Beato
Isidoro Bakanja, leigo e mártir da nossa Ordem.
Bta Victória Diez, virgem e mártir da Instituição Teresiana.
1ª
Leitura (Dt 31,1-8): Naqueles dias, Moisés dirigiu estas palavras aos
filhos de Israel: «Tenho hoje cento e vinte anos; já não posso ir e vir. Além
disso, o Senhor disse-me: ‘Não passarás o Jordão’. É o Senhor, vosso Deus, que
há-de passá-lo à vossa frente, Ele é que destruirá as nações que tendes diante
de vós e as conquistará. Josué irá à vossa frente, como disse o Senhor. O
Senhor tratará essas nações como tratou os reis amorreus Sicon e Og e as suas
terras que arrasou. O Senhor vo-las entregará nas vossas mãos e vós as tratareis
em tudo segundo as ordens que vos dei. Sede fortes, sede valorosos, não receeis
nem tremais diante deles. O Senhor, vosso Deus, irá convosco e não vos
desamparará nem abandonará». Depois Moisés chamou Josué e disse-lhe na presença
de todo o Israel: «Sê forte e valoroso, porque hás de entrar com este povo na
terra que o Senhor jurou dar a seus pais; és tu que o introduzirás nessa
herança. O Senhor avançará à tua frente e estará contigo; não te desamparará
nem te abandonará. Não temas nem te assustes».
Salmo
Responsorial: 32
R. A herança do Senhor é o seu
povo.
Vou invocar o nome do Senhor: dai
glória ao nosso Deus. A obra de Deus é perfeita e retos são os seus caminhos.
Lembra-te dos dias de outrora,
considera os anais do passado, interroga o teu pai e ele te contará, os teus
avós e eles te ensinarão.
Quando o Altíssimo deu às nações
a sua herança e espalhou os filhos dos homens pela terra, estabeleceu as
fronteiras dos povos, segundo o número dos seus filhos.
Mas a herança do Senhor foi o seu
povo, Jacob foi a porção da sua herança. Só o Senhor o conduzia, nenhum poder
estranho estava com Ele.
Aleluia. Tomai o meu jugo
sobre vós, diz o Senhor, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração.
Aleluia.
Evangelho
(Mt 18,1-5.10.12-14): Naquela hora, os discípulos aproximaram-se de
Jesus e perguntaram: «Quem é o maior no Reino dos Céus?». Jesus chamou uma
criança, colocou-a no meio deles e disse: «Em verdade vos digo, se não vos
converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos
Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus.
E quem acolher em meu nome uma criança como esta, estará acolhendo a mim mesmo.
Cuidado! Não desprezeis um só destes pequenos! Eu vos digo que os seus anjos, no
céu, contemplam sem cessar a face do meu Pai que está nos céus. Que vos parece?
Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e
nove nos morros, para ir à procura daquela que se perdeu? E se ele a encontrar,
em verdade vos digo, terá mais alegria por esta do que pelas noventa e nove que
não se extraviaram. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se
perca nenhum desses pequenos».
«O Pai que está nos céus não
deseja que se perca nenhum desses pequenos»
Rev. D. Valentí ALONSO i Roig (Barcelona,
Espanha)
Hoje, o Evangelho volta a nos
revelar o coração de Deus que nos faz entender com que sentimentos atua o Pai
do céu em relação a seus filhos. A solicitude mais fervorosa é para com os
pequenos, aqueles com os quais não se presta atenção, aqueles que não chegam
aonde todo mundo chega. Sabíamos que o Pai, como bom Pai que é, tem predileção
pelos filhos pequenos, mas hoje, nos damos conta de outro desejo do Pai, que se
converte em obrigação para nós: «Se não vos converterdes e não vos tornardes
como crianças, não entrareis no Reino dos Céus» (Mt 18,3).
Portanto, entendemos que o Pai
não valoriza tanto o “ser pequeno”, mas o “fazer-se pequeno”. «Quem se faz
pequeno (...), esse é o maior no Reino dos Céus» (Mt 18,4). Por isso, devemos
entender nossa responsabilidade nesta ação de nos diminuirmos. Não se trata
tanto de ter sido criado pequeno ou simples, limitado ou com mais ou menos
capacidade, mas de saber prescindir da possível grandeza de cada um, para nos
mantermos no nível dos mais humildes e simples. A verdadeira importância de
cada um está em nos assemelharmos a um destes pequenos que Jesus mesmo nos
apresenta com cara e olhos.
Para terminar, o Evangelho ainda
nos amplia a lição de hoje. Há, e muito perto de nós!, uns “pequenos” que estão
mais abandonados do que os outros: aqueles que são como ovelhas que se
desgarraram; e o Pai as busca e, quando as encontra, se alegra porque as faz
voltar para casa e já não se perdem. Talvez, se contemplássemos a quem nos
rodeia como ovelhas procuradas pelo Pai e devolvidas, mais do que desgarradas,
seriam capazes de ver, mais frequentemente, e mais de perto, o rosto de Deus.
Como diz Santo Asterio de Amasea: «A parábola da ovelha perdida e do pastor nos
ensina que não devemos desconfiar precipitadamente dos homens, nem desistir de
ajudar aos que se encontram em risco».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Sou uma alma muito pequenina que
apenas pode oferecer a Deus pequenas coisas» (Santa Teresinha de Lisieux)
«Em que consiste exatamente,
ser-se criança? No sentido de Jesus Cristo, significa aprender a dizer “Pai”.
