Santa
Beatriz da Silva, virgem
Beato
Ângelo Mazzinghi, Presbítero de nossa Ordem
1ª
Leitura (Ez 18,1-10.13.30-32): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo:
«Porque andais a repetir este provérbio em Israel: ‘Os pais comeram uvas verdes
e embotaram-se os dentes dos filhos’? Pela minha vida – diz o Senhor Deus – não
voltareis a repetir este provérbio em Israel. Todas as vidas Me pertencem,
tanto a do pai como a do filho. Aquele que pecar é que morrerá. O homem justo,
que pratica o direito e a justiça, que não participa nos festins das montanhas,
nem levanta os olhos para os falsos deuses da casa de Israel; que não desonra a
esposa do seu próximo nem se aproxima da mulher em tempo indevido; que não explora
ninguém, que devolve o penhor de uma dívida paga e não comete roubos; que dá o
seu pão a quem tem fome e dá roupa a quem não tem que vestir; que não é
usurário nem aceita juros, que afasta as suas mãos da iniquidade e exerce
verdadeira justiça entre os homens; que segue as minhas leis e observa os meus
preceitos, praticando fielmente a verdade, esse homem é verdadeiramente justo e
viverá – diz o Senhor Deus –. Mas se ele tem um filho violento e sanguinário,
que pratica alguma destas ações, esse filho não viverá, por ter praticado essas
ações abomináveis; mas certamente morrerá e o seu sangue cairá sobre ele. Por
isso, casa de Israel, Eu julgarei cada um segundo as suas ações – diz o Senhor
Deus –. Convertei-vos e renunciai a todas as vossas iniquidades e o pecado
deixará de ser a vossa ruína. Lançai para longe todos os vossos pecados e
formai um coração novo e um espírito novo. Porque havias de morrer, casa de
Israel? Eu não desejo a morte de ninguém – diz o Senhor Deus –. Convertei-vos e
vivereis».
Salmo
Responsorial: 50
R. Dai-me, Senhor, um coração
puro.
Criai em mim, ó Deus, um coração
puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme. Não queirais repelir-me da
vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Dai-me de novo a alegria da vossa
salvação e sustentai-me com espírito generoso. Ensinarei aos pecadores os
vossos caminhos e os transviados hão de voltar para Vós.
Não é do sacrifício que Vos
agradais e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Sacrifício
agradável a Deus é o espírito arrependido: não desprezeis, Senhor, um espírito
humilhado e contrito.
Aleluia. Bendito sejais, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino. Aleluia.
Evangelho
(Mt 19,13-15): Naquele momento, levaram crianças a Jesus, para que
impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as
repreenderam. Jesus disse: «Deixai as crianças, e não as impeçais de virem a
mim; porque a pessoas assim é que pertence o Reino dos Céus». E depois de impor
as mãos sobre elas, ele partiu dali.
«Levaram crianças a Jesus,
para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos,
porém, as repreenderam»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje podemos contemplar uma cena
que, infelizmente, é demasiado atual: «Levaram crianças a Jesus, para que
impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as
repreenderam» (Mt 19,13). Jesus ama especialmente as crianças; nós, com os
pobres raciocínios típicos de “gente crescida”, impedimo-los de se aproximarem
de Jesus e do Pai: —Quando forem crescidos, se o desejarem, logo escolherão…!
Isto é um grande erro.
Os pobres, quer dizer, os mais
carentes, os mais necessitados, são objeto de particular predileção por parte
do Senhor. E as crianças, os pequenos são muito “pobres”. São pobres em idade,
são pobres em formação… São indefesos. Por isso a Igreja — Nossa “Mãe” — dispõe
que os pais levem cedo os seus filhos a batizar, para que o Espírito Santo
ponha moradia nas suas almas e entrem no calor da comunidade dos crentes. Assim
o indica tanto o Catecismo da Igreja bem como o Código do Direito Canônico,
ordenamentos da mais alta esfera da Igreja (que, com toda a comunidade, deve
ter ordenamentos).
Mas não!: Quando forem crescidos!
É absurda esta maneira de proceder. E, se não, perguntemo-nos: —Que comerá esta
criança? O que a sua mãe lhe der, sem esperar que a criança especifique o que
prefere. —Que língua falará esta criança? A que lhe falarem os seus pais (ou
seja, a criança nunca poderá escolher nenhuma língua). —Para que escola irá
esta criança? Para a que os seus pais o levarem, sem esperarem que o menino
defina os estudos que prefere..
