Santo
André Corsini, Bispo de nossa Ordem
1ª
Leitura (1Jo 4,19—5,4): Caríssimos: Nós devemos amar, porque Deus nos
amou primeiro. Se alguém disser: «Amo a Deus» e odiar o seu irmão, é mentiroso.
Quem não ama o seu irmão, que vê, não pode amar a Deus, que não vê. É este o
mandamento que recebemos d’Ele: quem ama a Deus ame também o seu irmão. Quem
acredita que Jesus é o Messias nasceu de Deus e quem ama Aquele que gerou ama
também o que d’Ele nasceu. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando
amamos a Deus, cumprindo os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em
guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo
o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a
nossa fé.
Salmo
Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos, Senhor,
todos os povos da terra.
Deus, concedei ao rei o poder de
julgar e a vossa justiça ao filho do rei. Ele governará o vosso povo com
justiça e os vossos pobres com equidade.
Ele os libertará da opressão e da
violência e o sangue deles será precioso a seus olhos; por ele hão de rezar
sempre e todos os dias o bendirão.
O seu nome será eternamente
bendito e durará tanto como a luz do sol; nele serão abençoadas todas as
nações, todos os povos da terra o hão de bendizer.
Aleluia. O Senhor enviou-me a
anunciar aos pobres a boa nova, a proclamar aos cativos a redenção. Aleluia.
Evangelho
(Lc 4,14-22): Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e
sua fama se espalhou por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas deles, e
todos o elogiavam. Foi então a Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu
costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer a leitura.
Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o lugar onde
está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a
unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a
libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade
aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor». Depois, fechou o
livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga,
estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem
da Escritura que acabastes de ouvir”. Todos testemunhavam a favor dele,
maravilhados com as palavras cheias de graça que saíam de sua boca. E
perguntavam: «Não é este o filho de José?».
«O Espírito do Senhor está
sobre mim, pois ele me consagrou com a unção»
Rev. D. Jordi POU i Sabater (Sant
Jordi Desvalls, Girona, Espanha)
Hoje lembramos que «quem ama a
Deus, ame também seu irmão» (1Jo 4,21). Como poderíamos amar a Deus a quem não
vemos, se não amamos a quem vemos, imagem de Deus? Depois que São Pedro
renegara, Jesus lhe perguntou se o amava: «Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que
te amo» (Jo 21,17), respondeu. Como a São Pedro, também Jesus nos pergunta: «Tu
me amas?»;e queremos lhe responder agora mesmo: «Tu o sabes tudo, Senhor, tu
sabes que te amo apesar de minhas deficiências; mas, ajuda-me a demonstrar-te;
ajuda-me a descobrir as necessidades de meus irmãos, a me entregar de verdade
aos outros, a aceitá-los tal como são, a valorizá-los».
A vocação do homem é o amor, é
vocação a se entregar, procurando a felicidade do outro e, assim encontrar a
própria felicidade. Como diz São João da Cruz, «No crepúsculo da vida, seremos
julgados no amor». Vale a pena que nos perguntemos ao terminar cada jornada,
cada dia, num breve exame de consciência, com foi este amor e, pontualizar
algum aspecto a melhorar para o dia seguinte.
«O Espírito do Senhor está sobre
mim» (Lc 4,18), dirá Jesus, fazendo seu este texto messiânico. É o Espírito do
Amor que assim como fez o do Messias a «que consagrou com a unção, para
anunciar a Boa Nova aos pobres» (cf. Lc 4,18), também “repousa” sobre nós e nos
conduz até o amor perfeito: Como diz o Concilio Vaticano II: «Todos os fiéis
cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã
e à perfeição da caridade». O Espírito Santo nos transformará como fez com os
Apóstolos, para que possamos agir sob sua moção, nos outorgando seus frutos e,
assim levá-los a todos os corações: «O fruto do Espírito, porém, é: amor,
alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio
próprio» (Gal 5,22-23).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Nosso Salvador foi
verdadeiramente homem, e Ele conseguiu a salvação do homem inteiro. Porque de
forma nenhuma nossa salvação é fictícia nem afeta só o corpo, se não que a
salvação de todo o homem foi realizada naquele que é o Verbo» (Santo Atanásio)
«Tem muitos cristãos com uma
esperança com demasiada água. Para ser “cristãos vencedores” devemos crer
confessando a fé, e custodiando a fé, e encomendando-nos a Deus, ao Senhor. E
esta é a vitória que venceu o mundo: nossa fé» (Francisco)
«Cremos e confessamos que Jesus
de Nazaré, nascido judeu de uma filha de Israel, (..) é o Filho eterno de Deus
feito homem; “vindo de Deus” (Jo 13,3), “decido do céu” (Jo 3,13; 6,33), “veio
na carne”, (1Jo 4,2) (...). De sua plenitude todos nós recebemos, graça por
graça” (Jo 1,14.16)» (Catecismo da Igreja Católica, n°423)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Animado pelo Espírito Santo,
Jesus volta para a Galileia e começa a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus.
Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas, ele chega em Nazaré, onde
tinha sido criado. Estava de volta na comunidade, onde, desde pequeno, tinha
participado das celebrações durante trinta anos. No sábado seguinte, conforme o
seu costume, ele vai na sinagoga para estar com o povo e participar da
celebração.
* Jesus se levantou para fazer
a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos
e oprimidos. O texto refletia a situação do povo da Galileia no tempo de Jesus.
Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as
palavras de Isaías, define a sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres,
proclamar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, restituir
a liberdade aos oprimidos. Retomando a antiga tradição dos profetas, ele
proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu. Jesus
quer reconstruir a comunidade, o clã, para que fosse novamente expressão da sua
fé em Deus! Pois, se Deus é Pai/Mãe, todos e todas devemos ser irmãos e irmãs
uns dos outros.
* No antigo Israel, a grande
família, o clã ou a comunidade, era a base da convivência social. Era a
proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o veículo
principal da tradição e a defesa da identidade do povo. Era a maneira concreta
de se encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã, a comunidade,
era o mesmo que defender a Aliança com Deus. Na Galileia do tempo de Jesus, um
duplo cativeiro marcava a vida do povo e estava contribuindo para a
desintegração do clã, da comunidade: o cativeiro da política do governo de
Herodes Antipas (4 aC a 39 dC) e o cativeiro da religião oficial. Por causa do
sistema de exploração e de repressão da política de Herodes Antipas, apoiada
pelo Império Romano, muita gente ficava sobrando e sem lugar, excluída e sem
emprego (Lc 14,21; Mt 20,3.5-6). O clã, a comunidade, ficou enfraquecida. As
famílias e as pessoas ficaram sem ajuda, sem defesa. E a religião oficial,
mantida pelas autoridades religiosas da época, em vez de fortalecer a
comunidade, para que ela pudesse acolher os excluídos, reforçava ainda mais
esse cativeiro. A Lei de Deus era usada para legitimar a exclusão de muita
gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos,
publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos. Era o contrário da fraternidade
que Deus sonhou para todos! Assim, tanto a conjuntura política e econômica como
a ideologia religiosa, tudo conspirava para enfraquecer a comunidade local e
impedir, assim, a manifestação do Reino de Deus. O programa de Jesus, baseado
no profeta Isaías oferecia uma alternativa.
* Terminada a leitura, Jesus
atualizou o texto e o ligou com a vida do povo dizendo: “Hoje se cumpriu esta
escritura nos ouvidos de vocês!” A sua maneira de ligar a Bíblia com a vida
do povo, provocou uma dupla reação. Uns acreditaram e ficaram admirados. Outros
tiveram uma reação de descrédito. Ficaram escandalizados e já não queriam saber
dele. Diziam: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22) Por que ficaram
escandalizados? É que Jesus falou em acolher os pobres, os cegos, os oprimidos.
Mas eles não aceitaram a sua proposta. E assim, no momento em que apresentou o
seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído!
Para um confronto pessoal
1. Jesus ligou a fé em
Deus com a situação social do seu povo. E eu, como vivo a minha fé em Deus?
2. No lugar onde eu moro
existem cegos, presos, oprimidos? O que faço?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO