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sábado, 30 de março de 2013

SOLENIDADE DA PÁSCOA DO SENHOR


VIGILIA PASCAL (Lc 24,1-12)

Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou.

Comentário: Fr. Austin NORRIS (Mumbai, India)

Hoje, contemplamos a Glória do Senhor resplandecente em sua vitória sobre o sofrimento e a morte. Uma vida nova é prometida a todos que buscam e crêem na Verdade de Jesus. Ninguém será desapontado, como não se sentiram as mulheres que «foram ao túmulo, levando os perfumes que tinham preparado» (Lc 24,1).

Os perfumes e ungüentos que devemos carregar durante nossa existência são uma vida espalhando a Palavra de Deus, quando Jesus encarnado disse: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, [...], viverá. [...] não morrerá jamais.» (Jo 11,25-26)

No meio de nossa confusão e dor parecemos nos tornar míopes em visão, porque não conseguimos ver além de nosso entorno imediato. E «por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?» (Lc 24,5) é um chamado a seguir Jesus e a buscar a presença do Senhor no “aqui e agora”; em meio ao povo do Senhor e seu sofrimento e for. Em sua carta pela Quaresma o Santo Padre Bento XVI menciona como «De fato, a salvação é dom, é graça de Deus, mas para fazer efeito na minha existência exige o meu consentimento, um acolhimento demonstrado nos fatos, ou seja, na vontade de viver como Jesus, de caminhar atrás Dele».

«Voltando do túmulo» (Lc 24,9) de nossas misérias, dúvidas e confusões, nós, por outro lado, somos capazes de dar a outros esperança e segurança neste vale de lágrimas. A escuridão do sepulcro «dá lugar à brilhante promessa da imortalidade.» (Prefácio da Missa dos Fiéis Defuntos). Que a glória do Senhor Jesus nos mantenha de pé com os olhos fitando o céu, e que possamos sempre ser considerados como um Povo Pascal. Que possamos passar de “Povo da Sexta-feira Santa” a “Povo da Páscoa”.

Domingo de Páscoa (Missa do dia)

Sérgio Paulo Pinto
«Viu e acreditou!»

Depois da prisão de Jesus, do seu caminho para o calvário, da sua morte na cruz, da sua sepultura… os discípulos ficaram desconcertados e desorientados. Tudo parecia perdido, até o corpo de Jesus. Mas naquele primeiro dia da semana, em que Maria Madalena foi ao sepulcro, deu-se início a um tempo novo, de Jesus ressuscitado presente na vida dos seus. O sepulcro vazio, as ligaduras e tantas incertezas. No entanto, onde todos encontram sinais de morte, o discípulo que mais se sente amado acreditou. Ele não necessita de provas, sabe que Jesus vive, porque continua a sentir-se amado com o mesmo amor… Não necessita tocar, porque se sente continuamente tocado pelo amor de Jesus. E então vive agradecido, vive provando o seu amor, vive transmitindo o mesmo amor aos irmãos.

Evangelho Jo 20,1-9 - No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

MEDITAÇÃO:
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro.
Naquela Sexta-feira Santa, Jesus tinha sido sepultado à pressa, pois as luzes do Sábado, o grande dia para os judeus, estavam prestes a despontar. Maria Madalena tinha acompanhado Jesus no seu caminho doloroso e sangrento para o calvário. Assistiu a tudo. Os seus olhos viram um Deus crucificado, um Deus que se entregou por amor. Viu Jesus suspirar e morrer. Viu Jesus ser descido da cruz e ser sepultado. Viu a pedra fechar o sepulcro e fechar os sonhos dos seus discípulos. Tudo tinha acabado. Madalena queria completar a sepultura de Jesus. Por isso, ainda mal tinha começado o dia, ainda escuro, foi ao sepulcro e viu a pedra retirada… O que vira nos episódios da paixão, a dor no coração, as lágrimas no rosto, a escuridão do dia e da fé, não a deixaram perceber Jesus vivo. Madalena, e quantos de nós, procuramos entre os mortos aquele que está vivo. A escuridão dos nossos dias, as lágrimas das nossas dores, ofuscam a presença de Deus nas nossas vidas… Jesus veio trazer-lhes luz e vida.

Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».
Maria Madalena, nos acontecimentos da paixão, viu como trataram Jesus, viu tirarem-lhe as vestes, viu retirarem-lhe a sua dignidade e viu acabarem com a sua vida. Foi detestável, foi demasiado. Agora, como se ainda não tivesse sido suficiente, viu que retiraram o corpo de Jesus! Como não ficar desorientado? Como não sentir-se desamparado? Não se atreveu sequer a entrar e concluiu, precipitadamente, que levaram o corpo de Jesus. Na verdade, sem Jesus, a vida do cristão é perfeita desorientação e continuaremos a sentir-nos desamparados. Se continuarmos a procurar Jesus onde Ele não está, se deixamos que a escuridão ofusque os nossos olhos e o nosso coração… nunca O encontraremos. Corremos, corremos… à procura de razões para a nossa vida e para a nossa fé; e correr nem sempre nos leva a Jesus.

Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Quando “tocam” naquilo que de mais precioso temos, corremos disparados. Perante a notícia de Maria Madalena “levaram o Senhor do sepulcro”, Pedro e João correm apressados. Como se atreveram a tocar no “seu” Senhor? Já não chega? Se Jesus estivesse bem no nosso coração… quanto correríamos nós para defendê-lo, quanto correríamos? Pedro e João correm para perceberem a situação, mas João chega primeiro. Podemos justificar facilmente que João era mais novo e correu mais depressa, mas não nos podemos esquecer, também, que ele era o discípulo amado. Quando muito amamos, não importam o cansaço e os sacrifícios. É necessário amar Jesus, verdadeiramente, para correr sem cansaço, sem desânimos, por Ele e com Ele. Estás disposto a isso nesta Páscoa?

Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
 (Se o corpo tivesse sido roubado, os ladrões teriam levado o corpo de Jesus enrolado, para não serem surpreendidos a tirar-lhe as ligaduras e não teriam perdido tempo a enrolar o sudário, mas tê-lo-iam levado também, pois era uma peça útil, para outras ocasiões).
Quem mais ama chega sempre em primeiro, pois vê o que a outros leva mais tempo. Pedro levou mais tempo no caminho até ao sepulcro de Jesus e mais tempo até acreditar na sua ressurreição. Como é que é possível que Pedro não tivesse acreditado imediatamente? Pedro, o grande apóstolo! Mas isso não foi impedimento para se tornar num excelente testemunho do ressuscitado. Levou mais tempo que outros, mas não lhes ficou atrás no amor a Jesus e no seu testemunho. É essa a lição que devemos colher, a lição mais útil para a nossa vida cristã. Nós não entramos no sepulcro de Jesus, não tocamos nas suas ligaduras, nem no seu sudário, mas podemos chegar, também, à fé verdadeira no ressuscitado e sermos autênticos testemunhos de Jesus, como Pedro. Estás disposto a isso nesta Páscoa?

Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.
O discípulo amado entrou, também, no sepulcro de Jesus. Viu e acreditou! Quem mais ama, quem mais se sente amado por Jesus, mais facilmente chega à fé. Quem pouco ama, desconfia, pede provas, necessita “tocar”; quem muito ama a Jesus e muito se sente amado por Ele, não necessita de provas, sabe que Ele vive, porque continua a sentir-se amado com o mesmo amor… Não necessita tocar, porque se sente continuamente tocado pelo amor de Jesus. E então vive agradecido, vive provando o seu amor, vive transmitindo o mesmo amor aos irmãos. Necessitamos desta fé, precisamos de crentes que testemunhem o amor de Deus aos homens. Declaremos este amor incondicional de Deus ao mundo, até às últimas consequências, pois ninguém ficará indiferente a tamanha declaração de amor.

Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
Os discípulos, de perto ou longe, com coragem ou com medo, acompanharam a paixão de Jesus. O caminho para o calvário foi demasiado chocante, demasiado perturbador, demasiado recente… demasiado evidente! Como era possível que estivesse vivo? Como era possível a sua dor, o seu vazio profundo ser transformado em tamanha alegria? Por isso desconfiam. Até as Escrituras, que explicavam que ‘Jesus devia ressuscitar dos mortos’, se lhes fazem difíceis de entender. Jesus, por diversas vezes, preparou os seus discípulos para a sua paixão, morte e ressurreição… mas ao que parece sem muito êxito. Só mais tarde, quando perceberam o gesto de entrega e amor de Jesus, quando fizeram a experiência do seu amor, então aí, sim, viveram todos os dias correspondendo a este amor, entregando, eles próprios, as suas vidas por amor a Jesus.

Comentário: Mons. Joan Enric VIVES i Sicília Bispo de Urgell (Lleida, Espanha)

O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu

Hoje «é o dia que o Senhor fez», iremos cantando ao longo de toda a Páscoa. Essa expressão do Salmo 117 inunda a celebração da fé cristã, O Pai ressuscitou a seu Filho Jesus Cristo, o Amado, Aquele em quem se compraz porque amou a ponto de dar sua vida por todos.

Vivamos a Páscoa com muita alegria. Cristo ressuscitou: celebremo-lo cheios de alegria e de amor. Hoje, Jesus Cristo venceu a morte, o pecado, a tristeza… e nos abriu as portas da nova vida, a autêntica vida que o Espírito Santo continua a nos dar por pura graça. Que ninguém fique triste! Cristo é nossa Paz e nosso Caminho para sempre. Ele, hoje, «revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime» (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 22).

O grande sinal que nos dá o Evangelho é que o sepulcro de Jesus está vazio. Já não temos de procurar entre os mortos Aquele que vive, porque ressuscitou. E os discípulos, que depois o verão Ressuscitado, isto é, que o experimentarão vivo em um maravilhoso encontro de fé, percebem que há um vazio no lugar de sua sepultura. Sepulcro vazio e aparições serão os grandes sinais para a fé do crente. O Evangelho diz que «o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu» (Jo 20,8). Ele soube compreender, pela fé, que aquele vazio e, por sua vez, aquela mortalha e aquele sudário bem dobrados, eram pequenos sinais do passo de Deus, da nova vida. O amor sabe captar, a partir de pequenos detalhes, o que os outros, sem ele, não captam. O «discípulo que Jesus mais amava» (Jo 20,2) guiava-se pelo amor que havia recebido de Cristo.

O “ver” e o “crer” dos discípulos hão de ser também os nossos. Renovemos nossa fé pascoal. Que Cristo seja, em tudo, o nosso Senhor. Deixemos que sua Vida vivifique a nossa e renovemos a graça do batismo que recebemos. Façamo-nos seus apóstolos e seus discípulos. Guiemo-nos pelo amor e anunciemos a todo o mundo a felicidade de crer em Jesus Cristo. Sejamos testemunhos esperançosos de sua Ressurreição.

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