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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

XXIII Domingo do Tempo Comum

Santo Anjo da Guarda do Brasil
 
1ª Leitura (Sab 9,13-18):
Qual o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Quem pode sondar as intenções do Senhor? Os pensamentos dos mortais são mesquinhos e inseguras as nossas reflexões, porque o corpo corruptível deprime a alma e a morada terrestre oprime o espírito que pensa. Mal podemos compreender o que está sobre a terra e com dificuldade encontramos o que temos ao alcance da mão. Quem poderá então descobrir o que há nos céus? Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios, se Vós não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso espírito santo? Deste modo foi corrigido o procedimento dos que estão na terra, os homens aprenderam as coisas que Vos agradam e pela sabedoria foram salvos.
 
Salmo Responsorial: 89
R. Senhor, tendes sido o nosso refúgio através das gerações.
 
Vós reduzis o homem ao pó da terra e dizeis: «Voltai, filhos de Adão». Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou e como uma vigília da noite.
 
Vós os arrebatais como um sonho, como a erva que de manhã reverdece; de manhã floresce e viceja, à tarde ela murcha e seca.
 
Ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração. Voltai, Senhor! Até quando...Tende piedade dos vossos servos.
 
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade, para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias. Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus. Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.
 
2ª Leitura (Flm 9b-10.12-17): Caríssimo: Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão. Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa ação não parecesse forçada, mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.
 
Aleluia. Fazei brilhar sobre mim, Senhor, a luz do vosso rosto e ensinai-me os vossos mandamentos. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 14,25-33): Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: «Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo. De fato, se algum de vós quer construir uma torre, não se senta primeiro para calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai pôr o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a zombar: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ Ou ainda: um rei que sai à guerra contra um outro não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, para negociar as condições de paz. Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!».
 
«Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!»
 
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, Jesus indica-nos o lugar que deve ocupar o próximo na nossa hierarquia de amor e fala-nos sobre o seguimento a sua pessoa, que é o que deve caracterizar a vida cristã, um itinerário que transcorre por diferentes períodos no qual acompanhamos Jesus Cristo com nossa cruz: «Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo» (Lc 14,27).
 
Entra Jesus em conflito com a Lei de Deus, que nos ordena honrar os nossos pais e amar ao próximo, quando diz: «Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo?» (Lc 14,26) Naturalmente que não. Jesus Cristo disse que não veio para derrogar a Lei, mas para levá-la a sua plenitude; por isso Ele lhe dá a interpretação justa. Ao exigir um amor incondicional, próprio de Deus, declara que Ele é Deus, que devemos amá-lo sobre todas as coisas e que devemos ordená-lo em seu amor. Em nosso amor a Deus, que leva-nos a entregar-nos confiadamente a Jesus Cristo, amaremos ao próximo com um amor sincero e justo. Diz Santo Agostinho: «Te arrasta o afã pela verdade de Deus e de perceber sua vontade nas Santas Escrituras».
 
A vida cristã é uma constante viagem com Jesus. Hoje, muitos acreditam, teoricamente, ser cristãos, mas não viajam com Jesus: ficam no ponto de partida e não começam o caminho, ou o abandonam em seguida, ou fazem outra viagem com outros parceiros. A bagagem para viajar nesta vida com Jesus é a Cruz, cada um com a sua; mas junto à porção de dor que corresponde aos seguidores de Cristo, inclui-se também, o consolo com o qual Deus conforta suas testemunhas em qualquer classe de prova. Deus é a nossa esperança e nele está a fonte de vida.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Aproveita ainda mais os pequenos sofrimentos do que os grandes. Deus não olha tanto para o que se sofre, mas para a maneira como se sofre. Sofrer pouco ou muito, sofrer por Deus, é sofrer como santo» (São Luís Mª Grignion de Montfort)
 
«Há sempre este caminho que Ele fez primeiro: o caminho da humildade, o caminho também da humilhação, de negar-se a si mesmo e depois ressuscitar. Este é o caminho!» (Francisco)
 
«(…) Desde o princípio, os primeiros discípulos arderam no desejo de anunciar Cristo: ‘Nós é que não podemos deixar de dizer o que vimos e escutamos' (At 4, 20). E convidam os homens de todos os tempos a entrar na alegria da sua comunhão com Cristo» (Catecismo da Igreja Católica, nº 425)
 
