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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012


M E D I T A Ç Õ E S     Q U A R E S M A I S
 O  SERVO  SOFREDOR -  A história da paixão de Cristo VII
Vigiai e orai

      Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca (Mateus 26.41).


     A agonia do mestre é grande. Grande também sua preocupação com seus discípulos. Jesus interrompe seu momento de oração e volta aos discípulos. Talvez buscasse neles um pouco de amparo, mas ele os encontrou dormindo. Envolvidos pela tristeza e a não compreensão do que estava acontecendo, dormiram. A tristeza enche muitas vezes a alma de sono. Como somos iguais aos discípulos. Jesus os adverte: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. O espírito é o “novo homem”, a nova vida, a fé, criada pelo Espírito Santo. Conforme esta fé, estamos dispostos a abandonar a própria vida para seguir a Cristo. Mas ainda estamos na carne. Temos nossa natureza carnal, nosso “velho homem”, que sempre de novo nos puxam de volta ao pecado, para amarmos o mundo e as coisas que há no mundo, e dessa fonte procedem os maus pensamentos, o medo, o pavor (Mateus 15.19). Assim existe dentro dos cristãos uma luta constante entre a nova vida e a natureza carnal, ou como costumamos dizer: entre o novo e o velho homem. Daí a advertência: Vigiai e orai. Devemos examinar nossos pensamentos e desejos à luz da palavra de Deus e combater as investidas de Satanás. Orai! Buscai forças, pela oração, junto a Deus. Ele tem todo o poder e ordenou: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á (Lucas 11.9).

      O que fazem os discípulos nesta hora tão difícil e perigosa? Eles dormem. Vencidos pela tristeza, dormem. Um quadro da Igreja? Um quadro de nossa própria vida? Diante de dificuldades desanimamos e nos tornamos sonolentos, quando deveríamos vigiar e orar. O que fazem os inimigos? Eles não têm sono. Eles trabalham, correm, planejam e lutam. Judas não teve sono. Parece que no caminho do mal não se sofre desânimo. Vede quantos sacrifícios, quantas lutas os inimigos realizam. Lembramos quantos sacrifícios, por exemplo, em tempo, esforços e dinheiro os homens de mundo levantam em prol do carnaval? Será que os membros da igreja estariam dispostos a fazer também tão grandes sacrifícios em prol da causa de Cristo? O que fazem os membros da Igreja durante estes dias tão perigosos, em que muitos cristãos jovens são tentados e caem nas garras de Satanás? Vigiai e orai!


Do Ofício de Leituras:
Do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir
(Séc.III)
Quem nos deu a vida também nos ensinou a orar
     Os preceitos evangélicos, irmãos caríssimos, não são outra coisa que ensinamentos divinos, fundamentos para edificar a esperança, bases para consolidar a fé, alimento para revigorar o coração, guias para mostrar o caminho, garantias para obter a salvação. Enquanto instruem na terra os espíritos dóceis dos que crêem, eles os conduzem para o Reino dos céus.
     Outrora quis Deus falar e fazer-nos ouvir de muitas maneiras pelos profetas, seus servos. Mas muito mais sublime é o que nos diz o Filho, a Palavra de Deus, que já estava presente nos profetas e agora dá testemunho pela sua própria voz. Ele não manda mais preparar o caminho
para aquele que há de vir, mas vem, ele próprio, mostrar-nos e abrir-nos o caminho para que nós, outrora cegos e imprevidentes,errantes nas trevas da morte, iluminados agora pela luz da graça, sigamos o caminho da vida, sob a proteção e guia do Senhor.
     Entre as exortações salutares e os preceitos divinos com que orienta seu povo para a salvação, o Senhor ensinou o modo de orar e nos instruiu e aconselhou sobre o que havemos de pedir. Quem nos deu a vida, também nos ensinou a orar com a mesma bondade com que se dignou conceder-nos tantos outros benefícios, a fim de que, dirigindo-nos ao Pai com a súplica e oração que o Filho nos ensinou, sejamos mais facilmente ouvidos.
     Jesus havia predito que chegaria a hora em que os verdadeiros adoradores adorariam o Pai em espírito e em verdade. E cumpriu o que prometera. De fato, tendo nós recebido por sua graça santificadora o Espírito e a verdade, podemos adorar a Deus verdadeira e espiritualmente
segundo os seus ensinamentos.
     Pode haver, com efeito, oração mais espiritual do que aquela que nos foi ensinada por Cristo, que também nos enviou o Espírito Santo? Pode haver prece mais verdadeira aos olhos do Pai do que aquela que saiu dos lábios do próprio Filho que é a Verdade? Assim, orar de maneira
diferente da que o Senhor nos ensinou não é só ignorância, mas também culpa, pois ele mesmo disse: Anulais o mandamento de Deus a fim de guardar as vossas tradições (cf. Mc 7,9).
     Oremos, portanto, irmãos caríssimos, como Deus, nosso Mestre, nos ensinou. A oração agradável e querida por Deus é a que rezamos com as suas próprias palavras, fazendo subir aos seus ouvidos a oração de Cristo.
     Reconheça o Pai as palavras de seu Filho, quando oramos. Aquele que habita interiormente em nosso coração, esteja também em nossa voz; e já que o temos junto ao Pai como advogado por causa de nossos pecados, digamos as palavras deste nosso advogado quando, como pecadores,
suplicarmos por nossas faltas. Se ele disse que tudo o que pedirmos ao Pai em seu nome nos será dado (cf. Jo 14,13), quanto mais eficaz não será a nossa súplica para obtermos o que pedimos em nome de Cristo, se pedirmos com sua própria oração!

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