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terça-feira, 14 de outubro de 2025

XXIX Domingo do Tempo Comum

SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA, presbítero e Padroeiro do Brasil
Santos João de Brébeuf, Isaac Jogues, presbíteros, e companheiros mártires
São Paulo da Cruz, presbítero
 
1ª Leitura (Ex 17,8-13):
Naqueles dias, Amalec veio a Refidim atacar Israel. Moisés disse a Josué: «Escolhe alguns homens e amanhã sai a combater Amalec. Eu irei colocar-me no cimo da colina, com a vara de Deus na mão». Josué fez o que Moisés lhe ordenara e atacou Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina. Quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel ganhava vantagem; mas quando as deixava cair, tinha vantagem Amalec. Como as mãos de Moisés se iam tornando pesadas, trouxeram uma pedra e colocaram-na por debaixo para que ele se sentasse, enquanto Aarão e Hur, um de cada lado, lhe seguravam as mãos. Assim se mantiveram firmes as suas mãos até ao pôr do sol e Josué desbaratou Amalec e o seu povo ao fio da espada.
 
Salmo Responsorial: 120
R. O nosso auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
 
Levanto os meus olhos para os montes: donde me virá o auxílio? O meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
 
Não permitirá que vacilem os teus passos, não dormirá Aquele que te guarda. Não há-de dormir nem adormecer Aquele que guarda Israel.
 
O Senhor é quem te guarda, o Senhor está a teu lado, Ele é o teu abrigo. O sol não te fará mal durante o dia, nem a lua durante a noite.
 
O Senhor te defende de todo o mal, o Senhor vela pela tua vida. Ele te protege quando vais e quando vens, agora e para sempre.
 
2ª Leitura (2Tim 3,14—4,2): Caríssimo: Permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste. Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação, pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem-preparado para todas as boas obras. Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há-de julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina.
 
Aleluia. A palavra de Deus é viva e eficaz, pode discernir os pensamentos e intenções do coração. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 18,1-8): Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir: «Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, e lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário! ’ Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Não temo a Deus e não respeito ninguém. Mas esta viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha, por fim, a me agredir!’». E o Senhor acrescentou: «Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?».
 
«A necessidade de orar sempre, sem nunca desistir»
 
Rev. D. Pere CALMELL i Turet (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, Jesus nos lembra que «a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir» (Lc 18,1). Ensina com suas obras e com as palavras. São Lucas se apresenta como o evangelista da oração de Jesus. Efetivamente, em algumas das cenas da vida do Senhor, que os autores inspirados da Escritura Santa nos transmitem, é unicamente Lucas quem nos mostra rezando.
 
No Batizado no rio Jordão, na escolha dos Doze apóstolos e na Transfiguração. Quando um discípulo lhe pediu «Senhor, ensina-nos a orar» (Lc 11,1), de seus lábios saiu o Pai Nosso. Quando anuncia as negações a Pedro: «Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça» (Lc 22,32). Na crucifixão: «Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” Repartiram então suas vestes tirando a sorte» (Lc 23,34). Quando morre na Cruz: «Pai, em tuas mãos entrego meu espírito», do Salmo 31. O Senhor mesmo é modelo da oração de petição, especialmente em Getsêmani, segundo a descrição de todos os evangelistas.
 
— Posso ir concretizando como elevarei o coração a Deus nas distintas atividades, porque não é o mesmo fazer um trabalho intelectual que manual; estar na igreja que no campo de esportes ou em casa; conduzir pela cidade que pela autoestrada; não é o mesmo a oração de petição que a de agradecimento; ou a adoração que pedir perdão; de boa manhã que quando levamos todo o cansaço do dia. São Josemaria Escrivá nos dá uma receita para a oração de petição: «Mais consegue aquele que importuna mais de perto... Portanto, aproxima-te a Deus: esforça-te por ser santo».
 
Santa Maria é modelo de oração, também de petição. Em Canaã de Galileia é capaz de avançar a hora de Jesus, à hora dos milagres, com sua petição, cheia de amor por aqueles esposos e cheia de confiança em seu Filho.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Faça o que puder, e o que não puder, peça a Deus!» (Santo Agostinho)
 
«A oração muda os nossos corações. Faz-nos entender melhor como é o nosso Deus. Mas para isso é importante falar com o Senhor, não com palavras vãs» (Francisco)
 
«(…) Jacob (…) luta durante uma noite inteira com ‘alguém’, um ser misterioso que se nega a revelar o seu nome, mas que o abençoa, antes de o deixar, ao raiar da aurora (cf. Gn 32,25-31). A tradição espiritual da Igreja divisou nesta narrativa o símbolo da oração como combate da fé e vitória da perseverança» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.573)
 
«… o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?»
 
Pe. Marcelo de Moraes
 
*
A oração coleta do 29º Domingo do Tempo Comum leva-nos a pedir a Deus que nos dê a graça de consagrarmos sempre ao Seu serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração.
 
* Assim, a liturgia da Palavra propõe-nos uma reflexão sobre a oração e a confiança em Deus. De facto, a nossa oração deve ser sincera e, porque confiamos em Deus, deve partir de uma vontade dedicada e principalmente de acordo com a vontade d’Ele. Como Moisés, Aarão e Hur, somos chamados a interceder pelo povo. Como Josué e o exército israelita, somos chamados a combater, confiantes em Deus. Ainda que pareça atrasar-se a ação de Deus, antes do pôr do sol chegaremos, como os israelitas naquele dia, à vitória.
 