Jesus: o Amor Primeiro
 
Pe. Rui Ruivo – da Diocese de Leiria-Fátima
 
* A liturgia do XXIII domingo do tempo comum apresenta-nos o Reino de Deus, o seguimento de Jesus e as suas exigências.
Para seguir Jesus é necessária uma adesão de todo o coração. Nos tempos que vivemos é de grande importância termos consciência desta exigência, pois só por amor a Cristo, colocando-o em primeiro lugar nas nossas preferências, como princípio e fim da nossa vida, seremos capazes de ultrapassar tantos obstáculos que se vão colocando no caminho de discipulado de Jesus, até alcançarmos o Reino de Deus.
 
* A grande multidão que seguia Jesus e escutava os seus ensinamentos, é hoje todos aqueles que se reúnem em cada Eucaristia e na liturgia da Palavra escutam os mesmos ensinamentos.
 
* A palavra proclamada e escutada por nós em cada Eucaristia, é ela mesma, caminho que nos prepara para o encontro com Cristo, para um maior seguimento de Cristo, que ganha expressão visível na liturgia eucarística. Comungar Cristo é decidir-se por Ele em primeiro lugar.
 
* Neste domingo, a palavra de Deus apresenta o direito de preferência que Jesus exige para Si, para todos aqueles que querem ser seus discípulos: “Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo”.
 
* Jesus é o verdadeiro mestre que não engana. Diante do entusiasmo da grande multidão que O seguia, Jesus não promete uma boa remuneração, uma vida descansada ou umas férias num destino de sonho, para conseguir que todos sejam seus discípulos. Pelo contrário, Jesus atrai a multidão pela verdade que transmite, pela verdade que Ele é, pela exigência que coloca no seu seguimento. Sim, não é para qualquer um ser discípulo de Jesus. É só para quem quer ser livre n’Ele, para quem O tem como primeiro Amor, para a partir Dele amar todos os outros.
 
* Cristo pede-nos o direito de preferência, pede-nos que seja o Amor primeiro das nossas vidas, pede-nos que tomemos a cruz para sermos seus discípulos. Será esta a forma de viver livremente? Jesus não nos quer fazer seus escravos, pelo contrário, quer-nos livres na decisão de O seguir. Ser discípulo de Jesus significa aceitar e abraçar, todos os dias, um caminho de libertação que exige uma grande opção de liberdade, que nunca nos permite cair em nenhuma forma de escravidão, quer seja das pessoas, dos bens, dos ideais e dos ídolos. Livres no amor a Jesus Cristo. Diante de tudo isto, ser discípulo significa acolher e carregar a cruz da própria vida. Cruz esta que se nos afigura muitas vezes como um ponto de interrogação, como nos sugere a 1ª leitura do livro da sabedoria: “Qual o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Quem pode sondar as intenções do Senhor?”
 
* Fica claro que optar por seguir Jesus não é um caminho de facilidade, por isso não é um caminho que todos aceitem fazer. Aos olhos de Jesus é decisivo que nos perguntemos se estamos realmente dispostos a apostar a nossa vida na Sua palavra.
 
MEDITAÇÃO
 
1. “Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes…” Quando vou à Eucaristia e escuto a palavra de Deus tenho consciência que faço parte desta multidão e que Jesus me fala? Escuto o que Ele me pede como forma concreta de O seguir?
 
2. “Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo”.  Na minha vida coloco Jesus Cristo em primeiro lugar? Tenho Jesus e o seu amor como mais importante na minha vida? Amo os outros a partir do amor de Jesus?
 
3. “Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo”. Sem cruz não há salvação. Sei qual é a minha cruz hoje? Reconheço que a cruz que hoje me é dada carregar é para minha santificação e para um seguimento mais perfeito de e com Jesus?
 
4. “Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem como que terminá-la? Reconheço que Jesus me dá liberdade de decisão para O seguir? Reconheço que eu próprio e os meus bens são os primeiros obstáculos a ultrapassar para ser livre? Estou disposto a seguir livremente Jesus?

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