Santos
Jacinta e Francisco Marto
1ª
Leitura (Is 55,10-11): Assim fala o Senhor. «A chuva e a neve que descem
do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a haverem fecundado e
feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer. Assim a
palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter
cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão».
Salmo
Responsorial: 33
R. Deus salva os justos de
todos os sofrimentos.
Enaltecei comigo o Senhor e
exaltemos juntos o seu nome. Procurei o Senhor e Ele atendeu-me, libertou-me de
toda a ansiedade.
Voltai-vos para Ele e ficareis
radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha. Este pobre clamou e o
Senhor o ouviu, salvou-o de todas as angústias.
Os olhos do Senhor estão voltados
para os justos e os ouvidos atentos aos seus rogos. A face do Senhor volta-se
contra os que fazem o mal, para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os
ouviu, livrou-os de todas as suas angústias. O Senhor está perto dos que têm o
coração atribulado e salva os de ânimo abatido.
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Evangelho
(Mt 6,7-15): «E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,
que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a
eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto,
vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão
nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do
mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. Porque, se
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará
a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
vos não perdoará as vossas ofensas».
«E, orando, não useis de vãs
repetições, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário»
Rev. D. Joaquim FAINÉ i Miralpech
(Tarragona, Espanha)
Hoje, Jesus –que é o Filho de
Deus- me ensina a me comportar como um filho de Deus. O primeiro ponto é a
confiança quando falo com Ele. Mas o Senhor adverte: «Quando orardes, não useis
de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por
força das muitas palavras» (Mt 6,7). Porque os filhos, quando falam com os
pais, não usam raciocínios complicados, nem muitas palavras, mas com
simplicidade pedem tudo aquilo que precisam. Sempre tenho a confiança de ser
ouvido porque Deus –que é Pai- me ama e escuta. De fato, orar não é informar a
Deus, mas pedir-lhe tudo o que preciso, já que «vosso Pai sabe o que vos é
necessário, antes de vós lho pedirdes» (Mt 6,8). Não seria um bom cristão se
não oro, como não pode ser bom filho quem não fala habitualmente com seus pais.
O Pai Nosso é a oração que Jesus
mesmo nos ensinou, e é um resumo da vida cristã. Cada vez que rezo ao Pai,
nosso, deixo-me levar de sua mão e lhe peço aquilo que preciso cada dia para
ser melhor filho de Deus. Preciso, não somente o pão material, mas —sobretudo—
o Pão do Céu. «Peçamos que nunca nos falte o Pão da Eucaristia» Também aprender
a perdoar e a ser perdoados: «Para poder receber o perdão que Deus nos oferece,
dirijamo-nos ao Pai que nos ama», dizem as fórmulas introdutórias ao Pai Nosso
da Missa.
Durante a Quaresma, a Igreja me
pede para aprofundar na oração. «A oração é conversar com Deus, é o bem maior,
porque constitui (...) uma união como Ele» (São João Crisóstomo). Senhor,
preciso aprender a rezar e obter consequências concretas na minha vida.
Sobretudo, para viver a virtude da caridade: a oração me dá força para viver
cada dia melhor. Por isso, peço diariamente que me ajude a desculpar tanto as
pequenas chatices dos outros, como perdoar as palavras e atitudes ofensivas e,
sobretudo, a não ter rancores, e assim poder dizer-lhe sinceramente que perdoo
de todo coração a quem me tem ofendido. Conseguirei, porque em todo momento me
ajudará a Mãe de Deus.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Que oração mais espiritual pode
haver que a que nos foi dada por Cristo, por quem nos foi também enviado o
Espírito Santo? Que oração mais verdadeira ante o Pai que a que brotou dos
lábios do Filho?» (São Cipriano)
«O “Pai Nosso” inicia com um
grande consolo: podemos dizer “Pai”, porque o Filho é nosso irmão e nos revelou
ao Pai; porque graças a Cristo temos volto a ser filhos de Deus» (Bento XVI)
«Nós podemos invocar Deus como
“Pai”, porque Ele nos foi revelado pelo seu Filho feito homem e porque o seu
Espírito no-Lo faz conhecer. A relação pessoal do Filho com o Pai, que o homem
não pode conceber nem os poderes angélicos podem entrever, eis que o Espírito
do Filho nos faz participar dela, a nós que cremos que Jesus é o Cristo e que
nascemos de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n° 2780)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Há duas redações do Pai Nosso: Lucas (Lc
11,1-4) e Mateus (Mt 6,7-13). Em Lucas, o Pai Nosso é mais curto. Lucas
escreve para comunidades que vieram do paganismo. Ele busca ajudar pessoas que
estão se iniciando no caminho da oração. Em Mateus, o Pai Nosso está situado no
Sermão da Montanha, naquela parte onde Jesus orienta os discípulos na prática
das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt
6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles
já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que Mateus tenta corrigir.