—O que comeu Jesus? Aquilo que
lhe deu sua Mãe, Maria. —Que língua falou Jesus? A dos seus pais. —Que religião
aprendeu e praticou o Menino Jesus? A dos seus pais, a religião judia. Depois,
quando já era mais crescido, mas graças à instrução que recebera de seus pais,
fundou uma nova religião… Mas, primeiro, a dos seus pais, como é natural.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Os grandes santos trabalham para
a glória de Deus, mas eu, que sou apenas uma alma pequenita, trabalho
unicamente para O contentar» (Santa Teresinha de Lisieux)
«Devemos aprender a ver com um
coração de criança, com um coração jovem, ao qual os prejuízos não obstaculizam
e os interesses não deslumbram» (Bento XVI)
«Vivendo segundo Cristo, os
cristãos apressam a vinda do Reino de Deus, do «Reino da justiça, da verdade e
da paz». Mas nem por isso descuram as suas tarefas terrestres. Fiéis ao seu
Mestre, cumprem-nas com retidão, paciência e amor» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 2.046)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho é bem curto.
Apenas três versículos. Descreve como Jesus acolhia as crianças.
* Mateus 19,13: A atitude dos
discípulos frente às crianças. Levaram as crianças até Jesus, para que
impusesse as mãos nelas e rezasse por elas. Os discípulos repreendiam as mães.
Por que? Provavelmente, de acordo com as normas severas das leis da impureza,
crianças pequenas nas condições em que viviam eram consideradas impuras. Se
elas tocassem em Jesus, Jesus ficaria impuro. Por isso, era importante evitar
que elas chegassem perto e tocassem nele. Pois já havia acontecido uma vez,
quando um leproso tocou em Jesus. Jesus ficou impuro e já não podia entrar na
cidade. Tinha de ficar em lugares desertos (Mc 1,4-45).
* Mateus 19,14-15: A atitude
da Jesus: acolhe e defende a vida das crianças. Jesus repreende os
discípulos e diz: Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a mim, porque o
Reino do Céu pertence a elas." Jesus não se importa de transgredir as
normas que impediam a fraternidade e o acolhimento a ser dado aos pequenos. A
nova experiência de Deus como Pai marcou a vida de Jesus e lhe deu olhos novos
para perceber e avaliar o relacionamento entre as pessoas. Jesus se coloca do
lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa. Impressiona quando se
junta tudo que a Bíblia informa sobre as atitudes de Jesus em defesa da vida
das crianças, dos pequenos:
1.
Agradecer o Reino presente nos pequenos.
A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os
pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te
agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem mais do Reino
que os doutores!
2.
Defender o direito de gritar. Quando Jesus, entrando no Templo,
derrubou as mesas dos cambistas, eram as crianças as que mais gritavam. “Hosana
ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e pelos
escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca as Escrituras (Mt 21,16).
3.
Identificar-se com os pequenos. Jesus
abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a Jesus
que recebe (Mc 9, 37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi
a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
4.
Acolher e não escandalizar. Uma
das palavras mais duras de Jesus é contra os que causam escândalo nos pequenos,
isto é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para
estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado no
fundo do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7). Jesus condena o sistema, tanto político
como religioso, que é motivo de criança, gente humilde, perder sua fé em Deus.
5.
Tornar-se como criança. Jesus
pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança.
Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como
professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
6.
Acolher e tocar. (O evangelho de hoje) Mães com crianças chegam
perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Jesus
corrige os adultos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas e lhes dá um
abraço. “Deixem vir as crianças, não as impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15).
Dentro das normas da época, tanto as mães como as crianças pequenas, todas elas
viviam, praticamente, num estado permanente de impureza legal. Tocar nelas
significava contrair impureza! Jesus não se incomoda
7.
Acolher e curar. São muitas as
crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a
filha da mulher Cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7,14-15), o
menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do
funcionário público(Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
Para um confronto pessoal
1) Crianças: o que você já
aprendeu das crianças ao longo dos anos da sua vida? E o que as crianças
aprenderam de você sobre Deus, sobre Jesus e sobre a vida?
2) Qual a imagem de Deus
que irradio para as crianças? Deus severo, bondoso, distante ou ausente?
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