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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

XXXI Domingo do Tempo Comum

São Martinho de Porres, religioso
 
1ª Leitura (Dt 6,2-6):
Moisés dirigiu-se ao povo, dizendo: «Temerás o Senhor, teu Deus, todos os dias da tua vida, cumprindo todas as suas leis e preceitos que hoje te ordeno, para que tenhas longa vida, tu, os teus filhos e os teus netos. Escuta, Israel, e cuida de pôr em prática o que te vai tornar feliz e multiplicar sem medida na terra onde corre leite e mel, segundo a promessa que te fez o Senhor, Deus de teus pais. Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. As palavras que hoje te prescrevo ficarão gravadas no teu coração».
 
Salmo Responsorial: 17
R. Eu Vos amo, Senhor: Vós sois a minha força.
 
Eu Vos amo, Senhor, minha força, minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador, meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança, meu protetor, minha defesa e meu salvador.
 
Invoquei o Senhor – louvado seja Ele – e fiquei salvo dos meus inimigos. Viva o Senhor, bendito seja o meu protetor; exaltado seja Deus, meu salvador.
 
Senhor, eu Vos louvarei entre os povos e cantarei salmos ao vosso nome. O Senhor dá ao seu Rei grandes vitórias e usa de bondade para com o seu Ungido.
 
2ª Leitura (Hb 7,23-28): Irmãos: Os sacerdotes da antiga aliança sucederam-se em grande número, porque a morte os impedia de durar sempre. Mas Jesus, que permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso pode salvar para sempre aqueles que por seu intermédio se aproximam de Deus, porque vive perpetuamente para interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiro pelos seus próprios pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Lei constitui sumos sacerdotes homens revestidos de fraqueza, mas a palavra do juramento, posterior à Lei, estabeleceu o Filho sumo sacerdote perfeito para sempre.
 
Aleluia. Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor; meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. Aleluia.
 
Evangelho (Mc 12,28-34): Um dos escribas, que tinha ouvido a discussão, percebeu que Jesus dera uma boa resposta. Então aproximou-se dele e perguntou: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’ E o segundo mandamento é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’! Não existe outro mandamento maior do que estes». O escriba disse a Jesus: «Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: ‘Ele é único, e não existe outro além dele’. Amar a Deus de todo o coração, com toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, isto supera todos os holocaustos e sacrifícios». Percebendo Jesus que o escriba tinha respondido com inteligência, disse-lhe: «Tu não estás longe do Reino de Deus». E ninguém mais tinha coragem de fazer-lhe perguntas.
 
«Qual é o primeiro de todos os mandamentos?»
 
Rev. D. Ramón CLAVERÍA Adiego (Embún, Huesca, Espanha)
 
Hoje, está na moda falar de amor aos irmãos, de justiça crista, etc. Mas apenas se fala do amor a Deus.
 
Por isso devemos lembrar-nos da resposta que Jesus dá ao escriba, quem sem maldade lhe pergunta: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» (Mc 12,29), o que não era de estranhar, por entre tantas leis e normas, os judeus, procuravam estabelecer um princípio que unificara todas as formulações da vontade de Deus.
 
Jesus responde com uma simples oração que ainda hoje, os judeus repetem várias vezes ao dia e, levam escrita em cima: «Escuta, Israel: «O primeiro é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’» (Mc 12,29-30). Quer dizer, Jesus, lembra-nos que em primeiro lugar, devemos proclamar a primazia do amor a Deus como tarefa fundamental do homem e, isso é lógico e justo, porque Deus nos amou em primeiro lugar.
 
Porém, não fica contento apenas com nos lembrar desse mandamento primordial e básico, senão que acrescenta que também devemos amar a nosso próximo como a nós mesmos. E é que, como diz o Papa Bento XVI, «Amar a Deus e amar o próximo são inseparáveis, são um único mandamento. Mas ambos vivem do amor que vem de Deus, que nos amou primeiro».
 
Um aspecto que não se fala, é que Jesus nos manda que amemos o próximo como a nós mesmos, nem mais nem menos; do que deduzimos que manda que nos amemos a nós mesmos finalmente, somos obra das mãos de Deus e criaturas suas, amadas por Ele.
 
Se tivermos, como regra de vida o duplo mandamento do amor a Deus e aos irmãos, Jesus nos dirá: «Tu não estás longe do Reino de Deus»» (Mc 12,34). E, se vivemos esse ideal, faremos da terra um ensaio geral do céu.
 
O maior mandamento
 
Do site da Ordem do Carmo em Portugal.

* No evangelho deste Domingo um dos doutores da Lei, responsável pelo ensinamento religioso, quer saber de Jesus o que é o mais importante na vida religiosa.
Alguns dizem que o mais importante é ser batizado. Outros dizem que é rezar. Outros que é ir à Missa ou participar nos atos de culto dominicais. Outros dizem: amar o próximo! Outros preocupam-se unicamente com as aparências ou com alguma tarefa na igreja. Antes de ler a resposta de Jesus, trata de olhar para ti mesmo e pergunta-te: “Para mim, o que é mais importante na vida religiosa e na vida?”.
 
* No começo da atividade missionária de Jesus, os doutores de Jerusalém foram à Galileia para observá-lo (Mc 3, 22; 7, 1). Incomodados pela pregação de Jesus tinham já aceite a calúnia segundo a qual Jesus estava possuído pelo demónio (Mc 3, 22). Agora, em Jerusalém, começam de novo a discutir com Jesus.
 
* Nos anos setenta, época em que Marcos escreve o seu Evangelho, as mudanças e perseguições causavam inseguranças. Em tempos de mudança e insegurança existe sempre a tentação de procurar a nossa segurança não na bondade de Deus para conosco mas na observância rigorosa da lei. Perante esta mentalidade, Jesus insiste na prática do amor que relativiza a observância da lei dando-lhe o seu verdadeiro significado.
 
* Marcos 12, 28: A pergunta do doutor da Lei. Antes do doutor da Lei fazer a sua pergunta, houve um debate de Jesus com os saduceus em torno da fé na ressurreição (Mc 12, 18-27). O doutor da Lei, que assistira à discussão, aprecia a resposta de Jesus e percebe que há n'Ele uma grande inteligência e por isso aproveita a ocasião para colocar uma pergunta aclaratória: “Qual é o maior de todos os mandamentos?”. Naquele tempo os judeus tinham uma grande quantidade de normas reguladoras da prática da observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Alguns diziam: “Estas normas têm todas o mesmo valor, porque vêm de Deus. Não nos compete introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros respondiam: “Não! Algumas leis são mais importantes do que outras e por isso obrigam mais”. O doutor quer conhecer a opinião de Jesus. “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”. Tema muito discutido e polémico na época.
 
* Marcos 12, 29-31: A resposta de Jesus. Jesus responde citando uma passagem da Bíblia para dizer que o primeiro mandamento é “amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a tua força” (Dt 6, 4-5). Esta frase fazia parte de uma oração chamada Shemá. No tempo de Jesus os devotos judeus recitavam esta oração duas vezes ao dia: pela manhã e pela tarde. Assim era conhecida entre eles como é conhecida entre nós o Pai Nosso. E Jesus aumenta-a citando de novo a Bíblia: “O segundo é este: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo' (Lev 19, 18). Não existe um mandamento maior do que estes dois” . Resposta breve e muito profunda. Eis o resumo de tudo o que Jesus ensinou acerca de Deus e da vida (Mt 7, 12).
 
* Marcos 12, 32-33: A resposta do doutor da Lei. O doutor está de acordo com Jesus e tira as conclusões: “Sim, amar a Deus e ao próximo é muito mais importante do que todos os holocaustos e sacrifícios”. Ou seja, o mandamento do amor é mais importante do que todos os mandamentos relativos ao culto ou aos sacrifícios no Templo. Esta afirmação aparece já nos profetas do Antigo Testamento (Os 6, 6: Sl 40, 6-8; Sl 51, 16-17). Hoje diríamos: a prática do amor é mais importante do que as novenas, promessas, missas, orações e procissões. Ou melhor, as novenas, as promessas, as missas, as orações e as procissões devem ser o fruto da prática do amor e devem conduzir ao amor.
 
