MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 28º dia
Maria não temas (Lc
1,30)
Frei
José Carlos Lopes Almeida, OP
Gabriel
desce até Nazaré, a essa pequena aldeia perdia no meio de nada, para anunciar a
uma jovem, a uma virgem desposada com José, um homem da tribo de David, que foi
escolhida para ser a mãe do Salvador. O seu nome é Maria e espera-se o seu
consentimento, a sua aceitação do convite de Deus. Espera-se, porque só ela
pode dizer que sim, só ela.
A entrada do anjo e a sua saudação provocam
uma perturbação no espírito e no coração da jovem donzela. Quem é ele, mas
sobretudo quem é ela, que graça a habita ou o que fez para o Senhor estar com
ela? Ela, uma pobre mulher que vive na intimidade do seu lar, no silêncio da
sua pureza, nesse desejo de viver sem deixar marca.
Maria perturba-se na sua humildade, nesse
desejo de despojamento, pois o anúncio do anjo coloca-a num estatuto que ela
não conhece no seu coração, num patamar que a retira da sua simplicidade, nessa
proeminência que nunca buscou nem deseja.
Maria não temas é a resposta do anjo ao
temor, a essa interrogação que nasce dentro dela. O temor perturba e não nada
pode perturbar este momento. Ele é demasiado importante para poder se
perturbado, mesmo pela humildade.
Há muito em jogo, porque essa humildade
pode perturbar e inviabilizar o projeto de Deus de habitar entre os homens, de
construir o seu novo templo, e enquanto esse novo templo não se ergue é
necessário que tu Marias sejas a tenda em que Deus habitará até à edificação do
templo.
São apenas necessários nove meses para a
construção, ainda que depois sejam necessários mais alguns anos para que esse
templo cresça e se aperfeiçoe. Contudo é necessário lançar os alicerces, gerar
o corpo, e a ti cabe essa tarefa, és convidada a essa missão.
Aceita Maria, porque todos esperamos esse
novo templo, essa nova presença de Deus entre os homens, sem barreiras de
línguas ou cores, sem fronteiras ou adros cercados. Aceita Maria, porque serás
a Arca da Nova Aliança, não já construída de madeiras preciosas e revestida a
ouro, mas feita da carne de todos homens e revestida da graça com Deus já te
cumulou.
Aceita Maria, porque no teu sim também a
nós se nos abre a porta de podermos ser templos, arcas da aliança, tenda sobre
cuja cobertura repousará a sombra do Senhor. Aceita Maria, para também nós
podermos experimentar a gestação e a maternidade, esse filho Outro que cresce
em nós com aspirações de eternidade.
Não temas Maria, porque da tua audácia
depende também a nossa ousadia.
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