá lugar à brilhante promessa da
imortalidade.» (Prefácio da Missa dos Fiéis Defuntos). Que a glória do Senhor
Jesus nos mantenha de pé com os olhos fitando o céu, e que possamos sempre ser
considerados como um Povo Pascal. Que possamos passar de “Povo da Sexta-feira
Santa” a “Povo da Páscoa”.
Domingo de Páscoa
(Missa do dia)
Sérgio Paulo Pinto
«Viu e acreditou!»
Depois da
prisão de Jesus, do seu caminho para o calvário, da sua morte na cruz, da sua
sepultura… os discípulos ficaram desconcertados e desorientados. Tudo parecia
perdido, até o corpo de Jesus. Mas naquele primeiro dia da semana, em que Maria
Madalena foi ao sepulcro, deu-se início a um tempo novo, de Jesus ressuscitado
presente na vida dos seus. O sepulcro vazio, as ligaduras e tantas incertezas.
No entanto, onde todos encontram sinais de morte, o discípulo que mais se sente
amado acreditou. Ele não necessita de provas, sabe que Jesus vive, porque
continua a sentir-se amado com o mesmo amor… Não necessita tocar, porque se
sente continuamente tocado pelo amor de Jesus. E então vive agradecido, vive
provando o seu amor, vive transmitindo o mesmo amor aos irmãos.
Evangelho
Jo 20,1-9 - No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda
escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter
com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o
Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro
discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro
discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro
ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu
as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não
com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que
chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham
entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
MEDITAÇÃO:
No primeiro dia da
semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a
pedra retirada do sepulcro.
Naquela
Sexta-feira Santa, Jesus tinha sido sepultado à pressa, pois as luzes do
Sábado, o grande dia para os judeus, estavam prestes a despontar. Maria
Madalena tinha acompanhado Jesus no seu caminho doloroso e sangrento para o
calvário. Assistiu a tudo. Os seus olhos viram um Deus crucificado, um Deus que
se entregou por amor. Viu Jesus suspirar e morrer. Viu Jesus ser descido da
cruz e ser sepultado. Viu a pedra fechar o sepulcro e fechar os sonhos dos seus
discípulos. Tudo tinha acabado. Madalena queria completar a sepultura de Jesus.
Por isso, ainda mal tinha começado o dia, ainda escuro, foi ao sepulcro e viu a
pedra retirada… O que vira nos episódios da paixão, a dor no coração, as
lágrimas no rosto, a escuridão do dia e da fé, não a deixaram perceber Jesus
vivo. Madalena, e quantos de nós, procuramos entre os mortos aquele que está
vivo. A escuridão dos nossos dias, as lágrimas das nossas dores, ofuscam a
presença de Deus nas nossas vidas… Jesus veio trazer-lhes luz e vida.
Correu então e foi ter
com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o
Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».
Maria
Madalena, nos acontecimentos da paixão, viu como trataram Jesus, viu
tirarem-lhe as vestes, viu retirarem-lhe a sua dignidade e viu acabarem com a
sua vida. Foi detestável, foi demasiado. Agora, como se ainda não tivesse sido
suficiente, viu que retiraram o corpo de Jesus! Como não ficar desorientado?
Como não sentir-se desamparado? Não se atreveu sequer a entrar e concluiu,
precipitadamente, que levaram o corpo de Jesus. Na verdade, sem Jesus, a vida
do cristão é perfeita desorientação e continuaremos a sentir-nos desamparados.
Se continuarmos a procurar Jesus onde Ele não está, se deixamos que a escuridão
ofusque os nossos olhos e o nosso coração… nunca O encontraremos. Corremos,
corremos… à procura de razões para a nossa vida e para a nossa fé; e correr nem
sempre nos leva a Jesus.
Pedro partiu com o
outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro
discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro
ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Quando
“tocam” naquilo que de mais precioso temos, corremos disparados. Perante a
notícia de Maria Madalena “levaram o Senhor do sepulcro”, Pedro e João correm
apressados. Como se atreveram a tocar no “seu” Senhor? Já não chega? Se Jesus
estivesse bem no nosso coração… quanto correríamos nós para defendê-lo, quanto
correríamos? Pedro e João correm para perceberem a situação, mas João chega
primeiro. Podemos justificar facilmente que João era mais novo e correu mais
depressa, mas não nos podemos esquecer, também, que ele era o discípulo amado.
Quando muito amamos, não importam o cansaço e os sacrifícios. É necessário amar
Jesus, verdadeiramente, para correr sem cansaço, sem desânimos, por Ele e com
Ele. Estás disposto a isso nesta Páscoa?
Entretanto, chegou
também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no
chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as
ligaduras, mas enrolado à parte.
(Se o corpo tivesse sido roubado, os ladrões
teriam levado o corpo de Jesus enrolado, para não serem surpreendidos a
tirar-lhe as ligaduras e não teriam perdido tempo a enrolar o sudário, mas
tê-lo-iam levado também, pois era uma peça útil, para outras ocasiões).
