Bto.
João Soreth, presbítero fundador das Ordens II e III
Btas.
Mª Pilar de São Francisco de Borja, Teresa do Menino Jesus e Maria de São José,
Virgens
e Mártires de nossa Ordem
Bta.
Mª das Mercês do Sagrado Coração Prat, Religiosa da Companhia de Santa Teresa, Virgem
e márti.
S. Charbel Makhluf, presbítero
1ª
Leitura (Jer 2,1-3.7-8.12-13): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo:
«Vai proclamar aos ouvidos de Jerusalém: Assim fala o Senhor: Lembro-Me do
afeto da tua juventude, do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto,
numa terra onde não se semeia. Israel era então uma herança sagrada do Senhor,
primícias da sua colheita. Aqueles que a devoravam recebiam a paga: a desgraça
caía sobre eles – oráculo do Senhor –. Eu conduzi-vos a uma terra de pomares,
para comerdes dos seus ricos frutos. Mas logo que entrastes, profanastes a minha
terra e fizestes da minha herança um lugar abominável. Os sacerdotes não
perguntavam: ‘Onde está o Senhor?’. Os mestres da Lei não Me conheceram, os
guias do povo revoltaram-se contra Mim, os profetas vaticinaram em nome de Baal
e foram atrás de deuses que nada valem. Pasmai de tudo isto, ó céus, estremecei
de horror e espanto – diz o Senhor –, porque o meu povo cometeu dois pecados:
abandonaram-Me a Mim, fonte de água viva, e cavaram cisternas, cisternas rotas,
que não conservam a água».
Salmo
Responsorial: 35
R. Em Vós, Senhor, está a
fonte da vida.
Senhor, até aos céus se eleva a
vossa bondade e até às nuvens a vossa fidelidade. A vossa justiça é como os
montes altíssimos, os vossos juízos são como o abismo profundo.
Como é admirável, Senhor, a vossa
bondade! À sombra das vossas asas se refugiam os homens. Podem saciar-se da
abundância da vossa casa e Vós os inebriais com a torrente das vossas delícias.
Em Vós está a fonte da vida e é
na vossa luz que vemos a luz. Conservai a vossa bondade aos que Vos conhecem e
a vossa justiça aos retos de coração.
Aleluia. Bendito sejais, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino. Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,10-17): Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se e disseram a
Jesus: «Por que lhes falas em parábolas?». Ele respondeu: «Porque a vós foi
dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois a quem tem
será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem será tirado até
o que tem. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque olhando não enxergam e
ouvindo não escutam, nem entendem. Deste modo se cumpre neles a profecia de
Isaías: ‘Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que olheis, nada
vereis. Pois o coração deste povo se endureceu, e eles ouviram com o ouvido
indisposto. Fecharam os seus olhos, para não verem com os olhos, para não
ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, nem se converterem para
que eu os pudesse curar’. Felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos
ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram
ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e
não ouviram».
«Felizes são vossos olhos,
porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem!»
Rev. D. Manel MALLOL Pratginestós
(Terrassa, Barcelona, Espanha)
Hoje, recordamos a louvação
dirigida por Jesus aos que se agrupavam junto a Ele: «ditosos vossos olhos,
porque veem, e vossos ouvidos porque ouvem!» (Mt 13,16). E nos perguntamos: As
palavras de Jesus vão dirigidas também a nós, ou são somente para aqueles que o
viram e o escutaram diretamente? Parece que os ditosos são eles, pois tiveram a
sorte de conviver com Jesus, de permanecer física e sensivelmente ao seu lado. Enquanto
nós estaríamos entre os justos e profetas sem sermos justos, nem profetas!— que
gostaríamos de ver e ouvir.
Não esqueçamos, porém, que o
Senhor se refere aos justos e profetas anteriores à sua vinda, a sua revelação:
«Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais
vendo, e não viram» (Mt 13,17). Ele chega à plenitude dos tempos, e nós estamos
nessa plenitude, já estamos no tempo de Cristo, no tempo da salvação. Em
verdade que não vimos Jesus com nossos olhos, mas sim o conhecemos e o
conheceremos. E não escutamos a sua voz com nossos ouvidos, mas sim escutamos e
escutaremos suas palavras. O conhecimento que a fé nos dá, mesmo que não seja
sensível, é um autentico conhecimento, nos põe em contato com a verdade, por
isso nos dá felicidade e alegria.
Agradecemos nossa fé cristã,
estejamos contentes por ela. Tentaremos que o trato com Jesus seja próximo e
não distante tal como o tratava aqueles discípulos que estavam junto a Ele, que
o viram e ouviram. Não vejamos Jesus indo do presente ao passado, e sim do
presente ao presente, estejamos realmente no seu tempo, um tempo que não acaba.
A oração falar com Deus e a Eucaristia receber nos garante esta proximidade com
ele e nos faz realmente ditosos ao vê-lo com olhos e ouvidos de fé. «Recebe,
pois, a imagem de Deus que perdeste por tuas más obras» (Santo Agostinho).
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O Capítulo 13 traz o Sermão
das Parábolas. Seguindo o texto de Marcos (Mc 4,1-34), Mateus omitiu a
parábola da semente que germina sozinha (Mc 4,26-29), ampliou a discussão sobre
o porquê das parábolas (Mt 13,10-17) e acrescentou as parábolas do joio e do
trigo (Mt 13,24-30), do fermento (Mt 13,33), do tesouro (Mt 13,44), da pérola
(Mt 13,45-46) e da rede (Mt 13,47-50). Junto com as do semeador (Mt 13,4-11) e
do grão de mostarda (Mt 13,31-32), são ao todo sete parábolas no Sermão das
Parábolas (Mt 13,1-50).
* Mateus 13,10: A pergunta. No
evangelho de Marcos, os discípulos pedem uma explicação das parábolas (Mc
4,10). Aqui em Mateus, a perspectiva é outra. Eles querem saber por que Jesus,
quando fala ao povo, só fala em parábolas: "Por que usas parábolas para
falar com eles?" Qual o motivo desta diferença?
* Mateus 13,11-13: A vocês é
dado conhecer o mistério do Reino. Jesus responde: "Porque a vocês foi
dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois, a quem tem,
será dado ainda mais, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será
tirado até o pouco que tem”. Por que será que aos apóstolos era dado conhecer,
e aos outros não? Uma comparação para ajudar na compreensão. Duas pessoas
escutam a mãe ensinar: "quem ama não corta casaco". Uma das duas é
filha e outra não. A filha entendeu e a outra não entendeu nada. Por quê? É que
na casa da mãe a expressão "cortar casaco" significava caluniar.
Assim, o ensinamento da mãe ajudou a filha a entender melhor como praticar o
amor. Cresceu nela aquilo que ela já sabia. A quem tem, será dado ainda mais. A
outra pessoa não entendeu nada e perdeu até o pouco que pensava entender a
respeito de amor e de casaco. Ficou confusa e não conseguiu entender o que o
amor tem a ver com casaco. Daquele que não tem, será tirado até o pouco que
tem. Uma parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”,
que aceitam Jesus como Messias Servo. Esconde para os que insistem em dizer que
o Messias será e deve ser um Rei Glorioso. Estes entendem as imagens da
parábola, mas não chegam a entender o seu significado. Enquanto os discípulos
crescem naquilo que já sabem a respeito do Messias. Os outros não entendem nada
e perdem até o pouco que pensavam saber sobre o Reino e o Messias.
* Mateus 13,14-15: A
realização da profecia de Isaías. Como da outra vez (Mt 12,18-21), nesta
reação diferente do povo e dos fariseus frente ao ensinamento das parábolas,
Mateus vê novamente uma realização da profecia de Isaías. Ele até cita por
extenso o texto de Isaías que fala por si: “É certo que vocês ouvirão, porém
nada compreenderão. É certo que vocês enxergarão, porém nada verão. Porque o
coração desse povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os
olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender
com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados”.
* Mateus 13,16-17: Felizes os
olhos que veem o que vocês estão vendo. Tudo isso explica a frase final:
“Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem. Eu
garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão
vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não
puderam ouvir”.
* As parábolas: um novo jeito
de falar ao povo sobre Deus. O povo ficava impressionado com o jeito que
Jesus tinha de ensinar. “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente
dos escribas!” (Mc 7,28). Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar
imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o
povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe
duas coisas: estar por dentro das coisas da vida do povo, e estar por dentro
das coisas de Deus, do Reino de Deus. Em algumas parábolas acontecem coisas que
não costumam acontecer na vida. Por exemplo, onde se viu um pastor de cem
ovelhas abandonar noventa e nove para encontrar aquela única que se perdeu? (Lc
15,4) Onde se viu um pai acolher com festa o filho devasso, sem dar nenhuma
palavra de censura? (Lc 15,20-24). Onde se viu um samaritano ser melhor que o
levita e o sacerdote? (Lc 10,29-37). A parábola provoca para pensar. Ela leva a
pessoa a se envolver na história a partir da sua própria experiência de vida.
Faz com que nossa própria experiência nos leve a descobrir que Deus está
presente no cotidiano da nossa vida. A parábola é uma forma participativa de
ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz
descobrir. A parábola muda os olhos, faz a pessoa ser contemplativa, observadora
da realidade. Aqui está a novidade do ensino das parábolas de Jesus, diferente
dos doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei.
Para Jesus, “o Reino não é fruto de observância. O Reino está presente no meio
de vocês!” (Lc 17,21). Mas os ouvintes nem sempre o percebiam.
Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “A vocês
foi dado conhecer os mistérios do Reino”. Quando leio os evangelhos, sou como
os que não entendem nada ou como aqueles a quem é dado conhecer o Reino?
2) Qual a parábola de
Jesus com mais me identifica? Por que?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO