São
Pedro Claver, presbítero
1ª
Leitura (1Cor 5,1-8): Irmãos: É voz corrente que existe entre vós um
caso de imoralidade, que nem entre os pagãos se encontra, a ponto de um de vós
viver com a mulher de seu pai. E vós andais cheios de orgulho, quando deveríeis
andar tristes e obrigar a sair da vossa comunidade quem praticou tal ação.
Quanto a mim, ausente de corpo, mas presente em espírito, já tenho a sentença
lavrada, como se estivesse presente, contra quem procedeu desse modo: Em nome
de Nosso Senhor Jesus, quando vos reunirdes em assembleia, – e eu em espírito
convosco – entregareis esse homem a Satanás, pelo poder de Nosso Senhor Jesus.
Será para ruína do seu corpo, a fim de o espírito ser salvo no dia do Senhor. Não
vos fica bem essa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a
massa? Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, visto que
sois pães ázimos. Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado. Celebremos a
festa, não com fermento velho, nem com fermento de malícia e perversidade, mas
com os pães ázimos da pureza e da verdade.
Salmo
Responsorial: 5
R. Senhor, guiai-me na vossa
justiça.
Vós não sois um Deus que se
agrade do mal, o perverso não tem aceitação junto de Vós, nem os ímpios
suportam o vosso olhar.
Vós detestais todos os
malfeitores e exterminais os que dizem mentiras: o Senhor abomina os
sanguinários e fraudulentos.
Alegrem-se e rejubilem para
sempre os que em Vós confiam: Vós protegeis e alegrais os que amam o vosso
nome.
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho
(Lc 6,6-11): Num outro sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a
ensinar. Lá estava um homem que tinha a mão direita seca. Os escribas e os
fariseus observavam Jesus, para ver se ele faria uma cura no dia de sábado, a
fim de terem motivo para acusá-lo. Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse ao homem da mão seca: Levanta-te e fica aqui no meio!. Ele se levantou e
ficou de pé. Jesus disse-lhes: Eu vos pergunto: em dia de sábado, o que é
permitido, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer?.
Passando o olhar sobre todos eles, Jesus disse ao homem: Estende a mão!. O
homem assim o fez e a mão ficou curada. Eles se encheram de raiva e começaram a
discutir entre si sobre o que fariam contra Jesus.
«Levanta-te e fica aqui no
meio (...). Estende a mão»
P. Júlio César RAMOS González SDB
(Mendoza, Argentina)
Hoje Jesus nos dá exemplo de
liberdade. Falamos muitíssimo dela nos nossos dias. Mas a diferença do que hoje
se apregoa e até se vive como liberdade, a de Jesus, é uma liberdade totalmente
associada e aderida à ação do Pai. Ele mesmo dirá: Vos garanto que o Filho do
homem não pode fazer nada por si só e sim somente o que vê o Pai fazer; o que
faz o Pai, faz o Filho (Jo 5,19). E o Pai só obra, só age por amor.
O amor não se impõe, mas faz
agir, mobiliza devolvendo com amplidão a vida. Aquele mandato de Jesus:
Levanta-te e fica aqui no meio (Lc 6,8); tem a força recriadora daquele que
ama, e pela palavra age. Mas ainda, o outro: Estende tua mão,(Lc 6,10), que
termina conseguindo o milagre, restabelece definitivamente a força e a vida
daquele que estava débil e morto. Salvar é arrancar da morte e, é a mesma
palavra que se traduz por sanar. Jesus curando, salva o que havia de morto
nesse pobre homem doente, e isso é um claro signo do amor de Deus Pai para com
suas criaturas. Assim, na nova criação onde o Filho não faz outra coisa mais do
que vê fazer ao Pai, a nova lei que imperará será a do amor que se põe em obra
e, não a de um descanso que inativa, inclusive, para fazer o bem ao irmão
necessitado.
Então, liberdade e amor
conjugados é a chave para hoje. Liberdade e amor conjugados à maneira de Jesus.
Aquilo de: ama e faz o que queiras, de Santo Agostinho tem hoje vigência plena,
para aprender a configurar-se totalmente com Cristo Salvador.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
“O plano de Deus vai além da
capacidade do homem de conhecer e entender, enquanto, ao contrário, somente Ele
conhece nossos pensamentos, nossas ações e até mesmo nosso futuro” (São João
Damasceno).
