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segunda-feira, 6 de agosto de 2012


7 de Agosto
S. ALBERTO DE TRÁPANI, PRESBÍTERO
Pai da nossa Ordem.
Festa na OCarm


LAUDES

Celebremos Santo Alberto,
que a lei teve por guia,
a alma deu a Maria
Estrela e Caminho certo.

Não importa a pouca idade:
eis que avança alegremente,
casto, pobre e obediente,
na senda da santidade.

No ardor da pregação
sua alma se consome
por tantos que têm fome
do anúncio da Salvação.

Sê amparo, Alberto santo,
dos que, abraçados à cruz,
procuram seguir Jesus,
sorrindo por entre o pranto.

Glória ao Pai Onipotente,
glória a Cristo Redentor,
que com o Espírito de Amor
vive e reina eternamente.

Ant.1 – Quem tem mãos inocentes e puro coração, esse subirá a montanha do Senhor.
Salmos do Domingo da I Semana
Ant.2 – Cristo o glorificou com bondade admirável por causa da pureza do seu coração.
Ant3 - Por ter abandonado este mundo, Cristo lhe concedeu a vida suspirada.

Cântico Evangélico
Ant. Santo Alberto, servo de Cristo, guie os nossos passos e nos ensine o cainho da paz.

Oração:
Senhor, que fizestes de Santo Alberto um modelo de pureza e oração e um servidor fiel de Maria, concedei que, revestidos das mesmas virtudes, sejamos dignos do eterno banquete na vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

VÉSPERAS:

Tu, Alberto, foste luz,
que iluminou Messina,
tal como outrora Jesus,
nas terras da Palestina.

Como ele tu passaste
fazendo o bem e curando
a todos os que encontraste
duras penas suportando.

Quantos foram socorridos
por tua mão benfazeja!...
E aqueles que, convertidos,
encontraram Cristo na Igreja!...

Pois que semeaste em paz
a Palavra da Verdade,
como estrela brilharás
por toda a eternidade.

Glória ao Pai Onipotente,
glória a Cristo Redentor,
que com o Espírito de Amor
vive e reina eternamente.

Ant 1 – Quem vive sem mancha e pratica a justiça descansará na montanha do Senhor.
Salmo dos comum dos pastores
Ant 2 – Como sol refulgente brilhou no templo do Senhor.
Ant 3 – Os santos cantavam um cântico novo diante do trono de Deus e do Cordeiro, e suas vozes enchiam a terra.

Cântico evangélico
Ant. Ó Santo Alberto, pai ilustre, que eternamente gozais da alegria da glória, atendei a todos os que na terra vos louvam, e ao Senhor apresentai as nossas orações.

Oração:
Senhor, que fizestes de Santo Alberto um modelo de pureza e oração e um servidor fiel de Maria, concedei que, revestidos das mesmas virtudes, sejamos dignos do eterno banquete na vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Festa de SANTO ALBERTO DE TRÁPANI, Presbítero e Pai da nossa Ordem.

     Nasceu em Trápani (Sicília) no séc. XIII. Distinguiu-se no seu tempo pelo seu amor à pregação mendicante e pela fama dos seus milagres.
Nos anos 1280 e 1289 estava em Trápani, Depois ordenação Alberto foi enviado para Messina.
No ano 1296 governava a província carmelitana da Sicília como Provincial. Não há registro de participação de St. Alberto nos eventos cruciais da história da Ordem naqueles tempos, nem de como ele pode ter contribuído para a consolidação e crescimento da Ordem, mas não há dúvida de que, como um frade que teve uma profunda experiência de Deus e uma real capacidade de reconhecer as necessidades das pessoas, seu trabalho na pregação e na caridade contribuiu muito para a crescente valorização da Ordem na Sicília.
Célebre pelo seu apaixonado amor à pureza e à oração, morreu em Messina, provavelmente em 1307. A tradição registra o episódio de uma discussão entre o clero e os leigos no momento de seu funeral. O carinho e devoção levaram o povo quer comemorar Alberto como um santo, mas o clero preferia um Missa comum de Réquiem.  A lenda narra que, no meio da discussão, alguns anjos apareceram e entoaram a Missa "O Justis" (o Introito da Missa de um Confessor), confirmando, assim, o sentimento popular e reputação da santidade de Alberto.
Foi o primeiro santo canonizado da Ordem e, portanto, foi considerado seu padroeiro e protetor ou "Pai da Ordem," (Pater Ordinis), título dividido com outro santo do seu tempo, Ângelo de Sicília. No séc. XVI foi estabelecido que cada igreja carmelitana tivesse um altar a ele dedicado. Muito devotas dele foram também S. Tereza de Jesus e S. Maria Madalena de Pazzi.

