São
Maximiliano Maria Kolbe, presbítero e mártir
Bta Maria
do Patrocínio de São José, virgem e mártir de nossa Ordem
1ª
Leitura (Jos 3,7-10a.11.13-17): Naqueles dias, o Senhor disse a Josué:
«Hoje começarei a engrandecer-te aos olhos de todo o Israel, para que saibam
que Eu estarei contigo, como estive com Moisés. E tu darás esta ordem aos
sacerdotes que transportam a arca da aliança: ‘Quando chegardes à beira das
águas do Jordão, parai aí’». Josué disse aos filhos de Israel: «Aproximai-vos e
ouvi as palavras do Senhor, vosso Deus». Depois continuou: «Por isto
conhecereis que um Deus vivo está no meio de vós e expulsará da vossa frente os
cananeus: Vereis a arca da aliança do Senhor, Deus de toda a terra, atravessar
o Jordão à vossa frente. Quando os sacerdotes que transportam a arca do Senhor,
Deus de toda a terra, tiverem tocado com os seus pés as águas do Jordão, estas
serão divididas, pois as que descem do alto ficarão paradas, formando um só
bloco». Quando o povo saiu das suas tendas para atravessar o Jordão, já estavam
à frente os sacerdotes que levavam a arca da aliança. Logo que os portadores da
arca chegaram ao Jordão e os pés dos sacerdotes que levavam a arca tocaram na
água, __ o Jordão transborda por todas as suas margens durante o tempo das
ceifas __ as águas que desciam do alto pararam e formaram um bloco até uma
grande distância, perto de Adamá, cidade vizinha de Sartã, enquanto as que
desciam para o mar de Arabá, ou mar do Sal, se escoavam completamente. O povo
atravessou em frente de Jericó. Os sacerdotes que levavam a arca da aliança do
Senhor mantiveram-se firmes no leito seco do Jordão, até que todo o Israel
passou a pé enxuto para o outro lado do rio.
Salmo
Responsorial: 113
R. Aleluia.
Quando Israel saiu do Egipto,
quando a casa de Jacob se afastou do povo estrangeiro, Judá tornou-se o
santuário do Senhor e Israel o seu domínio. Refrão
O mar viu e recuou, o Jordão
voltou atrás, os montes saltaram como carneiros, como cordeiros as colinas.
Que tens, ó mar, para fugires
assim, e tu, Jordão, para voltares atrás? Montes, porque saltais como
carneiros, e vós, colinas, como cordeiros?
Treme, ó terra, diante do Senhor,
diante do Deus de Jacob, que transformou o rochedo em lago e a pedra em fonte
de água.
Aleluia. Fazei brilhar sobre
mim a vossa face e dai-me a conhecer os vossos decretos. Aleluia.
Evangelho
(Mt 18,21—19,1): Naquele tempo, Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando:
«Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete
vezes?». Jesus respondeu: «Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes
sete vezes. O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que resolveu ajustar
contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia
uma fortuna inimaginável. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor
mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o
que possuía, para pagar a dívida. O servo, porém, prostrou-se diante dele
pedindo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor
teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida. Ao sair dali, aquele
servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória.
Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. O
companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: ‘Tem paciência comigo, e eu te
pagarei’. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que
pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia acontecido, os outros
servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o
senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo malvado, eu te perdoei
toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do
teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? O senhor se irritou e mandou
entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim
que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de
coração ao seu irmão». Quando terminou essas palavras, Jesus deixou a Galileia
e foi para a região da Judéia, pelo outro lado do Jordão.
«Senhor, quantas vezes devo
perdoar, se meu irmão pecar contra mim?»
Rev. D. Joan BLADÉ i Piñol (Barcelona,
Espanha)
Hoje, perguntar «quantas vezes
devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?» (Mt 18,21), é também perguntar:
Estes a quem tanto amo, os vejo com tantas manias e caprichos que me chateiam,
que me incomodam com frequência, não falam comigo... E isto se repete este dia
e no outro dia. Senhor, até quando tenho que aguentar isso?
Jesus responde com a lição de
paciência. Na realidade, os dois devedores coincidem quando dizem: «Tem
paciência comigo» (Mt 18,26.29). Mas, enquanto o descontrole do malvado, que já
ia sufocando o outro por pouca coisa, lhe ocasionaria a ruína moral e econômica,
a paciência do rei, não só salva o devedor, sua família e os bens, como
engrandece a personalidade do monarca e gera confiança na corte. A reação do
rei, nos lábios de Jesus, nos recorda o livro dos Salmos: «Mas em ti se
encontra o perdão, para seres venerado com respeito» (Sal 130,4).
Está claro que precisamos nos
opor à injustiça, e, se necessário, energicamente (suportar o mal seria um
indício de apatia ou covardia). Mas, a indignação é saudável quando nela não há
egoísmo, nem ira, nem sandice, senão o desejo reto de defender a verdade. A
autêntica paciência é a que nos leva a suportar misericordiosamente a
contradição, a debilidade, as doenças, as faltas de oportunidade das pessoas,
dos acontecimentos ou das coisas. Ser paciente equivale a dominar-se a si
mesmo. As pessoas susceptíveis ou violentas não podem ser pacientes porque nem
pensam nem são donos de si mesmos.
A paciência é uma virtude cristã
porque faz parte da mensagem do Reino dos Céus, e se forja na experiência de
que todos nós temos defeitos. Se Paulo nos exorta a nos suportarmos uns aos
outros (cf. Col 3,12-13), Pedro nos recorda que a paciência do Senhor nos dá a
oportunidade de nos salvarmos (cf. 2 Pe 3,15).
Certamente, quantas vezes a
paciência do bom Deus nos perdoou no confessionário! Sete vezes? Setenta vezes
sete? Quiçá mais!
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Se buscar um exemplo de
paciência, encontrara o melhor deles na Cruz. Grande foi a paciência de Cristo
na cruz» (São Tomás de Aquino)
«O Senhor toma-se seu tempo. Mas
incluso Ele, nesta relação conosco, tem muita paciência. E espera por nós até o
final da vida! Pensemos no bom ladrão, que justo ao final, reconheceu a Deus»
(Francisco)
«Os leigos recebem a vocação
admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos cada vez
mais abundantes. De facto, todas as suas atividades, orações, iniciativas
apostólicas, a sua vida conjugal e familiar, o seu trabalho de cada dia, os
seus lazeres do espírito e do corpo, se forem vividos no Espírito de Deus, e
até as provações da vida se pacientemente suportadas, tudo se transforma em
“sacrifício espiritual, agradável a Deus por Jesus Cristo”. Na celebração
eucarística, todas estas oblações se unem à do Corpo de Senhor, para serem
piedosamente oferecidas ao Pai (...).» (Catecismo da Igreja Católica, n° 901)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No evangelho de ontem ouvimos as palavras de
Jesus sobre a correção fraterna (Mt 18,15-20). No evangelho de hoje (Mt
18,21-39) o assunto central é o perdão e a reconciliação.
* Mateus 18,21-22: Perdoar
setenta vezes sete. Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna
e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Sete vezes?”
Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete
é sinônimo de sempre. Mas Jesus vai mais longe. Ele elimina todo e qualquer
possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta
vezes sete!” É como se dissesse: “Sempre, não! Pedro, mas setenta vezes
sempre!” Pois não há proporção entre o amor de Deus para conosco e o nosso amor
para com o irmão. Aqui se evoca o episódio de Lamec do AT. “Lamec disse para as
suas mulheres: Ada e Sela, ouçam minha voz; mulheres de Lamec, escutem minha
palavra: Por uma ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um
jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e
sete" (Gn 4,23-24). A tarefa das comunidades é a de reverter o processo da
espiral da violência. Para esclarecer a sua resposta a Pedro Jesus conta a
parábola do perdão sem limite.
* Mateus 18,23-27: A atitude
do patrão. Esta parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um patrão,
mas pensa em Deus. Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como
veremos, apesar de se tratar de coisas normais diárias, existe algo nesta
história que não acontece nunca na vida diária. Na história que Jesus conta, o
patrão segue as normas do direito da época. Era um direito dele de prender o
empregado com toda a sua família e mantê-lo na prisão até que tivesse pagado
pelo trabalho escravo a sua dívida. Mas diante do pedido do empregado
endividado, o patrão perdoa a dívida. O que chama a atenção é o tamanho da
dívida: dez mil talentos. Um talento equivale a 35 kg de ouro. Segundo os
cálculos feitos, dez mil talentos equivalem a 350 toneladas de ouro. Mesmo que
o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais
seriam capazes de juntar 350 toneladas de ouro. O cálculo extremo é proposital.
Nossa dívida frente a Deus é incalculável e impagável.
* Mateus 18,28-31: A atitude
do empregado. Ao sair daí, esse empregado perdoado encontrou um de seus
companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a
sufocá-lo, dizendo: 'Pague logo o que me deve'. Dívida de cem denários é o
salário de cem dias de trabalho. Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro.
Não existe meio de comparação entre os dois! Nem dá para entender a atitude do
empregado: o patrão lhe perdoou 350 toneladas de outro e ele não quer perdoar
30 gramas de ouro. Em vez de perdoar, ele faz com o companheiro aquilo que o
patrão ia fazer, mas não fez. Mandou prender o companheiro de acordo com as
normas da lei, até que fosse paga a dívida. Atitude chocante para qualquer ser
humano. Chocou os outros companheiros. Vendo o que havia acontecido, os outros
empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo.
Qualquer um de nós teria tido a mesma atitude de desaprovação.
* Mateus 18,32-35: A atitude
de Deus. “O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: 'Empregado
miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você,
não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?' O
patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que
pagasse toda a sua dívida”. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente
nossa dívida de 350 toneladas de ouro, é nada mais que justo que nós perdoemos
ao irmão a pequena dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites.
O único limite para a gratuidade da misericórdia de Deus vem de nós mesmos, da
nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no
Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido” (Mt 6,12-15).
* A comunidade como espaço
alternativo de solidariedade e fraternidade. A sociedade do Império Romano
era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo
para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não
ofereciam um lugar para eles. Nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na
observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da
sociedade e da sinagoga. Assim, nas comunidades começavam a aparecer as mesmas
divisões que existiam na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação
e submissão, homem e mulher, raça e religião. Em vez da comunidade ser um
espaço de acolhimento, tornava-se um lugar de condenação. Juntando palavras de
Jesus, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de
Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e
de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.
Para um confronto pessoal
1) Perdoar. Tem gente que
diz: “Perdoo, mas não esqueço!” E eu? Sou capaz de imitar a Deus?
2) Jesus deu o exemplo. Na
hora de ser morto pediu perdão para os seus assassinos (Lc 23,34). Será que sou
capaz de imitar Jesus?
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