* Marcos 12, 34: O tema do Reino. Jesus confirma a conclusão tirada pelo doutor e diz: “Não estás longe do Reino de Deus!”. Com efeito, o Reino de Deus consiste em reconhecer que o amor de Deus e o amor ao próximo é o mais importantes. E se Deus é Pai, todos somos irmãos e devemos demonstrar isto na prática, vivendo em comunidade. “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22, 4). Os discípulos de Jesus devem meter na memória, na inteligência e no coração esta grande lei: só assim se chega a Deus no dom total ao próximo.
 
* O maior e primeiro mandamento é e será sempre: “amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças” (Mc 12, 30). Na medida em que o povo de Deus, ao longo dos séculos, aprofundou o significado do amor a Deus deu-se conta que o amor para com Deus é real e verdadeiro somente se se torna concreto no amor para com o próximo. Por isso, o segundo mandamento que manda o amor ao próximo, é semelhante ao primeiro mandamento do amor a Deus (Mt 22, 39; Mc 12, 31. “Se alguém diz: amo a Deus e odeia o seu irmão, é um mentiroso” (Jo 4, 20). “Toda a lei e os profetas dependem destes dois mandamentos” (Mt 22, 40). A princípio não estava muito claro o alcance das exigências do amor ao próximo. Acerca deste ponto houve uma evolução ao longo da história do povo de Deus.
 
* 1ª Etapa: “Próximo” é o parente da mesma raça. O Antigo Testamento ensinava a obrigação de “amar o próximo como a si mesmo” (Lv 19, 18). Neste antigo começo a palavra próximo era sinónimo de parente. Eles sentiam-se obrigados a amar a todos os que faziam parte da mesma família, do mesmo clã, da mesma tribo, do mesmo povo. Mas no que se refere ao estrangeiro, ou seja, àqueles que não pertenciam ao povo judeu, o livro do Deuteronômio dizia: “Ao estrangeiro poderás exigir, mas quanto às dívidas do teu irmão farás remissão” (Dt 15, 3).
 
* 2ª Etapa: “Próximo é aquele de quem me avizinho ou se avizinha de mim”. Pouco a pouco o conceito de próximo alargou-se. Assim, no tempo de Jesus, desencadeou-se uma intensa discussão sobre “Quem é o meu próximo?”. Alguns doutores pensavam que se devia alargar o conceito de próximo para além dos limites da raça. Outros não queriam saber nada disto. Então um doutor da Lei dirigiu a Jesus esta pergunta polémica: “Quem é o meu próximo?”. Jesus responde com a parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 29-37), na qual o próximo não é nem o parente, nem o amigo, nem o patrício, mas aquele que se aproxima de ti, independentemente da religião, da cor, da raça, do sexo ou da língua. Tu deves amá-lo!
 
* 3ª Etapa: A medida do amor ao próximo é amar como Jesus amou. Jesus disse ao doutor da Lei: “Não estás longe do Reino de Deus!” (Mc 12, 34). O doutor estava perto do Reino, porque, de facto, o Reino consiste no amor para com Deus e no amor para com o próximo, como o doutor afirmara solenemente perante Jesus (Mc 12, 33). Para poder entrar no Reino faltava-lhe dar um passo mais. O critério do amor ao próximo ensinado no Antigo Testamento, era “como a si mesmo”. Jesus alarga este critério e diz: “Este é o meu mandamento: amai-vos como eu vos amei!” (Jo 15, 12-13). Agora, no Novo Testamento, o critério será: “Amar o próximo como Jesus nos amou!”. Jesus interpretou o sentido exato da Palavra de Deus e indicou o caminho seguro para chegar a uma convivência mais justa e mais fraterna.    

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