Só se conservar a existência filial vivida por Jesus, o homem poderá entrar com
o Filho na divindade» (Bento XVI)
«Jesus lembrou-o ao terminar a
parábola da ovelha perdida: «Assim, não é da vontade do meu Pai, que está nos
céus, que se perca um só destes pequeninos» (Mt 18, 14) (...)» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 605)
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* Aqui no capítulo 18 do
evangelho de Mateus começa o quarto grande discurso da Nova Lei, o Sermão da
Comunidade. O Evangelho de Mateus, escrito para as comunidades dos judeus
cristãos da Galileia e Síria, apresenta Jesus como o novo Moisés. No AT, a Lei
de Moisés foi codificada nos cinco livros do Pentateuco. Imitando o modelo
antigo, Mateus apresenta a Nova Lei em cinco grandes Sermões: 1)
O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,29); 2) O Sermão da Missão (Mt 10,1-42); 3)
O Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52); 4) O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35); 5)
O Sermão do Futuro do Reino (Mt 24,1 a 25,46). As partes narrativas,
intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram
como ele praticava e encarnava a nova Lei em sua vida.
* O evangelho de hoje
traz a primeira parte do Sermão da Comunidade (Mt 18,1-14) que tem como palavra-chave
os “pequenos”. Os pequenos não são só as crianças, mas também as pessoas
pobres e sem importância na sociedade e na comunidade, inclusive as crianças.
Jesus pede que estes pequenos estejam no centro das preocupações da comunidade,
pois "o Pai não quer que um só destes pequenos se perca" (Mt 18,14).
* Mateus 18,1: A pergunta dos
discípulos que provocou o ensinamento de Jesus . Os discípulos querem saber
quem é o maior no Reino. Só o fato de eles fazerem esta pergunta revela que
pouco ou nada tinham entendido da mensagem de Jesus. O Sermão da Comunidade,
todo inteiro, é para fazer entender que entre os seguidores e as seguidoras de
Jesus deve vigorar o espírito de serviço, doação, perdão, reconciliação e amor
gratuito, sem buscar o próprio interesse e a autopromoção.
* Mateus 18,2-5: O critério
básico: o menor é o maior. Os discípulos querem um critério para poder
medir a importância das pessoas na comunidade: "Quem é o maior no Reino do
Céu?". Jesus responde que o critério é a criança! Criança não tem
importância social, não pertence ao mundo dos grandes. Os discípulos devem
tornar-se como crianças. Em vez de querer crescer para cima, devem crescer para
baixo e para a periferia, onde vivem os pobres, os pequenos. Assim serão os
maiores no Reino! E o motivo é este: “Quem recebe a um destes pequenos, recebe
a mim!” Jesus se identifica com eles. O amor de Jesus pelos pequenos não tem
explicação. Criança não tem mérito. É a pura gratuidade do amor de Deus que
aqui se manifesta e pede para ser imitada na comunidade dos que se dizem
discípulos e discípulas de Jesus.
* Mateus 18,6-9: Não
escandalizar os pequenos. Estes quatro versículos sobre o escândalo dos
pequenos foram omitidos no texto do evangelho de hoje. Damos um breve
comentário. Escandalizar os pequenos significa: ser motivo para que os pequenos
percam a fé em Deus e abandonem a comunidade. Mateus conservou uma frase muito
dura de Jesus: “Quem escandalizar um desses pequeninos que acreditam em mim,
melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no
fundo do mar”. Sinal de que naquele tempo muitos pequenos já não se identificavam
mais com a comunidade e procuravam outros abrigos. E hoje? Na América Latina,
por exemplo, cada ano, são em torno de 3 milhões de pessoas que abandonam as
igrejas históricas e mudam para as igrejas evangélicas. Sinal de que já não se
sentem em casa entre nós. E muitas vezes são os mais pobres que nos abandonam.
O que falta em nós? Qual a causa deste escândalo dos pequenos? Para evitar o
escândalo, Jesus manda cortar mão ou pé e arrancar o olho. Esta frase não pode
ser tomada ao pé da letra. Ela significa que se deve ser muito exigente no
combate ao escândalo que afasta os pequenos. Não podemos permitir, de forma
nenhuma, que os pequenos se sintam marginalizados na nossa comunidade. Pois
neste caso a comunidade já não seria um sinal do Reino de Deus.
* Mateus 18,10-11: Os anjos dos pequenos estão
na presença do Pai. Jesus evoca o salmo 91. Os pequenos fazem de Javé o seu
refúgio e tomam o Altíssimo como defensor (Sl 91,9) e, por isso: “A desgraça
jamais o atingirá, e praga nenhuma vai chegar à sua tenda, pois ele ordenou aos
seus anjos que guardem você em seus caminhos. Eles o levarão nas mãos, para que
seu pé não tropece numa pedra”. (Sl 91,10-12).
* Mateus 18,12-14: A parábola das cem ovelhas. Para
Lucas, esta parábola revela a alegria de Deus pela conversão de um pecador (Lc
15,3-7). Para Mateus, ela revela que o Pai não quer que um destes pequeninos se
perca. Com outras palavras, os pequenos devem ser a prioridade pastoral da
Comunidade, da Igreja. Eles devem estar no centro da preocupação de todos. O
amor aos pequenos e excluídos deve ser o eixo da comunidade dos que querem
seguir Jesus. Pois é deste modo que a comunidade se torna amostra do amor
gratuito de Deus que acolhe a todos.
Para um confronto pessoal
1. As pessoas mais pobres do
bairro participam da nossa comunidade? Elas se sentem bem ou encontram em nós
motivo para se afastar?
2. Deus Pai não quer que se perca
nenhum dos pequenos. O que significa isto para a nossa comunidade?
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