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sexta-feira, 25 de outubro de 2024

XXX Domingo do Tempo Comum

Bto. Gonçalo de Lagos, presbítero
 
1ª Leitura (Jer 31,7-9):
Eis o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio de consolações. Levá-los-ei às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem. Porque Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito».
 
Salmo Responsorial: 125
R. Grandes maravilhas fez por nós o Senhor, por isso exultamos de alegria.
 
Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião, parecia-nos viver um sonho. Da nossa boca brotavam expressões de alegria e dos nossos lábios cânticos de júbilo.
 
Diziam então os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes coisas». Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos exultantes de alegria.
 
Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos, como as torrentes do deserto. Os que semeiam em lágrimas recolhem com alegria.
 
À ida vão a chorar, levando as sementes; à volta vêm a cantar, trazendo os molhos de espigas.
 
2ª Leitura (Hb 5,1-6): Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão. Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-lha Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».
 
Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. Aleluia.
 
Evangelho (Mc 10,46-52): Naquele tempo, chegaram a Jericó. Quando Jesus estava saindo da cidade, acompanhavam-no os discípulos e uma grande multidão. O mendigo cego, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. Ouvindo que era Jesus Nazareno, começou a gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim. Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais alto: Filho de Davi, tem compaixão de mim. Jesus parou e disse: Chamai-o! Eles o chamaram, dizendo: Coragem, levanta-te! Ele te chama!. O cego jogou o manto fora, deu um pulo e se aproximou de Jesus. Este lhe perguntou: Que queres que eu te faça? O cego respondeu: Rabboni, meu Mestre, que eu veja. Jesus disse: Vai, tua fé te salvou. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.
 
«Que queres que eu te faça? O cego respondeu: Rabboni, meu Mestre, que eu veja»
 
Rev. D. Pere CAMPANYÀ i Ribó (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, contemplamos um homem que, na sua desgraça, encontra a verdadeira felicidade graças a Jesus Cristo. Trata-se de uma pessoa com duas carências: falta de visão corporal e incapacidade de ganhar a vida, o que o obriga a mendigar. Precisa de ajuda e fica junto do caminho, à saída de Jericó, onde passam muitos caminhantes.
 
Por sorte dele, naquela ocasião quem passa é Jesus, acompanhado dos seus discípulos e outras pessoas. Sem dúvida, o cego já tinha ouvido falar de Jesus; haviam-lhe comentado que fazia prodígios e, ao saber que passa perto dele, começa a gritar: Filho de Davi, tem compaixão de mim!(Mc 10,47). Os acompanhantes do Mestre ficam incomodados com os gritos do cego, não pensam na triste situação daquele homem, são egoístas. Porém Jesus quer responder ao mendigo e faz com que o chamem. Imediatamente o cego se encontra perante o Filho de Davi e o diálogo começa com uma pergunta e uma resposta: Jesus, dirigindo-se a ele, disse: Que queres que eu te faça? O cego respondeu: Rabboni, que eu veja!(Mc 10,51). E Jesus concede-lhe a dupla visão: a física e a mais importante, a fé, que é a visão interior de Deus. São Clemente de Alexandria diz: Ponhamos fim ao esquecimento da verdade; despojemo-nos da ignorância e da obscuridade que, como uma nuvem, ofuscam os nossos olhos, e contemplemos Aquele que é realmente Deus.
 
Queixamo-nos frequentemente e dizemos: Não sei rezar. Sigamos, então, o exemplo do cego do Evangelho: Insiste em chamar Jesus e, com três palavras, diz-lhe do que necessita. Falta-nos fé? Digamos-lhe: Senhor, aumenta a minha fé. Temos familiares ou amigos que deixaram de praticar? Então, rezemos assim: Senhor Jesus, faz que vejam. A fé é assim tão importante? Se a compararmos com a visão física, que diremos? A situação do cego é triste, mas muito mais triste é a daqueles que não creem. Digamos-lhes: O Mestre lhe chama, apresenta-lhe as suas necessidades e Jesus responderá com generosidade.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Aquele que ignora o esplendor da luz eterna é cego. No entanto, se já acredita no Redentor, então já está sentado à beira do caminho. Isto, porém, não basta. Se deixa de rezar para receber a fé e abandona as súplicas, é um cego sentado à beira do caminho, que não pede esmola» (S. Gregório Magno)
 
«No encontro com Cristo, realizado com fé, Bartimeu recupera a luz que tinha perdido, e com ela a plenitude da sua dignidade: levanta-se e retoma o seu caminho que, a partir desse momento, tem um guia, Jesus» (Bento XVI)
 
« A oração é principalmente dirigida ao Pai. Igualmente se dirige a Jesus, nomeadamente pela invocação do seu santo Nome: «Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.680)
 
«Coragem, levanta-te que Ele te chama.»
 