O QUE ENSINA SANTO ALBERTO A NÓS, CARMELITAS DO SÉCULO XXI?

SANTO ALBERTO OUVINTE DA PALAVRA DE DEUS

A “Legenda Áurea” relata que Sto. Alberto recitava o Saltério inteiro todos os dias, além da Liturgia das Horas. Essa história nos dá um vislumbre da personalidade espiritual do santo e da maneira de rezar característica de seu tempo. O costume de recitar o saltério inteiro não era uma excentricidade, mas uma prática comum entre os eremitas medievais. Os primeiros eremitas do Monte Carmelo também utilizaram este tipo de oração, como uma resposta ao mandamento do Senhor de orar sem cessar. Na solidão de sua cela de eremita, a oração marcou o tempo e acompanhou o seu trabalho manual com a recitação dos Salmos, que ele sabia de cor.
A recitação do Saltério  é reminiscente do amor pela Palavra de Deus recomendado de várias maneiras pela Regra Carmelita. Na verdade, a Regra é uma tapeçaria de referências diretas e indiretas a Escritura, uma espécie de “lectio divina”. A Regra Carmelita faz várias referências explícitas à Palavra: a leitura da escritura durante as refeições (Regra 7); lectio divina, meditando dia e noite na Lei do Senhor (10); a Liturgia das Horas, (11); a Eucaristia diária (14); "a espada do Espírito - tudo ser feito na Palavra do Senhor "(19). Nada disto é estranho, pois todo o primeiro milênio cristão a Palavra de Deus constituía o núcleo da oração comum e privada.
Após intensa reflexão sobre a Palavra, a pessoa se sente impelida pelo Espírito para orar, para responder em oração a Deus que lhe falou através de sua Palavra. A familiaridade com as Escrituras e sua meditação abre a mente e o coração para a contemplação, que é o reconhecimento alegre e agradecido da ação de Deus em nossa própria história e na história de todos.
Todo esse esforço serviu para permitir ao nosso Santo, que a Palavra penetrasse no seu coração, pouco a pouco transformado e progressivamente identificado com Jesus. No caso de Sto. Alberto a identificação é muito clara: ele age como “homem evangélico”, como discípulo do Senhor, como autêntica testemunha da Ressurreição (cf. Mc 16:9-20). Ele cura os enfermos, liberta os possessos, purifica as águas envenenadas de poços... Só quem tem encontrou o Senhor de um modo profundo e decisivo, só aquele que descobriu em Jesus de Nazaré, o Messias, o Filho de Deus (cf. Mc 1:01, 3:11; 5:7; 15:39), pode executar estes milagres.

SANTO ALBERTO ANUNCIADOR DA PALAVRA DE DEUS

   Sto. Alberto tem sido muitas vezes representado com um livro aberto na mão, ou com o Menino Jesus em seus braços. Isso não é por acaso, pois estes são os dois atributos iconográficos que indicam um pregador do Evangelho, precisamente o que Alberto era.
Para ser um proclamador autêntico, é necessário ter encontrado Jesus, e isto só é possível através da escuta da Palavra. Era a sua familiaridade com as Escrituras, cultivada na lectio divina, aliada à pureza de coração e à abertura para a ação transformadora do Espírito Santo, que fez Sto. Alberto capaz de anunciar o Evangelho. As pessoas poderiam dizer dele a mesma coisa que pensavam a respeito de Jesus: "Eles ficaram admirados com seu ensinamento, porque ele ensinava como quem tem com autoridade e não como os escribas "(Mc 1:22. cf Mt 7:28 - 29; Lc 4:32).
Sto. Alberto é lembrado por uma capacidade extraordinária de falar com as pessoas com convicção. Não sabemos se ele estudou em alguma universidade, ou se, como talvez é mais provável, sua formação era de um tipo mais monástica. Em qualquer caso, teria sido baseada na a Palavra de Deus. Formado pelos textos bíblicos, Alberto assimilou seu espírito e foi capaz de traduzi-lo em uma forma atraente e compreensível, para que a Escritura pudesse ser para o povo luz e inspiração, movendo seus ouvintes para praticar a Palavra.
Pregação popular era justamente uma característica das novas famílias religiosas fundadas a partir de no final dos a partir do século XII. O ministério da pregação, que até então havia sido uma prerrogativa dos bispos e seus delegados oficiais, foi assumida também pelos frades simples e até mesmo por leigos. Os Carmelitas, também, no seu início e, especialmente, após o Segundo Concílio de Lyon (1274), dedicaram-se a esta atividade, considerando-a uma vocação verdadeira e própria a serviço do povo de Deus. Portanto, os dois primeiros santos da Ordem, Sto. Alberto e Sto. Ângelo foram pregadores excelentes. Na verdade, São Ângelo foi morto justamente por acusações feitas contra um nobre corrupto no curso de um sermão.
Sto. Alberto apareceu como um verdadeiro discípulo do Senhor, um autêntico testemunho de sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição. Ele passou a maior parte de seu tempo e gastou suas energias como um pregador. Sua pregação foi confirmada pelas maravilhas que realizou: ele não só proclamou o Evangelho, mas curou os doentes, deu vista aos cegos, e expulsou demônios de acordo com a missão que Jesus deu aos discípulos (Mc 16:9-20). A Palavra que ele pregou foi materializada em gestos de atenção para aqueles que estavam em necessidade real de cura física e espiritual. Sua vida simples e coerente, falou de Cristo e seu dom de salvação e graça.
Sua atenção para as necessidades básicas das pessoas que conheceu é um poderoso indicador de sua capacidade de falar com aqueles que tinham mais necessidade de ouvir o anúncio do Evangelho. Alberto não distraia seus ouvintes com formas elegantes de pregação, mas valorizava o conteúdo vital da mensagem. O carmelita desce ao básico: ele se apressa para atender homens e mulheres que necessitam de uma palavra de salvação, de vida e esperança, Portanto, sua palavra é eficaz e poderosa, capaz de produzir efeitos extraordinários de cura interior e exterior.

SANTO ALBERTO, HOMEM DE PUREZA.

     Outro atributo iconográfico de Sto. Alberto é o lírio branco, símbolo de pureza. Isto significa que sua vida brilha como um exemplo de virtude, reconhecida pelo povo de Deus como um dom para todos. A castidade de Sto. Alberto tornou-se radiante expressão de uma escolha radical, definitiva e completa de Deus.
Dois outros elementos da história de São Alberto convergem de diferentes maneiras, para este valor de pureza. Dizem-nos que sua mãe, Giovanna, grata a Deus por lhe ter dado depois de longa espera, desejou que seu filho levasse uma vida de consagração total a o Senhor. Seu pai, por outro lado, teria preferido vê-lo casado com a filha de algum nobre poderoso ou de um rico comerciante, para elevar o nível social e a condição econômica da família, e garantir para o filho um futuro confortável.  Porém o filho, confrontado com esta escolha, preferiu o caminho indicado por sua mãe à perspectiva mundana de seu pai.
Como se isso não fosse suficiente para mostrar a escolha radical de Alberto por Deus, a Legenda Áurea conta a tentação a que ele foi submetido quando ainda era noviço. O diabo se disfarçou como uma jovem e bonita mulher a fim de atrair as atenções do jovem e fazê-lo abandonar a decisão que tinha tomado de seguir a Deus.  Mas, como dizem, “o diabo faz potes, mas não tampas”, e Alberto descobriu a verdadeira identidade do tentador que não conseguiu esconder seus cascos fendidos sob as saias “da menina”.  O noviço, imediatamente, afasta o tentador, invocando a ajuda divina. Há pinturas que retratam Sto Alberto, vencendo o diabo com traços femininos, mas com pés de cabra. A história, claro, precisa ser entendida em termos simbólicos: mesmo as realidades mais belas podem ser transformadas em tentação se nos impedem de cumprir da vontade de Deus e seguir a própria vocação.
A pureza praticada por Alberto não é simplesmente um fato físico, mas principalmente uma realidade espiritual. Não é certamente uma castidade vivida como simples renúncia do amor humano e da fecundidade natural. Em vez disso, serve para traduzir em termos concretos, uma escolha fundamental e radical de Deus e do seu plano de salvação, que exige total disponibilidade e total dedicação. Santo Alberto se permitiu ser seduzido por Deus: ele colocou-se totalmente a serviço de Deus; a Deus deu a sua vida e capacidades, e reconheceu o chamado de Deus como um dom e um compromisso para a vida.

SANTO ALBERTO, O HOMEM DA POBREZA.

Não há dúvida de que Sto. Alberto professou e viveu uma vida de pobreza. Isto é demonstrado por sua decisão de entrar na comunidade de frades carmelitas, movimento mendicante, de religiosos que não basearam a sua subsistência em rendas ou acúmulo de bens, mas na simplicidade da vida de ”mendicância incerta", como pregadores itinerantes, que iriam comer o que o povo lhes oferecesse, de acordo com suas possibilidades e generosidade.  Eles tinham tudo em comum e compartilhavam todos os seus bens, considerando-se irmãos e, portanto, membros da única família, para a qual o Pai de todos poderia fornecer o necessário para a sobrevivência.
Sto. Alberto tinha tomado a decisão de levar uma vida de pobreza concreta. A origem de sua família bem-sucedida e de alguma posição social, não foi um obstáculo para ele abraçar a pobreza de Cristo e seus discípulos. Ele poderia ter feito uma escolha diferente e se juntar ao clero da cidade, ou alguma abadia ou canonicato.
Em vez disso ele escolheu se colocar ao lado dos menores, das pessoas menos importantes do seu tempo, compartilhando o estilo e as condições de suas vidas. Isso não significa que não era capaz de apreciar sua experiência familiar e relações sociais. Ele, de fato, fez uso delas algumas vezes, para ajudar os outros. Por exemplo, durante o bloqueio de Messina, algumas conexões influentes lhe permitiram organizar o abastecimento alimentar para a cidade. Por outro lado, é claro que sua motivação para a ação naquela ocasião era o a fome do povo e o seu sentido de responsabilidade para com aqueles que realmente precisavam de ajuda naquele momento. O mandamento do Evangelho de dar de comer aos famintos era a sua motivação.
A pobreza evangélica implica uma luta pela vida, justiça, verdade e paz. Pobre, foi capaz de reconhecer as verdadeiras necessidades do povo, e aprendeu como intervir com generosidade evangélica em diversas circunstâncias.
A consequência da pobreza é a penitência e austeridade da vida, própria da Ordem do Carmelo, na época ainda bastante perto de suas origens no Monte Carmelo. A tradição registra pelo menos dois fatos ligados a esta dimensão prático-espiritual da vida de Alberto: o frasco de absinto conservado em Corleone, e a rocha da Petralia Soprana, onde dormia e tinha como travesseiro. Esta última oferece-nos um vislumbre da forma como o santo vivia, muitas vezes em movimento ao longo das estradas da Sicília, para pregar, curar, aconselhar e acalmar os espíritos. O santo carmelita poderia ter encontrado melhores acomodações: ele tinha amigos e relações familiares que lhe teriam garantido acomodações mais confortáveis. No entanto, ele escolheu viajar como um homem pobre. Pobre entre os pobres, ele procurou alojamento ao acaso, durante suas viagens: ele não era nenhum estranho para celeiros, cavernas e abrigos naturais.
O absinto se tornou um condimento para o alimento habitual em dias penitenciais. Sto. Alberto usou-o para misturar com alimentos e bebidas, tornando-os menos agradável ao paladar. Era outra maneira de mortificar os sentidos. Hoje temos uma ideia diferente sobre o alimento e um conceito diferente de penitência, mas devemos respeitar os modos de agir de gerações anteriores. Há ainda a validade de uma vida pobre e austera, que se concentra no essencial, sem se perder em coisas inúteis, que está empenhada em construir autênticas relações com os outros e com a realidade que nos cerca.  Sto. Alberto sabia que não podia contar com nada, exceto com Deus e com sua graça, ele aceitava como um dom o que recebia de seus irmãos e irmãs, sem presumir qualquer coisa, e lhes era grato por tudo. A pobreza evangélica nos faz capazes de ver as necessidades dos outros e responder com generosidade.

SANTO ALBERTO, HOMEM DA CARIDADE. 


     A santidade é manifestada principalmente como a vida cristã vivida em sua plenitude, especialmente no nível de caridade. Na “Novo Milênio Ineunte”, João Paulo II considerou a santidade como o “padrão da vida cristã ordinária "(n. 31). Isto é verdade para Sto. Alberto: ele é um santo lembrado e venerado por uma vida radical, intensa, comprometida em todas as suas dimensões, especialmente em sua generosa atenção às necessidades do povo de seu tempo.
Sto. Alberto, o frade carmelita, foi um verdadeiro irmão para muitas irmãs e irmãos que se voltaram para dele, porque o reconheciam como um homem de Deus, como alguém capaz de revelar a grandeza do amor de Deus em situações delicadas ou difíceis. Alberto era um homem de caridade concreta e generosa, atenta às necessidades de todos, especialmente dos mais pobres.
A caridade de Sto. Alberto pode ser considerada em três grandes categorias. Um primeiro grupo de ações está preocupado com a comunidade e os problemas sociais, a segunda com a doença física, e em terceiro lugar com os problemas psicológicos ou espirituais.
A primeira categoria diz respeito à esfera social comunitária. A tradição relata pelo menos duas intervenções miraculosas que aconteceram nas cidades de Messina e Agrigento com o propósito de aliviar as populações em dificuldades.
A mais famosa foi a quebra do bloqueio de Messina por Roberto de Calábria (mais tarde rei de Nápoles) em 1301. Através da intervenção de Alberto alguns navios conseguiram romper o bloqueio naval e levaram suprimentos para os cidadãos famintos. Além do evidente alívio para a população exausta, a intervenção de Sto. Alberto foi uma abertura clara para a paz.
Em Agrigento ainda está preservada a memória de o santo purificar a água de um poço. Neste caso, há uma clara referência bíblica ao episódio do poço de Jericó purificada pelo profeta Eliseu (2 Reis 2:19-22). Alberto, purificando poço e fazendo a sua água potável deu ao povo a possibilidade obter água sem dificuldade.
A caridade Sto. Alberto também tem uma dimensão bem pessoal. Muitas vezes o encontramos pronto para curar os doentes de corpo e de alma, com aquela compaixão que é característica de pessoas genuinamente espirituais. A cura de males físicos, a direção espiritual, e a prática do exorcismo são três aspectos complementares da vida de Alberto. Sua ação é baseada no Evangelho, revelado na cura interior e exterior e liberação de qualquer tipo de escravidão, que bloqueia uma vida plenamente humana e espiritual.
Ele não estava preocupado apenas com o físico. Sto. Alberto estava sempre em guarda contra o diabo. Alberto também foi um exorcista.  Alguém é realmente livre somente quando todas as dimensões da sua vida, corpo, alma e espírito são completamente orientados para Deus e sua vontade. O homem de Deus é capaz de restaurar nas almas atormentadas a integridade, autocontrole e de abertura o projeto para o qual que Deus nos criou.
A historicidade desses eventos à parte, o que importa é o seu significado: eles significam para nós que Alberto é um santo, um profeta, um homem de Deus, que ainda brilha para nós hoje como uma pessoa renovada pelo Evangelho, tão unido com o Senhor e permeado por sua Palavra, que toda a sua ação torna-se uma continuação prática e eloquente da cura e da ação libertadora de Cristo.