Quem mais
ama chega sempre em primeiro, pois vê o que a outros leva mais tempo. Pedro
levou mais tempo no caminho até ao sepulcro de Jesus e mais tempo até acreditar
na sua ressurreição. Como é que é possível que Pedro não tivesse acreditado
imediatamente? Pedro, o grande apóstolo! Mas isso não foi impedimento para se
tornar num excelente testemunho do ressuscitado. Levou mais tempo que outros,
mas não lhes ficou atrás no amor a Jesus e no seu testemunho. É essa a lição
que devemos colher, a lição mais útil para a nossa vida cristã. Nós não
entramos no sepulcro de Jesus, não tocamos nas suas ligaduras, nem no seu
sudário, mas podemos chegar, também, à fé verdadeira no ressuscitado e sermos
autênticos testemunhos de Jesus, como Pedro. Estás disposto a isso nesta Páscoa?
Entrou também o outro
discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.
O discípulo
amado entrou, também, no sepulcro de Jesus. Viu e acreditou! Quem mais ama,
quem mais se sente amado por Jesus, mais facilmente chega à fé. Quem pouco ama,
desconfia, pede provas, necessita “tocar”; quem muito ama a Jesus e muito se
sente amado por Ele, não necessita de provas, sabe que Ele vive, porque
continua a sentir-se amado com o mesmo amor… Não necessita tocar, porque se
sente continuamente tocado pelo amor de Jesus. E então vive agradecido, vive
provando o seu amor, vive transmitindo o mesmo amor aos irmãos. Necessitamos
desta fé, precisamos de crentes que testemunhem o amor de Deus aos homens.
Declaremos este amor incondicional de Deus ao mundo, até às últimas
consequências, pois ninguém ficará indiferente a tamanha declaração de amor.
Na verdade, ainda não
tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos
mortos.
Os
discípulos, de perto ou longe, com coragem ou com medo, acompanharam a paixão
de Jesus. O caminho para o calvário foi demasiado chocante, demasiado
perturbador, demasiado recente… demasiado evidente! Como era possível que
estivesse vivo? Como era possível a sua dor, o seu vazio profundo ser
transformado em tamanha alegria? Por isso desconfiam. Até as Escrituras, que
explicavam que ‘Jesus devia ressuscitar dos mortos’, se lhes fazem difíceis de
entender. Jesus, por diversas vezes, preparou os seus discípulos para a sua
paixão, morte e ressurreição… mas ao que parece sem muito êxito. Só mais tarde,
quando perceberam o gesto de entrega e amor de Jesus, quando fizeram a
experiência do seu amor, então aí, sim, viveram todos os dias correspondendo a
este amor, entregando, eles próprios, as suas vidas por amor a Jesus.
Comentário: Mons. Joan Enric VIVES i Sicília Bispo de
Urgell (Lleida, Espanha)
O outro discípulo, que
tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu
Hoje «é o
dia que o Senhor fez», iremos cantando ao longo de toda a Páscoa. Essa
expressão do Salmo 117 inunda a celebração da fé cristã, O Pai ressuscitou a
seu Filho Jesus Cristo, o Amado, Aquele em quem se compraz porque amou a ponto
de dar sua vida por todos.
Vivamos a
Páscoa com muita alegria. Cristo ressuscitou: celebremo-lo cheios de alegria e
de amor. Hoje, Jesus Cristo venceu a morte, o pecado, a tristeza… e nos abriu
as portas da nova vida, a autêntica vida que o Espírito Santo continua a nos
dar por pura graça. Que ninguém fique triste! Cristo é nossa Paz e nosso
Caminho para sempre. Ele, hoje, «revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua
vocação sublime» (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 22).
O grande
sinal que nos dá o Evangelho é que o sepulcro de Jesus está vazio. Já não temos
de procurar entre os mortos Aquele que vive, porque ressuscitou. E os
discípulos, que depois o verão Ressuscitado, isto é, que o experimentarão vivo
em um maravilhoso encontro de fé, percebem que há um vazio no lugar de sua
sepultura. Sepulcro vazio e aparições serão os grandes sinais para a fé do
crente. O Evangelho diz que «o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao
túmulo, entrou também, viu e creu» (Jo 20,8). Ele soube compreender, pela fé,
que aquele vazio e, por sua vez, aquela mortalha e aquele sudário bem dobrados,
eram pequenos sinais do passo de Deus, da nova vida. O amor sabe captar, a
partir de pequenos detalhes, o que os outros, sem ele, não captam. O «discípulo
que Jesus mais amava» (Jo 20,2) guiava-se pelo amor que havia recebido de
Cristo.
O “ver” e o
“crer” dos discípulos hão de ser também os nossos. Renovemos nossa fé pascoal.
Que Cristo seja, em tudo, o nosso Senhor. Deixemos que sua Vida vivifique a
nossa e renovemos a graça do batismo que recebemos. Façamo-nos seus apóstolos e
seus discípulos. Guiemo-nos pelo amor e anunciemos a todo o mundo a felicidade
de crer em Jesus Cristo. Sejamos testemunhos esperançosos de sua Ressurreição.
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