Do site da Ordem do Carmo em Portugal.
 
* O evangelho deste domingo descreve o episódio da cura do cego Bartimeu de Jericó (Mc 10, 46-52), que recolhe uma longa instrução de Jesus feita aos seus discípulos (Mc 8, 22 a 10, 52).
No início desta instrução, Marcos coloca a cura do cego anónimo (Mc 8, 22-26). Agora, no final, comunica a cura do cego de Jericó. Como veremos, as duas curas são o símbolo do que sucedia entre Jesus e os discípulos. Indicam o processo e o objetivo da lenta aprendizagem dos discípulos. Descrevem o ponto de partida (o cego anónimo) e o ponto de chegada (o cego Bartimeu) da instrução de Jesus dada aos seus discípulos e a todos nós. No decurso da leitura procuremos prestar atenção às atitudes de Jesus, do cego Bartimeu e das pessoas de Jericó e em tudo o que cada um diz e faz. Enquanto lês e meditas o texto, pensa como se estivesses a olhar-te a um espelho. Em quem se reflete o teu rosto: em Jesus, no cego Bartimeu ou nas pessoas?
 
* A cura do cego anónimo, no começo da instrução, é completada por dois momentos (Mc 8, 22-26). Num primeiro momento, o cego começa a intuir as coisas, mas só pela metade. Vê as pessoas como se fossem árvores (Mc 8, 24). Num segundo momento, começa a entender bem. Os discípulos eram como o cego anónimo: aceitavam Jesus como Messias mas não aceitavam a cruz (Mc 8, 31-33). Eram pessoas que trocavam as pessoas por árvores. Não tinham uma fé forte em Jesus. Continuavam a ser cegos! Quando Jesus insistia no serviço e na entrega (Mc 8, 31.34; 9, 31; 10, 33-34), discutiam entre si quem era o mais importante (Mc 9, 34) e continuavam a pedir os primeiros lugares no Reino, um à direita e o outro à esquerda do trono (Mc 10, 35-37). Sinal de que a ideologia reinante da época penetrava profundamente nas suas mentalidades. Ter vivido vários anos com Jesus não lhes renovou o modo de ver as coisas e as pessoas. Olhavam Jesus com os olhos do passado. Queriam que fosse como eles o imaginavam: um Messias glorioso (Mc 8, 32). Mas o objetivo da instrução de Jesus é que os seus discípulos sejam como o cego Bartimeu, que aceita Jesus tal como é. Bartimeu tem uma fé forte que o faz ver, fé que Pedro ainda não tem. Deste modo Bartimeu converte-se no modelo para os discípulos do tempo de Jesus, para as comunidades do tempo de Marcos e para nós.
 
* Marcos 10, 46-47: Descrição do contexto do episódio: o grito do pobre. Finalmente, depois de uma longa caminhada, Jesus e os seus discípulos chegam a Jericó, última paragem antes de chegar a Jerusalém. O cego Bartimeu está sentada na berma do caminho. Não pode participar na procissão que acompanha Jesus. Mas grita, clamando pela ajuda do Senhor: “Filho de David, tem piedade de mim!”. A expressão “Filho de David” era o título mais comum que o povo dava  ao Messias (Mt 21, 9; Mc 11, 9). Mas este título não agradava muito a Jesus. Ele chegou a questionar e a criticar o costume dos doutores da lei que ensinavam o povo dizendo que o Messias é o Filho de David (Mc 12, 35-37).
 
* Marcos 10, 48: Reação do povo perante o grito do pobre. O grito do pobre é incómodo, não é agradável. Os que vão em cortejo com Jesus procuram fazê-lo calar. Mas “ele gritava ainda mais forte!”. Também hoje o grito do pobre é incómodo. Hoje são milhões os que gritam: emigrantes, presos, esfomeados, doentes, perseguidos, pessoas sem trabalho, sem casa, sem teto, sem-terra, pessoas que não receberão um sinal de amor. Gritos silenciosos, que entram nas casas, nas igrejas, nas cidades, nas organizações mundiais. Escuta somente o que abre os olhos para observar o que acontece no mundo. Mas há muitos que deixaram de escutar. Acostumaram-se. Outros procuram silenciar os gritos, como acontece com o cego de Jericó. Mas não conseguem silenciar o grito do pobre. Deus escuta-o (Ex 2, 22-24; 3, 7). E Deus adverte-nos dizendo: “Não maltratarás a viúva ou o órfão. Se o maltratares, quando me pedir ajuda eu escutarei o seu grito!” (Ex 22, 21).
 