SANTO ALBERTO E OS JUDEUS

Hoje há uma compreensão bastante ampla da relação entre cristãos e pessoas de outras religiões que é muito diferente daquela do passado, mesmo muito recentemente. Até hoje, nossas tentativas de entendimento e cooperação com pessoas de outras religiões nem sempre são retribuídas e reconhecidas.
Além disso, hoje a sociedade secularizada do Ocidente está infectada com o relativismo que nega haver uma única verdade invariável. Princípios morais são expressos em dúvida e submetidos à avaliação exclusiva e soberana da consciência pessoal, de modo que muitas pessoas pensam que todas as formas de expressão religiosa são indiferentes ou equivalentes.
O problema do relativismo é sério, e não pode ser resolvido pela propaganda, slogans ou cruzadas. Por outro lado, o encontro com os irmãos de outras religiões não é apenas uma questão de diálogo, de conhecimento mútuo, de acolhida e apreço, mas também de anúncio do Evangelho através de um testemunho autêntico. Damos esse testemunho, colocando-nos com humildade e paciência, não nos sentindo superiores aos de outras religiões, mas ao lado deles, respeitando a sua dignidade, apreciando seu ponto de vista e sua cultura, adaptando-se há seus tempos e ritmos. Acima de tudo, é necessário testemunhar a nossa experiência da ressurreição de Cristo e da nossa união com Ele na Igreja e, ao mesmo tempo, reconhecendo que o Espírito Santo não espera para que o Evangelho seja anunciado antes de ser ativo cada vida humana. Nesta questão de mostrar respeito a outras religiões, devemos ter em mente que a religião judaica é um caso mais especial.  O Papa João Paulo II se dirigiu aos judeus como “nossos irmãos mais velhos”, - este é um longo caminho desde os dias em que” os cristãos “se referiam a eles como “Pérfidos”, ou marcava-os como “assassinos de Cristo.” Qual foi a atitude Sto. Alberto?
Em pelo menos duas ocasiões Alberto teve relações com os judeus. Uma vez, o santo salvou três judeus de afogamento próximo Agrigento, e em outra ocasião, ele curou um menino judeu de epilepsia em Sciacca. Em ambos os casos as lendas falam de confissões explícitas de fé e subsequente batismo. Então, são essas histórias devem ser entendidas como exemplos de evangelização, o diálogo, ou proselitismo? Uma resposta deve ser desenvolvida sem preconceitos e à luz do contexto histórico e da mentalidade dos tempos.
Houve várias ocasiões ao longo da história, nas quais carmelitas e judeus vieram em contato. O convento em Toulouse foi estabelecido em um terreno doado por um judeu grato a Maria, cuja intercessão levou à sua cura. Outras lendas, além daquelas relacionado com Sto. Alberto, falam de relações mais ou menos amigáveis entre carmelitas e judeus. Na Idade Média, alguns conventos estavam perto de bairros judeus e tornaram-se centros para a pregação visando a sua conversão. No entanto, existem alguns fatos que demonstravam respeito para com os membros do povo judeu, do qual Jesus e Maria eram parte. Na França, na Reforma de Touraine dos séculos XVII - XVIII os formadores incitaram os noviços a cumprimentar com deferência os judeus que encontravam. O Venerável Alberto Leoni (falecido em 1642) repreendeu alguns noviços seus que insultaram alguns judeus na rua.
Talvez a memória de Elias tivesse alguma influência. Santo Alberto e os carmelitas consideravam um ponto de honra proclamar a fé para os membros do povo eleito, à imitação de o Profeta (1 Reis 18:20-40).
Nestes nossos dias a discussão evoluiu para um nível de diálogo e de reconhecimento dos fundamentos que temos em comum, da necessidade de trabalhar juntamente com a proclamação da fé. Mas o exemplo de Santo Alberto nos lembra de que o testemunho básico é a caridade autêntica, delicada e cortês. Somente alguém que se torna "tudo para todos" (1 Coríntios 9:22) é capaz de ajudar os outros a experimentar a salvação de Deus e favorecer um encontro pessoal com Cristo.

