São
João Gabriel Perboyre, presbítero e mártir
1ª
Leitura (Col 3,12-17): Como eleitos de Deus, santos e prediletos,
revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e
paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver
razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer
vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da
perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados
para formar um só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em vós com
abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos
outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai
de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras
ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus
Pai.
Salmo
Responsorial: 150
R. Tudo o que vive e respira
louve o Senhor.
Louvai o Senhor no seu santuário,
louvai-O no seu majestoso firmamento.
Louvai-O pela grandeza das suas
obras, louvai-O pela sua infinita majestade.
Louvai-O ao som da trombeta,
louvai-O ao som da lira e da cítara.
Louvai-O com o tímpano e com a
dança, louvai-O ao som da harpa e da flauta.
Louvai o Senhor, louvai-O com
címbalos sonoros.
Louvai-O com címbalos
retumbantes. Tudo o que vive e respira louve o Senhor.
Aleluia. Se nos amarmos uns
aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Aleluia.
Evangelho
(Lc 6,27-38): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «A vós,
porém, que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que
vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos
caluniam. Se alguém te bater numa face, oferece também a outra. E se alguém
tomar o teu manto, deixa levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém
tirar do que é teu, não peças de volta. Assim como desejais que os outros vos
tratem, tratai-os do mesmo modo. Se amais somente aqueles que vos amam, que
generosidade é essa? Até os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o
bem somente aos que vos fazem o bem, que generosidade é essa? Os pecadores
também agem assim. E se prestais ajuda somente àqueles de quem esperais
receber, que generosidade é essa? Até os pecadores prestam ajuda aos pecadores,
para receberem o equivalente. Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai
ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande.
Sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso também para com os ingratos e
maus. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não
sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis
perdoados. Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e
transbordante será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes
para os outros, servirá também para vós».
«Sede misericordiosos como
vosso Pai é misericordioso»
Rev. D. Jaume AYMAR i Ragolta (Badalona,
Barcelona, Espanha)
Hoje, no Evangelho, o Senhor
pede-nos duas vezes que amemos os nossos inimigos. E oferece, seguidamente,
três situações concretas e positivas deste mandamento: fazei o bem aos que vos
odeiam, benzei aos que vos maldizem e orai por aqueles que vos caluniam. É um
mandamento que parece difícil de cumprir: como podemos amar os que não nos
amam? Mais ainda, como podemos amar aqueles que temos a certeza de que nos
querem mal? Chegar a amar desta maneira é um dom de Deus, mas é preciso que
estejamos abertos a Ele. Bem pensado, amar os inimigos é humanamente falando, a
coisa mais sábia que podemos fazer: o inimigo amado sente-se desarmado; amá-lo
pode ser condição da possibilidade de deixar de ser inimigo. Jesus continua
nesta mesma linha, dizendo: «Se alguém te bater numa face, oferece também a
outra» (Lc, 6,29). Poderia parecer um excesso de mansidão. Mas, que fez Jesus
quando foi esbofeteado na sua Paixão? Certamente não contra-atacou, mas
respondeu com tal firmeza, cheia de caridade, que deve ter surpreendido aquele
servo irado: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que
me bates?» (Jo 18,22-23).
Todas as religiões têm uma máxima
de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti». Jesus é o
único que a formula de modo positivo: «Assim como desejais que os outros vos
tratem, tratai-os do mesmo modo» (Lc 6,31). Esta regra de ouro constitui o
fundamento de toda a moral. São João Crisóstomo, comentando este versículo,
ensina-nos: «Ainda há mais, porque Jesus não disse somente: desejai todo o bem
para os outros, mas fazei o bem aos outros»; logo, a máxima de ouro proposta
por Jesus não pode reduzir-se a um mero desejo, mas tem que se traduzir em
obras.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Que bom é o Senhor...! Ele
sempre combina suas provações com a força que nos dá» (Santa Teresinha de
Lisieux)
«Quando a gente aprende a se
acusar a sim mesmo é misericordioso com os outros» (Francisco)
« (...) Toda a Lei evangélica se
apoia no “mandamento novo” de Jesus (Jo 13, 34): de nos amarmos uns aos outros
como Ele nos amou (cf. Jo 15,12)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1970)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje conta
como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos
primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc
1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por
toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado
nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a
multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1).
Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as
palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só
depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus.
Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.
* Lucas 5,1-3: Jesus ensina a
partir da barca. O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta
gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca
ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma
pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo,
comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade
de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade
consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado,
mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.
* Lucas 5,4-5: "Pela tua
palavra lançarei as redes!" Terminada a instrução ao povo, Jesus se
dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem
frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não
pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar
e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência
frustrante da noite!
* Lucas 5,6-7: O resultado é
surpreendente. A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as
barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na
outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar
a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje,
deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da
força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as
diferenças se abraçam e se superam.
* Lucas 5,8-11: "Seja
pescador de gente!" A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz
Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um
pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros
sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério
fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não
tenha medo!" Ele chama Pedro e o
compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta,
bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz
de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores
fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então,
"deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que
anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e
envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa
Nova para o povo.
* O episódio da pesca no lago
mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1).
Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de
Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a
rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se
afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É
assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!
Para um confronto pessoal
1) Onde e como acontece
hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?
2) Eles largaram tudo e
seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?
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