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sexta-feira, 18 de outubro de 2024

XXIX Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura (Is 53,10-11):
Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.
 
Salmo Responsorial: 32
R. Desça sobre nós a vossa misericórdia, porque em Vós esperamos, Senhor.
 
A palavra do Senhor é reta, da fidelidade nascem as suas obras. Ele ama a justiça e a retidão: a terra está cheia da bondade do Senhor.
 
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem, para os que esperam na sua bondade, para libertar da morte as suas almas e os alimentar no tempo da fome.
 
A nossa alma espera o Senhor: Ele é o nosso amparo e protetor. Venha sobre nós a vossa bondade, porque em Vós esperamos, Senhor.
 
2ª Leitura (Hb 4,14-16): Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
 
Aleluia. O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção de todos. Aleluia.
 
Evangelho (Mc 10,35-45): Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: Mestre, queremos que faças por nós o que te vamos pedir. Ele perguntou: Que quereis que eu vos faça?. Responderam: Permite que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e o outro à tua esquerda!. Jesus lhes disse: Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?. Responderam: Podemos. Jesus então lhes disse: Sim, do cálice que eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado, sereis batizados. Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado. Quando os outros dez ouviram isso, começaram a ficar zangados com Tiago e João. Jesus então os chamou e disse: Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos.
 
«Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve»
 
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, novamente, Jesus altera nossos esquemas. Provocadas por Santiago e João, chegam até nós palavras cheias de autenticidade: Porque o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção. (Mc 10,45).
 
Como gostamos de estar bem servidos! Pensemos, por exemplo, no agradável que nos resulta a eficácia, pontualidade e pulcritude dos serviços públicos; ou nossas queixas quando, depois de haver pago um serviço, não recebemos o que esperávamos. Jesus Cristo nos ensina com seu exemplo. Ele não só é servidor da vontade do Pai, que inclui nossa redenção e, que além disso paga! E, o preço de nosso resgate é seu Sangue, na que recebemos a salvação de nossos pecados. Grande paradoxo este, que nunca chegaremos a entender! Ele, o grande rei, o filho de David, o que devia vir em nome do Senhor, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens (...). E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e uma morte de cruz. (Fl 2,7-8). Que expressivas são as representações de Cristo vestido como um Rei cravado na cruz! Na Catalunha, na Espanha, temos muitas e recebem o nome de Santa Majestade. Na catequese contemplamos como servir é reinar e, como o exercício de qualquer autoridade será sempre um serviço.
 
Jesus transtorna de tal maneira as categorias deste mundo que também esclarece o sentido da atividade humana. Não é melhor a encomenda que mais brilha, e sim o que realizamos mais identificados com Jesus Cristo-servo, com maior Amor a Deus e aos irmãos. Se realmente acreditamos que: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos (Jn 15,13), então também nos esforçaremos em oferecer um serviço de qualidade humana e de competência profissional com nosso trabalho, cheio de um profundo sentido cristão de serviço. Como dizia Santa Teresa de Calcutá: O fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz.
 
O serviço que restaura e embeleza

José Cristo Rey García Paredes - Ecología del Espíritu
 
Neste vigésimo nono domingo, refletimos sobre as palavras de Jesus no Evangelho. Ele se autodenomina “Filho do Homem” e afirma: “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos.”

A homilia se divide em três partes principais:
·  Jesus se identifica como o “Filho do Homem” – uma escolha significativa que liga sua missão à profecia de Daniel, mostrando que Ele é tanto divino quanto humano.
·  Uma Identificação Inusitada – o Filho de Deus se apresenta como o “Filho do Homem”, destacando seu papel de servo. Isso desafia nossas noções de poder e liderança.
·  O Filho do Homem para Servir – Jesus veio para servir e dar sua vida, estabelecendo o reino dos céus através do sacrifício e serviço. Seu exemplo nos chama a viver servindo aos outros com humildade e dedicação.
 
* Jesus se identifica como o “Filho Do Homem”. Jesus frequentemente se refere a si mesmo como “Filho do Homem“, uma expressão que revela tanto sua divindade quanto sua plena humanidade. Embora na Igreja preferimos títulos como “Cristo”, “Filho de Deus” ou “Rei”, é essencial resgatar a contemplação de Jesus como o “Filho do Homem“. Ao usar essa expressão, Ele nos lembra que, além de glorioso, Ele compartilha nossas dores, cansaços e fragilidades. Jesus, que não tinha onde repousar a cabeça, experimentou a vida como nós, conhecendo a rejeição, o sofrimento e, por fim, a vitória na ressurreição.

Em nossa vida, buscamos frequentemente o Cristo glorioso, mas devemos também reconhecer o Jesus humano, aquele que está presente em nossas lutas diárias. Ele nos ensina que a verdadeira grandeza está no serviço e no sacrifício. Ao chamar-se “Filho do Homem“, Jesus nos convida a abraçar nossa humanidade, enfrentando os desafios com coragem e fé, sabendo que Ele caminha ao nosso lado.

Resgatar essa visão de Jesus é lembrar que Ele não apenas nos salva, mas nos compreende profundamente. O “Filho do Homem” é aquele que viveu as mesmas dores e desafios que nós, e, por isso, podemos nos aproximar d’Ele com confiança. Contemplar Jesus sob esse título é aceitar a cruz e a ressurreição, o sofrimento e a esperança, confiando na redenção que Ele nos oferece.
 
* Uma identificação inusitada. O conceito de “Filho do Homem” vem do profeta Daniel, que o descreve como uma figura apocalíptica que intervém na luta contra o mal, recebendo poder para derrotar os impérios opressores e inaugurando uma era de liberdade e paz. Jesus se identifica com essa figura, mas redefine seu significado por meio da humildade, serviço e não-violência.

Enquanto os poderes do mundo, representados por impérios tirânicos, agem com arrogância, o Filho do Homem opta pela humildade e se identifica com os marginalizados. Sua missão é servir: Ele lava os pés de seus discípulos e oferece sua vida como alimento para muitos. Essa abordagem transforma a ideia de grandeza, mostrando que o verdadeiro poder reside na capacidade de se doar.

Jesus nos ensina que, ao invés de buscar o poder terreno, devemos servir com amor. Os governantes deste mundo muitas vezes associam grandeza à força, mas Jesus revela que a verdadeira força está em pequenos atos de serviço. Sua missão é um convite a repensar nossas noções de sucesso e poder.

Refletir sobre o Filho do Homem nos dias de hoje nos desafia a seguir seu exemplo, escolhendo a humildade e o serviço em um mundo que valoriza o domínio e o ego. Ele nos convida a encontrar verdadeira liberdade e paz não na conquista, mas no amor que se entrega, transformando o mundo pelo poder do serviço e do sacrifício.
 
* O Filho do Homem veio para servir. O tempo de Jesus foi marcado por um profundo compromisso com o serviço, refletido em quatro características essenciais:
1.  Pessoal: Jesus atende a cada indivíduo de forma única, valorizando a dignidade humana. Seus encontros autênticos com marginalizados, como a mulher samaritana, mostram que seu serviço é uma conexão genuína.
2.  Estético: A beleza de seus gestos seduz aqueles que Ele serve, dignificando-os e trazendo paz. O milagre da multiplicação dos pães e peixes exemplifica como suas ações alimentam não só o corpo, mas também a alma.
3.  Terapêutico: O amor em seu serviço tem um poder curativo, elevando os abatidos e promovendo felicidade. Ao curar leprosos e perdoar pecadores, Jesus restaura a esperança e a dignidade das pessoas, reintegrando-as à comunidade.
4.  Ecológico: Cada pequeno ato de serviço ressoa na rede social, promovendo vitalidade e renovação. Nossas ações, mesmo as mais simples, podem impactar a comunidade, criando um efeito dominó de amor e solidariedade.

O serviço do Filho do Homem transforma o mundo em símbolos da glória divina que embelezam a humanidade. A ambição de ser o primeiro nos torna bestiais, enquanto o serviço humilde nos aproxima de Jesus. Cada pessoa merece nosso cuidado, e ao servirmos, embelezamos nossa comunidade e contribuímos para nossa salvação. Assim, somos convidados a refletir: como podemos nos engajar mais no serviço ao próximo e seguir o exemplo de amor que Jesus nos deixou?

* Conclusão. A reflexão sobre Jesus como o “Filho do Homem” revela sua profunda conexão com a humanidade, compartilhando nossas lutas e fragilidades. Essa identificação não só destaca sua divindade, mas também nos ensina que a verdadeira grandeza está no serviço e no amor ao próximo. Em uma sociedade que frequentemente valoriza poder e status, Jesus nos convida a reavaliar nossas prioridades, enfatizando que pequenas ações de bondade têm o potencial de transformar vidas.

O “Filho do Homem” exemplifica humildade e nos mostra que devemos nos esforçar para acolher os marginalizados e atender às necessidades dos outros. Cada gesto de amor, por mais simples que pareça, contribui para uma mudança significativa em nossa comunidade.

Contemplar Jesus sob essa luz é um chamado à ação e um convite para sermos agentes de amor e paz em um mundo carente de compaixão. À medida que seguimos seu exemplo, somos desafiados a viver com propósito renovado, onde servir ao próximo se torna uma expressão genuína da fé. Que possamos abraçar essa mensagem e nos comprometer a agir como verdadeiros discípulos do “Filho do Homem“, promovendo transformação e esperança em nossas vidas e comunidades.
 

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