«Sem a ideia do Redentor, não se
pode suportar a verdade da própria culpa e recorre-se à primeira falsidade: a
cegueira dessa culpa, da qual nascem todas as outras falsidades e, finalmente,
a incapacidade geral de enfrentar a verdade» (Bento XVI)
«(…)Cheio de compaixão, Cristo
autoriza-Se, em dia de sábado, a fazer o bem em vez do mal, a salvar uma vida
antes que perdê-la (87). O sábado é o dia do Senhor das misericórdias e da
honra de Deus (88). ‘O Filho do Homem é Senhor do próprio sábado’ (Mc 2,28)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 2.173)
Reflexão
• Contexto. Esta passagem
apresenta Jesus curando um homem que tinha uma das mãos atrofiada. Ao contrário
do contexto dos capítulos 3-4, onde Jesus aparece sozinho, aqui Jesus aparece
rodeado por seus discípulos e mulheres que o acompanhavam. Nos estágios
iniciais desta jornada, o leitor encontrará diferentes formas de ouvir a
palavra de Jesus, seguindo o que em última análise, poderia ser resumida em
duas experiências que exigem, por sua vez, dois tipos de aproximação para
Jesus: a de Pedro (5,1-11) e a do centurião (7,1-10). Pedro encontra Jesus
depois da pesca milagrosa. Jesus o convida para ser um pescador de homens, e
Pedro cai depois ajoelhando-se diante de Jesus: "Afasta-te de mim, Senhor,
porque sou um homem pecador" (5,8). O centurião não tem comunicação direta
com Jesus: ouviu falar coisas boas sobre Jesus e, por isso envia-lhe
intermediários para pedir a cura de seu servo que está morrendo; ele não pede
algo para si, mas sim para uma pessoa muito querida. A figura de Pedro
representa a atitude daquele que, sentindo-se pecador, coloca seu trabalho sob
a influência da Palavra de Jesus. O centurião, mostrando sua solicitude pelo
servo, aprende a ouvir a Deus. Pois bem, a cura do homem com a mão seca se
coloca entre estas vias ou atitudes que caracterizam a itinerância da vida de
Jesus. O milagre ocorre em um contexto de discussão ou controvérsia: as espigas
arrancadas no sábado e uma cura também no sábado, precisamente a mão atrofiada.
Entre as duas discussões, a palavra de Jesus desempenha um papel crucial: "O
Filho do Homem é senhor do sábado" (6,5). Indo para a nossa passagem,
perguntamo-nos o que significa esta mão atrofiada? É um símbolo da salvação do
homem que é conduzido à sua situação original, a da criação. Além disso, a mão
direita expressa atividade humana. Jesus devolve a este dia, o sábado, seu
sentido mais profundo: é o dia da alegria, da restauração e não da limitação. O
sábado Jesus que apresenta é o sábado messiânico, não o sábado legalista; as
curas realizadas por ele são sinais do tempo messiânico, da restauração e
libertação do homem.
• Dinâmica do milagre.
Lucas coloca diante de Jesus um homem com uma mão sem força, seca, paralisada.
Ninguém se interessa em pedir a sua cura e menos ainda ele diretamente está
interessado. Mas a doença não era apenas um problema individual, mas os seus
efeitos repercutem em toda a comunidade. Neste relato não emerge tanto o
problema da doença, mas sim a sua relação com o sábado. Jesus é criticado
porque ele curou em dia de sábado. A diferença entre Jesus e os fariseus
consiste em que estes, em dia de sábado, não trabalham com base no mandamento
do amor que é a essência da lei. Jesus, depois de ordenar ao homem para se pôr
no meio da assembleia, faz uma pergunta decisiva: "É lícito curar no
sábado, ou não?". Os espaços de resposta são reduzidos: curar ou não curar
(v. 9). Imagine a dificuldade dos fariseus: tinham que excluir que num sábado
se pudesse fazer o mal ou conduzir o homem à perdição e menos ainda curar,
visto que ajudar no sábado somente era permitido em casos de extrema
necessidade. Os fariseus se sentem provocados e isto por sua vez provoca sua
agressividade. Aparece evidente que a intenção de Jesus ao curar no sábado é
procurar o bem do homem, a pessoa que está doente. Esta motivação de amor nos
convida a refletir sobre o nosso comportamento e fundamentá-lo no comportamento
de Jesus que salva. Jesus não presta atenção apenas para a cura do enfermo, mas
também está interessado no comportamento dos adversários: curá-los de sua
distorcida atitude ao observar a lei. Observar o sábado sem ajudar o próximo em
suas doenças não está em conformidade com a vontade de Deus. Para o
evangelista, a função do sábado é fazer o bem, salvar como Jesus fez em sua
vida terrena.
Para um confronto pessoal
1. Você se sente
interpelado pelas palavras de Jesus? Como você se compromete em seu serviço à
vida? Você sabe criar condições para que o outro viva melhor?
2. Você sabe colocar no
centro da sua atenção a todos os homens e suas necessidades?
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