* O convite à oração, que será confirmado no Evangelho, é intercalado pelo apelo de Paulo a permanecermos firmes em Deus e a proclamarmos com audácia a Sua Palavra. Jesus é, de facto, audaz na proclamação da Palavra. No Evangelho, Ele diz uma parábola aos discípulos sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar.
 
* A pergunta retórica de Jesus tem a função de gerar uma resposta positiva, uma proclamação de fé, fundada na Palavra: «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo?».
 
* A intenção de Jesus ao pronunciar esta parábola é explícita: “Sobre a necessidade de orar sempre, sem desanimar”. No entanto, dois aspetos são importantes nesta passagem de Lucas: a oração e a fé. De facto, a fé motiva a oração e a oração é sempre confiante, cheia de esperança, quando é sustentada pela fé. As duas perguntas de Jesus são fundamentais para a compreensão da mensagem do Evangelho: Deus é justo. A fé torna-nos justos e aptos para acolher o Senhor na sua vinda à terra.
 
* Dado que a viúva pobre é apresentada como alguém que clama por justiça contra o seu adversário, o Evangelho leva-nos a perguntar: «Quem é o meu adversário?». No nosso caso, não é necessário que o adversário seja uma pessoa, até porque nem mesmo na parábola ele é especificado. Não é, de facto, necessário que o nosso adversário esteja fora de nós, ou seja o demónio, ou seja, que seja alguém específico. Num sentido geral, o nosso adversário pode ser aquilo ou quem nos põe em perigo, que nos coloca em constrangimento ou em sofrimento; ou ainda, aquilo que nos tira a paz ou o que nos afasta de Deus. Por outro lado, a atitude da pobre viúva mostra a perseverança e a confiança que devemos ter na oração.
 
* Jesus, no entanto, com duas perguntas, termina a parábola com dois aspetos importantes:
- Do lado de Deus, através de uma pergunta retórica, que claramente exige uma resposta positiva, fica-nos a certeza de que Ele fará justiça aos seus eleitos: «Sim, Deus fará justiça».
- Do nosso lado, através da última pergunta de Jesus, cuja resposta não é claramente um «sim», devemos pensar que quando o Filho do homem voltar, para encontrar ou não fé na terra, algo depende de nós. A fé, de facto, motiva a oração. Por isso a oração não pode ser gerada por um motivo egoísta, desenquadrado da vontade de Deus nas nossas vidas, mas deve ser fundamentada na fé em Deus.
 
«… necessidade de orar sempre sem desanimar».  
Senhor, ensinaste-nos a orar. A tua relação com o Pai é modelo para a nossa relação com Ele. Somos filhos e, como filhos, somos convidados à intimidade com Deus, nosso Pai.
 
* «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens».   Senhor, ensina-me o verdadeiro Temor de Deus. Que eu saiba respeitar-Te, que eu saiba colocar-Te na minha vida no lugar que Te é devido. 
 
* «‘Faz-me justiça contra o meu adversário’». Obrigado, Senhor, porque fazes sempre justiça. És justo e compassivo. Obrigado, Senhor.
 
* «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo?».  Obrigado, Senhor, pela Tua misericórdia. Que eu sabia reconhecer a Tua justiça, o Teu amor e os Teus cuidados para comigo. Obrigado, Senhor, porque cuidas de mim.
 
* «Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?».  Obrigado, Senhor, pelo dom da fé. Que eu saiba fazê-la crescer. Que eu alimente a fé em mim. Sim, Senhor, quando voltares, encontrarás fé na terra. Esta é a minha resposta: «Eu creio em Ti e quero acreditar sempre».
 
MEDITAÇÃO
1 – Como é a minha vida de oração? Rezo só quando preciso? Rezo por hábito, ou rezo porque amo a Deus? Reconheço e louvo a Deus em todos os momentos da minha vida?
2 – Dou a Deus o lugar e o tempo que lhe são devidos? Respeito a Deus? Respeito o meu próximo? A partir desta parábola, sinto-me mais parecido com a viúva (necessitado[a], mas confiante…) ou sou mais parecido com o juiz iníquo?
3 – Quem é o meu adversário? Quais são os meus problemas que me fazem clamar pela justiça divina?
4 – Reconheço que sou eleito(a) de Deus, o seu (a sua) escolhido(a)? Tenho clamado a Deus dia e noite por alguma razão? Sinto que sou acolhido(a) nos meus pedidos? Reconheço que Deus tem o seu tempo de agir e age sempre em conformidade com o bem que Ele quer para mim?
5 – Tenho procurado crescer na fé? Faço do meu dia a dia uma constante oportunidade de crescimento na fé, seja através da oração como através de leituras espirituais e instrutivas? A Eucaristia dominical é para mim sempre momento de encontro com Deus e crescimento na fé?
 
PROPÓSITO E ORAÇÃO FINAL
A partir desta palavra proponho-me:
– a buscar crescer na fé, através da oração e através da busca de conhecimento das razões da fé da Igreja;
– a orar, com o coração agradecido a Deus, porque Ele é bom e justo sempre.

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