* Marcos 10, 49-50: Reação de Jesus diante do grito do pobre. Que faz Jesus? Como escuta Deus o grito? Jesus pára e ordena que chamem o cego. Os que queriam fazer calar, silenciar o grito incómodo do pobre, agora, a pedido de Jesus, são obrigados a agir de modo que o pobre se aproxime de Jesus. Bartimeu deixa tudo e corre até Jesus. Não possui muito, apenas uma manta, a única coisa que tem para cobrir o corpo (cf. Ex 22, 25-26). Esta é a sua segurança, a sua terra firme!
 
* Marcos 10, 51-52: Conversa de Jesus com o cego e a sua cura. Jesus pergunta: “Que queres que te faça?”. Não basta gritar. É necessário saber porque se grita! Ele responde: “Que eu recobre a vista!”. Bartimeu tinha invocado Jesus com expressões não de todo corretas, mas como vimos, o título “Filho de David” Jesus não o apreciava muito (Mc 12, 35-37): Mas Bartimeu tem mais fé em Jesus do que nas ideias e títulos acerca de Jesus. Não assim os outros. Não veem o que é necessário, como Pedro (Mc 8, 32). Bartimeu sabe dar a sua vida aceitando Jesus sem impor-lhe condições. Jesus diz-lhe: “Vai, a tua fé te salvou!”. No mesmo instante o cego recuperou a vista. Deixa tudo e segue Jesus (Mc 10, 52). A sua cura é fruto da sua fé em Jesus (Mc 10, 46-52). Uma vez curado, Bartimeu segue Jesus e sobe com Ele para Jerusalém até ao Calvário. Converte-se num discípulo modelo para Pedro e para nós: crer mais em Jesus do que nas nossas ideias acerca de Jesus!
 
* O contexto da subida para Jerusalém. Jesus e os seus discípulos encaminham-se para Jerusalém (Mc 10, 32). Jesus vai à sua frente. Tem pressa. Sabe que o matarão. O Profeta Isaías já o anunciara (Is 50, 4-6; 53, 1-10). A sua morte não é fruto de um destino cego ou de um plano pré-estabelecido, mas é a consequência de um compromisso assumido, de uma missão recebida do Pai junto dos marginalizados do seu tempo. Por três vezes, Jesus chama a atenção dos discípulos acerca dos tormentos e da morte que o espera em Jerusalém (Mc 8, 31; 9, 31; 10, 33). O discípulo deve seguir o mestre, ainda que seja para sofrer com ele (Mc 8, 34-35). Os discípulos estão assustados e acompanham-no com medo (Mc 9, 32). Não entendem o que está a acontecer. O sofrimento não estava de acordo com a ideia de que eles tinham acerca do Messias (Mc 8, 32-33; Mt 16, 22). E alguns não só não entendiam como continuavam a ter ambições pessoais. Tiago e João pedem um lugar na glória do Reino, um à direita e o outro à esquerda de Jesus (Mc 10, 35-37). Querem preceder Pedro. Não entendem a proposta de Jesus. Estão preocupados unicamente com os seus interesses! Isto reflete as disputas e tensões existentes nas comunidades do tempo de Marcos e as que podem existir nas nossas próprias comunidades. Jesus reage energicamente: “O que é que pedis?” (Mc 10, 38). E diz-lhes se são capazes de beber o cálice que Ele, Jesus, beberá, e se estão dispostos a receber o baptismo que Ele receberá. O cálice do sofrimento, o baptismo de sangue. Jesus quer saber se eles, em vez de um lugar honroso, aceitam dar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” (Mc 8, 39). Parece uma resposta dita só com os lábios porque, poucos dias depois, abandonam Jesus e deixam-no sozinho na hora do sofrimento (Mc 14, 50). Eles não têm muita consciência crítica, não percebem a sua realidade pessoal. Na instrução dada aos discípulos, Jesus insiste sobre o exercício do poder (Mc 9, 33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam atenção ao povo. Atuavam segundo as suas ideias (Mc 6, 17-29). O império romano controlava o mundo e mantinha-o submetido pela força das armas e através de tributos, taxas e impostos conseguia concentrar a riqueza do povo nas mãos de uns poucos em Roma. A sociedade caracterizava-se pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem uma proposta diferente. Diz: “Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser o maior entre vós seja vosso servo” (Mc 10, 43). Ensina a viver contra os privilégios e as rivalidades. Subverte o sistema e insiste no serviço, remédio contra a ambição pessoal. Em suma, apresenta um testemunho da sua própria vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (Mc 10, 45).
 