SANTO ALBERTO, DEVOTO DE MARIA.

     A profunda devoção de Sto. Alberto para com a Mãe do Senhor é atestada por mais de uma das lendas antigas. Seria estranho imaginar um carmelita das primeiras gerações que não amasse Maria. Mesmo se não pudermos atribuir a Alberto todas as características da piedade mariana desenvolvidas no Carmelo, em séculos posteriores, podemos indicar aquelas que eram comuns no tempo que ele viveu e que são encontradas em textos a partir do mesmo período.
Maria foi originalmente venerada pelos carmelitas como a Senhora do Carmelo (lugar onde foi construído o primeiro eremitério) e da Terra Santa, porque ela era a Mãe de Cristo, “Senhor feudal” daquele território adquirido à custa do seu sangue. Os carmelitas dedicaram o oratório construído no meio de suas celas à “Senhora do Lugar", modelo para todos os que estavam tentando seguir a Cristo em uma vida evangélica. Ao dedicar a sua capela a Maria, comprometeram-se ao serviço da Virgem.
Em Maria, os carmelitas viram a mulher nova, obediente à Palavra de Deus, completamente abandonada à sua vontade,  numa vida de pureza e humildade. Neste contexto, foi natural contemplar a virgindade de Maria e compreendê-la não apenas como algo físico, mas como virtude interior, pureza de coração, uma orientação psicológica e espiritual dedicada exclusivamente a Deus. Este foi, de fato, um dos pontos centrais da espiritualidade de Sto. Alberto. A obediência à Palavra de Deus, que encontra expressão na obediência à vontade do prior e numa vida de caridade para os outros, desenvolvida plenamente em um coração puro, transparente à luz de Deus, capaz de contemplar a beleza de sua vontade e traduzi-la livremente no cotidiano.
Como consequência, a Mãe do Senhor é entendida como a "mais bela", a que melhor assimila a novidade de vida trazida por seu Filho. Ela é a mulher nova do Evangelho, o protótipo de cada cristão, a "nova Eva", verdadeira Mãe de todos os vivos e de todos os crentes. Não é estranho então que, de acordo com a interpretação dos Padres da Igreja e escritores medievais, os carmelitas também reconhecessem na pequena nuvem que se eleva do mar à oração de Elias (1Reis 18:44) uma imagem de Imaculada assunta ao céu.
Uma antiga tradição liga Sto. Alberto com a imagem da Senhora de Trapani. Ela foi esculpida e trazida para Trapani enquanto o santo era provincial da Sicília. A beleza luminosa da imagem de mármore pintado, a torção do corpo da Virgem que lhe permite olhar para o rosto de seu Filho, o sorriso ao mesmo tempo doce e triste, talvez nos deem uma ideia da sensibilidade com que Alberto teria contemplado a Mãe e Irmã dos carmelitas. No movimento carinhoso da Criança para sua Mãe, Alberto teria reconhecido um reflexo da sua própria devoção, de um amor terno e intimista, não sentimental, mas exigente: quem ama e venera Maria sabe que isso significa comprometer-se a segui-la em dedicação total ao plano de salvação que o Pai tem para a humanidade.

Oração a Santo Alberto
Ó Santo Alberto, norma de modéstia, pureza e continência, rogo à Mãe de misericórdia que entre as angústias das nossas lutas nos livre do demônio, nosso velho adversário; e nós, livres do mortal invólucro, felizes gozemos no júbilo da divina glória.


SA

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