* Mateus 6,7-8: Os vícios a serem corrigidos.
Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas
mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender às
nossas necessidades. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da
repetição de palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia.
Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades antes mesmo das nossas
preces.
* Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai
Nosso” Abbá, Pai, é o nome que Jesus usa
para dirigir-se a Deus. Revela a nova relação com Deus que deve
caracterizar a vida das comunidades (Gl 4,6; Rm 8,15). Dizemos “Pai nosso” e
não “Pai meu”. O adjetivo “nosso” acentua a consciência de pertencermos todos à
grande família humana de todas as raças e credos. Rezar ao Pai e entrar na
intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os
irmãos e irmãs pelo pão de cada dia. É buscar o Reino de Deus em primeiro
lugar. A experiência de Deus como nosso Pai é o fundamento da fraternidade
universal.
* Mateus 6,9b-10: Três pedidos pela causa de
Deus: o Nome, o Reino, a Vontade. Na
primeira parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso
relacionamento com Deus. Santificar o Nome: O nome JAVÉ significa Estou com
você! Deus conosco. Neste NOME Deus se deu a conhecer (Ex 3,11-15). O Nome de
Deus é santificado quando é usado com fé e não com magia; quando é usado
conforme o seu verdadeiro objetivo, i.é, não para a opressão, mas sim para a
libertação do povo e para a construção do Reino. A Vinda do Reino: O único Dono
e Rei da vida humana é Deus (Is 45,21; 46,9). A vinda do Reino é a realização
de todas as esperanças e promessas. É a vida plena, a superação das frustrações
sofridas com os reis e os governos humanos. Este Reino acontecerá, quando a
vontade de Deus for plenamente realizada. Fazer a Vontade: A vontade de Deus se
expressa na sua Lei. Que a sua vontade se faça assim na terra como no céu. No
céu, o sol e as estrelas obedecem às leis de suas órbitas e criam a ordem do
universo (Is 48,12-13). A observância da lei Deus será fonte de ordem e de
bem-estar para a vida humana.
* Mateus 6,11-13: Quatro
pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade. Na segunda parte do Pai-nosso pedimos para
que seja restaurado o relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos
mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade
para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de
cada dia: No êxodo, cada dia, o povo recebia o maná no deserto (Ex 16,35). A
Providência Divina passava pela organização fraterna, pela partilha. Jesus nos
convida para realizar um novo êxodo, uma nova maneira de convivência fraterna
que garante o pão para todos (Mt 6,34-44; Jo 6,48-51). Perdão das dívidas: Cada
50 anos, o Ano Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo
(Lv 25,8-55). Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da graça da parte
do Senhor" (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo! Não cair na
Tentação: No êxodo, o povo foi tentado e caiu (Dt 9,6-12). Murmurou e quis
voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a tentação será superada pela
força que o povo recebe de Deus (1Cor 10,12-13). Libertação do Maligno: O Maligno é o Satanás, que afasta de Deus e é
motivo de escândalo. Ele chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no
deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11). Ele nos diz: "Coragem! Eu venci o
mundo!" (Jo 16,33).
* Mateus 6,14-15: Quem não
perdoa não será perdoado. Rezando o Pai-nosso, pronunciamos a sentença que
nos condena ou absolve. Rezamos: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6,12). Oferecemos a Deus a medida do perdão
que queremos. Se perdoamos muito, Ele perdoará muito. Se perdoamos pouco, ele
perdoará pouco. Se não perdoamos, ele também não poderá perdoar.
Para um confronto pessoal
1. Jesus falou
"perdoai as nossas dívidas". Em alguns países se traduz "perdoai
as nossas ofensas". O que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar
dívidas?
2. As nações cristãs do
hemisfério norte (Europa e USA) rezam todos os dias: “Perdoai as nossas dívidas
assim como também nós perdoamos aos nossos devedores”. Mas elas não perdoam a
dívida externa dos países pobres do Terceiro Mundo. Como explicar esta terrível
contradição, fonte de empobrecimento de milhões de pessoas?
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