* A fé é uma força que transforma as pessoas. A Boa Nova do Reino anunciada por Jesus é como um fertilizante. Faz crescer a semente da vida escondida nas pessoas, do povo, escondida como um fogo debaixo das cinzas da observância, sem vida. Jesus sopra sobre as cinzas e o fogo acende-se, o Reino mostra-se e as pessoas alegram-se. A condição é sempre a mesma: crer em Jesus. Mas quando o temor se apodera das pessoas, então desaparece a fé e a esperança apaga-se. Na hora da tormenta, Jesus repreende os discípulos pela falta de fé (Mc 4, 40). Não acreditam porque têm medo (Mc 4, 41). Por causa da falta de fé dos habitantes de Nazaré, Jesus não pode fazer ali nenhum milagre (Mc 6, 6). Aquelas pessoas não querem acreditar, porque Jesus não era como elas pensavam que deveria ser (Mc 6, 2-3). E é precisamente a falta de fé que impede os discípulos de expulsar “o espírito imundo” que maltratava um menino doente (Mc 9, 17). Jesus critica-os: “Ó geração incrédula!” (Mc 9, 19). E indica o caminho para reanimar a fé: “Esta espécie de demónios não se pode expulsar de nenhum modo senão com a oração” (Mc 9, 29).
 
* Jesus animava as pessoas para que tivessem fé n'Ele e, como consequência, criava confiança nos outros (Mc 5, 34.36; 7, 25-29; 10, 52; 12, 34.41-44). Ao longo das páginas do evangelho de Marcos, a fé em Jesus e na sua palavra aparece como uma força que transforma as pessoas. Faz com que se receba o perdão dos pecados (Mc 2, 5), enfrenta e vence a tempestade (Mc 4, 40), faz renascer as pessoas e opera nelas o poder de se curarem e purificarem (Mc 5, 34). A fé alcança a vitória sobre a morte, pelo que a menina de doze anos ressuscita graças à fé de Jairo, seu pai, na palavra de Jesus (Mc 5, 36). A fé faz saltar o cego Bartimeu: “A tua fé te salvou” (Mc 10, 52). Se dizes à montanha: “Levanta-te e atira-te ao mar”, a montanha cairá no mar, mas não se pode duvidar no próprio coração (Mc 11, 22-23). “Porque tudo é possível para quem crê” (Mc 9, 23. “Tende fé em Deus!” (Mc 11, 22). Graças às suas palavras e aos seus gestos, Jesus desperta nas pessoas uma força adormecida que elas não sabem que têm. Assim acontece com Jairo (Mc 9, 23-24), com o cego Bartimeu (Mc 10, 52), e com tantas outras pessoas, que pela sua fé em Jesus, fizeram nascer uma vida nova nelas e nos outros.
 
* A cura de Bartimeu (Mc 10, 46-52) esclarece um aspecto muito importante da longa instrução de Jesus aos seus discípulos. Bartimeu invocara Jesus com o título messiânico “Filho de David” (Mc 10, 47). Este título não agradava a Jesus (Mc 12, 35-37). Mesmo tendo invocado Jesus com uma expressão não correta, Bartimeu tem fé e é curado. Ao contrário de Pedro, acredita mais em Jesus do que nas ideias que tem acerca de Jesus. Muda a sua ideia, converte-se, deixa tudo e segue Jesus pelo caminho até ao Calvário (Mc 10, 52).
 
* A compreensão completa do seguimento de Cristo não se alcança com a instrução teórica mas com o compromisso prático, caminhando com Ele pelo caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém. Quem insiste em ter a ideia de Pedro, ou seja, a do Messias glorioso, sem a cruz, não entenderá Jesus, e jamais chegará a assumir a atitude do verdadeiro discípulo. Quem quiser acreditar em Jesus e fazer “dom de si mesmo” (Mc 8, 35), aceitar “ser o último” (Mc 9, 35), “beber o cálice e levar a cruz” (Mc 10, 38), este, como Bartimeu, ainda que não tenha as ideias totalmente corretas, alcançará o poder de “seguir Jesus pelo caminho” (Mc 10, 52). Nesta certeza de poder caminhar com Jesus encontra-se a fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz.

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