São
Gregório de Narek, monge e doutor da Igreja
São
Gabriel de Nossa Senhora das Dores, religioso
1ª
Leitura (Is 1,10.16-20): Escutai a palavra do Senhor, chefes de Sodoma;
dai ouvidos à lei do nosso Deus, povo de Gomorra: «Lavai-vos, purificai-vos,
afastai dos meus olhos a malícia das vossas ações, deixai de praticar o mal e
aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido, fazei justiça
ao órfão, defendei a causa da viúva. Vinde então para discutirmos as nossas
razões, – diz o Senhor. Ainda que os vossos pecados sejam como o escarlate,
ficarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como a púrpura, ficarão
brancos como a lã. Se fordes dóceis e obedientes, comereis os bens da terra.
Mas se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados pela espada». Assim falou
a boca do Senhor.
Salmo
Responsorial: 49
R. A quem segue o caminho reto
darei a salvação de Deus.
Não é pelos sacrifícios que Eu te
repreendo: os teus holocaustos estão sempre na minha presença. Não aceito os
novilhos da tua casa nem os cabritos do teu rebanho.
Como falas tanto na minha lei e
trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus ensinamentos e
desprezas as minhas palavras.
Considerai isto, vós que
esqueceis a Deus, não aconteça que vos extermine, sem haver quem vos salve.
Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor, a quem segue o caminho reto
darei a salvação de Deus.
Deixai todos os vossos
pecados, diz o Senhor; criai um coração novo e um espírito novo.
Evangelho
(Mt 23,1-12): Depois, Jesus falou às multidões e aos discípulos: «Os
escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto,
tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações!
Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os
põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com
um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam
faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. Gostam
do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de
serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de ‘Rabi’. Quanto
a vós, não vos façais chamar de ‘Rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós
sóis irmãos. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai,
aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o
vosso Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que
vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado».
«Um só é vosso Mestre; um só é
vosso Pai; um só é o vosso Guia»
Pe Gerardo GÓMEZ (Merlo, Buenos
Aires, Argentina)
Hoje, mais do que nunca, devemos
trabalhar pela nossa salvação pessoal e comunitária, como diz São Paulo, com
respeito e seriedade, já que «É agora o momento favorável, é agora o dia da
salvação» (2Cor 6,2). O tempo quaresmal é uma oportunidade sagrada dada pelo
nosso Pai para que, numa atitude de profunda conversão, revitalizemos nossos
valores pessoais, reconheçamos nossos erros e nos arrependamos de nossos
pecados, de maneira que nossa vida se transforme —pela ação do Espírito Santo—
numa vida mais plena e madura.
Para adequar nossa conduta à do
Senhor Jesus é fundamental um gesto de humildade, como diz o Papa Bento XVI:
«Reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e
destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele».
Na época de Jesus, havia muitos
“modelos" que oravam e agiam para serem vistos, para serem reverenciados:
pura fantasia, personagens de papelão, que não podiam estimular o crescimento e
a madurez dos seus vizinhos. Suas atitudes e condutas não mostravam o caminho
que conduz a Deus; «Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai,
mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam» (Mt 23,3).
A sociedade atual também nos
apresenta uma infinidade de modelos de conduta que abocam a uma existência
vertiginosa, aloucada, debilitando o sentido de transcendência. Não deixemos
que esses falsos referentes nos façam perder de vista o verdadeiro Mestre: «Um
só é vosso Mestre; (...) um só é vosso Pai; (...) um só é o vosso Guia: Cristo»
(Mt 23,8.9.10).
Aproveitemos a quaresma para
fortalecer nossas convicções como discípulo de Jesus Cristo. Procuremos ter
momentos sagrados de “deserto”, onde nos reencontremos com nós mesmos e, com o
verdadeiro modelo e mestre. E diante às situações concretas nas que muitas
vezes não sabemos como reagir poderíamos nos perguntar: Que diria Jesus? Como
agiria Jesus?
«Mas não imiteis suas ações!
Pois eles falam e não praticam»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje Jesus chama-nos a dar
testemunho de vida cristã com o exemplo, da coerência de vida e da retitude da
intenção. O Senhor, referindo-se aos mestres da Lei e aos fariseus, diz-nos:
«Não imiteis suas ações. Pois eles falam e não praticam» (Mt 23,3). É uma
acusação terrível!
Todos temos experiência do mal e
do escândalo —desorientação das almas— que causa o “anti-testemunho” quer
dizer, o mau exemplo. À vez também todos lembramos o bem que nos fizeram os
bons exemplos que vimos ao largo de nossas vidas. Não esqueçamos o que afirma a
dita popular «vale mais uma imagem que mil palavras». Em definitiva, «hoje mais
do que nunca, a Igreja tem consciência de que a sua mensagem social será aceite
pelo testemunho das obras, mais do que pela sua coerência e lógica interna»
(João Paulo II).
Uma modalidade do mau exemplo
especialmente perniciosa para a evangelização é a falta de coerência de vida.
Um apóstolo do terceiro milênio, que está chamado à santidade no meio da gestão
dos assuntos temporais, deve de ter presente que «só a relação entre uma
verdade consequente consigo mesma e seu cumprimento na vida pode fazer brilhar
aquela evidência da fé esperada pelo coração humano; só através desta porta (da
coerência) entrará o Espírito no mundo» (Bento XVI).
Por fim, Jesus lamenta aqueles
que «fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros» (Mt 23,5). A
autenticidade da nossa vida de apóstolos de Cristo exige a retidão de intenção.
Temos de agir, sobretudo por amor a Deus, para a glória do Pai. Assim como o
podemos ler no Catecismo da Igreja, «Deus criou tudo para o homem, mas o homem
foi criado para servir e amar a Deus e para oferecer-lhe toda a criação». Esta
é a nossa grandeza: servir a Deus como filhos seus!
Pensamentos para o Evangelho de
hoje
«É preferível calar e fazer do
que falar e não fazer. Boa coisa é ensinar quando quem ensina também faz»
(Santo Tomás de Antioquia)
«Hoje, mais do que nunca, a
Igreja, é consciente de que a sua mensagem social se tornará credível pelo
testemunho das obras mais do que pela coerência e lógica interna» (São João
Paulo II)
«O escândalo reveste-se duma
gravidade particular conforme a autoridade dos que o causam ou a fraqueza dos
que dele são vítimas. (...). O escândalo é grave quando é causado por aqueles
que, por natureza ou em virtude da função que exercem, tem a obrigação de
ensinar e de educar os outros. Jesus censura-o nos escribas e fariseus,
comparando-os a lobos disfarçados de cordeiros (cfr. Mt 7,15)» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 2.285)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* O evangelho de hoje traz uma crítica de Jesus
contra os escribas e fariseus do seu tempo. No começo da atividade
missionária de Jesus, os doutores de Jerusalém já tinham ido até a Galileia
para observá-lo (Mc 3,22; 7,1). Incomodados pela pregação de Jesus, tinham
espalhado a calúnia de que ele era um possesso (Mc 3,22). Ao longo dos três
anos a popularidade de Jesus cresceu. Cresceu também o conflito dele com as
autoridades religiosas. A raiz deste conflito estava na maneira de eles se
colocarem frente a Deus. Os fariseus buscavam sua segurança não tanto no amor
de Deus para com eles, mas mais na observância rigorosa da Lei. Confrontado com
esta mentalidade, Jesus acentua a prática do amor que relativiza a observância
da lei e lhe dá o seu verdadeiro sentido.
* Mateus 23,1-3: A raiz da
crítica: “Eles dizem, mas não fazem”. Jesus reconhece a autoridade dos
escribas e fariseus. Eles ocupam a cátedra de Moisés e ensinam a lei de Deus,
mas eles mesmos não observam o que ensinam. Daí a advertência de Jesus ao povo:
“Fazei e observai tudo quanto vos disserem. Mas não imiteis suas ações, pois dizem,
mas não Fazem!” É uma crítica arrasadora! Em seguida, como num espelho, Jesus
faz ver alguns aspectos da incoerência das autoridades religiosas.
* Mateus 23,4-7: Olhar no
espelho para fazer uma revisão de vida. Jesus chama a atenção dos
discípulos para o comportamento incoerente de alguns doutores da lei. Ao
meditar estas incoerências, convém pensar não nos fariseus e escribas daquele
longínquo passado, mas sim em nós mesmos e nas nossas incoerências: amarrar pesos
pesados nos outros e nós mesmos não os carregamos; fazer as coisas para sermos
vistos e elogiados; gostar dos lugares de honra e de sermos chamados de doutor.
Os escribas gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em
troca de dinheiro! (Mc 12,40)
* Mateus 23,8-10: Vocês todos
são irmãos. Jesus manda ter atitude
contrária. Em vez de usar a religião e a comunidade como meio de autopromoção
para aparecer mais importante diante dos outros, ele pede para não usar o
título de Mestre, Pai ou Guia, pois um só é o guia, o Cristo; só Deus no céu é
Pai; e o próprio Jesus é o mestre. Todos vocês são irmãos. Esta é a base da
fraternidade que nasce da certeza de que Deus é nosso Pai.
* Mateus 23,11-12: O resumo
final: o maior é o menor. Esta frase final é o que caracteriza tanto o
ensino como o comportamento de Jesus: “O maior de vocês deve ser aquele que
serve a vocês. Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”
(cf. Mc 10,43; Lc 14,11; 18,14).
Para um confronto pessoal
1) O que Jesus criticou
nos doutores da Lei, e em que os elogiou? O que ele critica em mim e o que
elogiaria em mim?
2) Você já se olhou no
espelho?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO